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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

356-O LIVRO DE JEREMIAS




CLIQUE NO VÍDEO PARA ASSISTÍ-LO

Análise do Livro de Jeremias

Para esse trabalho escolhemos o complexo mais fascinante livro de Jeremias. Basicamente esse trabalho consistirá de três partes distintas que seguem a um resumo do fundo histórico:
 Esperamos que esse trabalho contribua para uma melhor compreensão desse livro tão maravilhoso da Palavra de Deus.
 Fundo Histórico do Livro de Jeremias
Para compreender melhor o livro de Jeremias é preciso sabermos um pouco sobre a história de Israel durante o período de sua profecia , do reinado do Rei Josias (640 a.C ) até após a fuga para o Egito ( aproximadamente 587 a.C) .
Após os reinados idólatras e malévolos dos reis Manassés e Amom , Josias , um javista convicto , chega ao poder buscando re-estabelecer a verdadeira religião de Israel . Com a descoberta do rolo do livro da Lei no templo a reforma de Josias ganha maior impulso tendo como base a destruição dos altares locais aonde acontecia o sincretismo religioso . Aproveitando-se da fraqueza dos Impérios Assírio e Egípcio Josias extende a sua influência para sobre o território do antigo Reino do Norte de Israel .
Todavia Josias morre cedo na batalha de Megido numa tentativa desesperadora de evitar a volta da influência egípcia sobre a região da Palestina .
O povo fez de Jeoacaz , filho de Josias , rei . Mas o Faraó-Neco vendo isso como tentativa de soberania mandou prender Jeoacaz e fez seu irmão Eliaquim, rei de Judá , mudando o seu nome para Jeoaquim para mostrar sua submissão .
Jeoaquim foi um rei mal e corrupto. Enquanto o povo sofria sobre os pesados impostos do Faraó Jeoaquim construiu um palácio para si mesmo. Mandou também matar o profeta Urias , e só não matou a Jeremias devido aos amigos influentes do profeta .
Internacionalmente o poder de Egito caiu após a batalha de Carquemis 605 a.C e Jeoaquim ficou submisso ao novo poder da época, o Império Babilônico de Nabucodonozor. Insensatamente Jeoaquim aproveitou um momento de fraqueza interna da Babilônia para rebelar-se contra Nabucodonozor. Durante alguns anos Jeoaquim foi enfraquecido por ataques dos aliados de Nabucodonozor até esse vir com o seu exército sitiar Jerusalém. Durante esse período morre Jeoaquim e sobe ao trono o seu filho Joaquim que com a queda de Jerusalém é levado cativo para a Babilônia com os principais líderes da nação.
Matanias , irmão de Jeoaquim, é colocado como rei por Nabucodonozor e seu nome muda para Zedequias . Incompetente e medíocre, Zedequias é levado a rebelar-se pelos profetas nacionalistas trazendo a fúria de Nabucodonozor. A cidade de Jerusalém é destruída e Zedequias levado, cego, para o cativeiro.
A triste história de Judá termina com o assassinato do competente regente estabelecido por Nabucodonozor , Gedalias , e a fuga desesperada do remanescente para o Egito , fugindo da retaliação do imperador Babilônico .
 Análise Textual de Jeremias
Autoria

A questão da autoria de Jeremias difere dos demais livros proféticos devido à passagem de Jeremias 36 : 5
Então Jeremias chamou a Baruque , filho de Nerias ; escreveu Baruque no rolo , segundo o que ditou Jeremias , todas as palavras que a este o Senhor havia revelado .”
Este rolo foi queimado pelo Rei Jeoaquim mas foi re-escrito por Baruque sobre ditado de Jeremias conforme o versículo 32 do mesmo capítulo .
Tomou , pois , Jeremias o outro rolo e o deu a Baruque , filho de Nerias o escrivão , o qual escreveu nele , ditado por Jeremias , todas as palavras do livro que Jeoaquim , rei de Judá , queimara no fogo ; e ainda se lhe acrescentaram muitas palavras semelhantes.”
Portanto pela evidência interna do texto nós podemos concluir que pelo menos boa parte do texto , deixando a questão de autenticidade para depois , teria sido escrito por Baruque sobre as ordens de Jeremias .
Naturalmente tal conclusão não permaneceria sem ser atacado pela crítica velho-testamentária. Autores como Bentzen , Gottwald , e Sellin-Fohrer , tem defendido a existência da influência de uma escola jereminiana deuteronomista na autoria do livro .
Essa escola seria composta de seguidores e discípulos de Jeremias vivendo após a morte dele. Alguns autores situam essa escola como estando localizada na Babilônia durante o exílio, mas para a maioria ela localizava-se na Palestina no pós- exílio . Essa escola teria tido dois objetivos principais:
1- Mostrar o cumprimento das previsões sobre o futuro do povo judeu feitas pelo profeta e portanto a sua visão sobre como deveria ser a reconstrução da nação estava correta .
2- Reconciliar as palavras de Jeremias com o livro de Deuteronômio, e com a reforma deuteronomista feita pelo Rei Josias que serviria de base para a reconstrução da nação.
 Em relação a essa teoria podemos tecer os seguintes comentários:
 1- A tese é basicamente não científica, pois ela não está sujeita à verificação ou à falsificação. Parte-se da teologia do comentarista a necessidade de estabelecer a existência ou não de uma escola jereminiana para produzir aquelas palavras que o comentarista determina, sempre com certa arbitrariadade, que Jeremias não seria capaz de falar.
2. Existe um perigo da transposição da realidade das universidades modernas, com suas escolas de pensamento baseado nas posições de um grande pensador, para o Israel Antigo, sem nenhuma evidência para afirmar a validade de tal transposição.
3. Muitas das afirmações da crítica em relação à autoria de livros bíblicos estão baseados em critérios literários muito duvidosos. Por exemplo em relação ao livro de Jó Samuel Terrien afirma que pela parte de poesia ser de uma qualidade superior à parte de prosa elas deveriam proceder de autores diferentes . Todavia a análisa das obras do inglês John Keats mostra que a sua poesia é superior à sua prosa e essa é superior à sua dramaturgia. Porém ninguém postula a existência de 3 Keats , um poeta , outro narrador e outro dramaturgo ! Mesmo assim no estudo bíblico, de maneira frustrante , qualquer mudança de estilo , linguagem ou temática é considerado por muitos autores como sendo suficiente para postular uma mudança de autoria .
 4.Se a intenção da escola jereminiana foi de reconciliar a obra do profeta com o Deuteronômio e a reforma de Josias eles foram extremamente incompetentes no seu trabalho. Tal é o silêncio do profeta em relação às reformas de Josias que muitos analistas defendem que ele só começou o seu ministério profético após o reinado deste.
 Na minha opinião uma conclusão muito mais segura a respeito da autoria do livro está em dizer que ele é de co-autoria entre Jeremias e Baruque, esse último tendo registrado as palavras de Jeremias e registrado eventos históricos da vida do profeta.
Provavelmente teria havido também algum trabalho editorial no livro , particularmente na ordenação dos capítulos e no acréscimo do capítulo 52 ao livro , esse capítulo sendo basicamente a inclusão de 2 Reis 24:18 -25:30 .
 A Autenticidade das profecias de Jeremias
Ao abordamos a questão da autenticidade das profecias de Jeremias estamos refletindo sobre se as profecias contidas no livro brotaram da boca de Jeremias ou se foram colocados na boca dele por outras pessoas .
De um ponto de vista conservador esse problema não ocorre pois aceita-se a genuinidade das profecias de Jeremias , registradas fielmente por Baruque .
Os críticos liberais- racionalistas negam essa afirmação atribuindo muito do material presente no livro de Jeremias a outras fontes tendo sido erroneamente atribuído a ele . Basicamente essa teoria tem duas ramificações :
1) Segundo Pfeiffer , Baruque , provavelmente depois da morte de Jeremias , teria redigido as profecias de Jeremias e as adaptado para conformar com a sua posição deuteronomiana .
2) Segundo Bentzen , Sellin-Fohrer , e outros muitas profecias seriam produto da escola deuteronômica do pós – exílio . Boggio defende a atividade dessa suposta escola afirmando que eles seriam homens piedosos , admiradores de Jeremias , levados ao refletirem sobre a mensagem desse profeta a pensar sobre sua mensagem para a época deles. Beswick & Chapman tentam suavizar isso afirmando que os antigos não se preocupavam tanto como nós sobre questões de autoria e não viam problema em atribuir a uma pessoa famosa palavras que esse não disse.
Basicamente os argumentos em favor dessa posição são os seguintes:
 1) A evidência interna de Jeremias 36: 32:
Tomou , pois , Jeremias o outro rolo e o deu a Baruque , filho de Nerias , o escrivão , o qual escreveu nele , ditado por Jeremias , todas as palavras do livro que Jeoaquim , rei de Judá , queimara no fogo ; e ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes”
Segundo muitos críticos essas palavras não foram escritas por Baruque e indicam a existência no livro de palavras semelhantes às de Jeremias sem serem de sua autoria.
Todavia tal posição distorce o texto para favorecer a teoria. O sentido natural desse texto seria que Baruque acrescentou ao texto palavras posteriores de Jeremias e as narrativas a respeito da sua vida e as perseguições que ele sofrera.
2) Questões de estilo. Boggio afirma que existem trechos em Jeremias com conteúdo semelhante mais adotando um estilo inapropriado para Jeremias. Tais trechos teriam sido escritos por seus admiradores.
Tal argumento é na realidade arbitrário e esotérico. Busca definir-se qual seria o estilo de um autor que viveu a milhares de anos e nega-se qualquer passagem que não segue a essa definição como sendo válida. Ainda mais tal argumento é na realidade circular pois define -se as passagens originais de acordo com o estilo do profeta , mais só se pode justificar o estilo do profeta fazendo referência às passagens consideradas originais .
3) Dependência de passagens de outros profetas como Isaías, Obadias e Oséias. Todavia tal argumentação só tem valor se o crítico aceitar a demora de tais obras para atingirem a sua forma escrita , pois uma vez que Jeremias pudesse ter esses textos em mãos ele poderia ser o autor dos oráculos influenciados por esses profetas . Igualmente esse argumento só é válido negando qualquer elemento sobrenatural na Bíblia pois essas semelhanças entre os profetas poderiam originar-se da inspiração do Espírito Santo .
4) Elementos deuteronominianos. Segundo Bentzen existem em Jeremias elementos que demonstram uma influência do livro de Deuteronômio e portanto seriam fruto da escola deuteronômica . Todavia tal tese depende das seguintes suposições:
(i) Falta de apoio de Jeremias à reforma “deuteronomista” de Josias , pois se Jeremias tivesse simpatizado com essa reforma não haveria a necessidade da ação da escola deuteronômica. Como nem os críticos liberais conseguem atingir consenso em relação à posição de Jeremias frente a reforma a teoria de Bentzen é enfraquecida . Ë interessante observar a existência de críticos que afirmam ser Jeremias o autor da “história deuteronômica” baseada no livro de Deuteronômio o que eliminaria de completo a necessidade da escola deuteronômica.
(ii) Aceitação da hipótese documentária a respeito do Pentateuco. A partir de uma rejeição de tal hipótese a existência de uma escola deuteronômica passa a ser uma impossibilidade.
Mesmo para quem aceita a hipótese documentária a tese de Bentzen causa dificuldades devido à passagem de Jeremias 7:22
Porque nada falei a vossos pais , no dia em que os tirei da terra do Egito , nem lhes ordenei cousa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios .”
Sempre tem sido difícil conciliar essa passagem com as legislações de Levítico . (Para uma explicação conservadora ver o comentário de Harrison) . Todavia se fossemos postular a existência de editores pós-exílicos seria natural acreditar que tal passagem seria alterada para conformar com o documento P – segundo os liberais esse documento teria surgido no exílio e passado a ter grande influência no período pós exílico .
Se podemos mostrar que Jeremias não foi alterado para conformar com o documento P , porque razão deveríamos acreditar que ele foi alterado para conformar com o documento D?
5) A falta de ordem lógica e cronológica para as profecias . Não há no livro uma ordenação lógica das profecias para que elas correspondam sequencialmente com eventos na vida de Jeremias . Portanto para muitos críticos isso serve como evidência do livro de Jeremias ser uma composição de tradições divergentes ajuntadas numa só coleção , uma mistura de oráculos genuínos de Jeremias com outros ditos . Todavia isso não explica porque não houve uma tentativa de harmonizar o livro de Jeremias , especialmente se existisse uma escola deuteronômica que harmonizasse o livro com a reforma deuteronômica. Uma conclusão mais coerente seria afirmar que o livro é composto de material diverso produzido por Jeremias com o mínimo de intervenção externa . portanto a falta de sequência existente dentro do livro .
6) A existência de profecias cumpridas. O fato de muitas das profecias feitas por Jeremias terem sido cumpridas leva muitos críticos , por não aceitarem o elemento sobrenatural da Bíblia a dizerem que tais profecias aconteceram depois do evento profetizado .
Na minha opinião não existe evidência concreta o suficiente para acreditar-se que as profecias atribuídas a Jeremias não teriam sido na realidade feitas por Ele.
Data de Composição do Livro
A posição conservadora a respeito da data da composição final do livro é bem representado por J . Bright que defende a composição do livro no fim da vida de Jeremias no Egito. Outros comentaristas aceitam que Baruque poderia ter terminado o livro após a morte de Jeremias . Quanto ao capítulo 52 do livro Bright defende a sua inclusão a pedido de Jeremias enquanto Harrison aceita que a sua inclusão poderia ter sido feita até setenta anos depois da destruição de Jerusalém . De qualquer maneira o livro estaria na sua forma completa antes do ano 520 a.C .
Naturalmente como a posição liberal requer a existência de uma escola deuteronômica para redigir Jeremias teólogos dessa linha tendem a colocar a data de Jeremias após o exílio , a sua forma final sendo atingida em meados de 450-400 a.C .
Não nos convém entrar novamente nas limitações da posição liberal , apenas nos identificaremos com a posição conservadora a respeito da composição do livro durante a vida de Jeremias ou logo após a sua morte .
 O problema da LXX
Um problema existente na análise textual do livro de Jeremias está nas diferenças existentes entre a versão da Septuaginta e a tradição Massorética . Basicamente são três as discrepâncias existentes :
 (i) A versão da LXX é um oitavo mais curto do que o TM .
 (ii) Os capítulos 46-51 do TM , contendo oráculos contra as nações , estão localizados após o capítulo 25 na LXX e encontram-se em ordem diferente nas duas versões .
 (iii) Os versículos 33:14-26 não constam da LXX .
 Para explicar essas discrepâncias 3 principais teorias existem .
 (i) Segundo Workman e Bentzen a LXX estaria mais próxima do texto original enquanto a versão do TM teria sofrido mais alterações e revisões .O problema nesse caso está em explicar a superioridade geral do texto da TM de Jeremias .
 (ii) Segundo Bright a versão da LXX teria sido alterado pelos seus tradutores , judeus alexandrinos , para dar um formato mais lógico às profecias e portanto fazer o livro mais atraente para a filosofia grega . Como exemplo dessa influência da filosofia grega ele cita a omissão das palavras “dos exércitos” na frase “Senhor dos Exércitos .” Todavia essa teoria não é suficiente para explicar porque os tradutores teriam cortado quase 2700 palavras de Jeremias .
 (iii) Segundo Archer Jr . teria havido duas edições do Livro de Jeremias , uma incompleta publicada antes da sua morte e disseminado pelo Egito , outra composta por Baruque logo após a morte de Jeremias . A primeira teria dado origem à versão da LXX e a segunda à versão do TM . Essa tese evita os problemas das anteriores mais depende de um evento histórico cuja ocorrência jamais seremos capaz de provar .
 Na minha opinião devemos permanecer cautelosos ao tentarmos investigar a relação entre a LXX e o TM pois não temos condições de chegarmos à verdade nesse caso . A questão que surge então é se tal discrepância seria o suficiente para duvidarmos da autenticidade das profecias de Jeremias ? Para mim essa resposta deve ser negativa pois só poderiamos duvidar dessa autenticidade se tivéssimos razão para suspeitar que há no livro atual de Jeremias material de uma data posterior e os problemas entre a LXX e a TM não são o suficiente para sugerir isso .
 As origens de Jeremias
Narra a introdução do livro de Jeremias que o profeta era :
 ”filho de Hilquias , um dos sacerdotes que estavam em Anatote , na terra de Benjamin . ” Jeremias 1 : 1
 Alguns comentaristas como Auneau tem tentado fazer uma ligação com I Reis 2: 26
 ”E a Abiatar , o sacerdote , disse o Rei :
Vai para Anatote , para teus campos , porque és homem digno de morte ; porém não te matarei hoje m porquanto levaste a arca do Senhor Deus diante de Davi , meu pai , e porque te afligiste com todas as aflições de meu pai .”
 Para esses comentaristas Jeremias era descendente desse Abiatar , expulso por Salomão , e do sumo sacerdote Eli . Esse detalhe é usado para explicar os seguintes aspectos teológicos da mensagem de Jeremias :
 1- A sua denúncias contra os sacerdotes hebreus . Jeremias viria de uma família excluída do meio sacerdotal e portanto estaria mais disposto a condenar os erros dos sacerdotes .
 2- O fato de Jeremias afirmar que o templo de Jerusalém não salvaria o povo da destruição.
Se Jeremias realmente originava de uma família sacerdotal prejudicada por Salomão e alienado do culto no templo a sua atitude para com o templo torna-se mais fácil de entender .
 3- Ênfase no santuário histórico de Silo , associado com a família de Eli .
 Apesar dessa teoria ser extremamente criativa e interessante , devemos observar que nem todos os comentaristas ( Sehlin-Fohrer ) aceitam que podemos afirmar com certeza que Jeremias era descendente de Abiatar e mesmo entre aqueles que aceitam esse fato , nem todos aceitam as influências teológicas ( Harrisson , Bright ) .
Boggio ver grande relevância no fato de Jeremias ser da tribo de Benjamin , a tribo de Saul , e não da tribo de Judá , a tribo de Davi . Dessa maneira Jeremias não seria defensor da teologia real de Judá , que sustentava a linhagem Davídica mas estaria mais ligado às tradições do Êxodo . Todavia Boggio exagera ao tentar estabelecer uma oposição entre as teologias reais e do Êxodo e ao tentar inferir qual seria a mentalidade benjamita nesse período a partir de evidência escassa .
 Uma outra posiçao , radicalmente diferente é proposta por Robert Wilson . Ele sugere que Hilquias pai de Jeremias seria o mesmo Hilquias que encontrara o  “livro deuteronomista” dentro do templo . Wilson também sugere que Salum , tio de Jeremias , seria o mesmo Salum casado com Hulda , a profetisa consultada por Josias a respeito do livro da Lei em II Reis 22:14 . Dessa maneira , Jeremias ao invés de vir de uma família de sacerodotes marginalizados , faria parte da liderença sacerdotal de Judá e sua família estaria no centro da reforma deuteronomista de Josias . Apesar dessa teoria trazer uma visão nova para o estudo de Jeremias ela está baseada em dados muitos escassos , a coincidência de nomes , para poder orientar o nosso estudo .
 Portanto o que nós sabemos , e podemos saber a respeito de Jeremias , é muito limitado . Apesar das várias teorias propostas provocarem questões e discussões interessantes nós não devemos permitir que a nossa análise do livro seja determinada por visões subjetivas da vida de Jeremias .
 Data de Início do Ministério
Archer Jr. expõe a posição conservadora a respeito de Jeremias afirmando que esse começou o seu ministério no décimo -terceiro ano de Josias , isso é 626 a.C , com mais ou menos 20 anos de idade . Tal afirmação baseia-se nos seguintes textos :
 ”a ele veio a palavra do Senhor , nos dias de Josias , filho de Amom , rei de Judá , no décimo-terceiro ano do seu reinado .”
 Jeremias 1: 2
 ” Durante vinte e três anos , desde o décimo terceiro de Josias , filho de Amom , rei de Judá , até hoje , tem vindo a mim a palavra do Senhor . “
 Jeremias 25:3
 Todavia tal afirmação tem sido contestada por outros comentaristas que admiram o fato de Jeremias não ter tido uma atuação destacada durante o reinado de Josias , basicamente tendo se mantido em silêncio . Gottwald propõe a teoria de Jeremias ter nascido em 626 a.C e começado o seu ministério no reinado de Jeoaquim .Esses versículos refereriam ao nascimento dele e a sua auto-compreensão como tendo sido chamado para o ministério profético até mesmo antes de ter nascido conforme Jeremias 1 : 5
 ”Antes que eu te formasse no ventre materno , eu te conheci , e antes que saisses da madre , te consagrei e te constitui profeta às nações .”
 Novamente nós temos aqui uma teoria criativa mas para a qual nós temos pouca chance de encontrar confirmação . A única afirmação que podemos fazer é que se essa teoria fosse verídica o autor teria escolhido uma maneira estranhíssima de se expressar e por isso preferimos a data de 626 a.c para o início do ministério de Jeremias .
 As etapas do ministério de Jeremias
 No reinado de Josias (640-609)
Aceitando o ministério profético de Jeremias durante o reinado de Josias , permanece a dificuldade em reconciliar o fato dele pregar alguns oráculos contra o povo de Judá nessa época mas permanecer em silêncio em relação à reforma de Josias . Algumas comentaristas propostas para resolver essa dificuldade vêem oposição entre Jeremias e a reforma : o à reforma deuteronômica quanto a sua ênfase sobre o templo de Jerusalém , o seu silêncio seria sinal de sua desaprovação da reforma ( Hyatt , May)
 2- Jeremias apoiava a reforma deuteronômica mas era contra a ênfase sobre o templo de Jerusalém que alienava famílias sacerdotais como a dele ( Granild , Sehlin-Fohrer )
 3- Jeremias inicialmente apoiava a reforma mais depois a rejeitou ( Eissfeldt , Rudolph , Rowley )
O problema com essas teorias é elas não conseguirem explicar a  admiração de Jeremias pelo Rei Josias expressa em Jeremias 22:15 : “Reinaras tu só porque rivalisas com outro em cedro ? (falando sobre Jeoaquim) Acaso teu pai (Josias) não comeu e bebeu , e não exercitou o juízo e a justiça ? Por isso tudo lhe sucedeu bem.”
Tais teorias também não explicam porque a família de Safa , que participou da reforma de Josias , buscou proteger Jeremias das perseguições sofridas por ele , se Jeremias foi um oponente da reforma .
 Outras teorias buscam perceber uma relação mais positiva entre Jeremias e a reforma de Josias :
1-Jeremias teria apoiado a reforma de Josias e sido grandemente influenciada por ela . O seu silêncio a respeito da reforma seria um sinal de sua aprovação . Os oráculos contra Judá seriam portanto de origem anterior à descoberta do livro da Lei no templo . ( Harrisson , Bright )
2- Jeremias teria apoiado a reforma mas percebido que ela não atingiria o essencial , o coração das pessoas . Portanto ele destinou a sua pregação para o essencial , condenar o pecado da nação que traria o castigo e a condenação divina sobre o povo . ( Beswick & Chapman)
 Para mim essa última teoria traz a base para compreendermos a relação entre Jeremias e a reforma de Josias . Jeremias simpatizaria com a reforma mas  com a percepção profética perceberia a insuficiência da reforma a longo prazo . Conforme afirma Robert Wilson a reforma para ser eficiente precisaria de muitos anos para ser implementada , portanto Jeremias teria concentrado-se em buscar levar a reforma à suas  conseqüências mais radicais .
Durante o Reinado de Jeoacaz (609 )
Como o reinado de Jeoacaz durou apenas três meses , antes de ser  deposto pelo Faraó Neco temos apenas um oráculo a respeito desse rei , Jeremias 21:10-12, mas essa data de depois do reinado de Jeoacaz quando ele já era prisioneiro no Egito.
Durante o Reinado de Jeoaquim (609-597) e Joaquim (597)
Durante o reinado de Jeoaquim percebemos Jeremias na oposição.
Ele condena o rei pela sua posição pró-egípcia , pela sua política de concentração de riqueza e injustiça e pela idolatria que continuava a ser praticada .
Esse foi um momento de muita dificuldade para Jeremias , proibido de ir para o templo pelo rei , tendo a sua obra queimada pelo rei ao ter sido lido no templo e sendo ameaçado de morte pelos seus inimigos . O Rei Jeoaquim assassinou o profeta Urias nessa época e só não matou a Jeremias pois esse se escondeu e foi protegido por amigos influentes .
Durante o Reinado de Zedequias (597-587)
Após a morte de Jeoaquim , a queda de Jerusalém e o primeiro  cativeiro a situação em Jerusalém parece tornar-se polarizada . Alguns defendem que o  futuro do povo está na co-operação com os seus dominadores babilônicos , outros defendem a revolta contra Nabucodonozor . Jeremias assume a primeira posição  defendendo que o futuro do povo hebreu não estava no templo e na linhagem de Davi mas na submissão a Deus e o castigo que ele impôs sobre o povo . Por essa razão  Jeremias engaja em debates fortes com Hananias , um profeta que defendia a revolta  contra Nabucodonozor .
O novo rei , Zedequias , instalado por Nabucodonozor é vacilante. As vezes ele consulta Jeremias , outras vezes ele o persegue . Mesmo depois de ter lançado  Jeremias na cisterna podemos observar Zedequias consultar-lo ( Jeremias 38) . Infelizmente para Jeremias o rei não consegue afastar-se da influência de Hananias e seus partidários conforme percebemos em Jeremias 38 : 5
Respondeu o rei Zedequias : Ele está nas vossas mãos . O rei não pode fazer coisa alguma contra vós . ” e revolta-se pateticamente contra Nabucodonozor . A posição de Jeremias é confundida  crescentemente com traição e ele perde toda a esperança em relação ao povo que  permanece em Judá , eles são “figos ruins” , a esperança para o futuro está naqueles que já foram levados para o exílio. Com a queda de Jerusalém , a vida de Jeremias é salva pela ordem  expressa de Nabucodonozor . ( Jeremias 39:11)
O fim do ministério do profeta
Com a queda de Jerusalém pela segunda vez . Jeremias opta por ficar em Judá com Gedalias e tentar reconstruir a nação em co-operação com os babilônios . Todavia Gedalias é assassinado por Ismael e Jeremias é levado , contrário à  sua vontade , para o Egito . Lá ele continua sendo uma figura polêmica , condenando os judeus por oferecerem sacrifícios aos deuses egípcios . Depois dessa controvérsia não  temos mais informações pessoais a respeito de Jeremias apesar da tradição judaica afirmar  que Jeremias teria sido martirizado pelos judeus que ele condenara no Egito .
4.Esboços de Jeremias
Archer Jr. , oferece o seguinte esboço de Jeremias
 I . Profecias sob Josias e Jeoaquim 1:1-20:18
 A chamada do profeta e sua comissão 1:1-19
O pecado e a ingratidão da nação 2:1-3:5
Predita a devastação vinda do norte ( Os caldeus ) 3:6- 6 : 30
A ameaça do exílio na Babilônia , 7:1 -10:25
A aliança violada , e o sinal do cinto de linho 11:1-13:27
A seca ; o sinal do profeta solteiro ; a advertência acerca do sábado 14:1 -17:27
O sinal da casa do oleiro 18:1 – 20: 18
 II . Profecias posteriores no reinado de Jeoaquim e Zedequias 21:1-39:18
 Nabucodonozor , instrumento de Deus para punir Zedequias e Jerusalém , 21:1 -29:32
O Reino Messiânico do Futuro 30:1 – 33:26
O pecado de Zedequias e a lealdade dos Recabitas 34:1 -35:19
A oposição de Jeoaquim , e sua destruição do rolo profético 36:1-32
Jeremias na prisão durante o cerco 37:1 -39:18
 III .Profecias após a queda de Jerusalém 40:1 – 45: 5
Ministério entre os remanescentes de Judá 40:1 -42:22
Ministério entre os fugitivos no Egito 43:1-44:30
Encorajamento a Baruque 45:1-5
 IV. Profecias contra Nações Pagãs 46:1-51:64
 Egito 46:1-28
Filístia 47:1-7
Moabe 48:1-47
Amom , Edom , Damasco , Arábia , Elão 49:1-39
Babilônia 50:1-51:64
 V. Apêndice Histórico 52:1-34
 Percebemos nesse autor , uma preocupação de relacionar o seu esboço com o contexto da vida de Jeremias .
 A seguinte versão mais simplificada aparece em Sehlin-Fohrer :
 1-25 ameaças contra Judá e Jerusalém
26-35 promessas em favor de Israel e Judá
36-45 A parte principal do livro de Baruc
46-51 ameaças contra outras nações
52 o apêndice
 Sendo apenas uma versão resumida da anterior . Auneau apresenta o seguinte esboço
I . O julgamento de Israel e de Judá 1- 25
 Os primeiros ciclos de profecias 1-10
o engajamento do profeta em sua missão 11-20
O julgamento discriminatório 21-24
O julgamento de Judá e das nações 25
 II . O destino da palavra divina e do seu profeta 26-45
 a eficácia da palavra e a fidelidade do profeta 26-36
a paixão do profeta 36-44
A palavra de conforto dirigida a Baruc 45
 III . Os oráculos contra as nações 46-51
 IV . O apêndice histórico 52
 Auneau varia em relação aos comentaristas anteriores pois ele afasta-se da perspectiva do profeta em montar o seu esboço e concentra mais na palavra , e sua relação com o povo e o profeta .
 Finalmente seria interessante observar os esboços oferecidos pelas duas Bíblias de Estudo Conservadoras , a Biblia de Thompson e a Bíblia Vida Nova.
 Bíblia de Thompson :
 I. A chamada do profeta 1
II . Repreensões , , advertências e promessas aos judeus 2-20
III. Denúncia de governantes e também de falsos pastores e falsos profetas 21-23
IV. Predições dos juízos divinos , a destruição de Jerusalém e os setenta anos de cativeiro 24-29 .
V. Promessas de restauração dos judeus 30-33
VI . Profecias ocasionadas pelos pecados de Zedequias e Jeoiaquim 34-39
VII. A condição miserável do restante que ficou em Judá , e as profecias contra eles . 40-44
VIII . A consolação a Baruque 45
IX . Profecias contra as nações hostis . 46-51
 Enigmaticamente Thompson omite o capítulo 52 !
 Bíblia Vida Nova ( resumida )
 I. Jeremias um Guerreiro de Deus 1:1-33:26
II . Jeremias um vigia de Deus : apressando a Palavra 34:1-45:5
III . Jeremias , uma testemunha de Deus à nação : O Senhor onipotente reina 46:1-52:34
 Enquanto a Bíblia de Thompson preocupa-se muito mais numa visão temática do livro , a Bíblia Vida Nova explora muito mais a perspectiva do profeta e sua relação com a palavra de Deus .
 Qual esboço é o melhor ? Na realidade esboços diferentes servem a propósitos difentes do estudante . Todavia para esse trabalho consideramos mais úteis os esboços de Archer Jr . , por sua ênfase histórica , e o esboço de Auneau por sua ênfase teológica .

Temas Presentes no Livro de Jeremias


3.1 Jeremias e a Aliança
Jeremias mostra na sua profecia uma consciência profunda da aliança entre Deus e o povo hebreu , estabelecido no Monte Sinai . Para Jeremias o relacionamento entre o povo e Deus deveria ser regido por essa aliança , conforme Jeremias 11:1-5 mostra :
 ” Palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor :Ouve as palavras desta aliança , e fala aos homens de Judá , e aos habitantes de Jerusalém.Dize-lhes :Assim diz o Senhor , o Deus de Israel : Maldito o homem que não obedecer às palavras desta aliança , que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito , da fornalha de ferro dizendo : Daí ouvidos à minha voz , e fazei conforme tudo que vos mando , e vós me sereis por povo , e eu vos serei por Deus .Então confirmarei o juramento que fiz a vossos pais , de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel , como se vê neste dia .
E eu respondi :Amém , Ö Senhor . “
Nessa passagem podemos perceber a consciência de Jeremias a respeito dos seguintes aspectos da aliança :
 1- A aliança estabelece o governo de Deus sobre o povo de Israel que passa a pertencer exclusivamente a ele . Isso traz um paralelo com Êxodo 20 : 1-2
 ”Então falou Deus todas estas palavras :Eu sou o Senhor teu Deus , que te tirei da terra do Egito , da casa da servidão .”
 e com Deuteronômio 5:1-2
 ”Chamou Moisés a todo o Israel , e disse-lhes : Ouve , ó Israel , os estatutos que hoje vos proclamo aos ouvidos , para que os aprendeis e cuideis de praticá-los .
O Senhor vosso Deus fez aliança conosco em Horebe.”
 Portanto Jeremias estava profetizando dentro de uma tradição israelita , numa perspectiva conservadora voltando até a Moisés , de perceber Israel como nação separada para ser de Deus e obedecer os seus mandamentos .
 2- A prosperidade do povo de Israel está condicionado à sua obediência aos mandamentos de Deus.
Novamente podemos estabelecer um paralelo com Deuteronômio 30:15-18
 ”Vê , hoje te proponho a vida e o bem , a morte e o mal . Pois hoje te ordeno que ames o Senhor teu Deus , andes nos seus caminhos , e guardes os seus mandamentos , estatutos e leis ; então viverás e te multiplicarás , e o Senhor teu Deus te abençoará na terra a qual passarás a possuir . Porém se o teu coração se desviar , e não quiseres dar ouvidos , e fores seduzido , e te inclinares a outros deuses e lhes prestares culto , eu te anuncio hoje que certamente perecerás . Não prolongarás os dias na terra a qual vais , passando o Jordão , para a possuíres .”

Resumo do Livro do Profeta Jeremias

O PROFETA E O SEU MEIO
Em meados do séc. VII a.C., provavelmente entre os anos 650 e 645, nasceu no seio de uma família sacerdotal de Anatote, pequeno lugar próximo a Jerusalém, o menino que, mais tarde, seria conhecido como o profeta Jeremias (1.1). Sendo este ainda muito jovem (1.6), o Senhor o chamou para o seu serviço; corria o ano 626, o décimo terceiro do reinado de Josias (1.2), pouco mais de um século depois da época em que viveu e exerceu o seu ministério o profeta Isaías (ver Is 1.1, n.).
Naquele tempo, o domínio da Assíria estava chegando ao seu fim. O Império Neobabilônico acabara de se impor aos restos da grandeza da Assíria, a nação que, especialmente entre os séculos X e VII a.C., conseguiu ampliar os seus limites invadindo enormes espaços da Mesopotâmia, Síria e Ásia Menor. A decadência da Assíria foi muito rápida. O mesmo séc. VII, testemunha das maiores glórias daquele grande império, o foi também da perda da sua hegemonia e do final da sua história como Estado independente. No seu lugar, entre 610 e 605 a.C., se levantou a Babilônia, poderosa e renovada.
O desaparecimento do invasor assírio representou um curto período de liberdade para os povos que por eles foram dominados, os quais foram caindo depois, paulatinamente, debaixo do domínio dos babilônicos. Mas entre um e outro momento, aproveitando algumas circunstâncias favoráveis, o rei Josias, de Judá, começou a desenvolver uma política de nação independente e a promover a reforma religiosa que deu ao seu reinado um destaque especial (2Rs 22.1—23.27; 2Cr 34.1—35.19). Foi um brilhante processo de restauração que foi interrompido no ano de 609 a.C., quando Josias, aos 39 anos de idade, caiu ferido mortalmente em Megido, na batalha contra o exército do Faraó-Neco (2Rs 23.28-30; 2Cr 35.20-27). Os monarcas sucessores de Josias, ineptos e com conselheiros imprudentes, não souberam evitar a desintegração política e moral do reino de Judá, cuja degradação culminou com a destruição de Jerusalém (586 a.C.) e a deportação em massa dos seus habitantes para a Babilônia.
Jeremias iniciou o seu ministério no tempo de Josias e continuou desenvolvendo a sua atividade profética durante o tempo dos últimos reis de Judá: Jeoacaz (também chamado Salum), Jeoaquim (ou Eliaquim), Joaquim (ou Jeconias) e Zedequias (ou Matanias). Os tempos eram difíceis para o povo, cujos dirigentes mantinham posições políticas conflitantes: uns eram partidários de se submeterem com serenidade ao governo da Babilônia como mal menor; outros defendiam a posição de uma aliança com o Egito contra ela. Jeremias, que se viu obrigado a tomar posição no conflito, tratou de convencer Zedequias de que uma aliança com os egípcios acabaria em desastre (27.6-8). Mas os esforços do profeta, além de causar-lhe não poucos sofrimentos (38.1-13), foram totalmente inúteis, pois o rei, inclinando-se a favor do conselho oposto, decidiu solicitar o apoio do Faraó-Neco. O resultado foi catastrófico para Judá, porque as forças egípcias se encontravam em ampla inferioridade diante das babilônicas, como já se havia visto em 605 a.C., na batalha de Carquemis, junto ao Eufrates, “no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá”. Esse triunfo de Nabucodonosor significou a consolidação da supremacia da Babilônia (cf. 46.2) e o seu domínio sobre os países invadidos.

O LIVRO E A SUA MENSAGEM
O livro de Jeremias (Jr) é uma das coleções mais extensas de escritos proféticos. Pode ser dividido em três seções: a primeira compreende do cap. 2 ao 25; a segunda, do 26 ao 45; e a terceira, do 46 ao 51. O livro é iniciado com o chamamento do profeta (cap. 1) e encerrado com um resumo da narrativa da queda de Jerusalém (cap. 52).
A primeira seção, poética na sua maior parte, corresponde aos dois primeiros decênios do ministério de Jeremias, que dirige a sua pregação especialmente a Judá e à cidade de Jerusalém, a fim de que os seus habitantes tomem consciência dos seus próprios pecados. Propõe ao povo o exemplo da maldade de Israel (caps. 2.1—4.2), exorta-o a mudar de conduta (4.3-4) e insiste em denunciar a mentira, a violência, a injustiça e a obstinação de coração do povo de Judá, males cuja raiz se encontra na infidelidade ao Senhor, no tê-lo abandonado para ir atrás de deuses estranhos (2.13,19,27; 3.1; 7.24; 9.3; 11.9-13; 13.10; 16.11-12). A infidelidade à aliança de Deus haveria de implicar, como inevitável conseqüência, o juízo condenatório contra Judá; e assim, o profeta anuncia sem rodeios a iminência do desastre, e até se atreve a predizer abertamente a destruição do templo de Jerusalém (7.14).
Sobretudo depois da morte de Josias, as acusações e advertências de Jeremias eram dia a dia mal recebidas. Os seus concidadãos as rechaçavam com crescente obstinação, e, com isso, repeliam também a presença do profeta (Cf. 11.18-19). O porquê daquela teimosia o afetava dolorosamente, de tal forma que acabou chegando a conclusões cheias de pessimismo: “este povo é de coração rebelde e contumaz” (5.23); “a cegonha no céu conhece as suas estações; a rola, a andorinha e o grou observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor” (8.7); “pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal” (13.23); “o pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo” (17.1).
A expressão mais comovente dessas dolorosas experiências se encontra nas chamadas “Confissões de Jeremias”, contidas nesta seção: 11.18—12.6; 15.10-21; 17.14-18; 18.18-23; 20.7-18. A leitura destas passagens, semelhantes de alguma maneira aos salmos de lamentação (p. ex.: 22; 32; 39; 143), permite descobrir a sinceridade e a profundidade do diálogo que o profeta, nos seus momentos de crise, manteve com o Senhor. Jeremias demonstra a sua decepção e amargura pelos graves sofrimentos derivados do cumprimento da sua missão profética; mas as respostas que recebe do Senhor são desconcertantes: algumas vezes consistem em perguntas, e outras, em fazê-lo entender que as provações não terminaram, e que serão ainda mais difíceis as que virão. Desse modo, o Senhor, gradualmente, revela a Jeremias que sofrer por fidelidade à palavra de Deus é um elemento inseparável do ministério profético.
Na segunda seção predomina o gênero narrativo; portanto, está quase totalmente escrita em prosa. O autor centra a sua atenção no relato de certos incidentes da sua própria vida, entre os quais introduz alguns resumos das suas mensagens proféticas. Estes caps. (26—45) descrevem os dramáticos ataques que Jeremias sofreu, bem como a forma como os suportou sem se desviar da sua missão. Esta seção também contém dados que permitem reconstruir o processo de redação do texto de Jeremias (36.1-4,27-32); além disso, nela se faz referência a Baruque, filho de Nerias, companheiro do profeta, a quem, conforme Jeremias ditou, escreveu “no rolo... todas as palavras que a este o Senhor havia revelado” (36.4).
Mas Jeremias não foi enviado somente para arrancar, derribar, destruir e arruinar, mas também para edificar e plantar (1.10). Por essa razão, a série de relatos de caráter histórico se interrompe nos caps. 30 a 33, para dar lugar a diversas promessas de esperança e salvação. São discursos consoladores colocados junto aos relatos da queda de Jerusalém e da descrição dos sofrimentos de Jeremias, que apontam para a necessidade de que o povo, mesmo em meio às mais infelizes circunstâncias, mantenha firme a sua confiança no Senhor e na sua misericórdia.
Entre tais promessas de salvação, destaca com luz própria o anúncio de que Deus vai restabelecer com Israel o relacionamento que o povo havia perdido por causa das suas infidelidades. Aquela antiga aliança será substituída por outra, por uma nova aliança, não gravada em tábuas de pedra: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (31.33). O anúncio dessa nova aliança encontra um eco preciso nas palavras que Jesus pronunciou na noite da “última ceia” (Mt 26.27-29; Mc 14.23-25; Lc 22.20) e também na epístola aos Hebreus (8.7-13).
A terceira parte do livro de Jeremias (46—51) é formada por um conjunto de mensagens contra as nações pagãs palestinas, mencionadas essencialmente na mesma ordem em que aparecem em 25.15-38, do Egito à Babilônia. Mas também anúncios de salvação são incluídos para algumas dessas nações (cf. 46.26; 48.47; 49.6,39). Certo é que a atividade do profeta tinha Judá e Jerusalém como primeiro marco do seu compromisso, mas, na sua pregação, não podia esquecer a realidade dos povos vizinhos, bem como o importante significado da sua presença no transcurso da história de Israel (27.1-13). Além disso, as mensagens que Jeremias lhes dirige são testemunho da profunda convicção que o anima e com que declara que o Senhor não é Deus só de Israel, mas também de toda a criação; não é Senhor somente de uma história particular, como a do povo eleito, mas também rege a história de todas as nações e de tudo o que é e existe.
O cap. 52, o último do livro, é uma espécie de apêndice histórico que reproduz, com algumas variantes a narrativa de 2Rs 24.18—25.30 sobre a queda de Jerusalém. Essa narração, assim introduzida, demonstra a autenticidade do ministério de Jeremias, confirmado pelo Senhor mediante os fatos que deram pleno cumprimento à palavra do profeta (cf. Dt 18.21-22).

ESBOçO:
Vocação de Jeremias (1.1-19)
1. Mensagens contra Judá e Jerusalém (2.1—25.38)
2. Relatos autobiográficos e anúncios de salvação (26.1—45.5)
3. Mensagens contra as nações pagãs (46.1—51.64)
Apêndice: a queda de Jerusalém (52.1-34)



FONTE:
http://alcanceopoder.com.br
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