Igrejas Pós-modernas
P
ós-modernidade é a expressão usada para descrever os últimos
trinta ou quarenta anos, fase em que o homem ocidental desistiu da busca
racional da verdade, afirmando que ela é múltipla e subjetiva. Segundo a visão
pós-moderna, cada indivíduo tem a sua verdade particular, sendo todas as
concepções existentes igualmente válidas e dignas do respeito de todos.
A visão pós-moderna invadiu a igreja de
maneira que até mesmo as denominações históricas foram contaminadas deixando de
lado a firme defesa da verdade única do evangelho e dando espaço para uma
“mente mais aberta”, contrária às concepções cristãs sólidas, agora taxadas de
“fundamentalistas” ou “radicais”.
Basicamente,
as igrejas pós-modernas apresentam quatro traços distintivos: hermenêutica
relativista, discurso conciliador, ênfase excessiva na liberdade humana e
afrouxamento ético/moral.
No
tocante ao primeiro traço, a hermenêutica relativista, este se refere ao fato de que o
púlpito pós-moderno não se preocupa com a busca de um significado fixo no texto
bíblico. Os pregadores que atuam nessas igrejas não se empenham na tentativa de
descobrir a intenção autoral quando trabalham sobre uma determinada porção das Escrituras.
Antes, crendo que a verdade é múltipla, atribuem ao texto sagrado o sentido que
acham melhor ou mais conveniente. A pregação pós-moderna é, assim, mais uma
exposição de percepções e insightspessoais do
pregador do que uma apresentação objetiva do que a Bíblia realmente diz, com suas inevitáveis
implicações e aplicações para a vida das pessoas.
Essa
leitura subjetiva da Bíblia não fica, contudo, limitada ao
púlpito das igrejas pós-modernas. Seus membros também a praticam. Por isso, é
comum ouvir-se indivíduos que pertencem a essas comunidades dizendo: “Essa
passagem tem várias interpretações” ou, quando são confrontados à luz da Bíblia,
por causa de algum erro que cometem, evadirem-se, afirmando: “Desculpe, essa é
a sua interpretação dessa passagem. Eu entendo esse texto de forma diferente.”
Conforme
se vê, a hermenêutica adotada nas igrejas pós-modernas esvazia a Bíblia de sua autoridade. Atribuindo ao texto
sagrado um universo infinito de sentidos, a Bíblia se torna, para essa nova classe de
cristãos, um livro inútil para ensinar, repreender, corrigir e educar na
justiça (2Tm 3.16).
Além disso, sob a óptica de que a Bíblia tem múltiplos sentidos, todos
igualmente aceitáveis, qualquer crente sincero que tentar “impor” a compreensão
natural do texto a outro membro da igreja, tentando admoestá-lo como irmão, é,
imediatamente, visto como orgulhoso, como alguém que pensa que só a visão dele
é a certa, ou como pessoa que não tem o fruto do Espírito, pois não ama até o
ponto de respeitar o ponto de vista do outro.
Assim,
quem quiser obter a simpatia dos membros das igrejas pós-modernas deve ser
“politicamente correto”, jamais se manifestando contra o modo muitas vezes
absurdo como os outros compreendem as questões tratadas na Palavra
de Deus.
Isso
conduz ao segundo traço das igrejas pós-modernas: o discurso
conciliador. Não havendo uma verdade fixa, ou somente um sentido
nos escritos bíblicos, qualquer forma de religião ou de espiritualidade deve
ser considerada válida, segundo o pensamento dos crentes pós-modernos.
Portanto, o caráter exclusivo do cristianismo, a forma como sempre se
apresentou na história como o singular detentor da única mensagem que pode
salvar o homem (Jo 14.6; At
4.12; Ef 4.4-5; e 1Tm
2.5) é totalmente desprezado no discurso evangélico
pós-moderno.
Como
resultado, as igrejas que adotaram essas noções jamais denunciam os erros
doutrinários propostos pelo espiritismo, pelas religiões orientais ou pelas
seitas pseudocristãs. Na verdade, é mais fácil (e mais comum!) atacarem crentes
convictos, acusando-os de terem visão estreita e radical, do que reprovarem os
falsos credos.
Note
bem: não é que os cristãos pós-modernos concordam com as doutrinas espíritas ou
com os ensinos das seitas ou mesmo com as lições das religiões orientais. O que
ocorre é que, para eles, concordar ou não com essas doutrinas (ou com qualquer
outra) é irrelevante. Segundo os pastores e membros dessas igrejas, o que deve
ser levado em conta na avaliação dos diferentes credos é que todos,
supostamente, perseguem os ideais supremos de construir uma sociedade com menos
sofrimento e de oferecer paz e consolo ao triste coração humano. De acordo com
o discurso cristão pós-moderno, só isso é relevante, sendo precisamente nesse
ponto que qualquer forma de espiritualidade ou de religiosidade se iguala ao
cristianismo, tanto em importância como em validade.
O fato
de as religiões em geral terem cosmovisões ou sistemas doutrinários diferentes
do que é ensinado naBíblia é, pois, assunto secundário para a
nova mentalidade cristã; um detalhe sem importância, já que, não havendo
verdade fixa, o essencial é a sinceridade de cada um na adoção de suas crenças,
a busca (comum a todas elas) por um mundo melhor e a tolerância com quem pensa
diferente.
Por
isso, o pensamento cristão pós-moderno é tão conciliador. Nele não há espaço (e
nem motivo) para o discurso bíblico que condena o erro, opõe-se ao desvio e
denuncia a mentira. O homem pós-moderno não entende que agir assim faz parte do
dever cristão (Mt 22.29; 2Co
10.5; Gl 3.1-3; 2Tm
2.25-26). Para ele, o crente zeloso que exorta e corrige é soberbo
e sem amor.
O
terceiro traço das igrejas pós-modernas, o afrouxamento ético/moral,
é consequência lógica tanto da hermenêutica subjetiva como do discurso
conciliador. Com efeito, atribuindo à Bíblia uma variedade ilimitada de sentidos, o
cristão pós-moderno, em situações que exigem a tomada de decisões no campo
moral, fatalmente escolherá a interpretação mais cômoda, que melhor se ajuste
aos seus interesses pessoais. Ademais, adotando um discurso conciliador
embasado na crença de que a verdade não é única, o novo cristão aplicará essa forma
de pensar também às questões éticas, dizendo que não se podem condenar as
opções de comportamento de ninguém.
Unindo
isso tudo, o resultado é previsível e óbvio: as igrejas pós-modernas,
invariavelmente, revelam posicionamentos muito frouxos em relação a temas como
namoro misto, sexo fora do casamento, divórcio, homossexualismo, envolvimento
do cristão com o mundo e uso de álcool, cigarro ou mesmo drogas. Em decorrência
dessa frouxidão, os membros das igrejas pós-modernas que adotam posturas
claramente antibíblicas acerca dos temas mencionados ou de outros assuntos
ligados à ética cristã não recebem qualquer correção. Na verdade, nada
diferente poderia ser esperado, pois, como já dito, na visão pós-moderna, dizer
o que é errado é errado!
Cabe
aqui uma observação importante: o fato de as igrejas pós-modernas apresentarem
tão nítida frouxidão ético/moral talvez seja a causa do seu espantoso
crescimento. Multidões lotam seus salões na busca não de correção, mas de
qualquer discurso que gere conforto e bem-estar, longe do incômodo produzido
pela pregação da pura Palavra de Deus, capaz de
ferir as consciências e infundir arrependimento. É que, conforme disse o
profeta Jeremias, “a palavra do Senhor é para eles desprezível, não encontram
nela motivo de prazer” (Jr
6.10). Além disso, sabe-se que é próprio da natureza humana
corrupta cercar-se de mestres que não se opõem às suas paixões (2Tm 4:3).
O
último traço do evangelicalismo pós-moderno é a ênfase
excessiva dada à liberdade humana. Nesse modelo, o crente não é
apenas livre para interpretar a Bíblia como quiser e, consequentemente,
adotar o modelo ético que quiser. Sua liberdade vai além. Mais do que ser dono
de suas verdades e dos seus caminhos, o cristão pós-moderno considera-se também
dono do seu destino!
Ocorre
o seguinte: a mente pós-moderna tem dificuldades para aceitar a presciência de
Deus ensinada naBíblia (Is
46.8-10; Jo 21.18-19), pois, se
Deus conhece de antemão o amanhã, então, o futuro é fixo e o homem, no fim das
contas, não é livre. Esse dilema é real para qualquer cristão, estando sua
solução escondida na mente insondável de Deus, verdade que deve ser suficiente
para aquietar qualquer questionamento (Rm
9.19-20). Diante dessa dificuldade, porém, o crente pós-moderno não
passa apertos. No afã de resguardar o ser humano, resolve tudo dizendo
simplesmente que Deus não conhece o futuro, estando o porvir aberto à
influência do homem que pode escrevê-lo a partir do livre exercício de sua
vontade. Essa concepção de Deus e suas relações com o mundo é uma das
características do modelo teológico denominadoTeísmo Aberto.
Percebe-se
assim, que a hipervalorização da vontade livre do indivíduo é a mola mestra do
pensamento cristão pós-moderno. Conforme visto, a partir de suas concepções, o
crente é livre para atribuir às Escrituras o sentido que quiser; é livre para
construir a ética que quiser e é livre para dirigir a história como quiser.
Trata-se do império do indivíduo cuja abrangência chega ao ponto de destronar o
próprio Deus a fim de preservar a supremacia da liberdade humana.
No fim
das contas, o impacto mais desastroso dessa mentalidade sobre a Sã Doutrina é a
criação de um deus impotente e ignorante, que lamenta as desventuras da raça
humana, mas que pouco pode fazer, já que a administração da história depende
também do homem e qualquer interferência divina soberana implicaria imposição
de vontade, tornando Deus culpado por não agir de modo “policamente
correto”. Não restam dúvidas, pois, de que o deus do cristianismo
pós-moderno não é o Deus das Escrituras. Trata-se de
outro deus, com tremendas limitações. É lamentável, mas o que se deduz da
análise desses conceitos é que criou, pois, o Homem um deus à sua
própria imagem, à imagem do Homem o criou...
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