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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

88-HERMENÊUTICA E EXEGESE

Hermenêutica e Exegese Bíblicas (Interpretando e Explicando na Pregação Expositiva)

 Atos 8.30 “… Compreendes o que vens lendo?”
 OLHE BEM PARA A FIGURA ABAIXO Hermenêutica - Exegese (Elefante)
Fazer hermenêutica é saber que só existe elefante de quatro pernas. Embora, muitos hermeneutas têm visto elefantes de cinco ou mais pernas. Às vezes o que você pensa que vê não condiz com a realidade. Todo cuidado é pouco.
DEFINIÇÕES: 

n      HERMENÊUTICA: A palavra hermenêutica significa explicar, interpretar ou expor. Do grego ερμηνευειν − hermeneuein = INTERPRETAR. Nas Escrituras é usado em quatro versículos: João 1.42; 9.7; Hebreus 7.2 e Lucas 24.27. O termo Hermenêutica, portanto, descreve simplesmente a prática da interpretação.

n      EXEGESE: do Grego εξηγησιs − exégesis ek+egéomai, penso, interpreto, arranco para fora do texto. Não se trata de pôr algo no texto (eis-egesis) e sim de tirar o que já existe no texto (ex-egesis).

         Uma das Funções do pastor ou pregador leigo é explicar (interpretar) a Bíblia – Ne 8.8 “A missão do intérprete é servir de ponte entre o autor do texto e o leitor“. (J.Martínez, Hermeneutica Biblica, p. 34)


ALGUNS TERMOS IMPORTANTES E SEUS SIGNIFICADOS

n      Antilegomena = Escritos bíblicos que em certo momento foram questionados;  
n      Apócrifos = Livros supostamente do Antigo Testamento, mas que não possuem embasamento para comprovar a autenticidade quanto a seu caráter profético;  
n      Cânon = Do grego “kánon”, e do hebraico “kaneh”, regra; lista autêntica dos Livros considerados como inspirados;  
n      Epístolas = Cartas;  
n      Evangelho = Boas Novas;  
n      Homologomena = Livros bíblicos aceitos por todos e que em momento algum foram questionados;  
n      Paráfrase = Tradução livre ou solta, onde o objetivo é traduzir a idéia e não as palavras;  
n      Pseudo-epígrafos = Falsos escritos. Livros não bíblicos, cujos escritos se desenvolvem sobre uma base verdadeira, seguindo caminhos fantasiosos;  
n      Septuaginta = LXX de Alexandria. Bíblia traduzida para o grego por judeus e gregos de Alexandria, incluindo os Livros apócrifos;  
n      Sinópticos = Síntese. Os três primeiros evangelhos são chamados de evangelhos sinópticos, pois sintetizam a vida de Jesus de forma harmoniosa;  
n      Testamento = Aliança, Pacto, Acordo;  
n      Tradução = Transliteração de uma língua para outra;  
n      Variantes = Diferenças encontradas nas diferentes cópias de um mesmo texto, mediante comparação. Elas atestam o grau de pureza de um escrito;  
n      Versão = Tradução da língua original para outra língua.


PRESSUPOSTOS BÁSICOS QUE DEVEMOS TER PARA FAZER UMA BOA EXEGESE.
(ninguém faz exegese sem pressupostos) 

 A existência deDeus 
Deus existe e atua na história. Milagres e profecia são possíveis. Portanto, podemos interpretar os relatos da atividade sobrenatural de Deus como história e não mito.
 RevelaçãoProgressiva 
Deus se revelou progressivamente. A revelação não foi dada de uma única vez. Portanto, devo ler o texto bíblico comparando as suas diferentes partes considerando a unidade.
Inspiração eAutoridade 
Os escritores bíblicos foram movidos pelo Espírito, de tal forma que seus escritos são inspirados por Deus. Portanto, são autoritativos e infalíveis.
 História daRedenção 
A Bíblia deve ser lida como o registro dos atos redentores de Deus na história. Portanto, a Bíblia deve ser lida, não como um manual de ciências, astronomia, geografia ou física, mas como um livro teológico.
 Cristo 
Devemos ler a Bíblia sabendo antecipadamente que Cristo é a substância de todos os tipos e símbolos do AT, do pacto da graça e de todas as promessas. Cristo, portanto, é a própria substância, centro, escopo e alma das Escrituras.
 Cânon 
O cânon protestante das Escrituras é a coleção feita pela Igreja de livros que ela reconheceu que foram dados pela inspiração de Deus. Cada livro deve ser lido e entendido dentro deste contexto canônico, que é o contexto apropriado para a interpretação.



ATITUDES ERRADAS FRENTE À BÍBLIA
n      O RACIONALISMO – coloca a mente humana acima da revelação divina. Tira tudo o que é tido como sobrenatural, como os milagres.  
n      O MISTICISMO – coloca os sentimentos ou a experiência humana acima da revelação de Deus. O neo-pentecostalismo extremado, por exemplo, que aceita as “novas revelações” em detrimento às Escrituras.  
n      O ROMANISMO – põe a igreja acima da Bíblia. A tradição e as declarações papais “ex cátedra”, tem a mesma autoridade da Bíblia.  
n      AS SEITAS – elevam os escritos de seu fundador acima das Escrituras. Ex: Mormonismo, Tabernáculo da fé, Adventismo, Testemunhas de Jeová etc.  
n      A ALTA CRÍTICA – coloca as pressuposições do crítico liberal acima da Bíblia. Colocam às Escrituras em pé de igualdade com qualquer outro livro. Ou a Bíblia está acima de qualquer livro ou não é o livro de Deus.   
n      A NEO-ORTODOXIA – diz que a Bíblia não é a Palavra de Deus, senão que se transforma em Palavra de Deus quando fala ao coração do leitor. De maneira sutil, se transmite assim a autoridade das Escrituras ao leitor, onde à luz de “seu coração” se quando Deus fala e quando não. (contra Jr 17.9).  
n      OUTRAS “ESCRITURAS” – Com freqüência se diz que a Bíblia é só mais um livro sagrado. Se afirma que as outras religiões também têm suas escrituras autoritativas. É evidente que nenhuma destas «escrituras», com exceção do Alcorão, pretende ser uma revelação de Deus.


VERDADE DE DEUS


REVELAÇÃO


INSPIRAÇÃO


PRESERVAÇÃO


TRADUÇÃO


INTERPRETAÇÃO


POVO DE DEUS HOJE


Estágios da Verdade Divina


Como a verdade chegou até nós


A VERDADE ABSOLUTA existe na mente de Deus
Pela REVELAÇÃO a verdade vem à mente do escritor numa forma antropomórfica
Pela INSPIRAÇÃO essa revelação se torna Escritura que é infalível e inerrante
Pela PRESERVAÇÃO temos os presentes textos que devem ser comparados para serem exatos em sua essência
Pela TRADUÇÃO obtemos nossas versões no vernáculo que nós tentamos tornar essencialmente fiéis
Pela INTERPRETAÇÃO a revelação vem à mente dos leitores apresentando a verdade original que veio da mente de Deus
OS DISTANCIAMENTOS:
n      Distanciamento temporal – A Bíblia está séculos distante de nós.
n      Distanciamento contextual – Os livros da Bíblia foram escritos em várias situações diferentes. 
n      Distanciamento cultural – O mundo em que os escritores da Bíblia viveram já não existe.
n      Distanciamento lingüístico – As línguas em que a Bíblia foi escrita também já não existem.
n      Distanciamento autorial – Os autores já estão mortos.
A natureza divina da Bíblia, por sua vez, provoca outros tipos de distanciamentos:

n      Distanciamento natural – a distância entre Deus e nós é imensa.
n      Distanciamento espiritual — somos pecadores.
n      Distanciamento moral – é a distância que existe entre seres pecadores e egoístas e a pura e santa Palavra que pretendem esclarecer.
HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA – PRINCÍPIO
n      Esdras – Ne 8.8 “Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia”.
No tempo de Cristo, a exegese judaica podia classificar-se em 4 tipos:
1. Método Literal – referido como peshat (despir, depenar). Não se procurava um sentido além da passagem bíblica.
2. Interpretação Midráshica – rabi Hillel. Era mais espiritualista perdendo a visão do texto.
3. Interpretação Pesher – comunidades de Qumran. Era midráshica mais com enfoque escatológico. Mais aplicação do que interpretação.
4. Exegese Alegórica – o verdadeiro sentido jaz sob o significado literal das Escrituras. O alegorismo foi desenvolvido pelos gregos.
Os rabinos usavam às vezes peshat, outras vezes, midrash.
n      Filo (c. 20 a.C. – c. 50 d.C.) Acreditava que o significado literal era para os imaturos e o alegórico para os maduros. Filo considerava a história de Adão e Eva uma fábula. E outras passagens como mito.
HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA
do 2º ao 4º século

n      Escola de Alexandria
                     Clemente
                     Origines
n      Escola de Antioquia
                     Luciano
Em termos práticos, Alexandria nos ensina a ter cautela com a interpretação dos “espirituais”. Antioquia nos ensina: Evitar a subjetividade descontrolada
PAIS LATINOS – AGOSTINHO E JERÔNIMO

Principais Características Hermenêuticas
n        Preferência pelo Literal
n        Contexto histórico
n        Intenção autoral
n        Alegorias ocasionais
n        Escritura  com Escritura
n        Regra de Fé da Igreja
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO DE AGOSTINHO
1.             O intérprete deve possuir fé cristã autêntica;
2.             Deve-se ter em alta conta o significado literal e histórico da Escritura;
3.             A Escritura tem mais que um significado e, portanto, o método alegórico é adequado;
4.             Há significado nos números bíblicos;
5.             O A. T. é um documento cristão, porque Cristo está retratado nele;
6.             Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer;
7.             O intérprete deve consultar o verdadeiro credo ortodoxo;
8.             Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não isolado dos demais que o cercam;
9.             Se o significado de um texto é obscuro, nada na passagem pode constituir matéria de fé ortodoxa;
10.      O Espírito Santo não toma o lugar do aprendizado necessário para se entender a Escritura. O intérprete deve conhecer hebraico, grego, geografia e outros assuntos;
11.      A passagem obscura deve dar preferência à passagem clara;
12.      O expositor deve levar em consideração que a revelação é progressiva.

         (na prática, Agostinho renunciou à maioria de seus princípios e inclinou-se para uma alegorização excessiva).
AS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO
n      As escolas de teologia – nas catedrais. Surgem como contraponto aos mosteiros

n      O judeu Rashi (Rabi Salomão bem Isaque – 1040-1105)
         Comentarista da Bíblia Hebraica e Talmude Babilônico 

n      Publicação da obra de Maimônides (1135-1204) – “Guia para os perplexos“. A lei pode ser aplicada e interpretada literalmente

n      Surgimento das ordens mendicantes
         Francisco de Assis – Interpretação literal dos Evangelhos.

n      Tradução das Escrituras para o vernáculo
         João Wycliffe – (1328-1384) Tradução da Vulgata latina para o inglês.
         O ressurgimento na Idade Média do interesse do método gramático-histórico contribuiu para a Reforma.
IDADE MÉDIA
(Séc. 5º ao 16º)
Prevaleceu o Sistema de Interpretação Difundido por Alexandria. Antecipou os princípios histórico-gramaticais dos Reformadores
n       João Cassiano (435 AD) – Quadriga: 
                   Histórico ou literal – o sentido óbvio do texto 
                   Alegórico ou cristológico – sentido mais profundo. Aponta para Cristo 
                   Tropológico ou moral – conduta do cristão 
                   Anagógico ou escatológico – o que o cristão devia esperar
n       As Escrituras possuem diversos sentidos
                   Bernardo de Claraval
                   Nicolau de Lira
                   Boaventura
O MÉTODO DE CALVINO
A Hermenêutica de Lutero
Entre a hermenêutica medieval e a obra de Calvino, devemos situar o trabalho e Martinho Lutero (1438-1546). Com o afã de viver de acordo com o modelo de Agostinho (354-430), Com a Reforma a Bíblia toma o lugar que antes pertencera a hierarquia Católico Romana. Lutero não se viu livre da alegoria. Seu trabalho, contudo, trouxe inestimáveis contribuições à igreja cristã.

Calvino e seu uso do método Histórico-Gramatical
n       Calvino faz um uso mais desenvolvido do método histórico-gramatical. Ele tenta levá-lo às últimas conseqüências e manter uma coerência metodológica ao analisar textos do Novo e do Antigo Testamento. Por estas razões não é exagero dizer que ele foi o maior pensador de seus dias e o grande exegeta da Reforma.
n      Princípios da Hermenêutica de Calvino
1. Renúncia à alegorese e enfática denúncia da mesma como sendo uma arma de deturpação do sentido da Escritura
2. Ênfase no sentido literal do texto
Calvino defende que cada texto tem um, e somente um, sentido, que é aquele pretendido pelo autor humano. Ele esclarecia aos seus leitores que há passagens que são nitidamente figurativas e outras simbólicas, estas devem ser interpretadas como demonstra ser a intenção do autor.
3. Dependência da operação do Espírito Santo para a correta interpretação da Bíblia
4. Valorização do estudo das línguas originais para melhor compreensão do ensino sagrado
5. Tipologia equilibrada, evitando impor a textos veterotestamentários simbolismos que eles não suportam
6. A melhor arma para interpretar a Bíblia é a própria Bíblia Este tem sido considerado o princípio áureo da hermenêutica reformada.
OS REFORMADORES: CARACTERÍSTICAS
n      Ênfase no Literal
n      Iluminação do Espírito Santo
n      Estudos das Escrituras – Escritura com Escritura
n      Intenção Autoral
n      Uso de Outras Fontes
n      Linguagem Figurada
n      Os reformadores desenvolveram um sistema de interpretação que representou um rompimento radical com a hermenêutica  alegórica medieval.
n      Rejeição do método alegórico e ênfase no sentido literal, gramático-histórico do texto.
n      Uma passagem só tem um sentido, e esse é literal.
n      A necessidade da iluminação do Espírito Santo
n      O homem é caído – A Escritura é divino-humana
n      A necessidade de se estudar às Escrituras
n      A Bíblia é um livro humano. Divino quanto a origem. A intenção do autor humano
n      Possui passagens obscuras que precisam ser esclarecidas
n      Necessidade de uma teologia sistemática
MODERNIDADE
n      Racionalismo          X         Empirismo
  
Descartes                              Locke
    Spinoza                              Berkeley
     Leibniz                                 Hume

Mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, as duas filosofias concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano
n      Impacto do Iluminismo
    Rejeição dos Milagres
     Distinção entre Fé e História
     Erros nas Escrituras
     Exegese Controlada Pela Razão

n      Surgimento das Metodologias Críticas
                   Críticas das Fontes
                   Crítica da Forma
                   Crítica da Redação
PÓS-MODERNISMO
O Iluminismo e Racionalismo
n      O surgimento do Método Histórico-Crítico da Bíblia está associado às mudanças que ocorrem no pensamento humano e, conseqüentemente, na cosmovisão da época.  

Iluminismo: Início do Séc. XVIII
n      Revolta contra a religião institucionalizada
                   – Filosofias:
                   Racionalismo: Descartes, Spinoza e Leibniz
                   Empirismo: Locke, Berkeley e Hume
                   Deus: uma hipótese desnecessária
                   – Teologia: Deísmo: Deus não intervém na história (Início da teologia liberal).

Características:
n      Rejeição do sobrenatural e da revelação
n      O sobrenatural não invade a história
n      História: resultado de causa e efeito
n      Os relatos históricos da Bíblia, são construções do povo de Israel e da Igreja Primitiva
n      A exegese é controlada pela razão 
n      - Razão: a medida suprema da verdade
n      - Fé + Racionalismo = Método Histórico-Crítico
RESUMO DA HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO
n      Na Idade Antiga Alegoria
n      Na Idade Média Dogma
n      Na Reforma Escritura
n      Pós-Reforma Confissões
n      Período Moderno Razão
COMPARATIVO ENTRE AS ESCOLAS

Escola de Alexandria
Escola de Antioquia
Pais Latinos
Época
Entre os séculos II e IV
Início do século IV
Entre os séculos IV e V
Surgimento
Baseada na filosofias de Heráclito e Platão, que influenciaram Filo
Fundada por Luciano de Samosata,em oposição consciente ao método alegórico de Alexandria
Pais da Igreja, cujas obras foram escritas em latim
Tipo de Interpretação proeminente
Alegórica
Literal
Literal, com algumas inconsistências
Principais características
  • Huponóia – o verdadeiro sentido está além das palavras
  • Alegorese – dizer uma coisa em termos de outra
  • Procurar descobrir sentido oculto, o qual é revelado somente aos “espirituais”
  • Atenção ao sentido literal do texto
  • Abordagem gramático-histórica
  • Uso de tipologia
  • Buscar a intenção do autor
  • Teoria – buscar o sentido mais que literal, permanecendo fiel ao sentido literal
  • Favoreciam a interpretação literal
  • Davam atenção ao contexto histórico da passagem
  • As vezes, alegorizavam o V. T.
  • Passagens obscuras devem ser interpretadas à luz das mais claras
Principaisrepresentantes
  • Clemente de Alexandra
  • Orígenes
  • Teófilo de Antioquia
  • Deodoro de Tarso
  • Teodoro de Mopsuéstia
  • João Crisóstomo
  • Tertuliano
  • Jerônimo
  • Agostinho
  • Ticônio
Conclusões
Diminui o caráter histórico das passagens bíblicas
Enfatiza o caráter histórico das passagens, mantendo-se fiel ao sentido original dos textos
Influenciou a Igreja ocidental, em especial a obra de Agostinho, visto como um precursor das idéias da Reforma
Implicações Práticas
Ter cautela com o uso de alegorias, ultrapassando o sentido simples, claro e evidente das Escrituras
Ter cautela para evitar o extremo de buscar somente o sentido do texto no passado, sem aplicá-lo ao presente
Evitar que pressupostos pessoais (preconceitos) possam influenciar na interpretação das Escrituras


PERÍODO
SÉC
ESCOLA
FILOSOFIA
NOMES
CARACTERÍSTICAS
INT
E
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A
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I
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I
A

II-III
ALEXANDRIA
Platonismo
Clemente de AlexandriaOrígenes
AlegóricaUso do PlatonismoVários níveis de sentido
PÓSAPOSTÓLICO
IV
ANTIOQUIA

Luciano de SamosataDeodoro de TarsoJoão Crisóstomo
Gramático-históricaTheoriaOposição à Alexandria
Intenção do autor

IV-V
PAIS LATINOS
Neo-Platonismo
TicônioAgostinhoJerônimo
Tertuliano
Interpretação literalPor vezes, alegorizavam o textoExegese dominada pelas questões teológicas


LINHAALEGÓRICA

João CassianoGregório, o Grande
4 sentidos da EscrituraDesejo de justificar os dogmas da IgrejaAnalogia da fé
IDADEMÉDIA
VI-XVI
LINHAGRAMÁTICO-HISTÓRICA
Aristotelianismo
Monges de São VictorTomás de Aquino
Surgimento das escolas de teologiaContato com estudiosos judeus (Rashi)Abordagem gramático-histórica
REFORMA
XVI
GRAMÁTICO-HISTÓRICA

CalvinoLutero
Rejeição do método alegóricoGramático-históricoEscritura com Escritura
Iluminação do Espírito Santo
PÓSREFORMA
XVII
ESCOLASTICISMO E PURITANISMO

TurretiniJohn OwenRichard Baxter
R. Sibbes
Th. Goodwin
M. Henry
ControvérsiasConfessionalismoSistematização
Controle da teologia sobre exegese
Cristo como centro das Escrituras
Interpretar para aplicar
MODERNO
XVII-XX
HISTÓRICO-CRÍTICAMétodos produzidos: Crítica das Fontes, Forma, Redação, etc.
Racionalismo e Empirismo
KeilStäudlinJ. Eichhorn
Strauss
Ernesti
J. Semler
F. Baur
H. Günkel
R. Bultmann
DiacrônicasRazão como critério e métodos como ferramentaSeparação entre teologia e exegese, os 2 testamentosAbandono da inspiração e inerrância


PERÍODO
SÉC
ESCOLA
FILOSOFIA
NOMES
CARACTERÍSTICAS
 O 
S
E
N
T
I
D
O

E
S
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Á

N
O

L
E
I
T
O
R


   










S
I
N
C
R
O
N
I
A
   
PÓS
MODERNO
XX
NOVA CRÍTICA LITERÁRIA
Existencialismo x positivismo
T. S. Elliot
Aspectos literáriosTexto é auto-suficienteIntenção autorial e contexto histórico são irrelevantes


ESTRUTURALIS-MO

F. Saussure
“Lange e Parole”Estrutura lingüística comum a todos os idiomasO sentido está no texto, em sua estrutura


READER RESPONSEHermenêuticas de Libertação 
Hermenêuticas Feministas
 Filosofia hermenêutica
H-G Gadamer
A verdade é relativaHermenêutica não é método mas epistemologia (filosofia)Fusão de Horizontes
Importância dos pressupostos


DESCONSTRU-CIONISMO

Jacques Derrida
Não há verdade absolutaPluralidade da verdadeSuspeita
Achar rupturas no texto para desconstruí-lo


 O AUTOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO
O significado é aquele que o escritor, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. É importante verificar o que o autor disse em outro escrito. O que Lucas registrou em seu Evangelho poderá ser mais esclarecedor se comparado com Atos, outro registro de Lucas. Devemos levar em conta os idiomas da época: aramaico, hebraico e grego. Eles possuem um significado que não pode variar. Por outro lado, o texto está limitado ao que o autor disse exatamente? Por exemplo: lemos em Efésios 5.18: “Não vos embriagueis com vinho”. Alguém poderia dizer: “Paulo proíbe que nos embriaguemos com vinho, mas acho que não seria errado embriagar-se com cerveja, rum, ou outra droga”. Os escritos do apóstolo vão além de sua consciência, embora essas implicações não contradigam o significado original, antes fazem parte do texto e seu objetivo. Compreendemos então o mandamento paulino como um princípio, pois mesmo que o autor não esteja ciente das circunstâncias futuras, ele transmitiu  exatamente a sua intenção.
O TEXTO COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO

Alguns eruditos afirmam que o significado tem autonomia semântica, sendo completamente independente do que o autor quis comunicar quando o escreveu. De acordo com esse ponto de vista, quando um determinado escrito se torna literatura, as regras normais de comunicação não mais se lhe aplicam, transformou-se em texto literário. O que o texto está realmente dizendo sobre o assunto? Analisando o relato em Marcos 4.35-41 Qual é o objetivo do texto? Informar sobre a topografia do mar da Galiléia ou o mal tempo naquela circunstância? Seu objetivo era falar sobre Jesus Cristo, Filho de Deus. O significado que Marcos queria transmitir está claro: “Mas quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (4.41). O autor queria transmitir que Jesus de Nazaré é o Cristo, o Filho de Deus. Ele é o Senhor e até mesmo a natureza está sujeita a ele!

O LEITOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO
Segundo essa perspectiva, o que determina o significado é o que o leitor compreende do texto. O leitor atualiza a interpretação do texto. Leitores distintos encontram diferentes significados, isso porque o texto lhes concede permitir essa multiplicidade. É relevante o que pensa o leitor? Isto poderia influenciar o sentido do texto? Se compreendermos que há diferença de interpretação entre um leitor crente e outro que é ateu, a resposta é sim! Contudo, é necessário que o leitor esteja em condições de entender o texto. Ao verificar como as palavras são usadas nas frase, como as orações são empregadas nos parágrafos, como os parágrafos se adequam aos capítulos e como os capítulos são estruturados no texto, o leitor procurará compreender a intenção do autor. O texto, em sua íntegra, ajudará o leitor a compreender cada palavra individualmente. Assim sendo, as palavras, ou conjunto de palavras, ajudam a compreender o todo.
O PROCEDIMENTO EXEGÉTICO  ERRADO
n      O procedimento errado.
         Ler o que muitos comentários dizem com sendo o significado da passagem e então aceitar a interpretação que mais lhe agrade.
         Este procedimento é errado pelas seguintes razões:
a) encoraja o intérprete a procurar interpretação que favorece a sua preconcepção;
b) forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das interpretações oferecidas. Isto para o iniciante, freqüentemente resulta em confusão e ressentimento mental a respeito de toda a tarefa da exegese.
         Isto não é exegese, é outra forma de decoreba e é muito desinteressante e perigoso. Os comentaristas não são infalíveis.
O péssimo resultado e mais sério do “procedimento errado” na exegese é que próprio interprete não pensa por si mesmo. As convicções que você mesmo buscou e absorveu ficam pra vida toda.
CINCO REGRAS CONCISAS
n      interpretar lexicamente. É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significado e o seu uso no documento sob consideração.
n      interpretar sintaticamente: o interprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito.
n      interpretar contextualmente. Deve ser mantido em mente a inclinação do pensamento de todo o documento. Então pode notar-se a “cor do pensamento”,que cerca a passagem que está sendo estudada.
n      interpretar historicamente: o interprete deve descobrir as circunstâncias para um determinado escrito vir à existência.
n      interpretar de acordo com a analogia da Escritura. A Bíblia é sua própria intérprete. diz o princípio hermenêutico.
APRENDA A EXAMINAR O CONTEXTO

n      Contexto Imediato
A. Leia a passagem em pelo menos 3 traduções diferentes.
B. O que precede e se segue imediatamente à passagem?
C. Há algumas definições fornecidas pelo contexto imediato?
D. Qual é o argumento principal do capítulo inteiro?
E. Qual é o ponto principal da própria passagem?
F. Qual é o entendimento consistente da passagem no contexto?
n      Contexto Amplo
A. A minha interpretação faz essa passagem contradizer com
1. o próprio autor?
2. outras passagens bíblicas?
3. com o bom senso?
B. Quais outras passagens na Escritura lançam luz sobre os assuntos levantados nessa passagem?
ALGUMAS PERGUNTAS IMPORTANTES:
1. Quem escreveu/falou a passagem e para quem era endereçada?
2. O que a passagem diz?
3. Existe alguma palavra ou frase nesta passagem que precise ser examinada?
4. Qual é o contexto imediato?
5. Qual é o contexto mais amplo exposto no capítulo e no livro?
6. Quais são os versículos relacionados ao assunto da passagem e como eles afetam a compreensão desta?
7. Qual é o fundo histórico e cultural?
8. Qual a conclusão que eu posso tirar desta passagem?
9. As minhas conclusões concordam ou discordam de áreas relacionadas nas Escrituras ou com outras pessoas que já estudaram esta passagem?
10. O que eu posso aprender e aplicar à minha vida?
UM PROCEDIMENTO HERMENÊUTICO DE 6 PASSOS
n      1º Passo: Análise Histórico-Cultural e Contextual
         Consideramos o ambiente histórico-cultural do autor para melhor compreendermos suas alusões e objetivos.
n      2º Passo: Análise Léxico-Sintática
         Visa compreendermos a definição das palavras (lexicologia) e sua relação com as outras (sintaxe) para que entendamos melhor o sentido texto. Neste momento é fundamental um bom conhecimento de português e, se possível, de grego e hebraico.
n      3º Passo: Análise Teológica
         Consideramos o nível de conhecimento teológico do público alvo na época em que o texto foi escrito, levando em conta os textos correlatos para seus primeiros destinatários.
n      4º Passo: Análise Literária
         Identifica a forma ou método literário utilizado numa passagem em particular (metáforas, antropomorfismos etc.) visando uma interpretação mais adequada.
n      5º Passo: Comparação com Outros Intérpretes
         Comparar o produto dos quatro passos acima com trabalhos de outros intérpretes sobre do mesmo texto.
n      6º Passo: Aplicação
         Traduzir o significado original do texto, obtido pelos 5 passos acima, para a nossa própria época e cultura.
10 PROPÓSITOS DAS CITAÇÕES DO A. T.
1.             Mostrar como certos eventos cumpriram predições do A.T. (Ex: Mt 21.4 e Zc 9.9).
2.             Para apoiar uma verdade expressada no N.T. (Rm 1.17 e Hc 2.4).
3.             Para aplicar um acontecimento do A.T. a Cristo (Mt 2.15 e Os 11.1).
4.             Para mostrar um paralelo com algum acontecimento do A.T. (Ro 8.36 e Sl 44.22).
5.             Para utilizar as mesmas palavras que o A.T. (Mt 27.46 e Sl 22.1).
6.             Para aplicar um princípio do A.T. a uma situação do N.T. (Ro 9.15 e Ex 33.19).
7.             Para apoiar uma verdade expressada no N.T. (Mc 10: e Gn 2.24).
8.             Para explicar mais plenamente uma verdade do A.T. (Mt 22.43-44 e Sl 110.1).
9.             Para mostrar que um acontecimento do N.T. está de acordo com um princípio do A.T. (At 15.16-17 e Amós 9.11-12).
10.      Para esclarecer um princípio ou uma verdade do N.T. (Ro 10.16 e Is 53.1).

ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA

a) Determinar a forma literária geral
n      Sentido Literal: Coroa de ouro na cabeça do rei
n      Sentido Figurativo: Não me chame de coroa pois eu sou muito novo.
n      Sentido Simbólico: “vi uma coroa de 7 pontas que eram 7 nações”.
b) Observar as divisões naturais do texto
n      Divisões em versículos e capítulos (úteis na localização de passagens) dividem o texto de modo antinatural.
n      Algumas versões mantêm a numeração, mas organizam o texto em parágrafos. Atos 8:1 depende completamente de Atos 7:60.
c) Observar os conectivos dentro de parágrafos e sentenças
d) Determinar o sentido das palavras (Ex: carne)
e) Como determinar o sentido das palavras?
n      Entender os estilos diversos. Determinar se a palavra está sendo utilizada como parte de uma figura de linguagem ou não.
n      Estudar passagens paralelas.
ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL
a) Determinar o contexto histórico-cultural geral
• Situação política, econômica e social;
• Costumes relacionados ao texto em questão;
• Nível de comprometimento espiritual do “público alvo”.

b) Contexto histórico-cultural específico e objetivos de um livro
• Quem foi o autor? Qual era seu ambiente e sua experiência espiritual?
• Para quem estava escrevendo? (crentes fiéis, crentes em pecado, incrédulos, apóstatas, etc.)
• Qual foi a finalidade (intenção) do autor ao escrever este livro?

c) Desenvolver uma compreensão do contexto imediato
• Entender como o livro é organizado (montar um esboço por assunto);
• Saber contextualizar a passagem em análise na argumentação corrente o autor;
• Saber identificar a perspectiva do autor:
i. Numenológica: Perspectiva Divina, absoluta (geralmente relacionadas a questões morais);
ii. Fenomenológica: Perspectiva humana, relativa (relacionadas a questões naturais, físicas).
d) Distinguir passagens descritivas de prescritivas
• A ação de Deus numa passagem narrativa nem sempre significa que Deus sempre opera deste modo com os crentes.
• Ações humanas descritas na Bíblia, se não forem claramente aprovadas por Deus, devem ser avaliadas. A Bíblia também registra os erros dos homens de Deus.

e) Distinguir o núcleo de ensino de uma passagem de detalhes incidentais
Ex: Uma vez que o filho pródigo voltou para o Pai sem a necessidade de um mediador, então alguém poderia concluir que Jesus não é essencial para a salvação.

f) Definir a quem se destina cada promessa, sentença, ordenança, etc.
REGRAS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO
As regras de interpretação se dividem em quatro categorias: gerais, gramaticais, históricas e teológicas. É necessário que o estudante da bíblia se familiarize com essas regras básicas de interpretação.
1.             1.      Princípios gerais de interpretação

  • Regra 1: Trabalhe partindo da pressuposição de que a Bíblia tem autoridade.
  • Regra 2: A Bíblia é seu intérprete; a Escritura explica melhor a Escritura.
  • Regra 3: A fé salvadora e o Espírito Santo são-nos necessários para compreendermos e interpretarmos bem as Escrituras.
  • Regra 4: Interprete a experiência pessoal à luz da escritura, e não a Escritura à luz da experiência pessoal.
  • Regra 5: Os exemplos bíblicos só têm autoridade quando amparados por uma ordem.
  • Regra 6: O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas vidas, não aumentar o nosso conhecimento.
  • Regra 7: Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar pessoalmente a Palavra de Deus.
  • Regra 8: A história da Igreja é importante, mas não decisiva na interpretação da Escritura.
  • Regra 9: As promessas de Deus na Bíblia toda estão disponíveis ao Espírito Santo a favor dos crentes de todas as gerações.

1.             2.      Princípios gramaticais de interpretação

  • Regra 10: A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente.
  • Regra 11: Interprete as palavras no sentido que tinham no tempo do autor.
  • Regra 12: Interprete a palavra em relação à sua sentença e ao seu contexto.
  • Regra 13: Interprete a passagem em harmonia com o seu contexto.
  • Regra 14: Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada.
  • Regra 15: Quando uma expressão não caracteriza a coisa descrita, a proposição pode ser considerada figurada.
  • Regra 16: As principais partes e figuras de uma parábola representam certas realidades. Considere somente essas principais partes e figuras quando estiver tirando conclusões.
  • Regra 17: Interprete as palavras dos profetas no seu sentido comum, literal e histórico, a não ser que o contexto ou a maneira como se cumpriram indiquem claramente que têm sentido simbólico. O cumprimento delas pode ser por etapas, cada cumprimento sendo uma garantia daquilo que há de seguir-se.

1.             3.      Princípios históricos de interpretação

  • Regra 18: desde que a Escritura originou-se num contexto histórico, só pode ser compreendida à luz da história bíblica.
  • Regra 19: Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o V.T. como o N.T. são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade.
  • Regra 20: Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras assim os designarem.

1.             4.      Princípios teológicos de interpretação

  • Regra 21: Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreende-la teologicamente.
  • Regra 22: Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a não ser que resuma e inclua tudo o que Escritura diz sobre ela.
  • Regra 23: Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, aceite ambas como escriturísticas, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada.
  • Regra 24: Um ensinamento simplesmente implícito na Escritura pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o apóia.

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS


BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
FEE, Gordon D. e STUART, Douglas. Entendes o Que Lês? São Paulo: Editora Vida Nova, 1982.
GEISLER, Norman. e HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas Enigmas e “Contradições” da Bíblia. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2001.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
VANHOOZER, Kevin. Há um Significado Neste Texto? São Paulo: Editora Vida, 2005.
VIRKLER, Henry. Hermenêutica Avançada: Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2001.



O grande mal que atinge muitos cristãos hoje em dia é o da falta de leitura e/ou compreensão da Bíblia por parte dos mesmos. A distorção e a falta de entendimento do que nos diz a Bíblia constituem um poderoso veneno espiritual que, ao contrário do que deveria, nos afasta do Evangelho a ponto de negarmos a suficiência sacrifício da cruz. Muito embora eu esteja tratando dos cristãos de hoje em dia, este não é um problema novo.
Antes de qualquer coisa, precisamos distinguir aqueles que distorcem propositalmente o teor das Escrituras em seu “benefício” próprio. Estes precisam primeiro se converter de seus maus caminhos. Do outro lado do erro, estão aqueles que são “vítimas” dos que distorcem a Bíblia: gente simplória demais, ou preguiçosa demais para tentar compreender a Sagrada Escritura.
Na Igreja ideal, um e outro há muito deixaram de existir, e todos têm, de fato, acesso a tudo aquilo que Deus nos deixou como legado e expressão de sua vontade soberana para nossas vidas.
A única maneira de se compreender de fato a mensagem bíblica é através da hermenêutica e da boa exegese.













CAPITULO I

1                   HERMENÊUTICA:
Hermenêutica é a ciência e arte da interpretação bíblica. Ciência, porque tem normas, ou regras, que podem ser classificadas num sistema ordenado.
2                   EXEGESE:
Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto do texto bíblico.
Sem a aplicação da hermenêutica, qualquer pessoa pode dizer o que quiser e dizer que se baseia na Bíblia. Graças a Deus, o cristão maduro pode se valer desta ciência com relativa facilidade, não se deixando levar por qualquer vento de nova doutrina (Ef 4.14).
Mandam as boas normas da Hermenêutica que se analise o livro a ser abordado, informando, principalmente, quem escreveu o livro, qual seria seu público alvo e seu contexto histórico. Para evitar a repetição desnecessária da análise do livro toda vez que tiver que fazer a exegese de algum artigo, cada livro da Bíblia terá sua própria Introdução exegética que será devidamente citada, junto com esta introdução geral à exegese, sempre que o versículo em apreço estiver contido no Respectivo livro.
Todo pregador do evangelho deve, por obrigação, dominar as técnicas básicas da exegese, sob pena de trair o real sentido do texto sagrado a ser explanado e de ser um disseminado de heresias, portanto se você ainda não domina a arte de interpretar e compreender os textos, deve então começar agora, pelo básico.






CAPITULO II

1        O que é? E do que trata a Exegese?
É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto.
Do ponto de vista etimológico, hermenêutica e exegese são sinônimos, mas hoje os especialistas costumam fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a ciência das normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido do texto, enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas.
2        Princípios Básicos:
 Aqui se encontram dez princípios que devem ser seguidos na interpretação bíblica:
o        1° - denomina-se princípio da unidade escriturística.
 Sob a inspiração divina a Bíblia ensina apenas uma teologia. Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia.
o        2° - Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia.
Este princípio vem da Reforma Protestante. O sentido mais claro e mais fácil de uma passagem explica outra com sentido mais difícil e mais obscuro. Este princípio é uma ilação do anterior.
o        3° - Jamais esquecer a Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia da Fé.
O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados.
o        4° - Sempre ter em vista o contexto.
Ler o que está antes e o que vem depois para concluir aquilo que o autor tinha em mente.
o        5° - Primeiro procura-se o sentido literal,
 A menos que as evidências demonstrem que este é figurado.
o        6° - Ler o texto em todas as traduções possíveis antigas e modernas.
Muitas vezes uma destas traduções nos traz luz sobre o que o autor queria dizer.
o        7° - Apenas um sentido deve ser procurado em cada texto.
o        8° - O trabalho de interpretação é científico,
Por isso deve ser feito com isenção de ânimo e desprendido de qualquer preconceito. (o que poderíamos chamar de "achismos").
o        9° - Fazer algumas perguntas relacionadas com a passagem para chegar a conclusões circunstanciais.
Por exemplo:
a) - Quem escreveu?
b) - Qual o tempo e o lugar em que escreveu?
c) - Por que escreveu?
d) - A quem se dirigia o escritor?
e) - O que o autor queria dizer?
o        10° - Feita a exegese, se o resultado obtido contrariar os princípios fundamentais da Bíblia, ele deve ser colocado de lado e o trabalho exegético recomeçado novamente.



CAPITULO III

As Ferramentas necessárias ao exegeta:
a)           Usar a Bíblia:
 Que contiver o texto mais fidedigno na língua original. (Os que não podem ler a Bíblia no original devem usar uma tradução fiel, tanto quanto possível).
Escolhido o texto é necessário saber exatamente o que ele diz. Para isso são necessárias suas espécies de ferramentas:
1 - Dicionários.
Em português não há nem um dicionário para o grego bíblico. Para o grego clássico o melhor que temos é: Dicionário Grego-Português e Português-Grego de Isidro Pereira, Edição do Porto, Portugal.
2 - Gramáticas.
 A melhor do hebraico é a de Gesenius. Para o Novo Testamento as melhores gramáticas são as de Blass, Moulton e Robertson. Depois de determinado o que o texto registra, é preciso ir além e investigar mais precisamente a significação teológica de certas palavras. Em português continuamos numa pobreza mais do que franciscana neste aspecto. O próximo passo é uma pesquisa conscienciosa do contexto para que não haja afirmações que se oponham ao que o autor queria dizer ou distorções daquilo que ele disse. Após esta pesquisa é necessário considerar cuidadosamente a teologia, o estilo, o propósito e o objetivo do autor. Para este mister as obras mais necessárias são: concordância, introduções e livros teológicos.  Em português temos a Concordância Bíblica, publicação da Sociedade Bíblica do Brasil, 1975. Muito úteis para o exegeta são os estudos teológicos que tratam com o livro específico do qual estamos fazendo a exegese. O próximo passo em exegese é a familiarização com o conhecimento geográfico, histórico, os hábitos e práticas podem iluminar nossa compreensão sobre o texto.
Para tal propósito são necessários Atlas, livros arqueológicos, histórias e dicionários bíblicos. Dicionários da Bíblia são muito úteis para rápidas informações sobre um assunto, identificação de nomes de pessoas, lugares ou coisas. O melhor dicionário da Bíblia é: The Interpreter´s Dictionary of the Bible, quatro volumes.
b)    Como fazer Exegese:
Na atualidade a mídia, especialmente a TV e o rádio, tem sido usada como um instrumento para espalhar a palavra de Deus, mas ao mesmo tempo tem provocado na mente de muitos cristãos a "lerdeza do pensar". Hoje existe o "evangelho solúvel", "evangelho do shopping Center", "dos iluminados", etc. Mas pouco se estuda a fonte do evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. Esse trabalho tem o objetivo de estimular e incentivar ao estudo das Sagradas Escrituras, isto é muito mais do que uma leitura diárias e muitas vezes feitas às pressas para cumprir um ritual. Neste trabalho pesquisado temos a arte que nos leva a conhecermos, entendermos vivermos uma vida com abundância e que foi prometida por Jesus. Definição de exegese: guiar para fora dos pensamentos que o escritor tinha quando escreveu um dado documento, isto é, literalmente significa "tirar de dentro para fora", interpretar.
c)   Cinco Regras Concisas.
o        1. Interpretar lexicamente.
É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significado e o seu uso no documento sob consideração. Esta informação pode ser conseguida com a ajuda de bons dicionários. No uso dos dicionários, deve notar-se cuidadosamente o significar-se da palavra sob consideração nos diferentes períodos da língua grega e nos diferentes autores do período.
o        2. Interpretar sintaticamente:
O interprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito. A função das gramáticas não é determinar as leis da língua, mas expo-las. O que significa, que primeiro a linguagem se desenvolveu como um meio de expressar os pensamentos da humanidade e depois os gramáticos escreveu para expor as leis e princípios da língua com sua função de exprimir idéias. Para quem deseja aprofundar-se é preciso estudar a sintaxe da gramática grega, dando principal relevo aos casos gregos e ao sistema verbal a fim de poder entender a estruturação da língua grega. Isto vale para o hebraico do Antigo Testamento.
o        3. Interpretar contextualmente.
 Deve ser mantida em mente a inclinação do pensamento de todo o documento. Então pode notar-se a "cor do pensamento", que cerca a passagem que está sendo estudada. A divisão em versículos e capítulos facilita a procura e a leitura, mas não deve ser utilizada como guia para delimitação do pensamento do autor.. Muito mal tem sido feita esta forma de divisão a uma honesta interpretação da Bíblia, pois dá a impressão de que cada versículo é uma entidade de pensamento separada dos versículos anteriores e posteriores.
o        4. Interpretar historicamente:
O interprete deve descobrir as circunstâncias para um determinado escrito vir à existência. É necessário conhecer as maneiras, costumes, e psicologia do povo no meio do qual o escrito é produzido. A psicologia de uma pessoa incluiu suas idéias de cronologia, seus métodos de registrar a história, seus usos de figura de linguagem e os tipos de literatura que usa para expressar seus pensamentos.
o        5. Interpretar de acordo com a analogia da Escritura.
A Bíblia é sua própria intérprete. Diz o princípio hermenêutico. A bíblia deve ser usada como recurso para entender ela mesmo. Uma interpretação bizarra que entra em choque com o ensino total da Bíblia está praticamente certa de estar no erro. Um conhecimento acurado do ponto de vista bíblico é a melhor ajuda.

d) O procedimento Exergético.
o        1. O procedimento errado.
 Ler o que muitos comentários dizem como sendo o significado da passagem e então aceitar a interpretação que mais agradece. Este procedimento é errado pelas seguintes razões:
a) encoraja o intérprete a procurar interpretação que favorece a sua pre-concepção e forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das interpretações oferecidas. Isto para o iniciante, freqüentemente resulta em confusão e ressentimento mental a respeito de toda a tarefa da exegese. Isto não é exegese, é outra forma de decoreba e é muito desinteressante. O péssimo resultado e mais sério do "procedimento errado" na exegese é que próprio interprete não pensa por si mesmo.

b)Procedimento Correto.
1. O interprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a declaração.
2. Consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm ao interprete apenas.
3. Depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observados por causa da contribuição à idéia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras classes gramaticais.
4. Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu significado primeiro e,
5. Com os passos anteriores bem dados, o interprete tem condições de extrair a teologia do texto, bem como sua aplicação às necessidade pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos ouvintes. Que o texto tem com a minha vida? Com os grandes desafios atuais?
f) O uso de Instrumentos
1.      Comentários: eles não são um fim em si mesmo. O interprete deve manter em mente o clima teológico em que foram produzidos, porque isso afeta de maneira direta a interpretação das Escrituras. Um comentarista pode ser capaz, em certa media, de evitar " bias" (tendências) e permitir que o documento fale por si mesmo, mas sua ênfase nos vários pensamentos na passagem será afetada pela corrente de pensamento de seus dias. Os comentários principalmente os devocionais, tem a marca da desatualização. Prefira os comentários críticos e exegéticos.
2.       Uso de dicionário e gramáticas: e importante manter em mente a data da publicação. Todas as traduções de uma palavra devem ser avaliadas e não apenas tirar só o significado que interessa a nossa interpretação. Explore o recurso dos próprios sinônimos. Por exemplo, a palavra pobre é tradução de duas palavras gregas. [penef e ptohoi- transliterado por Jotaeme] A primeira significa carente do supérfluo, que vive modestamente, com o necessário e a segunda, significa mendigo, desprovido de qualquer sustento. Na interpretação de Mateus 5:3 isto faz muita diferença!


CAPITULO IV

1– TEXTO MASSORÉTICOS

a)      O que são textos Massoréticos? é o texto hebraico da Bíblia, utilizado com a versão universal da Tanakh para o judaísmo moderno, e também como fonte de tradução para o Antigo Testamento da Bíblia cristã, inicialmente pelos protestantes e, modernamente, também por tradutores católicos.
b)      Origem do Nome:
·                    Em torno do século VI, um grupo de competentes escribas judeus teve por missão reunir os textos considerados inspirados por Deus, utilizados pela comunidade Hebraica, em um único escrito. Este grupo recebeu o nome de "Escola de Massorá". Os "massoretas" escreveram a Bíblia de Massorá, examinando e comparando todos os manuscritos bíblicos conhecidos à época. O resultado deste trabalho ficou conhecido posteriormente como o "Texto Massorético".
·                    O termo "massorá" provém na língua hebraica de mesorah (מסורה, alt. מסורת) e indica "tradição". Portanto, massoreta era alguém que tinha por missão a guarda e preservação da tradição.
c)      O Texto
Escrito em hebraico antigo, com letra quadrada, os massoretas levantaram a pronúncia tradicional do texto de consoantes ( o hebraico não tinha vogais), graças a um sistema de pontuação inventado para atender a acentuação vocálica. Com isso, eles padronizaram uma pronúncia das palavras do texto, tornando-o igual para qualquer pessoa que o lesse após a época em que iniciou-se a compilação. Nessa época o hebraico já não era um idioma popular e havia, principalmente por parte da comunidade hebraica muita dificuldade em pronunciá-lo corretamente, conforme a pronúncia original.
A metodologia utilizada era bastante rigorosa: ao final de cada cópia pronta, todas as letras eram contadas, e uma letra era estabelecida como letra central de referência. Assim, as letras do início da cópia até a letra central teriam de estar perfeitamente iguais às do documento original. Também eram contadas todas as letras desde a letra final até a letra central. Em caso de discordância, todo o trabalho era destruído e uma nova compilação realizada. Por criarem uma base para a interpretação do texto hebraico, aperfeiçoando os símbolos da escrita, já que até então não havia um sistema definido de regras gramaticais por escrito, os massoretas são considerados os pais da gramática da língua hebraica atual.
d)     A Composição
O Texto Massorético é composto de 24 livros:
e)      Primeira Impressão
A partir da invenção da Imprensa, no século XV, o Texto Massorético foi impresso por Daniel Bomberg, um abastado cristão veneziano originário da Antuérpia, em 1524 e utilizado posteriormente por Lutero em sua tradução para a língua alemã do Velho Testamento.
2 - TEXTOS PROTOMASSORÉTICOS
Foram os que deram origem ao Pentateuco Samaritano e à Septuaginta, os quais discordam em vários detalhes relativos ao texto, à ortografia e à morfologia em relação ao texto de tipo massorético. Determinados eruditos argumentam que esses outros tipos textuais eram textos vulgarizados, transmitidos sem muitos critérios e sem obedecer a regras estabelecidas e, por isso, possuíam alterações como se constata no Pentateuco Samaritano e em determinados manuscritos de Ḥirbet Qumran. Todavia, apesar disso, todos eram de uso comum entre os judeus e nenhum deles tinha mais autoridade do que o outro no período pré-cristão. Existem provas de que o Texto Protomassorético já existia desde antes do século III a.C., como comprovam vários manuscritos encontrados em Ḥirbet Qumran, em Wadi Murabba‘at, em Naḥal Ḥever e em Massada. Pelas últimas estimativas, cerca de 35% dos manuscritos bíblicos hebraicos encontrados no sítio arqueológico de Ḥirbet Qumran estão de acordo com essa recensão do texto bíblico.
Possivelmente, os rabinos da época dos primórdios do cristianismo resolveram selecionar e oficializar um dos tipos textuais hebraicos que julgavam como o melhor e o mais consistente dentre os vários que eles conheciam. Depois de aceito, o texto hebraico de tipo massorético passou a ser copiado com exatidão e com reverência pelos escribas judeus e, além disso, sem alterações, adições, omissões ou modificações significativas. Conseqüentemente, sua forma textual permaneceu, praticamente, inalterada desde o período do Segundo Templo. Com o passar do tempo, as diferenças internas do Texto Protomassorético diminuíram em vez de aumentarem e isso foi devido ao trabalho meticuloso, primeiro dos escribas e, mais tarde, principalmente dos massoretas, que foram os principais responsáveis pela uniformização do Texto Massorético e pelo decréscimo das variantes em seu texto.

Elementos Paratextuais ou Ortografias Irregulares:
Preservou e transmitiu vários elementos incomuns neste mesmo texto no período anterior ao dos massoretas. Tais peculiaridades são conhecidas como “elementos paratextuais” ou “ortografias irregulares”, que são parte integrante do texto bíblico hebraico desde muitos séculos. Todos os manuscritos hebraicos medievais como todas as edições impressas da Bíblia Hebraica os contêm. Não foram particularidades textuais inventadas pelos massoretas, que possivelmente, não as compreendiam plenamente e também não conheciam a sua real função, mas as mantiveram. Existem 15 passagens no Texto Protomassorético em que pontos especiais aparecem acima de algumas letras em determinadas palavras no texto bíblico (no Salmo 27.13, os pontos aparecem acima e embaixo de um vocábulo). Porém, tais pontos não podem ser confundidos com sinais de vocalização ou mesmo de acentuação. Esse fenômeno textual é conhecido pela denominação latina puncta extraordinaria (pontos extraordinários) e em hebraico como tOwGduqÕn (nǝquddôṯ , pontos) ou como tOwdGoq…n¸m tOwyitOw' (’ôṯîôṯ mǝnuqqāḏôṯ , letras pontuadas). Os puncta extraordinaria constam em 10 passagens do Pentateuco, quatro dos Profetas e uma dos Escritos. Tanto os rolos da Torá usados na sinagoga quanto os manuscritos massoréticos e edições impressas da Bíblia Hebraica apresentam todos os pontos em seus lugares tradicionais.
Os estudiosos não estão de acordo sobre o motivo da existência desses pontos e sua real função dentro do texto bíblico hebraico. Alguns eruditos acreditam que, provavelmente, conservam tradições textuais divergentes ou determinados aspectos doutrinários. Muito comum na Antigüidade. Existem três possibilidades sobre o significado de tais pontos no texto bíblico hebraico:
1.      Indicam que as letras pontuadas teriam de ser corrigidas.
2.      A tradição textual é duvidosa.
3.      As palavras ou letras pontuadas possuem algum comentário rabínico.
As 15 ocorrências são relacionadas abaixo:
1.      ßÆyΔnyEb˚ (hebr. ûḇêneyḵā , e entre ti), cf. Gn 16.5.
2.      ÆwÆyAÄlEÄ' (hebr.’ēlāyw, a ele), cf. 18.9.
3.      GhAmÆ˚q¸b˚ (hebr. ûḇəqûmāh , e no levantar dela), cf. Gn 19.33.
4.      FÆwÄh‘ÄqAKÄHÆ«Cy¬Æw (hebr. waîîššāqēhû , e o beijou), cf. Gn 33.4.
5.      -ÄtÄe' (hebr.’eṯ- ) (partícula de objeto direto), cf. Gn 37.12.
6.      ƧOÄr·ÄhaÄ'ÃÆw (hebr. wə’ahărōn , e Aarão), cf. Nm 3.39.
7.      Äh“qOxËr (hebr. rəḥōqâ , distante), cf. Nm 9.10.
8.      ÄreH·' (hebr.’ăšer , que), cf. Nm 21.30.
9.      §ÆÙrAKWivÃw (hebr. wə‘iśśārôn , e uma décima parte), cf. Nm 29.15.
10.         ÆFÆwÆnÆy≈ÆnAÄb¸ÄlÆ˚ FÆwÆnAÄl (hebr. lānû ûləḇānênû , a nós e aos nossos filhos), cf. Dt 29.28.
11.         Ä'AÄcÆ√y (hebr. yāṣā’ , saiu), cf. 2Sm 19.20.
12.         ÄhoGÄmEÄh (hebr. hēmmâ, eles), cf. Is 44.9.
13.         ÄlAÄkÆyEÄhaÄh (hebr. hahêḵāl , o santuário), cf. Ez 41.20.
14.         ÄtÆÙÄvAÄcŸÄquÄh¸Äm (hebr. məhuqṣā‘ôṯ , ângulos), cf. Ez 46.22.
15.         Ä≥'≥Ä„lFwÄ≥l (hebr. lûlē’ , se não fosse), cf. Sl 27.13.
Algumas passagens do Texto Protomassorético apresentam um sinal incomum conhecido pela denominação latina como nun inversum (a letra nun [n] invertida: N). Este fenômeno textual ocorre, ao todo, nove vezes no texto bíblico hebraico: em Números 10.34 e 36 (duas vezes) e no Salmo 107.21-26 e 40 (sete vezes). Esse sinal possui o nome de tÂrΔzFwn¸m §Fwn (hebr. nûn mənûzereṯ , nun isolado). Em relação à passagem de Números 10.34 e 36 os manuscritos e edições concordam entre si na colocação do sinal N. Entretanto, no caso do Salmo 107, há divergências entre as fontes. Há manuscritos e edições que assinalam o sinal N nos versículos 23 a 28 e 39 ou 40 do Salmo 107. Contudo, a Biblia Hebraica (BHK), a Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) e a Biblia Hebraica Leningradensia (BHL), que reproduzem o Códice de Leningrado B19a (L), anotam o mesmo sinal nos versículos 21 a 26 e 40. Entre os especialistas em Bíblia Hebraica não há consenso em relação ao real significado e a exata função do nun invertido, mas a opinião geral é que os trechos assinalados por esse caractere especial seriam textos deslocados, isto é, estariam fora de seu lugar de origem. Por algum motivo desconhecido, a tradição textual judaica teria deslocado esses trechos para outros lugares do texto bíblico hebraico e, mais tarde, os escribas e os massoretas teriam indicado esse fenômeno por meio do sinal N.

3- OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO
Foram encontrados casualmente em uma gruta, nas encostas rochosas da região do Mar Morto, na região de Jericó, em março de 1947, por um pastor beduíno que buscava uma cabra perdida de seu rebanho. São jarros contendo manuscritos de inúmeros documentos dos Escritos Sagrados de uma seita judaica que existiu na época de Jesus, os Essênios. Várias outras grutas foram encontradas após este achado, com muitos outros documentos.
Os Manuscritos ou Documentos do Mar Morto tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos fossem produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C. Destacam-se, nestes documentos, textos do profeta Isaías, fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.










CONCLUSÃO

A título de conclusão queremos dizer, que o que temos exposto até aqui, constitui apenas a base, ou fundamento rudimentar da exegese. O trabalho exegético em si é complexo e requer muita dedicação e boa vontade por parte daquele que deseja encetar uma feitura exegética. Em linhas gerais, o acima exposto, inclusive os exemplos em apêndice, tem por fim, orientar o estudioso a que procure praticar a leitura científica do texto bíblico com o fito de conhecê-lo de forma mais abrangente, buscando dirimir as suas limitações enquanto estudante das Sagradas Letras. Em seqüência a esse estudo, dever-se-á desenvolver um trabalho prático de exegese, com análise de textos originais, comentário exegético, trabalho de pesquisa e fichamento do material coletado. Procurando, ao longo do desenvolvimento exegético, o aprendiz, colocar em prática as técnicas apreendidas, na medida das suas potencialidades, pois, cada estudioso, obviamente lida com as suas limitações. É importante, contudo, em se tratando do estudo da Escritura, que o estudioso tenha a consciência de haver, mesmo, honestamente, esgotado todos os seus limites; por isso mesmo, a feitura exegética, verificar-se-á,
“exaustiva” e laboriosa, porém, extremamente gratificante”(Rafael S. Ribeiro –Pág.78)


 

Fonte:
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