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sábado, 13 de outubro de 2012

61-AS SEITAS JUDAICAS



Seitas Judaicas Antigas



OS FARISEUS:

Sucessores do hassidim ("os piedosos") do Sec. II a.C., formavam um partido religioso puritano.

1. Seu principal interesse era a observância da Lei de Moisés.
2. Conferiam igual valor às tradições dos ansiãos e às Escrituras Sagradas.
3. Criam na existência dos anjos e demônios.
4. Criam na vida após a morte.
5. Davam grande ênfase aos aspectos práticos de seus ensinamentos, como a oração, o arrependimento e as obras assistenciais.
6. Eram poucos mas sua influência social e político era considerável.
7. A maioria dos escriba, eram fariseus.
8. Suas rigidez e separatismo degenerou-se em mero legalismo, e em arrogância e menosprezo pelos demais.
9. Jesus não criticou a ortodoxia e seus ensinamentos, mas o orgulho e falta de amor.

OS SADUCEUS:


Em sua maioria, eram sacerdotes e ricos aristocratas.

1. Não reconheciam a autoridade da tradição oral.
2. Negam a existência do mundo espiritual.
3. Não criam na ressurreição dos mortos nem na vida após a morte.
4. Eram simpáticos a cultura helenistica.
5. Interpretavam a Lei de maneira literal.
6. Contavam com pouco apoio popular.
7. Eram reconhecidos como adversários dos Fariseus.
8. Aceitavam como canônios apenas os livros de Moisés.
OS ESSÊNIOS:

Eram uma seita monástica e ascética que viva no deserto da Judéia, às margens do mar Morto.

1. Eram praticamente desconhecidos até a descoberta dos manuscritos do mar morto em 1947.
2. A Seita da Comunidade de Qumran foi organizada por um "Mestre de Justiça" no Sec. II a.C.
3. Consideravam-se "Os Filhos da Luz".
4. Viviam completamente separados, e consideravam os Judeus Apóstatas.
5. Aguardavam o dia da batalha final, quando obteriam vitória sobre "Os Filhos das Trevas".
6. Esperavam a vinda de DOIS MESSIAS, um sacerdotal e outro Real.
7. Eram radicalmente dualistas em seus conceitos.
8. Desapareceram por volta de 73. a. C., na época da conquista da fortaleza de Massada pelos Romanos.
OS ZELOTES:

Eram os fundamentalistas reacionários do povo judeu.

1. Acreditavam que a submissão a Roma fosse traição à Deus.
2. Eram conhecidos também como CANANISTAS.
3. Pelo menos um dos apóstolos havia sido zelote, SIMÃO (Pedro).
4. Foram eles que provocaram a religião que culminou na destruição de Jerusalem em 70.
5. Eram o terror dos soldados romanos, já que suas incursões eram realizadas sob o manto da noite.

OS FARISEUS:
Sucessores do hassidim ("os piedosos") do Sec. II a.C., formavam um partido religioso puritano.
1. Seu principal interesse era a observância da Lei de Moisés.
2. Conferiam igual valor às tradições dos ansiãos e às Escrituras Sagradas.
3. Criam na existência dos anjos e demônios.
4. Criam na vida após a morte.
5. Davam grande ênfase aos aspectos práticos de seus ensinamentos, como a oração, o arrependimento e as obras assistenciais.
6. Eram poucos mas sua influência social e político era considerável.
7. A maioria dos escriba, eram fariseus.
8. Suas rigidez e separatismo degenerou-se em mero legalismo, e em arrogância e menosprezo pelos demais.
9. Jesus não criticou a ortodoxia e seus ensinamentos, mas o orgulho e falta de amor.
OS SADUCEUS:
Em sua maioria, eram sacerdotes e ricos aristocratas.
1. Não reconheciam a autoridade da tradição oral.
2. Negam a existência do mundo espiritual.
3. Não criam na ressurreição dos mortos nem na vida após a morte.
4. Eram simpáticos a cultura helenistica.
5. Interpretavam a Lei de maneira literal.
6. Contavam com pouco apoio popular.
7. Eram reconhecidos como adversários dos Fariseus.
8. Aceitavam como canônios apenas os livros de Moisés.
OS ESSÊNIOS:
Eram uma seita monástica e ascética que viva no deserto da Judéia, às margens do mar Morto.
1. Eram praticamente desconhecidos até a descoberta dos manuscritos do mar morto em 1947.
2. A Seita da Comunidade de Qumran foi organizada por um "Mestre de Justiça" no Sec. II a.C.
3. Consideravam-se "Os Filhos da Luz".
4. Viviam completamente separados, e consideravam os Judeus Apóstatas.
5. Aguardavam o dia da batalha final, quando obteriam vitória sobre "Os Filhos das Trevas".
6. Esperavam a vinda de DOIS MESSIAS, um sacerdotal e outro Real.
7. Eram radicalmente dualistas em seus conceitos.
8. Desapareceram por volta de 73. a. C., na época da conquista da fortaleza de Massada pelos Romanos.
OS ZELOTES:
Eram os fundamentalistas reacionários do povo judeu.
1. Acreditavam que a submissão a Roma fosse traição à Deus.
2. Eram conhecidos também como CANANISTAS.
3. Pelo menos um dos apóstolos havia sido zelote, SIMÃO (Pedro).
4. Foram eles que provocaram a religião que culminou na destruição de Jerusalem em 70.
5. Eram o terror dos soldados romanos, já que suas incursões eram realizadas sob o manto da noite.
Seitas Judaicas Antigas
OS FARISEUS:

Seita de maior influência. Sucessores do hassidim (os piedosos) do Sec. II a.C., formavam um partido religioso puritano (separatista).
1. Seu principal interesse era a observância dos preceitos da Lei (oral ou escrita). 
2. Conferiam igual valor às tradições dos ansiãos e às Escrituras Sagradas. Sua teologia fundamentava-se no Cânon completo do A.T. - Lei de Moisés ou Torah, os Profetas e as Escrituras. Usavam método alegórico para interpretação- para disporem de elasticidade na aplicação. 
3. Criam na existência dos anjos e demônios. 
4. Criam na vida após a morte. 
5. Davam grande ênfase aos aspectos práticos de seus ensinamentos, como a oração, o arrependimento e as obras assistenciais (entregavam os dízimos meticulosamente). 
6. Eram poucos mas sua influência social e político era considerável. 
7. A maioria dos escriba, eram fariseus. 
8. Suas rigidez e separatismo degenerou-se em mero legalismo, e em arrogância e menosprezo pelos demais. 
9. Jesus não criticou a ortodoxia e seus ensinamentos, mas o orgulho e falta de amor.

Existiam 07 tipos de Fariseus:

1- O Fariseu "ombro"- Fazia ostentação das suas boas obras diante dos homens com uma insígnia no ombro.

2- O Fariseu "espere um pouco"- Pedia a qualquer pessoa que esperasse por ele enquanto realizava uma boa ação.

3- O Fariseu "cego"- se feria a si próprio de encontro a uma parede, porque fechava os olhos para evitar ver uma mulher.

4- O Fariseu "pilão"- Andava com a cabeça pendente para não ver tentações sedutoras.

5- O fariseu "eterno- contador"- Andava sempre a contar se as suas boas ações se equiparavam às suas faltas.

6- O Fariseu "temente a Deus"- Como Jó, era verdadeiramente justo.

7- O Fariseu "amante de Deus"- Como Abraão.

OS SADUCEUS:

Em sua maioria, eram sacerdotes e ricos aristocratas. Tinham poder político. Era o grupo dominante na direção da vida civil do Judaísmo.
1. Não reconheciam a autoridade da tradição oral. 
2. Eram racionalistas e anti-supernatural, negavam a existência do mundo espiritual. 
3. Não criam na ressurreição dos mortos nem na vida após a morte. 
4. Eram simpáticos a cultura helenistica. 
5. Interpretavam a Lei de maneira friamente ética e literal. 
6. Contavam com pouco apoio popular. 
7. Eram reconhecidos como adversários dos Fariseus. 
8. Aceitavam como canônios apenas os livros de Moisés. Declaravam que os profetas tinham menos autoridade que a lei.

OS ESSÊNIOS:

Eram uma seita monástica e ascética que viva no deserto da Judéia, às margens do mar Morto. Abstinham-se do casamento. Todos trabalhavam para seu sustento por meio de trabalho manual. Vestiam-se habitualmente de branco. Eram sábios e restritos em conduta- não davam lugar `a ira e não faziam juramentos. Eram rigorosos quanto ao Sábado. Davam atenção à pureza individual. Qualquer desvio da sua parte era punido com a expulsão. A teologia era semelhante a dos Fariseus. Ensinavam sobre o descanso ou tormento na morte. Na morte o bom passa para uma região de sol brilhante e frescas brisas, enquanto o réprobos são relegados para um lugar escuro e tempestuoso de tormento contínuo.
1. Eram praticamente desconhecidos até a descoberta dos manuscritos do mar morto em 1947. 
2. A Seita da Comunidade de Qumran foi organizada por um "Mestre de Justiça" no Sec. II a.C. 
3. Consideravam-se "Os Filhos da Luz"
4. Viviam completamente separados, e consideravam os Judeus Apóstatas. 
5. Aguardavam o dia da batalha final, quando obteriam vitória sobre "Os Filhos das Trevas"
6. Esperavam a vinda de DOIS MESSIAS, um sacerdotal e outro Real. 
7. Eram radicalmente dualistas em seus conceitos. 
8. Desapareceram por volta de 73. a. C., na época da conquista da fortaleza de Massada pelos Romanos.

OS ZELOTES:

Grupo de nacionalistas fanáticos que advogavam a violência como meio de libertar-se de Roma. Eram os fundamentalistas reacionários do povo judeu.
1. Acreditavam que a submissão a Roma fosse traição à Deus. 
2. Eram conhecidos também como CANANISTAS. 
3. Pelo menos um dos apóstolos havia sido zelote, SIMÃO (Pedro). 
4. Foram eles que provocaram a religião que culminou na destruição de Jerusalem em 70. 
5. Eram o terror dos soldados romanos, já que suas incursões eram realizadas sob o manto da noite.

OS ESCRIBAS:

Eram copistas da lei. Eram profissionais. Sua função era o ensino. Aparecem associados aos Fariseus.
OS HERODIANOS

Criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na cooperação com os romanos. Eram mais um partido político do que um grupo religioso.


Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal e outros.


Judaísmo/Divisões religiosas/Caraísmo



                                           
Sinagoga Caraíta Bnei Yisrael
A palavra Caraíta ( do hebraico קראים - Qaraim ou Bnei Mikra (Seguidores das Escrituras)), designa uma das ramificações do Judaísmo que defende unicamente a autoridade das Escrituras Hebraicas como fonte de Revelação Divina.
O Caraísmo defende a Crença Única e Absoluta em D-us e que sua Revelação Única foi dada através de Moshê na Torá (que não admite adições ou subtrações) e nos profetas da Tanakh. Confiam na Providência divina e esperam a vinda do Messias e a Ressureição dos Mortos. Seguem um calendário baseado no Abib e com ínicio de mês na lua nova vísivel.
Rejeitam o judaísmo rabínicos como por exemplo o Talmud e a Mishná (aceitos pelo judaísmo rabínico). Não seguem costumes judaicos rabínicos como uso de kipá, peiot, tefilin e afins.

        História do Caraísmo

Desde a época do Segundo Templo existiam seitas do Judaísmo que defendiam a autoridade única e exclusiva da Torá escrita , em oposição aos que seguiam tambêm as tradições conhecidas como a Torá oral .Entre as seitas que seguiam unicamente a Torá escrita estavam os tzadokim (saduceus) e os betusianos .Estes se opunham aos perushim (Fariseus) que defendiam que D-us lhes revelara junto à Torá escrita uma Torá oral que era passada de geração à geração pelos estudiosos , mestres e profetas .
Estas seitas continuaram a existir até depois da destruição do Templo no ano de 70 d.C. , mas com a queda de Jerusalém, a autoridade central representada pelo Templo deixou de existir, fortalecendo as comunidades locais e seus centros de estudo (sinagogas)que eram majoritariamente farisaicas. Estes fariseus posteriormente dariam origem ao judaísmo rabínico , copilando suas leis e tradições em sua obra conhecida como Talmud.
O Talmud no entanto não foi aceito por uma parcela da comunidade judaica, que opôs uma forte resistência ao judaísmo rabínico. No séc.VIII d.C. , Anan ben David organizou os diversos elementos anti-talmudicos e conseguiu convencer ao Califado que estabelecesse um segundo exilarcado para aqueles que não seguissem as práticas talmudistas. Os seguidores de Anan foram conhecidos como "Ananitas" e posteriormente misturando-se a outras seitas anti-rabínicas constituiram o Caraísmo.
O Caraísmo obteve grande influência, chocando-se contra o Judaísmo Rabínico, mas este conseguiu sobressair-se no século X com Gaon Saadia. Mas o Caraísmo ainda continuou existindo principalmente na Espanha, Rússia, Egito, Império Bizantino e Israel. Hoje ainda existe reunidos em comunidades espalhadas pelo mundo, inclusive em Israel onde conta com um departamento governamental que cuida dos seus interesses.


 Origem das seitas judaicas sob os Macabeus. O judaísmo diversificava-se,  ao tempo de Jesus em quatro seitas, às quais é preciso atender para melhor compreensão da fundação do cristianismo:
- saduceus (conservadores) (vd 140),
- fariseus (nacionalistas e reformistas moderados) (vd 146),
- zelotas (ativistas, subversivos, guerrilheiros) (vd 152),
- essênios (escatologistas, celibatários, rurais) (vd 161).
Às seitas judaicas se acrescenta a dos cristãos,  forma similar a dos essênios, todavia constituída pela população urbana, a dos nazarenos, que em Antioquia passaram a ser denominados cristãos, com a particularidade especial de haver sido fortemente escatológica, e haver acreditado em Jesus como Messias ressuscitado, e que logo voltaria.
Considerando que os primeiros cristãos não diferiam muito dos essênios e que os zelotas não eram definidos senão como ativistas, arrolando seus membros entre as demais seitas, Josefo Flávio reduzia as seitas a apenas três.
"Havia entre os judeus apenas três gêneros de filosofia: um era seguido pelos fariseus, outro pelos saduceus e o terceiro, que todos pensam ser o mais aprovado, era o dos essênios, judeus naturais, porém muito unidos pelo amor e amizade" (Guerra Judaica, II, 7).
No entrechoque das diferenças de idéias, sobre um assunto mais ou menos comum, as diversas seitas vão se desenvolvendo, com sorte vária.
A dos essênios  foi a que mais cedo declinou, desaparecendo com os efeitos da guerra judaica (70 a.C.); por isso mesmo, não teve a oportunidade de aparecer em novos textos. Sua similaridade com o cristianismo, oferece, entretanto, importância para esclarecer a formação deste.
O reencontro dos "escritos do Mar Morto" em 1947, veio criar a oportunidade de um estudo mais profundo. Com isso puderam ser fortalecidas certas hipóteses, ou teorias, do século 19o, de Reinach, Strauss, e Renan, sobre a formação do pensamento cristão ulterior, como relutância de influências ambientais, de ordem cultural e política da época, e em que os essênios ocupam notável influência. Basta dizer que o pregador João Batista, um essênio, é dado pelos evangelistas como um precursor direto de Jesus.
Cabe, pois, estudar as diferenças que separavam as seitas e suas afinidades, sobretudo a dos essênios , para redescobrir como exatamente a formação do cristianismo se dava, até que finalmente veio a ser codificada nos escritos ulteriores, chamados Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Epístolas e Apocalipses.
A origem remota das seitas judaicas modernas remonta ao tempo do Macabeus em pleno tumulto das transformações ocasionadas no decurso dos  entreveros do mundo helênico-romano.
 
 
135.  O judaísmo no reino dos Macabeus. Depois da morte de Alexandre Magno (323 a.C.), a Judéia houvera estado temporariamente sob os Ptolomeus do Egito (Alexandria). Passando ao domínio do então mais poderoso reino helênico dos Seleucidas da Síria (Antioquia), fez sob esta a história dos últimos séculos da antiguidade. Depois de um século também declina o poder sírio, em consequência da expansão exploradora Romana.
De há muito os romanos vinham fazendo equilíbrio com o poder dos Ptolomeus do Egito e com isto acossando a Síria. Esta, por sua vez equilibrava-se com os cartagineses.
Havendo Aníbal De Cartago perdido para os romanos a batalha de Zama (202 a.C.) e não mais conseguido restaurar sua pátria, refugiou-se finalmente na corte de Antioquia da Síria (195 a.C.).  Com isso se abre o caminho dos romanos para o Oriente, onde passa a conquistar um por um os reinos helênicos.
A Macedônia é conquistada imediatamente. O rei da Síria é derrotado na batalha de Magnésia (190 a.C.). A Síria se obriga a pagar tributo aos romanos. Seu exército, agora reduzido, não mais consegue reprimir tumultos internos do reino.
 
136. No quadro político criado no Oriente pelos romanos, conseguem os judeus reagir e conquistar uma independência relativa, que durou de 164 a 63 a.C..
O pesado tributo aos romanos obrigava o rei da Síria obter em todo o seu território os recursos, para os quais os judeus, sob o comando dos macabeus, se negavam contribuir. Em última instância os romanos não eram para ser elogiados quanto o foram pelo texto bíblico porquanto eram eles os geradores deste tumultuado quadro político.
Entretanto, para a ótica messianista o que acontecia era senão a proteção divina ao povo eleito, em marcha para um triunfo grandioso, que contudo não aconteceu.
A situação de Jerusalém está agora muito diferente que a dos tempos de Davi e Salomão, bem como dos profetas daquele tempo. Libertados do cativeiro babilônico em 539 a.C., os judeus haviam então reconstruído o templo (520-516 a.C.) e retomado suas práticas, consolidando-se sobretudo a partir de 445 a.C., sob Nehemias e Esdras. Agora sem rei, os judeus passam a admitir um poder teocrático exercido pelos chefes religiosos.
A inabilidade da Síria resultou na revolta dos judeus sob o comando de Judas Macabeu (167 a.C.) ante o despojamento das riquezas do templo de Jerusalém, com vistas a pagar tributos aos romanos, seu irmão Jônatas Macabeu, prosseguiu a luta. Simão, o terceiro sucessor, conseguiu um reconhecimento maior por parte dos mesmos sírios (143-135 a.C.).
Por um século se sucederam os príncipes asmoneus, iniciando com João Hircano, que governou até 105 a.C..
Alexandre Janeu (104-76 a.C.) incluiu o território da  Transjordânia. Seguiu Alexandre Salomé (76-6 7 a.C.).
Hircano II e Aristóbulo, em luta pela sucessão, sofreram finalmente a interferência direta de Roma, que impõe seu tributo.
Algumas cidades são entregues à Síria, agora totalmente romanas.
Todavia Hircano II foi confirmado Sumo Sacerdote. Liturgicamente desenvolve-se o culto religioso judeu, consolidando-se no templo de Jerusalém a seita moderada dos saduceus.
137. No tempo dos herodianos. Continuam as agitações, cujo resultado final foi, em 32 a.C., a conquista do governo por Herodes o Grande, com o apoio romano. Notabilizou-se o rei títere de Roma pela grande reforma, praticamente uma reconstrução do Templo de Jerusalém.
Sua crueldade serviu de base para a versão (improvável) do morticínio das crianças inocentes, narrada a propósito do nascimento de Jesus.
Morto Herodes Magno (4 a.C.) conturbou-se novamente a sucessão, passando Roma a estabelecer um governo direto, pela nomeação de Arquelau, filho de Herodes Magno, para governador de Judéia, Samaria e Iduméia, ou seja, do Sul da Palestina.
Ficou para Antipas, a Galiléia e Peréia.
Mais ainda ao Norte da Palestina, para Filipe (também filho de Herodes Magno), Traconites (próximo de Damasco) e Ituréia.
 
138. Passou o Sul da Palestina por uma série de procuradores romanos, dentre os quais Pôncio Pilatos (26-36).
Enquanto isto, no Norte, Filipe de Traconites teve como sucessor a Herodes Agripa I, o qual em 39 d.C., sob a proteção do Imperador Gaio, recebeu também o controle do sul da Palestina e da Transjordânia. Finalmente, de 41 a 44 esteve de novo unida a Palestina, sob Herodes Agripa I.
Foi nestes dias de prosperidade judaica, sobretudo do seu culto, que os cristãos já estavam com cerca de dez anos de vigência, ocorrendo os conflitos mais graves entre as duas facções, dali resultando a morte de Tiago, e a seguir também a prisão de Pedro (Atos, 12,1-3).
Com a morte de Herodes Agripa I, em 44 d.C., toda a região foi transformada em província romana, mantido porém Agripa II, como rei de Tronítides, Ituréia e Abilene.
As revoltas à base do messianismo, fizeram com que finalmente em 70 d.C. um exército de 60.000 homens arrasasse a região e destruísse Jerusalém.
Em 73 d.C., já cessada a resistência, foi criada a província da Judéia. A história do procuradores e da guerra judaica é conhecida pela narrativa de Josefo Flavo.
Os rabinos mantém a resistência espiritual do povo judeu. Já então era claro o conflito entre os cristãos e os judeus, nada ganhando estes com a expansão daqueles.
Entretanto, com o Imperador Juliano o Apóstata (361-363) foram anulados os editos contra os judeus e determinada a restauração do templo de Jerusalém. Não obstante a brevidade da ação de Juliano o Apóstata, seguiram-se dois séculos de relativa calma na região e prosperidade da ação rabínica. Finalmente, os árabes, já islâmitas, conquistam a Palestina e Síria (634-636), assim permanecendo a situação até 1948, quando se restaura o Estado de Israel. Trata-se agora de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas, com base em acontecimentos anteriores, relativos a promessas inglesas e penetração de imigrantes judeus na região. Mas a paz inter-racial continuou tumultuada.
§ 2. Os saduceus e o cristianismo. 4251y140.
141.Os mais helenizantes. Da luta nacionalista, com inspiração messianista, resultou, como se disse, a divisão dos judeus em seitas.  A dos saduceus foi mais propensos à helenização.
Menos sensíveis ao messianismo dos profetas, ocuparam os fariseus as linhas de poder, sobretudo em Jerusalém.
Os reis de Antioquia haviam dado estímulo à helenização, quer dos usos, quer dos ritos religiosos, como método de solidificação do reino. Criaram mesmo um ginásio em Jerusalém, de onde a oportunidade para instrução maior e exercício do esporte. A reação conservadora é anotada em um texto bíblico:
"Naqueles dias saíram de Israel uns filhos  iníquos, e seduziram a muitos, dizendo: vamos, e façamos aliança com as nações circunvizinhas porque, desde que nos separamos delas, vieram sobre nós muitos males. E alguns do povo resolveram-se, e foram ter com o rei; e este deu-lhes poder de viverem segundo os costumes dos  gentios. Em seguida edificaram em Jerusalém um ginásio conforme o uso das nações; e dissimularam os sinais da circuncisão, e separaram-se da santa aliança, e se juntaram com as nações, e venderam-se para fazer o mal." (Macabeus, 12-16).
O livro dos Macabeus é evidentemente uma história ufanista e reacionária de uma fase em que  o povo judeu está envolvido na dialética de usos que se chocavam.
Com referência à dissimulação da circuncisão, ela decorria da diferenciação resultante do  fato de praticarem os gregos a ginástica nus. Em conseqüência não eram bem vistos aqueles que ostentavam o pênis ao modo judeu, sem o prepúcio. A dissimulação era conseguida por uma operação certamente dolorosa, em virtude da qual se esticava a pele o suficiente para de novo encobrir a glande.
Os opositores aos novos usos helênicos se denominam Assideus.  Estava, pois, formado o motivo de base para uma importante divisão mental entre os judeus.
No curso do governo dos príncipes asmoneus de 136 a 32 a.C. (como se denominaram os chefes dos 100 entre os macabeus, e Herodes Magno) as duas alas se consolidaram sob as denominações de saduceus e fariseus. Por uma questão de habilidade, quer os macabeus, quer os asmoneus, não se manifestavam expressamente a favor de nenhuma dessas divisões, se não por uma vaga tendência.
Os macabeus eram propensos aos assideus (depois fariseus); os príncipes asmoneus, ao ponto de vista dos helenizantes (dos saduceus).
 
 
142. Filhos de Sadoq.  Os saduceus tomam o nome possivelmente de Sadoq (de onde saduceu e sadoquita).
Dizendo-se sadoquitas, pretendiam os saduceus remontar ao antigo Sumo- sacerdote denominado Sadoc, do tempo de Davi (ano 1030). A linhagem destes sacerdotes veio efetivamente se perpetuando através dos tempos.
É provável que se tratasse de um outro Sadoc, do tempo recente dos Asmoneus, quando a seita se fortalecia. Nos documentos do Mar Morto (reencontrados em 1947) fala-se de "Filhos de Sadoc"; o contexto não permite identificá-los simplesmente com os saduceus.
 
Não eram os saduceus uma seita organizada e definida, nem muito numerosa. Não sendo popular, não podia alcançar a extensão da massa popular. Era antes uma classe social,  ou seja a dominante, rica, mentalmente evoluída e ajustada ao desenvolvimento helênico.
Do ponto de vista político, os saduceus eram pacifistas, mesmo porque não tinham razões profundamente ideológicas de oposição ao espírito helênico-romano. Tinham a visão ampla do homem cosmopolita, que desde tempos houvera superado os conceitos de Estado-cidade.
O espírito não messianista dos saduceus permitiu que fossem ao mesmo tempo capazes de abertura para o helenismo. Conserva como inspirados apenas os livros da Lei (Torah) e não os Profetas (vd) .
Em consequência, conservam o judaísmo vago, como veio até os tempos de Davi, ou mesmo até o final do reino (487 a.C.). Os acrescentamentos posteriores, especializantes, como ressurreição, vida futura, anjos, culto de ritual muito rigoroso, etc., são rejeitados, no sentido de que não procedem de Moisés. Assim sendo, o saduceu se acomodava facilmente com a modernidade helenística.
Também excluíam os fariseus as tradições orais dos fariseus, que estes admitiam para interpretações das escrituras.
 
 
143. O conceito  saduceu de Deus é mais filosófico, ou metafísico, que o das seitas inovadoras. Deus seria pessoa distante e de raras interferências milagrosas no mundo.
Contrasta a concepção menos sobrenaturalista dos saduceus com a de Jesus, a qual, na descrição dos evangelistas, é mais antropomorfista. Para Jesus, Deus é o Pai ao modo familiar, cheio de solicitude e carinho; é persuasivo para reconduzir o pecador. É irado e disposto a cobrar com justiça, castigando severamente aos maus, como o lixo é atirado ao fogo do Sheol. Aos bons recompensa com um vasto céu de benaventuranças.
A idéia messiânica dos saduceus é igualmente comedida ou mesmo inexistente, porque não tem o sentido de salvador do povo, como a pregavam as outras seitas. Por isso, os saduceus tinham porque acomodar-se com os helênico e romanos.
O povo, que em geral não era saduceu, via com escândalo a acomodação filosófica dos sumos sacerdotes. A conceituação saducéia moderada de Messias não estimulava certamente a subversão e que o governo instituído reprimiria e castigaria.
Era o sumo sacerdote nomeado pela autoridade romana, de acordo com o entender antigo de que a religião era administrada pelo Estado.
Dentro desta mentalidade está coerente a narrativa de que os saduceus entregaram Jesus a Pilatos. Uma vez que era acusado de subversão, o assunto lhes escapava das mãos, situando-se no plano da competência política do governador da província ou do procurador romano.
No tempo de Jesus as nomeações dos sumos sacerdotes eram influenciadas especialmente pela família de Anás. Depois de haver sido sumo sacerdote, Anás fez nomear seu genro Caifás e depois cinco de seus filhos.
 
 
144. Ainda que as relações entre o cristianismo e os saduceus sejam de distanciamento doutrinário, a abertura do cristianismo para o mundo gentio foi contudo preparada pelos saduceus.
Jesus é bastante reservado com os gentios, mas suas doutrinas de elevação espiritual se prestam para uma abertura. Desta sorte o caminho aberto pelos saduceus será a válvula de escape para a espiritualidade nova, que será desenvolvida posteriormente.
O fariseu Paulo de Tarso, convertido para o movimento dos discípulos de Jesus, apesar de conservar muito do ritualismo farisaico, se tornou um dos pioneiros desta abertura. Mas o primeiro apoio da mesma se dera com a presença inicial dos judeus estrangeiros ou helênicos, encontrados em Jerusalém. E, de maneira geral a inspiração é dos saduceus. Mas se completa com elementos de abertura também existentes em outras seitas.
§ 3. Os fariseus e os cristianismo. 4251y146.
 
147. Que era o farisaísmo e em acontecia a aproximação do farisaísmo com o cristianismo?
Os fariseus buscavam manter a identidade do judaísmo na fidelidade à lei e aos profe0tas, num momento num momento em que a simpatia pelo humanismo helênico levava muitos a um posicionamento mais liberal.
Os fariseus tomaram seu nome da palavra peroukim , que tem o sentido de "separados". Isto logo os define como separados dos judeus helenizantes, e portanto também contrários aos saduceus e dos príncipes asmoneus que governavam com alguma abertura para o helenismo, ainda que politicamente independentes.
Aparecem os fariseus como grupo já definido no decurso do governo de João Hircano (136-106 a.C.) e devem ser a continuação direta dos ascideus, partido existente anteriormente e que apoiava os macabeus. Opondo-se, agora, ao espírito dos asmoneus, assumem a posição de fiéis cumpridores da lei.
Como oposição, situam-se fora do círculo dos sumos sacerdotes, os quais dependem diretamente dos governantes. São geralmente leigos, nas funções de escribas e rabinos (= rabi, isto é, mestre ou doutores da lei). Há-os também nos meios da pequena burguesia e do artesanato.
A influência dos fariseus se estendeu especialmente às sinagogas, modalidade associativa originada nos tempos do cativeiro babilônico, e agora difundida pelas cidades da Palestina e mundo helênico-romano. Em contraste, o templo de Jerusalém, onde as funções eram exercidas pelos levitas e sacerdotes, é dominado pelos saduceus (ao tempo dos asmoneus e de Jesus).
Tiveram porém os fariseus algumas penetrações no Sinédrio, o colegiado mais alto do povo judeu. No reinado de Alexandre Janeu criaram reações populares e no de Alexandre Salomé (76-67 a.C.) conseguiram nomear o sumo sacerdote Hircano II e o controle dos cargos do governo e do templo.
Muito mais que os saduceus, organizavam-se os fariseus em sociedade precedida de um noviciado, antes da admissão definitiva. Desta sorte, os fariseus tinham o aspecto de uma sociedade, com caráter de escola religiosa. Ao tempo de Jesus poderão ter sido cerca de 6000 membros.
Ainda que os escritos cristãos os descrevam com cores negativas, os fariseus representam em todas as épocas uma categoria religiosa de bom nome. Josefo Flávio lhes foi favorável. Este bom conceito lhes dava ampla influência popular.
Encabeçaram os fariseus a oposição a Jesus (João 11, 47), e por parte de Jesus eram dados como hipócritas (Mt. 16, 6-12; 23, 1-36;Lc 11, 37-44). Paulo de Tarso, inicialmente fariseu, os perseguiu (Atos 9, 1-2).
A palavra fariseu tinha vários alcances, pois havia, segundo o Talmud, sete tipos de fariseus, dos quais um apenas seria bom. "Os hipócritas que se vestem com o véu sagrado para se fazerem passar por verdadeiros fariseus".
Dali porque Jesus poderia haver dito: "raça de víboras... sepulcros caiados ... guias cegos que coais um mosquito e deixas passar um camelo ...".
 
 
148. Doutrinas e prescrições legais.  Um certo equilíbrio entre o severo e o moderado caracterizou o farisaísmo, o que torna difícil o uso dos termos para qualificar o farisaísmo e avaliá-lo. No que concerne às doutrinas e às prescrições morais, herdou o cristianismo muito do farisaísmo, não obstante algumas diferenças essenciais.
 
Doutrinariamente os fariseus admitem não somente aos livros sagrados da Lei(Torah) como também os Profetas. Valiam-se ainda das tradições, de que o Talmudé um depósito por eles criado.
A manutenção dos Profetas e das tradições representava a crença nas doutrinas, que tiveram desenvolvimento recente após o exílio, ou seja, de após o cativeiro de Babilônia. Quando os judeus estiveram em contato com os persas, e respectiva religião mazdeísta, deles tomaram novos desenvolvimentos para a doutrina sobre os anjos, os demônios, a ressurreição, que passaram ao elenco doutrinário dos fariseus e finalmente também dos cristãos.
As prescrições legais foram rigidamente praticadas pelos fariseus, no que criticados por Jesus, - apesar de suas afinidades com esta seita. O jejum, a observância do sábado e a cozinha kasher  são rígidos. O mesmo rigor é apregoado com referência às prescrições bíblicas de não contaminação com os gentios; as comunidades judias fora da Palestina vivem pois, isoladas em função deste nacionalismo religioso apregoado nas sinagogas. Não obstante, são os fariseus mais inovadores que os saduceus.
 
 
149. O universalismo dos fariseus. Procuraram os fariseus a conversão dos gentios para o judaísmo. Este interessante aspecto apresenta uma face pela qual tem afinidade com o cristianismo. E é mesmo entre os fariseus que se aliciam sobretudo os novos cristãos. Apesar do caráter essênio dos primeiros cristãos, encaminha-se o essenismo cristão na direção do farisaísmo.
Quando iniciou a pregação cristã fora da Palestina, ela se fez nas sinagogas, as quais tiveram sempre caráter fariseu. Atenda-se para o apóstolo Paulo, que era um judeu sírio fariseu.
O contato com as sinagogas e a adesão do fariseu Paulo fizeram o cristianismo muito mais ritualista do que estava no cálculo de Jesus. Admitiam, ainda os fariseus, com liberdade, alguns aspectos da filosofia ou sabedoria helênica. Paulo aparenta ser estóico, sobretudo em filosofia moral.
Não obsta que Jesus ataque sobretudo aos  fariseus por causa do excesso de seu formalismo. Exatamente porque tinha afinidades com o grupo, nele havia por isso o mesmo de se degladiar.
Acontece ainda que a oposição entre fariseus e essênios se reflete mais uma vez no antifarisaísmo dos cristãos. Estes participam das idéias gerais dos essênios, com as quais em parte se opunham os fariseus. Além disso, leve-se em conta que os saduceus e essênios desapareceram com a guerra judaica  e a destruição de Jerusalém (ano 70).
Em consequência os fariseus, mais espalhados pelo mundo e melhor organizados, passaram à liderança do judaísmo e da oposição aos cristãos. Por isso, os Evangelhos, de elaboração mais ou menos tardia, haveriam de concentrar- se nos temas questionados com os fariseus, ficando os outros por esquecidos.
Usavam os fariseus formas literárias simples e imaginosas, como nos gêneros literários do apólogo e das parábolas. Similar é o estilo de Jesus. Diz, por exemplo o rabino Hillel, do 1o século a.C.:
"Aquilo que não queres que te faça, não faças ao outro. Esta é toda a lei e o resto é apenas comentário".
Repetiu Jesus o mesmo pensamento, porém sob a forma de um mandamento afirmativo:
"Tudo que quereis que os outros vos façam fazei também por eles; porque esta é a Lei e os Profetas".
 
 
150. Não chegava Jesus a ser um fariseu, porque estava mais próximo de um essênio celibatário e enquadrado num grupo de doze. Mas, como um quase fariseu, era mestre, ou seja rabino... Em que sentido exato o teria sido?
Os conhecimentos de Jesus se devem em parte a sua inteligência acima do vulgar e em parte a possibilidade que havia, então, de os alcançar nas sinagogas, pois nestas se liam e se explicavam as escrituras, função exercida especialmente pelos fariseus.
Em virtude das inovações doutrinárias de Jesus, se infere que se encontrava mais em contato com os fariseus, do que com os saduceus. As narrativas evangélicas, aliás, referem discussões frequentes com os fariseus. As discussões em mesmo nível são indicadoras de que Jesus frequentava precisamente as rodas eruditas religiosas.
Nada revela que Jesus alcançasse o nível mental do pensamento sistemático, de conexões lógicas e ordenadas colhendo os elementos singulares em síntese abstratas maiores. Jesus não foi um doutor da lei. Não foi um teólogo. Sobretudo não foi um filósofo.
Ser doutor da lei, ser teólogo, ser filósofo eram perfeições que já ocorriam, em sua época e antes dela, em outros pensadores. Se a sistemática do pensamento é uma perfeição, porque não a teria tido Jesus ? É uma questão que cria dificuldades para os que o supõem Deus.
Mas suponhamos que Jesus houvesse alcançado o nível de mestre ou rabino. Nesta condição poderia ter exercido Jesus certa profissão. Na verdade Jesus poderá ter sido carpinteiro, antes de sair em peregrinação. Que casas ou armários teria feito ele?
Era peculiar aos fariseus o exercício de profissão. Nesta classe faziam em geral seus adeptos. Conhecem-se outros casos em que os rabinos e os doutores da lei complementavam sua função com profissões manuais. Paulo apóstolo fabricava tendas, mesmo como doutor da lei e pregador do cristianismo. Mas nenhuma informação temos sobre qual a habilidade profissional de Jesus, senão a de ter sido filho de um carpinteiro.
 
 
§ 4. Os zelotas e o cristianismo. 4251y152.
 
153. Com aspecto de ala esquerda do farisaísmo, a seita dos zelotas é ativista, subversiva, guerrilheira, talvez até mesmo terrorista.
Sem organização definida, a seita dos zelotas passou a contar com elementos de todos os demais grupos, à medida que se intensificaram os incidentes com as tropas dos procuradores romanos.
Por último cresceram notoriamente  as simpatias populares pelo movimento nacionalista ativista dos zelotas.
Consequentemente se solidificou a doutrina de que o poder maior de Deus dará aos judeus a possibilidade de uma vitória sobre as forças romanas. O messianismo foi, portanto, a principal idéia clara dos zelotas.
 
Não apresentaram, pois, os zelotas uma doutrina à maneira de escola, como acontecia com os fariseus. Em torno de uma idéia-força está toda uma significação.
A ação dos zelotas, no meio judeu, não era de oposição direta às demais seitas (como fariseus, saduceus, essênios, cristãos). Opunham-se os zelotas, com sua ideologia subversiva messianista, à idéia-força inversa das demais seitas, que preferiam a paz e portanto a conveniência de uma concórdia entre judeus e romanos.
A expressão de Jesus "dai à César o que é de César", exprime esta outra posição. Mais tarde, o partido da paz, em que figuram o sumo sacerdote Ananias e Herodes Agripa II, tentará mesmo uma reconciliação, através do afastamento do procurador Floro (64-66), ainda que em vão.
Situados mais para o lado da paz, os cristãos se distanciam, desde o início, dos zelotas, à medida que se pronuncia o nacionalismo judaico; de outra parte, a esta altura o cristianismo já se encontrava aberto aos gentios (veja-se o artigo seguinte).
Em vista do caráter não organizado dos zelotas, ligados apenas a uma idéia força messiânica, de onde decorriam suas relações fáceis com os demais grupos ideológicos, resultava que também poderiam existir zelotas cristãos. Na verdade dão-se algumas analogias entre os zelotas e os seguidores de Jesus (vd...) .
 
 
154. A origem e o desenvolvimento da seita dos zelotas como partido político- religioso se encontra nos primeiros anos de quando a Judéia no ano 6 foi posta sob a administração direta dos Procuradores romanos (vd 137). Arquelau, filho de Herodes Magno fôra governador efêmero e inábil (4 a.C. - 6 d.C.), quando foi exilado pelo Imperador Augusto. Os procuradores da Judéia, que foram vários, residindo de ordinário em Cesaréia, obedeciam, por sua vez, ao governador da Síria.
Neste clima nacionalista era natural que surgissem entre os judeus manifestações de desagrado às novas maneiras de ser, que implicavam em obrigações peculiares entre outras às do recenseamento e pagamento de impostos.
Por ocasião de um recenseamento presidido por Quirino, no ano 6 d.C., um certo Judas de Gamala, da Galiléia, organizou um levante nacionalista, em que foi auxiliado pelo fariseu Saduque. Foi morto Judas (Cf. Atos 5, 37), como o serão também outros.
Os espíritos foram acalmados com o apelo do sumo sacerdote Joazar cedendo o próprio fariseu Saduque. O descontentamento, porém, continuou, porquanto outros líderes continuaram a resistências oculta, consolidando-se desta maneira o partido dos zelotas.
As constantes compressões a que os procuradores romanos foram obrigados, além de algumas inabilidades (como se acusou a Pilatos), contribuíram para exaltação dos zelotas.
 No tempo das grandes festas vinham os procuradores também a Jerusalém, para melhor controlar a situação. Pela volta do ano 35 os romanos dispersaram cruelmente um ajuntamento de samaritanos, no monte Garizim; ali um fanático houvera prometido apresentar objetos do tempo de Moisés, escondidos no alto, acreditando o povo que seriam chegados os tempos messiânicos. Depois destes acontecimentos foi Pilatos afastado da procuradoria (36 d.C.), afirmando Eusébio que fôra exilado para Viena.
Sob Calígula (+41) a exigência do culto aos imperadores criou situações penosas, sobretudo na colônia judaica de Alexandria, onde as depredações e mortes foram consideráveis.
O procurador Cúspio Fado (44-46) sufocou uma revolução comandada por Teodas (abreviação de Teodósios), de cunho messiânico (Atos, 5, 36).
Sob Tibério Alexandre (46) fomentam uma revolução Tiago e Simão, filhos de Judas Galileu, um revolucionário anterior. São condenados ao suplício da cruz (sic). 0
Os incidentes sob Ventídio Cumano (46-52) tornam o partido dos zelotas cada vez mais forte e o povo sempre mais sensível ao nacionalismo messiânico. Em uma festa da páscoa, depois da provocação indecente de um soldado, o povo afluiu ao procurador para reclamar; ao tentar Cumano acalmar, foi também insultado, ao que ele reagiu prontamente com a tropa sobre a multidão, com enorme mortandade.
Depois de outros incidentes menores, ocorreu o assalto de samaritanos a um grupo de galileus em viagem para Jerusalém; os zelotas Eleazar e Alexandre organizaram um revide, incendiando Samaria e outras aldeias, com muitas mortes. Finalmente, o procurador Cumano interveio, matando e aprisionando. A intervenção do Legado da Síria fez novas crucificações de Judeus. Finalmente também interferiu o Imperador Cláudio, conciliatóriamente. Isto confirmou as possibilidades dos zelotas, de que poderiam obter novos triunfos no futuro.
Assim é que, sob o procurador Antônio Félix (52-60), aumentou a força dos zelotas. Saindo dos seus refúgios no deserto para assaltos sistemáticos, alcançaram finalmente um ativismo eficiente. Eleazar continuou sendo o principal chefe zelota. O procurador Félix, marcadamente cruel, prendeu a muito e finalmente ao mesmo Elezar, enviando a este para Roma.
Um outro pregador exaltado, judeu egípcio, reuniu mil seguidores no monte das Oliveiras, para atacar aos romanos. Foram imediatamente dispersados pela guarnição, que matou 400 e prendeu 200.
Pórcio Festo (61-62) foi enviado por Nero, com a intenção de se estabelecer um procurador mais hábil. Morrendo cedo, não teve tempo de restabelecer a ordem plena. Combatendo aos zelotas, derrotou e matou um chefe messianista.
Ocorreu também então um incidente entre Paulo de Tarso e os judeus, que ficou resolvido pelo despacho do primeiro para Roma em atenção ao seu apelo de cidadão romano (Atos 25, 12).
Agravou-se mais uma  vez a situação sob o procurador Albino (62-64), que negociava os zelotas presos em troca de dinheiro.
 
 
155. Forma-se o partido da revolução. Géssio Floro (64-66), o último dos procuradores romanos, foi severamente criticado por Josefo Flávio (Guerra Judaica II, 14, 1).
Na repressão em massa aos zelotas, espoliou também cidades. Um incidente gravíssimo ocorreu em Jerusalém, quando, ao pedir 17 talentos do tesouro do templo como tributo imposto pelo Império, os zelotas pilheriaram, saindo com cestos a recolher esmolas para "o mendigo Floro".
A repressão, com saque das casas dos zelotas e crucificações, custou a morte de 3.600 vítimas. Novas violências no dia seguinte fizeram o povo resistir. A repressão não conseguiu alijar os que se haviam refugiado no templo. Floro, na tentativa de acalmar, deu conhecimento que se retiraria para Cesaréia.
Todavia já era tarde. Uma grande parte da população, sobretudo os jovens, aderiu definitivamente aos zelotas. Formou-se o partido da revolução, apesar do partido da paz que insistia na acomodação. Firmou-se a convicção coletiva, de que uma intervenção extraordinária do poder divino, lhes daria a vitória, não obstante o poderio romano.
Foi posto à testa do partido da revolução, Eleazar, filho de Ananias,  sumo sacerdote. Eleazar tinha a experiência anterior de chefe da guarda do templo, que era também uma posição influente.
Agripa II, querendo mostrar a inconveniência da guerra, foi apedrejado e expulso de Jerusalém. Iniciava-se o estado de guerra, com represálias de ambas as partes, em todas as cidades, inclusive em Cesaréia e Alexandria.
Mas o resultado do movimento insuflado pelos zelotas - a guerra de 67 a 70 - foi um desastre sem precedentes para a nação. Mais uma vez a crença no messianismo fracassava quanto aos resultados.
 
 
156. Afinidades entre cristãos e zelotas. A propósito dos zelotas, pergunta- se até que ponto os cristãos participaram de idéias sobre o Messias?
Acreditavam os zelotas numa eminente vindo do Messias e num seu reino temporal.
Com referência à vinda eminente do Messias, foi também peculiar à crença dos primeiros cristãos. O mesmo Jesus foi evasivo, quando perguntado.
O estado de luta, no reino messiânico, é sem dúvida algo em que ocorrem semelhanças entre zelotas e cristãos. Mas para os zelotas se trata da luta política, enquanto que para os cristãos se trata também da luta moral, contra o pecado e as tentações do demônio.
 
A restauração do reino de Israel é algo muito presente na linguagem de Jesus e dos apóstolos, seja nos textos evangélicos, nos Atos, nas Epístolas e no Apocalipse. Mas tudo se apresenta nebuloso.
 A redação muito posterior das narrativas não permite avaliar com exatidão o que verdadeiramente se pensava de começo. Em vista de a vinda do Messias não se haver concretizado naqueles anos, certamente influenciou a concepção messiânica dos primeiros cristãos, os quais foram se firmando cada vez mais em uma interpretação de um messianismo espiritual.
É notório que o texto evangélico dramatiza esta marcha de conceituação do temporal para o espiritual, colocando Jesus na posição de quem rejeita a posição temporal, ao passo que os apóstolos nela insistem,
A interpretação histórico-crítica do cristianismo tende a estabelecer que a transformação se houvesse dado paulatinamente. Na transformação teriam atuado dois elementos: um primeiro, que já vinha dos essênios, a imagem de um messias espiritualizado, ainda que com ação temporal, a de restaurar o culto; um segundo, e principal elemento, seria a dupla frustração havida, quer com a morte de Jesus, quer com a demora do reino esperado pela geração presente a propósito do segundo advento de Cristo. O mesmo apóstolo Paulo acreditava nesta próxima parousia (= vinda, no grego), como demonstra a situação por ele mesmo criada entre os tessalonicenses (1Tess., 5,1; 2Tess., 2,1).
Pelo exposto, os zelotas contribuíram, sobretudo inicialmente, para o messianismo cristão, o qual progressivamente reafirmou a tendência espiritual essênia desde o início mais peculiar ao pensamento de Jesus e que a crença na ressurreição de Jesus também sugere.
 
 
157. Dados os métodos do terrorismo e assaltos, a fisionomia de uma tel chefe ou Messias não era a de um mestre adocicado. Sob este prisma se deve apreciar a expressão de Jesus:
"Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e bandidos" (João X, 8).
 Teólogo protestante Oscar Cullman supõe tratar-se aqui de uma clara alusão aos chefes ativistas zelotas, concebidos como messias, pelo fato mesmo de sua rebeldia. Do ponto de vista meramente psicológico é fácil compreender que um chefe messiânico terrorista não possa despertar em espíritos mais delicados uma retificação moral.
Uma doutrina restauradora de nova índole encontraria, pois, campo e foi o que acontecia com os essênios e com o movimento de Jesus. Sua liderança natural fez nascer a idéia de uma nova chefia messiânica; de outra parte, o mesmo Jesus imprimiu suas características pessoais e cresceu sua imagem como um messias de novo tipo, imagem que se idealizará crescentemente depois de morto, sobretudo depois do insucesso dos demais Messias.
Os zelotas arregimentavam seus seguidores no proletariado rural. Ainda que fizessem arregimentações nas cidades, elas se faziam na população flutuante, que não tinha muito a perder se nada lhes fosse bem.
Diferentemente, os cristãos parecem haverem sido arregimentados na população menos flutuante, menos disposta ao ativismo aventureiro. Desta circunstância teria resultaria naturalmente uma diferenciação.
 
 
158. Até que ponto teria sido Jesus um zelota, ao ponto que Judas e outros suspeitassem que o fosse?
Os zelotas estão presentes no grupo cristão. Ainda que Jesus tenha sido descrito como não querendo uma chefia temporal, os seus liderados viam nele contudo esta possibilidade. Um apóstolo leva mesmo o nome Simão Zelota (Mc. 3,18; Mt. 10,4), o que talvez o faz ser um dos partidários zelotas, todavia não necessariamente.
É possível que Judas Iscariotes fosse um zelota esclarecido, que, ao perceber a nova direção espiritual de Jesus, dele se desviasse por simples decepção, entregando-o aos seus adversários saduceus.
Teria compreendido antes dos demais que Jesus não era o líder que esperava.
O teólogo Oscar Cullmam interpreta o nome Iscariotes como deformação do termo latino sicarius (= sicário), por sua vez derivado de sica (= faca).
Ora os romanos designavam sicários, aos terroristas e assaltantes, como os zelotas.
E quem teria sido Barrabás, senão um zelota preso?. É claro que o judeus não optaram por um ladrão convencional e assassino vulgar em troca de Jesus. Num ambiente politizado, pelos zelotas ativistas, era o herói popular que teria estado em questão, e por isso Barrabás foi aclamado.
 Ainda que mais próximo dos essênios, nada impedia que Jesus fosse efetivamente um zelo, porquanto também havia zelotas entre os essênios e os fariseus. Na revolta de 66 há, mesmo um João Essênio.
Jesus oferece algumas peculiaridades que o aproximam dos zelotas, como a expulsão dos vendilhões do templo. É um líder popular que prega a libertação dos oprimidos. Nas tentações do demônios, a motivação é o poder: Todos os reinos do mundo e a sua glória...; sua posição sobre o pináculo do templo, onde o povo acreditava surgiria o Messias para sua primeira proclamação...; se és o Messias, converte as pedras em pão... Ora, Jesus resiste a ser tomado como Messias! Mas, preocupa-se com a questão.
Um quarto de século mais tarde, o movimento dos apóstolos era comparado a ação anti-romana de Judas, o Galileu, na ponderação de Gamaliel (fariseu) quando ali eram conduzidos os acusados (Atos dos Apóstolos 5, 34). Havia aqui uma similaridade pelo menos exterior, no messianismo pregado por uns e outros. Esta aproximação é apenas longínqua, pois o comportamento de Jesus e dos primeiros cristãos tende a obedecer as leis, ao passo que a dos zelotas é nitidamente revolucionária.
Quando em 66 os zelotas dão os primeiros passos para a luta aberta, ou seja à guerra, os cristãos se declaram neutros. Os de Jerusalém se refugiam em Pella e na Transjordânia. Uma certa afinidade que até então havia entre zelotas e cristãos cessa definitivamente; a aproximação havida não era uma confusão, mas algo que foi evoluindo até uma definitiva ruptura, por superação.
 
 
159. Jesus não se denominou a si mesmo o Messias (Cristo). No seu tempo esta palavra se assimilava sobretudo aos zelotas. Nesta acepção resiste ser denominado chefe do povo e redundaria mesmo em prisão imediata, por subversão ao modo ativista. Prefere denominar-se Filho do Homem, expressão que já aparece no Livro de Daniel (7, 13), com significação peculiar, isto é, um filho de mulher, ou seja um ser humano. Daniel com isto esclarece ser o Messias efetivamente um ser humano.
Canalizando sua liderança numa direção espiritual, foi-lhe possível converter a idéia de reino (no sentido óbvio) em reino espiritual a idéia de Messias na acepção política em messias espiritual, finalmente a idéia de comunidade temporal em comunidade espiritual. Então Jesus passa a ter, na denominação ulterior, o nome de Messias (ou Cristo) que ele mesmo rejeitara.
Com a frustração total das veleidades messiânicas temporais, na derrota judaica do ano 70, vingou a idéia de Messias espiritual. E o cristianismo dos seguidores de Jesus se converteu definitivamente em nova religião a qual se revestiu até com outro nome,- religião cristã, - em vez de religião messiânica.
Em meio às frustrações políticas dos messias judeus, teve, pois, melhor sorte, aquele que foi capaz de conduzir a esperança libertadora numa direção espiritual. Este foi Jesus. Foi o único ser histórico, ao qual a história manteve, como sendo Messias (ou seja Cristo), embora segundo crença muito vaga e que não se estendeu a todos os homens.
Entretanto, importa advertir que se tratava de uma idéia que em parte vingou, o que não é ainda a mesma coisa que dizer tratar-se de uma idéia verdadeira.
Para os outros, provavelmente o Messias historicamente verdadeiro é aquele que nunca veio e jamais virá. E então, o Messias verdadeiro esperado pelo povo judeu não teria passado de um equívoco da história ideológica desta mesmo povo.
 
§ 5. Os essênios e o cristianismo. 4251y161.
 
162. Os essênios, uma espécie de monges com tendências ascéticas, mereceram especial consideração no estudo analítico sobre as origens do cristianismo, pois os primeiros cristãos em parte se confundem com eles. Tanto isto é verdade que os documentos cristãos esquecem de citar os essênios; inversamente, os que se ocuparam dos essênios, ao arrolarem as seitas havidas entre os judeus, se omitem sobre os cristãos.
Surpreende não haver referência contemporânea sobre Jesus. Em parte a omissão se explica, porque Jesus era visto apenas como um dos muitos essênios, ainda que fosse uma variedade profunda dos mesmos. Apenas com os insucessos da guerra judaica de 66 a 70, em que os essênios declinam e os cristãos se liberam, estes passam a se desenvolver (no meio judaico), como seita bem caracterizada.
As informações que se têm sobre os essênios se devem sobretudo ao historiador Josefo Flávio (Guerra Judaica, livro 2, 7) e ao filósofo Filon de Alexandria. Ocorrem ainda algumas referencias em Plínio (História natural ) e nos escritos rabínicos.
Em 1947 descobriram-se os escritos dos mesmos essênios, em grutas não longe das margens do Mar Morto (Cf. Millar Burrows, Os documentos do Mar Morto, comentário e textos, trad. Port. De Irondino Teixeira de Aguilar, Porto, 1956).
Algumas dificuldades iniciais sobre se os escritos eram essênios, ou não, foram logo superadas. Anota-se Manual de disciplina, que regula as normas da comunidade e oferece princípios gerais de ética.
 
163. Pelo conteúdo do termo essênio significa piedoso. Eram pois os essênios os santos. Trata-se da grecização do termo sírio khasi (= piedade). No plural, duas formas: khasem e khasuya. Da grecização saiu essênio. Josefo Flávio diz Essene. Filon de Alexandria grafou Essaens (vd Born).
Também os cristãos se chamavam a si mesmos de santos (em grego ágios) (Rom. 1,7).
Surgiram os essênios cerca do ano 150 a.C., - informa Josefo Flávio. Subsistem até 70 d.C., ano da destruição de Jerusalém.
Chegaram a ser uma comunidade de cerca de 4000 membros, ao tempo de Josefo, distribuídos pelos povoados e vilas rurais. Sua origem, como a dos zelotas, é proletária rural.
O fim dos essênios decorreu da mesma destruição da nacionalidade judia, marcada pela queda de Jerusalém. O judaísmo que até então subsistia como organização religiosa e com um governo títere, perdeu agora sua velha estrutura. Com isso desapareceu principalmente o suporte saduceu, pois controlavam o governo religioso, mas também o essênio, porquanto também se desmonta a vida rural, principalmente suas lideranças. As comunidades essênias foram dispersadas com a guerra, assimilando-se os seus componentes ao judaísmo farisaico, que toma a liderança. Outros aderiram a igreja cristã.
Concentravam-se os essênios nas proximidades do Mar Morto. Acreditam alguns que houvesse comunidades essênias na Síria, as quais se teriam transformado globalmente em igrejas cristãs.
Restaram, entretanto, como já se disse, alguns escritos dentre os quais se destacam aqueles descobertos em 1947 às margens do Mar Morto. Vieram estes últimos fortalecer as teorias mais avançadas sobre as origens do cristianismo com tendo sido um movimento surgido em interação com o essenismo.
Do ponto de vista dos contatos externos, ocorrem algumas afinidades dos essênios com os pitagóricos. Teriam sido uma extensão judaica do neopitagorismo.
 
164. O contato de Jesus com os essênios fora certamente fácil, em virtude da existência dos mesmos em todas as regiões da Palestina. Sobretudo terá sido compulsório, por motivo familiar, porquanto seu primo João Batista apresenta a fisionomia clara de haver sido um essênio. Criado num clima essênio,  não poderia ter Jesus deixado de se formar sob esta influência, e adotar alguns dos seus usos.
O fato de haver Jesus se conservado fora do círculo da família, quer porque não casasse, quer porque se largasse em andanças pela Palestina, deixa caracterizar a ele mesmo com significativas tonalidades de um essênio. Não conflitou com eles, como aconteceu com os saduceus, fariseus, zelotas. Este fato permite imaginá-lo um essênio, que aos poucos se autonomizou.
As aproximações de Jesus, com seu primo João Batista, deixando-se batizar por ele, sugerem suas relações com os essênios, porquanto era peculiar desta seita pregar a penitência dos pecados e usar o batismo como símbolo da purificação dos mesmos.
Não se deve atribuir a João a filiação essênia somente pela circunstância de haver ficado um longo tempo no deserto fazendo penitência; esta peculiaridade transitória lhe ocorrera pela circunstância de haver feito o voto de Nazireu.
Jesus, por causa de sua provável condição de essênio, ter-se-ia aproximado de João Batista, para formalizar esta condição pelo batismo, para o qual se preparara com penitência no deserto. Ali no deserto poderia ter exatamente frequentado uma comunidade essênia. Nesta oportunidade teria desenvolvido também seus conhecimentos escriturísticos.
Como acabou de advertir, também Jesus fez no deserto sua penitência e jejum. Esta prática era peculiar dos judeus, todavia mais destacada pelos essênios e algum tanto pelos fariseus. Portanto, ainda sob este particular, Jesus ofereça as características de um essênio.
 
Tendo Jesus ido ao deserto, não se tratava necessariamente do de Qumram, onde se encontraram os assim chamados Escritos do Mar Morto; qualquer deserto servia neste sentido, porquanto nele se vivia rusticamente. Acontecerá o mesmo com Paulo, que, como fariseu convertido ao cristianismo, se adatará no deserto da Síria práticas do rigor cristão, as quais parecem subsistir nele mais como herança essênia, do que farisaica. Quanto ao acento ritualístico, este sim o trouxe Paulo do farisaísmo, acrescentando-o à bênção do pão praticado pelos essênios, conforme se aprecia em sua Epístola aos Hebreus.
165. Uma série de peculiaridades dos essênios desperta surpresa pela semelhança com as dos cristãos.
Como os essênios, também os cristãos chamavam-se a si mesmos de santos.
Uns e outros tinham em comum os bens.
Ambos os grupos se dirigiam por conselhos de 12 membros.
Praticavam a virtude, rejeitando os prazeres e a riqueza.
Exerciam o celibato e o curandeirismo.
Batizavam.
Perdoavam pecados.
Supunham ter revelações dos segredos de Deus.
Seguiam os essênios o calendário litúrgico antigo (o não oficial), de sorte que a páscoa poderia incidir em outro dia da semana, por exemplo na 3-a, 4-a ou 5-a feiras. Comiam uma ceia sagrada, a que compareciam em geral em número de doze pessoas, sob a presidência de um; tal procedimento foi também o de Jesus.
Pregavam os essênios a justiça e a caridade, céu e inferno, ressurreição dos mortos. O mesmo fizeram os cristãos.
Finalmente tinham os essênios do Messias um conceito espiritualístico, o que também acontece com os cristãos.
Estes aspectos curiosos anteriores ao cristianismo, despertaram a atenção dos analistas, que, - desde Renan, - defendem a teoria de que o cristianismo se formou a partir do essênismo ainda que com eles não se confundisse simplesmente, e depois ficasse sob a ação de novos fatores de interação.
 
166. Com referência ao destaque do número 12 ele se repetirá no número de 12 apóstolos de Jesus. Em número de 12 eram os filhos que o santo patriarca Jacó tivera de seu harém de 4 esposas, de onde serem 12 as tribos de Israel. No Apocalipse cristão, 24 serão os juízes do juízo final, sendo eles 12 patriarcas, mais os 12 apóstolos.
Tudo isto está em sugestivo paralelo com os 40 juízes do juízo final na forma da crença mais antiga do Egito, onde 40 eram as tribos, e de onde certamente vem o esquema judaico e cristão dos números para os juízes e inclusive a doutrina do juízo das almas dos mortos.
 
A organização econômica dos essênios é comunista. Eis uma particularidade importantíssima e que não se conseguiria tão facilmente reproduzir no grupo cristão, sem alguma afinidade de grupo para grupo.
Josefo informou:
os essênios "vivem juntos, organizados em corporações, uniões livres, associações de hospedagem, e se acham usualmente ocupados nas várias tarefas da comunidade".
Acrescentou Filon:
"O dinheiro, que obtêm por seus vários trabalhos, o confiam a um fideicomissário eleito, que o recebe e compra com ele o que é necessário, provendo-os com abundantes alimentos e com tudo o que é preciso para a vida".
A comunidade essênia de Qumram se dirigia por um conselho de 12 membros, o qual era presidido por três sacerdotes. Uma identidade curiosa apresenta-se de novo aqui com o colégio de 12 apóstolos de Jesus, em que também eram três os mais destacados e próximos do Mestre, - Pedro, Tiago e João. "Haverá o conselho da comunidade doze homens, e também três sacerdotes, que se encontrarão perfeitamente ao corrente de tudo o a que foi revelado da Lei" (Manual de disciplina, dos Escritos do Mar Morto).
 
167. A comunidade de bens, como era praticada pelos essênios, apresenta manifesta relação com a maneira de viver de Jesus.
Não era o grupo de discípulos de Jesus apenas uma afluência em torno do Mestre. Mas tinha uma certa estrutura, de pequena sociedade, na qual tinham posição três componentes - Pedro, Tiago e João. Além dos três, há um tesoureiro, - Judas, - que certamente o era, por ser considerado capaz.
Os primeiros cristãos, após a morte de Jesus, praticam uma comunidade de posses, que já tinha no passado o seu modelo e sua inspiração. Dali se desenvolve futuramente, também, uma doutrina mais abstrata sobre a caridade; não era praticável uma caridade no sentido de comunidade familiar e física, como quando o grupo se apresentava pequeno.
O espírito de comunidade de bens dos primeiros cristãos não fôra introduzido necessariamente por Jesus. Mas, atuando este sobre indivíduos, que já a praticavam, passou a fazer parte do patrimônio comum do novo grupo. Por isso, talvez, mais por causa dos seguidores, do que do mesmo Jesus, teriam sido essênios. Então a transformação do judaísmo para o cristianismo, teria ocorrido mais a partir do essenismo do que do farisaísmo e dos zelotas.
Da fusão eclética, entre as idéias de Jesus e as dos essênios, teria começado a nascer o movimento cristão, que por algum tempo continuou praticando severamente o regime comunitário.
Por causa desta severidade se narra ainda o incidente de Ananias e Safira, cujo desfecho é por isso mesmo de pouco crédito. Teriam eles, depois de vendido seus bens para entregar o resultado à comunidade, reservado secretamente uma parte para eles mesmos; mentindo, que entregavam tudo, teriam caído mortos São Pedro, o chefe daquela igreja (Atos 5, 1-11).
 Também a instituição dos diáconos é um resto daquela maneira essênia de viver, e que, embora alterada, ainda se conserva em nossos dias. A própria eucaristia cristã tem inicialmente o aspecto da ceia comunitária essênia resultante da comunidade de bens.
 
168. Curandeirismo, exorcismo, perdão dos pecados. É marcante que os essênios exerciam o curandeirismo. "Fazem estudos das Escrituras dos antigos, tirando delas principalmente aquilo que convêm para sua almas e corpos, e portanto, costumam saber a virtude de muitas ervas, plantas, raízes e pedras, sabem a força de todas e o investigam com grande diligência" (Josefo Flávio, Guerra judaica 2, 7).
Este particular curandeirístico evoca de novo a figura de Jesus e dos primeiros cristãos, notoriamente preocupados com a cura dos doentes. Foi Jesus certamente um curandeiro, qualquer fosse a interpretação de como curava, fosse por meio de forças psíquicas, fosse por meio de recursos sobre-humanos: os textos são posteriores e não informam com suficiente detalhe.
Recomendou aos discípulos que façam curas e eles realmente procuraram dar continuidade a esta prática. Ungir os doentes é um ritual ao qual os cristãos católicos dão a posição dogmática de um dos sete sacramentos. Há, pois, uma linha de semelhança entre o curandeirismo essênio e cristão.
 
Nesta característica curandeirística de essênios e cristãos se identifica mesmo uma analogia dos essênios e cristãos com as prática curandeirísticas dos neopitagóricos da época. O caldeamento generalizado dos usos e costumes, crenças e ritos certamente se dava no decurso da interação cultural, a que a unidade helênico-romana dava oportunidade.
A prática cristã da "extrema unção" ou da "unção dos doentes" encontra, pois, seu precedente nos essênios e nos neopitagóricos, tanto no modo, como nos efeitos. Mesmo quando Jesus curava doentes, mediante uma prática, como passar saliva, exerce um ritual que apresenta semelhanças com o uso essênio.
Lê-se na epístola do Apóstolo Tiago:
"Está alguém doente entre vós? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o enfermo, e o aliviará o Senhor, e se estiver em pecado ser-lhe-ão perdoados" (Tiago, 5, 14-15).
Os essênios além de curandeiros praticavam o exorcismo, expulsando os maus espíritos. Acreditavam que os males do corpo vinham por culpa dos pecados. Ao exorcismo acrescentavam o perdão dos pecados, acreditando que o homem pudesse perdoá-los, pelo menos em nome de Deus.
Esta peculiaridade encontrou resistência por parte dos fariseus. E como se transferisse para Jesus e os apóstolos, que também curavam, expulsavam os maus espíritos e perdoavam pecados, eram igualmente contestados pelos fariseus. A expressão de Jesus depois de uma cura - "vai teus pecados te são perdoados" -, não é senão um ritual essênio.
 
169. Os essênios supunham-se inspirados, de sorte a se suporem detentores do conhecimento dos segredos de Deus.
Nisto de novo são repetidos por Jesus e os cristãos. Os fariseus se contrapuseram a tais convicções.
Tem-se feito a comparação:
"Em hino de Qumram os hipócritas são repreendidos por terem impedido os sedentos do conhecimento, pois quando tinham sede recebiam vinagre para beber". E Jesus apostrofou os doutores da Lei "porque guardam a porta da Sabedoria mas não entram nela nem deixam que os outros entrem" (T. De Quénétain).
Pelo visto a revelação cristã encontra nos essênios uma pré-história. João Batista, possivelmente um essênio, teria tido revelações. Nesta linha de pensamento se pode inserir o episódio do céu que se abre no instante do batismo de Jesus (Mt. 3, 16-17), como todos os demais fatos maravilhosos narrados de sua vida.
A convicção sobre uma fácil revelação, poderia ter resultado em doutrinas aceitas sem maior exame.
 
170. Os rituais essênios também se assemelhavam aos dos cristãos. Mostram uma diferença comum de essênios e cristãos frente aos sacrifícios do templo.
Praticavam os essênios uma cerimônia a parte, em que se destacava a ceia sagrada. Presidida por um sacerdote, com a participação de pelo menos dez pessoas, divergia da liturgia doméstica dos judeus, que era presidida pelo pai da família. A ceia dos essênios, praticada apenas pelos iniciados, superava a idéia de família, porquanto era de celibatários.
Nela se benzia o pão e o vinho. A idéia de um banquete messiânico, na oportunidade da chegada do Messias, fazia da ceia sagrada uma prefiguração do mesmo.
Já se vê que a ceia de Jesus não fôra uma instituição inteiramente nova. Ainda que contivesse inovações, - ou se lhe fizessem inovações posteriores, - tinha o seu precedente, como modelo. Nem era a simples transformação da antiga ceia do cerimonial doméstico da páscoa dos judeus, como alguns simplesmente pensavam. Seu protótipo era muito mais próximo.
Aliás quase todas as religiões primitivas incluem entre seus rituais uma ceia sagrada, em vista da facilidade com que ela se institui como símbolo. Por isso, o que mesmo importa anotar não é a óbvia existência da ceia, mas a maneira como acontece. A semelhança acontece entre a ceia essênia e a ceia cristã.
Os judeus praticavam a ceia pascal, como símbolo de libertação em relação ao Egito. Agora, a ceia essênia destaca o pão comido em comunidade não familiar. A ceia cristã com o aspecto essênio se afasta por isso progressivamente as ceias de outras religiões, sobretudo as de povos mais evoluídos poderão ter influenciado estas novas diferenciações. A religião de Mitra e as práticas pitagóricas poderão ter exercido tal influência.
Note-se também que a civilização vinha tornando o pão cada vez mais usado na alimentação. Nas religiões primitivas o pão está ausente, e se torna cada vez mais presente nas mais atualizadas. Por isso, os novos rituais, como os dos essênios e cristãos, passam a se diferenciar dos mais antigos à que se atinham ainda as outras seitas judaicas.
 
171. Também o calendário litúrgico dos essênios diferia do oficial do templo de Jerusalém. Por esta razão a ceia da páscoa era praticada em outro dia. De novo ocorre aqui a afinidade dos cristãos com os essênios, porquanto também Jesus teria praticado a chamada Santa Ceia antes da data oficial.
"Se Jesus tivesse seguido o calendário essênio, não teria celebrado a festa na tarde de quinta-feira, mas na tarde de terça-feira. Uma erudita católica, Annie Jeubert, procurou demonstrar em livro de cerrada documentação (A data da Ceia) que Jesus obedecia ao calendário de Qumram, o qual celebra a Páscoa na tarde de terça-feira. E que a quinta-feira santa não faz parte da tradição cristã primitiva" (T. De Quénétain).
 
172. A expectativa da vinda eminente do Messias dominava os essênios muito mais que aos fariseus. E aqui, mais uma vez, os cristãos se situam na banda dos essênios, porque até suspeitam,-  depois de fato acreditam, - que Jesus é o Messias, bem como admitem sua próxima segunda vinda.
Em contrapartida, os fariseus acalmavam os espíritos:
"Se estás para fazer uma cerca e se, neste momento, te anunciam a chegada do Messias, termina a tua cerca: terás bastante tempo para ires ao seu encontro" (conselho de um rabino).
A idéia da ressurreição, com a presença do Messias, estimula a exaltação dos essênios, como também dos cristãos.
 
O conceito contemporâneo de Messias é o de um homem extraordinário, chefiando uma guerra de libertação contra os ocupantes da terra prometida ao povo que se julgava eleito.
Parece ter havido evolução interna do conceito de Messias adotado pelos essênios. Nos textos mais antigos há referência de dois Messias, um Messias-rei e um Messias-sacerdote. Nos mais recentes, um só personagem exercia ambas as funções.
O Messias era conceituado como "Filho de Deus". Diz um texto "O eleito de Deus, será por ele feito", - o que quer dizer será filho de Deus.
 
173. Importantes doutrinas do elenco doutrinário cristão já se encontram exercidas pelos essênios: imortalidade, céu, inferno, justiça, caridade, ceia, messianismo espiritual.
Acreditavam os essênios na imortalidade da alma e sua recompensa por um céu feliz ou castigo, de acordo com o bem e o mal praticados. As influências do neopitagorismo e do neo-platonismo são evidentes, conforme se aprecia em Josefo:
"Têm uma opinião por muito verdadeira que os corpos são corruptíveis e a matéria dos mesmos não é perpétua, porém as almas permanecem sempre imortais. E, sendo do um ar muito subtil, são postas dentro dos corpos, como em cárceres, retidas com prazeres naturais.
Quando, porém, liberadas destes cárceres, livradas como de uma servidão muito grande e muito longa, logo alcançam a felicidade e se erguem para o alto. E as boas, estando aqui de acordo como o pensar dos gregos, vivem pela outra parte do mar Oceano, onde têm seu gozo e seu descanso, porque aquela região não está fustigada com calores, nem com águas, nem com frios, nem com neves; porém muito fresca com o vento ocidental que sai do Oceano, e ventilada mui suavemente, é muito deleitável.
As almas más têm outro lugar muito longe dali, muito tempestuoso e muito frio, cheio de gemidos e dores, aonde são atormentados com pena sem fim" (Josefo Flávio, Guerra Judaica 2,7).
Não pregam ainda os essênios a ressurreição.
 
174. O celibato. Praticam os essênios o celibato, a abstinência, banhos frios e outros rigores.
"Rejeitam os prazeres como um mal, estimando que a continência e o império sobre as paixões constitui a virtude" (Josefo Flávio).
"Depreciam o matrimônio, porém adotam crianças estranhas...  Não desejam abolir o matrimônio e a propagação do homem, porém dizem que se deve estar prevenido da pouca castidade das mulheres, pois não há mulher que esteja satisfeita com um homem só" (Josefo Flávio, Guerra Judaica 8. L. 2).
"Não tomam esposa e não tem escravo. Pensam que este último não é justo, e que a primeira dá lugar a discórdias" (Josefo Flávio, Antiguidades Judaicas 18, 1).
O aspecto pragmático era alegado porque "o esposo, encantado pelas sortilégios de sua esposa ou preocupado com os filhos por necessidade natural, não mais será o mesmo para os outros, e, pelo seu separatismo, torna-se um escravo e não um homem livre" (Filon).
A propósito de qualquer vida em comunidade, o matrimônio cria sempre dificuldades, visto que é assunto individual e não de grupo. Parece, então, que as restrições ao matrimônio, por parte dos essênios, era apenas de ordem pragmática e em benefício da comunidade, e não porque em si mesmo fosse algo impuro.
Os cristãos, recebem dos essênios os modos semelhantes de pensar: o valor pragmático do celibato por motivo do reino de Deus, a condenação da escravidão, uma certa restrição ao luxo e à guerra.
A doutrina essência sobre o celibato se reflete em uma  ênfase de Jesus:
"Há aqueles que se fazem de eunucos pelo Reino de Deus. Aquele que puder compreender que compreenda" (Mt. 19, 12).
Os fariseus combatiam o ponto de vista essênio, recomendando o preceito do Talmud, - "os caminhos da terra". Entretanto Paulo apóstolo que abandonará o farisaísmo em troca do cristianismo, é um celibatário e preceitua: "É bom para o homem não ser tocado por mulher" (         ).
Jesus, que aos trinta anos se estabelecera em Cesaréia (Norte) e perambula de tempos em tempos pela Galiléia como um virtuoso celibatário, sugere a imagem de um judeu essênio, que lê as escrituras, perdoa pecados, que pratica o curandeirismo. Permanece celibatário, pregando um Reino de Deus que estaria próximo. Mas não há afirmações diretas sobre a sua vida sexual pessoal. As especulações que se podem fazer é comparar seu comportamento com aquele dos demais essênios. Era, como estes, um circuncidado. Pode-se também especular em torno do fato de não haver insistido em falar da moralidade sexual e por haver conversado com uma mulher com aspecto de prostituta em Samaria (João 4,7).
 
175. Manual de disciplina. A comunidade essênia se regia por normas rígidas, em que alguns detalhes dão destaque à modéstia, recato, respeito à autoridade:
"Quem caminhar nu perante o próximo, sem que tal seja necessário, será castigado com seis meses.
Quem cuspir no meio da assembléia dos chefes, será punido com trinta dias.
Quem tirar a mão de sob o vestuário, quando este se encontrar rasgado, ao ponto de aparecer a sua nudez, será punido com trinta dias.
Quem rir estupidamente, fazendo ouvir a sua voz, será punido com trinta dias.
Quem tirar a mão esquerda para gesticular, será punido com dez dias.
Quem maldizer do seu próximo será privado, durante um ano, da alimentação sagrada, e será castigado.
Quem maldizer dos chefes será mandado embora para nunca mais voltar.
Aquele que murmurar contra a instituição da comunidade será afastado e não voltará; e se murmurar, sem razão, do seu próximo, será castigado com seis meses" (Manual de disciplina).
Os primeiros cristãos também dão destaque a rejeição do corpo nu e à severa obediência à chefia. Não obstante há uma referência a Pedro que estava nu ao pescar. Outra, em que Paulo Apóstolo, apesar de sua estóica severidade, tomou ao bispo Tito e o circuncidou.
 
176. Os essênios praticavam a caridade.
"Que ninguém fale ao seu irmão com cólera e ressentimento ou com insolência, dureza ou perversidade; e que ninguém o odeia na loucura do seu coração (Manual de disciplina).
A insistência sobre a caridade passará a ser também uma nota dos cristãos.

FONTE:
http://www.cfh.ufsc.br

 




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