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sábado, 27 de abril de 2013

425-A ESCRAVIDÃO E O CRISTIANISMO


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A ESCRAVIDÃO, A LEI DE DEUS, E O VERDADEIRO CRISTIANISMO

 

Jó usou o argumento da criação para referendar os direitos dos seus servos, (Jó 31:13-15). Que direitos são esses?
· Os escravos tinham direito a um dia de descanso como qualquer trabalhador comum, (Êx 20:10; 23:12);
· Havia salário para o escravo, (Lv 25:40);
· Havia indenização por vexames provocados contra o escravo, (Ex 21:8,10);
· Os escravos tinham direito de se casarem com filhos ou filhas de seus senhores, tornando-se assim membros da família, (Ex 21:9);
· Se fugissem de seus senhores não poderiam ser devolvidos para os mesmos, (Dt 23:15-16). Isso era providencial porque os escravos fugiam de senhores que lhes maltratavam, e isso fazia com que seus donos perdessem o direito de seus serviços; a lei proibia todo e qualquer maltrato a um escravo.
· Se um escravo concordasse em ser um professo fiel ao Deus de Israel, ele tornava-se um membro da família, com privilégios que a outro membro poderia ser negado, (Lv 22:10-13);
· O ano sabático e o ano do jubileu eram datas de cada senhor dispensar os trabalhos de seus escravos, a menos que tais escravos se recusassem a deixar o serviço, sendo amados pelos seus senhores, se tornariam servos para sempre, (Ex 21:2,5).
· Haviam leis que protegiam os escravos a cada possível circunstância degradante por parte dos senhores malvados, estes, para os quais era previsto punição.

 

E por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes.”(Rm 1:28)
A novela Sinhá Moça, de grande ibope em seu horário, retrata um dos maiores flagelos do mundo pagão, que continuará a assombrar a humanidade com seu zumbi por muito tempo: a escravidão. Por conta da malignidade desse flagelo, originou-se uma cultura de compensação, vista na música, na arte, nos costumes, nas leis nacionais, e na religião.
Os críticos do Cristianismo atribuem culpa à religião judaica e à fé cristã, pelo incentivo à escravidão desde tempos remotos.
Mas, o que diz a Bíblia sobre a escravidão?

NO ANTIGO TESTAMENTO

Na lei do Senhor era proibida a escravidão no meio do povo hebreu. Os únicos casos de servidão – radicalmente distinto de qualquer modelo das culturas pagãs – eram de punições de crimisosos que deveriam restituir o roubo com serviço, (Ex 22:3); e de pobreza, quando as pessoas buscavam sustento trabalhando para outras, (Lv 25:39;Ex 21:7). Além disso, a escravidão em Israel era legalmente proibida, (Lv 25:42). Deve-se salientar também que os hebreus escravos, por motivo de crime ou pobreza, só podiam servir aos seus senhores por seis anos, sendo compulsoriamente libertados. Mesmo no caso dos pobres, a opção de se tornarem servos era deles, a fim de que não morressem de fome. Na verdade, o princípio da escravidão entre hebreus, nada mais era do que ser tratado exatamente como um trabalhador livre, um empregado pago, (Lv 25:39-40).
No que concerne aos escravos vindo do mundo pagão, a lei permitia aos hebreus que comprassem tais escravos (Lv 25:44), não para a servidão e opressão, mas como um meio de livrá-los do terrível sofrimento imposto pelas culturas pagãs de origem. As leis de Israel eram princípios redentivos para qualquer criatura degradada pelos sistemas humanos pagãos. Nenhuma lei quanto à escravidão propunha princípios tão justos como a lei dada a Israel,(sendo muito superior aos gregos e romanos). Os escravos de origem pagã eram servos muito pobres e sem direitos, que, se fossem deixados à mercê de suas origens, teriam um fim terrível. Israel não poderia comprá-los, libertá-los, e deixar esses libertos à própria sorte. O mais ideal, proposto pela lei mosaica (ou lei de Deus), era que eles servissem ao povo de Deus de maneira digna pelo seu sustento. O fator decisivo pela permanência de um escravo vindo de povos pagãos era o religioso: a circuncisão. Nenhum escravo era permitido no meio do povo se não houvesse profissão de fé e circuncisão para com o Deus de Israel. Isto era previsto para que a santidade do povo e a fidelidade a Deus fossem preservadas contra qualquer mistura de religiões do mundo pagão. Mas o escravo não era compulsoriamente circuncidado, pois a circuncisão só poderia ser administrada se a pessoa concordasse com os preceitos da fé de Israel, (Rm 2:25-29); caso contrário, ele era devolvido ao seu povo de origem, (comentários judaicos: Yebamoth 46, b). O tempo exigido para a liberdade de um escravo de outra origem era de cinqüenta anos. Esse tempo era diferente dos escravos judeus (apenas seis anos), para que não houvesse brecha para um fenômeno de re-escravização dos libertos por parte de suas nações de origem, e para que eles pudessem levantar patrimônio suficiente para sua independência.
Jó usou o argumento da criação para referendar os direitos dos seus servos, (Jó 31:13-15). Que direitos são esses?
· Os escravos tinham direito a um dia de descanso como qualquer trabalhador comum, (Êx 20:10; 23:12);
· Havia salário para o escravo, (Lv 25:40);
· Havia indenização por vexames provocados contra o escravo, (Ex 21:8,10);
· Os escravos tinham direito de se casarem com filhos ou filhas de seus senhores, tornando-se assim membros da família, (Ex 21:9);
· Se fugissem de seus senhores não poderiam ser devolvidos para os mesmos, (Dt 23:15-16). Isso era providencial porque os escravos fugiam de senhores que lhes maltratavam, e isso fazia com que seus donos perdessem o direito de seus serviços; a lei proibia todo e qualquer maltrato a um escravo.
· Se um escravo concordasse em ser um professo fiel ao Deus de Israel, ele tornava-se um membro da família, com privilégios que a outro membro poderia ser negado, (Lv 22:10-13);
· O ano sabático e o ano do jubileu eram datas de cada senhor dispensar os trabalhos de seus escravos, a menos que tais escravos se recusassem a deixar o serviço, sendo amados pelos seus senhores, se tornariam servos para sempre, (Ex 21:2,5).
· Haviam leis que protegiam os escravos a cada possível circunstância degradante por parte dos senhores malvados, estes, para os quais era previsto punição.
Por estes motivos, o mercado escravagista judaico não interessava aos mercadores de escravos, havendo entre eles até mesmo um ditado que dizia “Quem comprar um escravo judeu arranja um senhor para si mesmo.”

NO NOVO TESTAMENTO

O próprio Jesus refere-se aos escravos em muitas de suas parábolas (o servo impiedoso, o filho pródigo, o joio e o trigo, etc.). Mas na época de Jesus já havia pouquíssimos escravos em seu mundo; por volta de 71 d.C. havia, possivelmente, um escravo para cada nove habitantes. A visão romana nessa época era que o escravo era uma res (coisa). Mesmo que na literatura romana haja muitos exemplos de bons senhores romanos, ainda assim, a legislação romana para o escravo era muito inferior à judaica. Foi essa super valorização judaico-cristã que tornou o mundo romano desinteressado por escravos. Nos dias de Cristo, portanto, os costumes e as medidas legais fizeram desaparecer quase completamente a escravidão palestina.
Cristo não ocupou-se da missão abolicionista porque em sua época a escravidão não era algo preocupante, devido à brandura da condição servil. Certamente se a escravidão fosse um flagelo na Palestina, Cristo e os apóstolos a teriam combatido, como fizeram com os fariseus de sua época. Contudo, todo o ensino de Cristo quanto à escravidão foi voltado para a anulação da diferença entre senhor e escravo, estabelecendo assim, o único vínculo: o amor.

O ESCRAVO NA FAMÍLIA DA FÉ – Ef 6:5

“E vós Senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus e que para com ele não existe acepção de pessoas.” Ef 5: 9
O autor da Nova Aliança que mais falou do tema da escravidão pormenorizadamente foi o apóstolo Paulo.
O modelo Paulino de escravidão, ainda no primeiro século da era cristã, consiste no mais alto e refinado conceito de relações escravo-senhor-escravo. No texto de Efésios 6:5-9 o tema pertence ao contexto sobre a família. Paulo inclui o escravo neste texto porque na igreja cristã primitiva, seguindo a Lei de Deus no Antigo Testamento, o escravo era membro da família por meio da fé. Como nos dias da lei mosaica, nenhum interesse deveria haver em escravos se não fosse para ele manter relacionamento familiar religioso com o seu senhor. Mais uma vez, os princípios que orientam a relação do escravo com o seu senhor são religiosos. Por que princípios religiosos? Porque são inspirados em Deus e feitos por Ele, e assim não pode haver injustiça. Uma prova disso é o Livro de Eclesiástico, que por não ser de origem divina (apócrifo), incentiva a crueldade para com os escravos, o que é proibido pela Lei de Deus,( leia Eclesiástico 33:25-28).
O apóstolo dá as seguintes instruções aos senhores e aos escravos:
1) Os escravos deviam total respeito aos seus senhores com sinceridade do coração, como a Cristo (v. 5);
2) Não servir apenas para agradar a homens, mas ter em vista a visão deservos de Cristo, fazendo de coração o serviço de escravo comovontade de Deus, (v.6);
3) Ter uma visão do trabalho escravo como um servir a Cristo, e não a homens, (v.7);
4) Considerar que o trabalho servil como a Cristo redunda em remuneração futura, (v.8);
5) Que os senhores não sejam motivados à tirania para com seus escravos como no mundo pagão; que reconheçam que ambos, senhor e escravo, estão debaixo do mesmo senhorio de Cristo; e que para Cristo não há diferença essencial entre escravo e senhor, (v.9).
É evidente que o escravo deste texto é muito mais do que um simples servo, e nada tem a ver com o que o mundo conhece por escravidão. Neste texto, o escravo é um crente que tem consciência de estar trabalhando para Cristo quando serve ao seu senhor segundo a carne. Tudo quanto faz é com sinceridade de coração, e de boa vontade para com seu senhor. Jesus Cristo é a motivação para o serviço desse servo, com quem ele mantém comunhão juntamente com o seu senhor segundo a carne. Nessa relação não há nada que lembre acepção de pessoas, porque os dois, escravo e senhor, têm consciência de que são um debaixo do senhorio de Cristo.
O fato do apóstolo colocar esses deveres no contexto da família é porque o escravo sempre se tornava membro da família por meio da sua conversão e batismo; isso acontecia desde os dias do Antigo Testamento, (Gn 17:12-13), quando os escravos se tornavam membros da família da fé por meio da aliança do Senhor.
Essa visão bíblica da escravidão é muito anterior e superior ao que os homens conceberam e perverteram do assunto. As instituições surgidas do Cristianismo demoraram muito para debelar a escravidão como um flagelo do mundo pagão pós-reforma. É por esta razão que Sinhá Moça faz tanto sucesso; a novela inspira a aversão cristã contra a degradação de seres humanos. Essa inspiração foi fruto da re-cristianização do mundo, operada pela pregação reformada da lei de Deus, bem como pela lei da consciência que defende e acusa os pecadores mesmo sem eles ouvirem o evangelho.
Podemos concluir, pois, que a escravidão do mundo europeu nada tem a ver com a fé judaica do Antigo Testamento, nem com a verdadeira religião de Cristo e os apóstolos. Todos aqueles que em nome de Deus apoiaram tão grande insulto ao Criador o fizeram por perversão de seus próprios corações. A influência do evangelho de Cristo sempre foi fator reformador e doador de dignidade e vida. O pecado na vida da raça humana é que é o fator degradante da humanidade. Por esta razão diz o santo apóstolo:
E por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes.”(Rm 1:28)
Conta-se que dois jovens morávios souberam que numa ilha no leste da Índia havia três mil escravos pertencentes a um ateu britânico. Sem permissão de irem para lá como missionários, eles decidiram vender a si mesmos como escravos e usar o dinheiro para pagarem as passagens para a ilha. No dia da partida, as suas famílias e os seus amigos estavam reunidos no porto, sabendo que, após a sua partida, jamais os veriam novamente. Indagados sobre a razão que os levava a uma decisão tão extrema assim, eles permaneceram calados. No entanto, quando o barco estava se afastando, os dois rapazes gritaram: “Que através das nossas vidas o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa pelo Seu sacrifício!” (Fonte: site da Editora Ultimato; texto de Enedina Sacramento)
Para mim, este relato é profundamente comovente e inspirador. Ao mesmo tempo, no entanto, ele faz com que eu me sinta envergonhado. A história diz que os morávios enviaram milhares de missionários a várias partes do mundo. Eram pessoas que desistiam dos seus sonhos, que renunciavam o privilégio de viverem com as suas famílias e tantas outras coisas das quais a nossa geração se recusa a abrir mão! A chama missionária precisa ser reacendida na Igreja do Senhor Jesus em nossos dias! Estes morávios fizeram tanto para Deus, apesar de terem tão pouco. Em contrapartida, nós temos feito tão pouco, apesar de termos muito!
Mas o que diferencia estes irmãos da nossa geração atual? Eu não creio que eles nasceram de novo com algum tipo de “DNA espiritual” mais avançado. Também não creio que o chamado divino tenha sido mais forte para eles do que para outros, pois Deus não faz acepção de pessoas. Além do fato de que os morávios oravam muito (eles chegaram a orar cem anos ininterruptamente – que é a receita divina para que haja mais obreiros para a Seara [Mt 9.38]), eu creio que estes irmãos morávios tinham uma mentalidade diferente, uma mentalidade de tanto amor e de entrega que eles se dispunham a viverem como escravos por amor a Cristo e à Sua causa.
Enquanto eu refletia sobre este episódio dos dois jovens morávios e as características deste povo (que marcou o seu tempo e a sua geração) eu percebi o quanto que a atitude deles está ligada a um princípio tremendo – de amor a Deus – revelado nas Escrituras: o princípio do escravo por amor (ou do servo da orelha furada). Observemos o que diz a Palavra de Deus:
“São estes os estatutos que lhes proporás: Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao sétimo, sairá forro, de graça. Se entrou solteiro, sozinho sairá; se era homem casado, com ele sairá sua mulher. Se o seu senhor lhe der mulher, e ela der à luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão do seu senhor, e ele sairá sozinho. Porém, se o escravo expressamente disser: Eu amo meu senhor, minha mulher e meus filhos, não quero sair forro. Então, o seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta ou à ombreira, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre.” (Êxodo 21.1-6)
Confesso que este texto me deixou confuso por muito tempo. Ver a escravidão presente na cultura dos povos antigos (tanto do Antigo como do Novo Testamento) é uma coisa; ver Deus regulamentando as leis da escravidão é outra bem diferente! Eu analisava este trecho bíblico e ficava receoso de que a escravidão, que graças a Deus é algo que não mais toleramos hoje, fosse algo respaldado pelo Senhor. Embora o propósito desta lei fosse impedir que a escravidão fosse praticada sem misericórdia, ainda assim a ideia de um homem servindo a outro era algo que me incomodava.
Entretanto, descobri que muitas coisas com as quais o Senhor teve que lidar com o Seu povo não eram necessariamente a Sua vontade, como é o caso da poligamia – tolerada por muito tempo, mas depois proibida por Deus. Creio que é assim que devemos olhar para a questão da lei do servo da orelha furada.
Por que Deus estabeleceria uma lei como essa? Como isso deve falar ao nosso coração? Uma vez que a Lei não tem a imagem exata das coisas e sim a sombra de bens vindouros (Hb 10.1), devemos nos questionar: “Como devemos nos relacionar com esses trechos do Antigo Testamento? Paulo disse aos irmãos coríntios que o mandamento “não atarás a boca ao boi que debulha” (1 Co 9.9,10) foi dado pelo Senhor por causa de nós, e não por causa dos bois! Embora à primeira vista o assunto em questão pareça ser a alimentação dos bois apenas, a projeção de Deus para os dias da Nova Aliança, para os dias em que vivemos hoje, é outra: o sustento dos obreiros! Assim também é com a lei do servo da orelha furada. O Pai Celestial está indo muito além dos dias da Lei Mosaica e abordando algo importante sobre o nosso relacionamento com Ele hoje.
Muitos não enxergam a verdade do senhorio de Jesus sobre as suas vidas. E até mesmo nós, que a enxergamos, precisamos crescer no nível de entendimento deste nosso relacionamento com o Senhor. Ao mesmo tempo em que Ele é o nosso Pai Celestial e nós somos os Seus amados filhos e herdeiros, Deus também é o Senhor das nossas vidas e nós somos os Seus servos! Lembrando, é claro, que a palavra “servo” significa “escravo”! Isto é exatamente o que somos como consequência da redenção de Deus em nossas vidas.
ENTENDENDO A REDENÇÃO
A fim de podermos entender a visão do senhorio de Deus em nossas vidas, bem como a nossa condição de servos (escravos) Seus, é preciso que estabeleçamos antes um fundamento claro do que a Bíblia ensina sobre “redenção”.
Para muitos cristãos, a palavra “redenção” não significa nada mais do que “perdão dos pecados” ou “salvação”. Mas o seu significado vai muito além disso. A palavra “redenção” significa “resgate” ou “remissão”. Ela significa “readquirir uma propriedade perdida”. Antes de Deus estabelecer algumas verdades no Novo Testamento, Ele determinou que elas fossem ilustradas no Antigo Testamento:
“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.” (Hebreus 10.1 – Tradução Brasileira)
A sombra é diferente da imagem real que a projeta. Assim também, as ordenanças da Antiga Aliança (práticas literais) tinham características semelhantes às dos princípios que Deus revelaria nos dias da Nova Aliança (práticas espirituais). A circuncisão deixou de ser literal e passou a ser uma experiência no coração (Rm 2.28,29). A serpente que Moisés levantou no deserto tornou-se uma figura da obra de Cristo na Cruz (Jo 3.14). Assim também, outros detalhes da Lei que envolviam comida, bebida e dias de festa, começaram a ser vistos não como ordenanças literais, pelas quais quem não as praticasse poderia ser julgado, mas como uma revelação de princípios espirituais, cabíveis na Nova Aliança:
“Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras das vindouras, mas o corpo é de Cristo.” (Colossenses 2.16,17)
É desta forma que precisamos olhar para a lei da redenção no Antigo Testamento. Durante anos Deus fez com que o povo praticasse uma encenação do que Ele mesmo um dia faria conosco. Foi assim com o sacrifício do cordeiro que os israelitas repetiam anualmente em várias cerimônias; por fim, vemos João Batista apontando para Jesus e dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Paulo se referiu a Jesus como o Cordeiro Pascal (1 Co 5.7). Vemos nestas passagens que as práticas repetidas por centenas e centenas de anos tinham por objetivo fazer com que eles entendessem uma figura que somente seria revelada posteriormente. Com a Redenção não foi diferente. O Livro de Rute nos mostra Boaz resgatando (ou redimindo) as propriedades de Noemi. Ele estava readquirindo uma posse perdida.
Toda dívida tinha que ser paga. Se um indivíduo não tivesse recursos para honrar os seus compromissos, ele deveria dar os seus bens em pagamento. Se estes não fossem suficientes, ele também deveria entregar as suas terras. E, se elas ainda não bastassem para a quitação da dívida, o próprio indivíduo (e às vezes até a sua família) deveria ser dado como pagamento. Isto faria dele um escravo. Lemos em 2 Reis 4 que uma mulher viúva, que fora casada com um dos filhos dos profetas, perderia os seus filhos, pois seriam levados como escravos se ela não pagasse a sua dívida. E, quando isto acontecia com alguém, só havia duas formas de esta pessoa sair da condição de escravidão: ou alguém pagava a sua dívida (um redentor) ou ela esperava nesta condição até que chegasse o Ano do Jubileu (que se repetia a cada cinquenta anos). Veja o que a Lei Mosaica dizia sobre isto:
“Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte das suas possessões, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que seu irmão vendeu. Se alguém não tiver resgatador, porém vier a tornar-se próspero e achar o bastante com que a remir, então contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem vendeu, e tornará à sua possessão. Mas, se as suas posses não lhe permitirem reavê-la, então a que for vendida ficará na mão do comprador até ao Ano do Jubileu; porém, no Ano do Jubileu, sairá do poder deste, e aquele tornará à sua possessão.” (Levítico 25.25-28)
A redenção era o pagamento da dívida feito por um parente próximo. Por meio do pagamento ele comprava de volta o que se perdera. Então a pessoa que fora escravizada deixava de pertencer a quem antes ela devia e a quem servia.
Por exemplo: se eu me endividasse a ponto de perder todas as minhas posses e ainda ser levado como escravo, e, se o meu irmão me resgatasse, eu não deixaria de ser escravo! Eu apenas mudaria de amo! Eu agora passaria a ser escravo do meu irmão, porque ele me comprou! Qual é então o proveito disso? De que adianta ficarmos livres de um para nos tornarmos escravos de outro? A diferença era que o novo dono era um parente que pagou essa dívida por amor (Um escravo normalmente não valia tanto.), e, justamente por causa do seu amor, ele trataria o escravo com brandura, com misericórdia.
O QUE CRISTO FEZ POR NÓS
Foi exatamente isto que Jesus fez por nós. Cristo nos comprou para Deus através da Sua morte na Cruz:
“… porque foste morto e com teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Apocalipse 5.9b,10)
O homem tornou-se um escravo de Satanás quando se rendeu ao pecado no Jardim do Éden. A Bíblia declara que aquele que é vencido em algo torna-se escravo de quem o vence (2 Pe 2.19), e foi exatamente isto que aconteceu com o primeiro casal. Eles foram separados da glória de Deus. Eles perderam a filiação divina. Adão foi chamado “filho de Deus” (Lc 3.38), mas esta condição não foi mantida. Quando Jesus veio ao mundo, Ele foi chamado de “o Filho Único de Deus” (Jo 3.16), mas Ele veio mudar esta condição e passou a ser o “Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). O Diabo se assenhoreou do homem a da Terra, que havia sido dada ao homem (Sl 115.16), e ele afirmou isto para Jesus na tentação do deserto (Lc 4.6). Mas Jesus veio pagar a nossa dívida do pecado, e, ao fazê-lo, garantiu a nossa libertação das mãos de Satanás:
“Ele nos resgatou do poder das trevas e nos trasladou para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a nossa redenção, a remissão dos nossos pecados.” (Colossenses 1.13,14 – TB)
Observe o termo “resgatou”, que aparece quando o apóstolo está falando de sermos tirados do Reino das Trevas e de sermos levados para o Reino do Filho de Deus. Em seguida ele afirma o seguinte: “no qual temos a nossa “redenção”! A Redenção foi o ato de compra, do pagamento da dívida do pecado:
“Tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz; e tendo despojado os principados e potestades, os exibiu abertamente, triunfando deles na mesma cruz.” (Colossenses 2.14,15 – Tradução Brasileira)
O Texto Sagrado revela que Jesus despojou os príncipes malignos. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “despojar” significa “privar da posse; espoliar, desapossar”. Isto faz com que questionemos o quê, exatamente, Jesus tirou destes principados malignos. O que eles possuíam que pudesse interessá-Lo? Nada, a não ser o senhorio sobre as nossas vidas! O despojo somos nós, que fomos comprados por Ele para Deus e a partir de então passamos a ser propriedade de Deus. É exatamente assim que as Escrituras se referem a nós. Somos chamados de propriedade de Deus:
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2.9)
Repetidas vezes encontraremos a ênfase de que Cristo nos comprou para Si. E o preço foi o Seu próprio sangue!
“Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo.” (1 Pedro 1.18,19)
Portanto, quando Jesus nos comprou, Ele nos livrou da escravidão do Diabo, mas nos fez escravos de Deus! Coisa alguma que possuímos é, de fato, nossa exclusivamente. Nem as nossas próprias vidas pertencem a nós mesmos! Somos propriedade de Deus. Ele é o nosso Dono. Consequentemente, tudo o que nos pertence na realidade pertence a Ele!
Referindo-se ao Espírito Santo em nós, Paulo O chamou de “o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus” (Ef 1.14 – ARC). Observe que o termo “redenção” aparece associado aos termos “herança” e “possessão”, pois é disto que o Princípio de Redenção sempre trata: o resgate da propriedade! O que aconteceu foi que passamos por uma troca de “dono”. Agora pertencemos ao Senhor!
ESCRAVOS DE CRISTO
Vamos observar mais uma vez o texto que fala do escravo por amor:
“São estes os estatutos que lhes proporás: Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao sétimo, sairá forro, de graça. Se entrou solteiro, sozinho sairá; se era homem casado, com ele sairá sua mulher. Se o seu senhor lhe der mulher, e ela der à luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão do seu senhor, e ele sairá sozinho. Porém, se o escravo expressamente disser: Eu amo meu senhor, minha mulher e meus filhos, não quero sair forro. Então, o seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta ou à ombreira, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre.” (Êxodo 21.1-6)
A partir do entendimento de redenção fica mais fácil entendermos a nossa posição de servos, de escravos do Senhor. Contudo, textos como este nos ajudam a entendermos melhor estas verdades espirituais. O servo da orelha furada era conhecido na sociedade dos seus dias como alguém que era escravo por decisão própria. Onde quer que ele fosse, aquela orelha furada atrairia a atenção dos outros! No momento em que eu estou escrevendo este capítulo, eu estou na cidade de Arusha, na Tanzânia, numa base de missionários que trabalham entre o povo massai. Nas reuniões que temos feito aqui vemos muitos homens de orelha furada, fruto de um alargador que já não usam mais em suas orelhas. Eu diria que é praticamente impossível não reparar no furo que há em suas orelhas! E isto me fez pensar no servo que, por amor, furava a sua orelha numa atitude de entrega permanente. Em qualquer lugar em que ele chegasse, as pessoas saberiam imediatamente que ele era um escravo que decidiu ser escravo quando não tinha a obrigação de ser escravo. Eu acho tremendo o paralelo espiritual que encontramos nesta história!
A verdade é que, ainda que por direito de compra (pela Redenção) o Senhor seja o nosso proprietário, Ele não impõe o Seu senhorio sobre as nossas vidas. Todos fomos libertos por Cristo da escravidão (Gl 4.7), mas podemos assumir voluntariamente esta posição por amor (E de fato é isto que Deus espera de nós!). Quase todas as vezes que a palavra “escravo” (ou “servo”, seu sinônimo) aparece no Novo Testamento é a tradução da palavra grega “doulos”, que significa “escravo, servo, homem de condição servil, atendente”. Somos chamados pelas Sagradas Escrituras de “escravos de Cristo”:
“Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo.” (1 Coríntios 7.22)
Escravos de Cristo! É o que somos! Todas as vezes que os apóstolos se chamavam de “servos do Senhor” (bem como a outros) é este o conceito que eles estavam comunicando.
Vamos pensar um pouco a respeito do servo da orelha furada. Durante seis anos ele serviu a seu senhor, sabendo que no sétimo ano estaria livre. Eu fico pensando que eu, nas mesmas condições, já estaria contando os dias para celebrar a minha liberdade com uma grande festa! É o tipo de pensamento mais natural que podemos ter. O que é incomum é a ideia de desejarmos ser escravos sem que isto seja obrigado. Que conceito é este, abordado por Deus, de nos tornarmos escravos por amor?
Eu creio que isto é uma projeção simbólica do nosso relacionamento com Deus. A Palavra de Deus declara: “Tudo quanto foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4). O Senhor Jesus conquistou o direito legal de ser o nosso Dono, Amo e Senhor. Contudo, Ele prefere não usar deste direito como um conquistador de nossas vidas. Cristo prefere que, quando a liberdade nos é oferecida, nós escolhamos servi-Lo. O servo da orelha furada não permaneceria com o seu senhor por obrigação, e sim por amor, pois, diferentemente de Satanás, que oprime os seus escravos, Deus ama e respeita profundamente os que O servem!
A única razão para alguém permanecer escravo depois dos seis anos de servidão seria fazer isto por amor. O texto bíblico diz: “Porém, se o escravo expressamente disser: Eu amo meu senhor, minha mulher e meus filhos, não quero sair forro.” Note que ainda que o fato de ele ter família (mulher e filhos, que não poderiam acompanhar o servo ao ser liberto) seja mencionado, a expressão “eu amo meu senhor” é o que vinha em primeiro lugar. A decisão partia de um sentimento que, acima de tudo, envolvia o senhor daquele servo.
Se aquele senhor oprimisse duramente ao seu escravo naqueles seis anos, é lógico que ele não desejaria continuar a seu serviço quando chegasse o tempo da sua liberdade. Mas vemos na Bíblia que alguns senhores tratavam os seus servos com muito respeito e dignidade. Veja, por exemplo, o caso de Abraão, o qual, antes de Isaque nascer, havia feito o seu servo Eliézer o seu herdeiro. Até mesmo na hora de buscar uma esposa para Isaque, Abraão fez com que o seu servo jurasse que não traria uma mulher que não fosse da parentela do seu senhor. Se Abraão o tratasse apenas como escravo, ele simplesmente teria dado uma ordem. Ao pedir um juramento, o Pai da Fé o tratou de forma diferenciada!
O padrão de sermos escravos por amor se estende à Nova Aliança e é encontrado no ensino dos apóstolos. Observe o que Paulo declarou sobre isto:
“Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo.” (Filipenses 3.7,8)
Ele também nos mostrou que a nossa atitude de entrega a Deus também é baseada unicamente no amor:
“Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro.” (Romanos 8.36)
Quando o senhor foi bondoso e generoso com o seu servo durante aqueles seis anos, e o escravo “estava bem” neste relacionamento, então era natural que ele quisesse permanecer como escravo. A decisão de ser escravo para sempre tornava-se compreensível quando o servo sabia que o seu padrão de vida como servo do seu senhor era muito superior ao que ele tinha quando era livre.
“Mas se ele te disser: Não sairei de junto de ti; porquanto te ama a ti e a tua casa, por estar bem contigo; então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha contra a porta, e ele será teu servo para sempre; e também assim farás à tua serva.” (Deuteronômio 15.16,17)
O texto diz que a decisão de ele permanecer escravo era devida ao amor. Mas o que gera esta resposta de amor? O versículo acima usa a expressão “por estar bem contigo”. Qualquer bondade que o servo manifestasse para com o seu senhor não era mais do que obrigação. Por outro lado, o senhor não tinha nenhuma obrigação de tratar bem o seu servo, mas, quando assim o fazia, ele conquistava o coração do seu escravo.
Semelhantemente, o que nos leva a amarmos ao Senhor Jesus? É o entendimento do Seu amor por nós. Quando entendemos o quanto Ele nos ama, somos constrangidos a uma resposta de amor:
“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2 Coríntios 5.14,15)
Falarei mais sobre isso no Capítulo “Dívida de Gratidão”, mas cabe aqui lembrarmo-nos de que “nós O amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19). O servo da orelha furada decidia pela escravidão vitalícia como um ato de amor. E isto o levava a fazer duas coisas:
1. Renunciar a sua liberdade;
2. Viver para obedecer a seu senhor.
Vejamos como estes princípios estão relacionados com a caminhada cristã hoje:
RENUNCIANDO A SUA LIBERDADE
A primeira coisa que o escravo por amor fazia era renunciar a liberdade a que tinha direito e decidir, por sua vontade própria, permanecer na servidão.
A nossa experiência com Cristo inclui, além do perdão dos nossos pecados e da nossa salvação eterna, o fato de abrirmos mão do controle das nossas vidas e a nossa rendição ao senhorio d’Ele:
“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos 10.9,10)
O entendimento do senhorio de Cristo tem sido roubado da atual geração de crentes. Pregamos que as pessoas precisam aceitar a Jesus como seu Salvador. Mas o ensino bíblico vai muito além disso! Temos que confessar a Jesus como nosso SENHOR! A consequência de nos rendermos ao Seu senhorio é a salvação. A Palavra de Deus diz que nós temos que confessá-Lo como Senhor (Dono, Amo) das nossas vidas. Este é o reconhecimento da Redenção: que Ele nos comprou e que somos propriedade Sua. Somos Seus servos.
Caminharmos com Cristo significa desistirmos de sermos donos da nossa própria vida e entregarmos o controle absoluto a Deus. Atualmente, muitas pessoas estão tentando adaptar o Evangelho às suas vidas, mas isto é impossível! As nossas vidas é que devem se ajustar ao Reino de Deus e aos Seus princípios! Entrar no Reino de Deus é algo mais profundo do que o que temos percebido. Envolve a entrega total, irrestrita, das nossas vidas.
Para entendermos melhor esta profunda dimensão de entrega, eu gostaria de fazer uma pergunta importante e analisar biblicamente a sua resposta. Tanto a pergunta como a resposta envolvem verdades que deveríamos entender melhor e pregar aos outros.
“Quanto custa o Reino de Deus?”
“Tudo o que você tem!”
Veja o que Jesus ensinou sobre isso:
“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e, tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra.” (Mateus 13.44-46)
Observe as palavras: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo… vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” Nós sabemos que a salvação não pode ser comprada por ninguém. Na verdade, foi Deus que, através da morte de Jesus Cristo na Cruz, nos comprou! Mas, o fato de reconhecermos o ato divino de redenção, de resgate das nossas vidas, significa reconhecermos o Seu direito de compra. E o reconhecimento de que Ele agora é o Dono começa pela nossa desistência de tentarmos ser donos de nós mesmos! O fato de abrirmos mão de tudo o que somos e temos é o reconhecimento de que, agora, Jesus é o nosso Amo e Senhor!
Servirmos a Cristo implica, necessariamente, em desistirmos de tudo o que somos e temos para vivermos de forma intensa e devotada para Ele! É isto o que o apóstolo Paulo declara:
“Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo.” (Filipenses 3.7,8)
Atente para esta frase: “por amor do qual perdi todas as coisas”. É claro que o apóstolo não está reclamando pelo fato de que estas coisas foram arrancadas dele. Ele está dizendo que perdeu tudo por amor; em outras palavras, ele desistiu, abriu mão de tudo por causa de Jesus!
A consciência do senhorio de Cristo se encarregará de nos levar a deixarmos de viver para nós mesmos e de fazer com que passemos a viver para Ele:
“Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.” (Atos 20.24)
Não somos mais senhores de nós mesmos. Não estamos mais no controle das nossas vidas. Precisamos aprender a viver para cumprirmos a vontade de Deus, e não para os nossos próprios planos e desejos:
“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” (Tiago 4.13-15)
Ser escravo por amor significa renunciar a própria liberdade e viver para cumprir a vontade do nosso Senhor e Salvador!
MAIS QUE ADORAÇÃO, OBEDIÊNCIA!
Recordo-me que, em fevereiro de 2002 o Senhor me levou a liberar uma palavra profética ao Pastor Cris Batiston, conhecido ministro de louvor e adoração no Brasil, dizendo-lhe o seguinte: “O Senhor não o levantou somente para ensinar o Seu povo a adorar, mas principalmente para ensiná-lo a amar ao Senhor Jesus!”
Desde essa ocasião, esta frase me deixou muito pensativo, pois eu sempre acreditei que a adoração fosse uma tremenda expressão do nosso amor a Deus. No entanto, o fato é que nem sempre a adoração de alguém é uma expressão de amor. Todo aquele que ama a Deus certamente O adorará, mas nem todo aquele que adora a Deus necessariamente O ama ou expressa amor a Ele por meio da adoração!
Muitos têm declarado, de forma equivocada, que a maior expressão de amor que podemos dar a Deus é através da adoração, mas isso não é verdade. Por mais preciosa e poderosa que a adoração possa ser, há algo que Deus espera mais de nós do que a adoração: é a obediência!
Quando analisamos a figura bíblica do servo da orelha furada, vemos que o seu ato de amor, além de levá-lo a renunciar a sua liberdade, o introduzia numa condição de plena obediência ao seu senhor. Esta é uma das características mais fortes que encontramos neste escravo por amor. Um servo deve obediência ao seu senhor. O próprio Jesus declarou que Ele esperava isso de nós (como algo lógico): “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46). Deus espera de nós mais do que um culto de lábios! Ele quer a nossa obediência:
“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.” (Marcos 7.6,7)
Observe o que a Palavra de Deus nos revela sobre isto no Livro dos Salmos:
“Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres. Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito; agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei.” (Salmos 40.6-8)
Mais do que sacrifícios (que eram a maior expressão de adoração no Antigo Testamento), Deus estava interessado em que alguém fizesse a Sua vontade, guardando a Sua Lei – e isto fala de obediência.
Uma nota de rodapé da NVI (Nova Versão Internacional), referente a Salmos 40.6, comenta que há uma outra possibilidade de tradução para “abriste os meus ouvidos”. A Versão Corrigida de Almeida (ARC) traduziu desta maneira: “as minhas orelhas furaste” – expressão que, ao meu ver, é uma clara referência ao servo da orelha furada, o escravo por amor que passava a viver para obedecer a seu senhor.
Cabe muito bem citarmos aqui as palavras de Santo Agostinho: “Agrada mais a Deus a imolação que fazemos da nossa vontade, sujeitando-a à obediência, do que todos os outros sacrifícios que possamos Lhe oferecer.” Eu dedicarei mais adiante um capítulo inteiro para falar da obediência como expressão de amor a Deus. Aqui, no entanto, eu quero apenas destacar a obediência como algo ainda mais elevado do que a adoração.
Vimos que a Palavra de Deus revela, de forma clara, que Deus não quer adoração sem obediência. Agora eu gostaria de mostrar que o Pai Celestial não está apenas interessado em que a obediência acompanhe a adoração. O anseio do Criador é mais forte pela obediência do que pela adoração em si! Por isso as Escrituras declaram que obedecer é melhor do que sacrificar:
“Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1 Samuel 15.22,23)
Mais do que adoração, Deus quer obediência!
Observe o protesto divino, através do profeta Jeremias, a uma geração que preservava o ritual de adoração sem ter um coração de submissão ao seu Senhor:
“Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem. Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno; andaram para trás e não para diante. Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias; começando de madrugada, eu os enviei. Mas não me destes ouvidos, nem me atendestes; endurecestes a cerviz e fizestes pior do que vossos pais. Dir-lhes-ás, pois, todas estas palavras, mas não te darão ouvidos; chamá-los-ás, mas não te responderão.” (Jeremias 7.22-27)
No Monte Sinai, o que Deus pediu ao Seu povo foi obediência, e não adoração! Lembro-me do dia em que eu enxerguei a verdade deste texto bíblico. Eu nunca havia reparado nesta afirmação do profeta, até mesmo depois de lê-la várias vezes. Precisei voltar na leitura de Êxodo e “conferir” o que eu nunca percebera antes:
“Subiu Moisés a Deus, e do monte o Senhor o chamou e lhe disse: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel: Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. Veio Moisés, chamou os anciãos do povo e expôs diante deles todas estas palavras que o Senhor lhe havia ordenado. Então, o povo respondeu a uma voz: Tudo o que o Senhor falou faremos. E Moisés relatou ao Senhor as palavras do povo.” (Êxodo 19.3-8)
O que Deus sempre quis foi a obediência como característica principal de um povo exclusivamente Seu: “… se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos.” Vimos no capítulo anterior que o maior mandamento que nos foi dado é o de amarmos ao Senhor.
E agora eu gostaria de estabelecer um outro fundamento: ao praticarmos o maior mandamento – que é o de amarmos a Deus de todo o coração – a maior expressão deste amor que podemos oferecer é a entrega das nossas vidas e uma vida de completa submissão e obediência! Estas são as “marcas” de um escravo por amor: renunciar a sua liberdade e viver para obedecer ao seu Senhor!.
Fonte:
http://teologiaselecionada.blogspot.com.br