VIDA
E COSTUMES BIBLICOS E DIFICULDADES BIBLICAS
Vida e costumes dos povos
bíblicos
A vida, com seus usos, leis e costumes, difere de povo para povo, isso modernamente. Imagine-se como não estão distantes os costumes antigos orientais tão citados na Bíblia! Esses fatos, quando não compreendidos hoje, são tidos como aberrações. A Bíblia cita inúmeras leis, preceitos, coisas e costumes do modo de viver oriental, que se o estudante desconhecer suas causas, razões, e modo de ser, não compreenderá muita coisa da revelação divina, já que tais fatos estão entretecidos no corpo do relato bíblico. Quem quer que se ocupe da leitura e estudo do Santo Livro estará sempre se deparando com essa dificuldade.
Vamos destacar alguns casos dos acima mencionados, e estudá-los resumidamente, já que um elementar curso de Introdução Bíblica não comporta o exame demorado da matéria em questão.
1. Gênesis 24.2; 47.29-31
O juramento com a mão sob a coxa. Significava então submissão, obediência irrestrita. Por isso Deus tocou a coxa de Jacó! (Gn 32.24-32). Realmente, dali para a frente Jacó tornou-se um homem de Deus. Até seu nome foi mudado!
2. Gênesis 37.34 - Rasgar as vestes
Era demonstração de luto, lamento, tristeza. Há 28 casos na Bíblia. Os sacerdotes não podiam fazer isso (Lv 10.6), mas, o de Mateus 26.5 o fez, sem razão. Esse ato de rasgar as vestes obedecia a uma série de regras.
3. Juizes 5.10 - O cavalgar sobre jumentas brancas Era então costume exclusivo dos reis, juizes e fidalgos. Isso explica a passagem em apreço.
4. Juizes 9.45 - Semeadura de sal
Esse ato significava desolação perpétua sobre o local. Castigo perene.
1. Rute 3.9 - Pôr a aba da capa sobre alguém Significa a proteção.
Aqui tratava-se da lei do levirato, conforme Deuteronômio 25.5-10, portanto nenhuma indecência havia aqui, como muitos o querem.
6. Salmo 119.83 - Um odre na fumaça
Odres são vasilhas feitas de peles para o transporte de líquidos. Eram postas sobre a fumaça para ficarem endurecidas pelo calor e fumaça. Isso também fazia aumentar de resistência a espessura do couro, através do encolhimento. Fala do estado de alma de Davi.
7. Mateus 1.18 - Maria desposada com José
Na linguagem do Antigo Testamento, o termo significa noivos, conforme vemos em Deuteronômio 20.7; 22.23,24. Naqueles tempos, em Israel, o noivado era ato seriíssimo. E de fato o é. Os noivos tinham responsabilidade como se fossem casados! Em suma: Em Israel, o noivado era o primeiro ato do casamento. Nessa ocasião, o noivo entregava à noiva o contrato de casamento, ou uma moeda inscrita: "Consagrada a mim."
8. Mateus 25.1-13 - Um casamento oriental
As núpcias duravam 7 ou mais dias. A união definitiva do casal somente tinha lugar no último dia. Nesse dia, o noivo dirigia-se à casa da noiva, à noite, e a conduzia para sua casa. Às vezes, o ato ocorria também de dia. A lua-de-mel durava um ano! (Dt 24.C).
9. Mateus 27.48 - O vinho oferecido a Jesus na cruz Tal praxe era usada então para tornar as vítimas insensíveis antes da morte. Jesus recusou. Sofreu a morte em estado de plena consciência.
10. Lucas 5.19- ü teto (eirado) da casa, aberto com tanta facilidade
As casas da Palestina não tinham telhado, e sim eirado. Isto é, uma espécie de lage, feita de vigas de madeira, recobertas de pedra e barro. O eirado recebia tratamento especial, a fim de recolher águas pluviais, dada a carência de água potável na citada região. Num teto assim, era fácil preparar uma abertura.
1. Lc 10.4 - A ordem de Jesus: "A ninguém saudeis pelo caminho"
Não se tratava de indelicadeza. O tempo que restava para Jesus era pouco, muito pouco, e as saudações orientais tomavam muito tempo, não somente devido à troca de expressões formais, mas também por causa das poses que o corpo assumia. Se os enviados por Jesus cumprimentassem o povo segundo a maneira daquela época, Ele não cumpriria sua missão redentora no devido tempo. Ele sempre se referia ao "meu tem-po".
12. Atos 1.12 - O caminho de um sábado
Isto é, o caminho permitido no dia de sábado. Era a distância que ia da extremidade do arraial das tribos, ao tabernáculo, quando no deserto. Essa distância era de 2.000 cúbitos, equivalente a 1.200 metros (Js 3.4).
13. Romanos 12.20 - Brasas sobre a cabeça do inimigo (Pv 25.21,22)
O fato refere-se às leis levíticas de Levítico 16.12, quando o sumo sacerdote fazia expiação pelo povo, incluindo o incensário cheio de brasas. A expiação satisfazia à justiça de Deus, promovendo a reconciliação do homem com Ele.
Os poucos casos aqui citados servem para dar uma idéia do valor que há na compreensão da vida, das leis, e dos usos e costumes antigos, orientais, conforme vemos na Bíblia. Há inúmeros casos. Citamos aqui apenas alguns como exemplo. Eles estão na revelação divina, elucidando muitos de seus aspectos.
Dificuldades da Bíblia
I. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1. As dificuldades da Bíblia situam-se no campo da Hermenêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é o estudo das leis e princípios de interpretação das Sagradas Escrituras, para se chegar ao sentido do texto bíblico.
3. O termo "hermenêutica" significa literalmente "interpretar" e deriva do vocábulo grego "Hermes", um dos chamados deuses da antiga mitologia grega, porta-voz dos deuses e protetor dos viajantes. Era o deus do comércio e dos comerciantes.
4. O termo grego "Hermes", corresponde ao latino "Mercúrio", palavra esta derivada de "merx", mercado, comércio, e aparece em Atos 14.12, ligado ao evento ocorrido em Listra, na Ásia Menor, quando os habitantes dessa cidade, vendo um milagre operado por meio de Paulo, julgaram-no um deus, chamando-o de Mercúrio.
5. No paganismo romano, Mercúrio era filho de Júpiter, também mencionado em Atos 14.12. Júpiter era chefe dos deuses no Panteão Romano. (Júpiter, corresponde ao falso deus grego, Zeus).
6. Passagens históricas da Bíblia, como Atos 14.12, precisam ser encaradas no contexto histórico da sua época.
7. A Bíblia foi tecida no tear da História, e não pode ser realmente compreendida se o leitor ignorar os acontecimentos e as circunstâncias que a cercam, como por exemplo, a igreja primitiva e seu lugar no mundo gre-co-romano.
II. REQUISITOS PARA O PROGRESSO NO CONHECIMENTO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Antes de abordarmos o campo das dificuldades bíblicas, vejamos alguns assuntos prioritários que devem preceder à abordagem de dificuldades bíblicas. Um deles é o dos requisitos para o progresso no conhecimento das Sagradas Escrituras.
O plano de Deus para o cristão é que uma vez salvo prossiga até o pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4 ARA). A tragédia é que milhões de cristãos estacionam após o primeiro passo na vida cristã, o que infalivelmente resulta no seu nanismo espiritual. Alguns requisitos ou fatores de progresso no conhecimento da Palavra de Deus, são os que passamos a considerar. 1.^4 espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É o cultivo da vida espiritual profunda. Essa espiritualidade fundamenta-se num profundo amor à Palavra de Deus (Dt 6.6b). Considerar, aí, o termo afetivo "coração".
2. A operação do Espírito Santo no cristão (Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante do cristão (Tg 1.5)
4. O ministério de ensino de mestres cristãos (Ef 4.11) Deus tem na sua Igreja pessoas com o dom e o ministério de ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados (2 Tm 4.13) Livros de cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua materna
- Como poderá o leitor entender o sentido bíblico do texto, se não entender antes, o que diz o texto na su? língua materna?
7. Conhecimento das línguas originais da Bíblia.
8. Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.
III. REGRAS PARA ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES BÍBLICAS
Este é outro assunto prioritário em relação a dificuldades da Bíblia. Seguem-se algumas regras simples, postas em prática pelo autor, no estudo da Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples, mas contínua da Bíblia toda
A leitura seguida e completa de toda a Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um assunto que se quer conhecer.
- Por que é preciso ler toda a Bíblia, nesse caso? - Porque a revelação divina através da Bíblia é progressiva. Isto é, nada é dito de uma vez, nem uma vez por todas. Um assunto inicia em Gênesis e termina no Apocalipse, por exemplo.
2. 0 contexto bíblico. Deve-se considerar sempre o contexto do que se estiver lendo. Destacar textos bíblicos, isolar idéias, enquadrar num tema geral ensinos de uma só parte da Bíblia, é cair em grave erro.
1) 0 contexto geral da Bíblia. Isto é, a analogia geral da Bíblia é um fato. Noutras palavras: nela não há contradições.
2) 0 contexto imediato da Bíblia. Este pode ser anterior ou posterior ao texto que se lê ou estuda.
3) 0 contexto remoto da Bíblia é o que fica a longa distância do texto em consideração, mas que com ele faz liame.
3. Comparar Escritura com Escritura (2 Pe 1.20)
Aqui o estudante precisa ter um prévio e geral conhecimento geral da Bíblia e dispor, pelo menos, de uma concordância bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4. Qualificações intelectuais do estudante
5. Qualificações espirituais do estudante Especialmente humildade e piedade.
6. Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra de Deus deve ter sempre em mente durante o estudo, os dois grandes sentidos do texto bíblico:
• O sentido literal do texto.
• O sentido figurado do texto.
IV. O PERIGO DO INTELECTUALISMO
1. O nosso século é caracterizado pela busca incessante do saber por parte de todos, e também pela oferta do saber, considerada a multiplicação e a modernização dos meios de comunicação de massa e instituições de ensino. Essa busca e oferta podem ser do saber legítimo ou do falso (1 Tm 6.20).
2. Na área da Bíblia há uma tendência atual do estudante de depender primeiramente do seu intelecto, de cursos, de saber acumulado, de livros de consulta, sem depender primeiramente dos meios divinos, caindo, assim, infalivelmente, no modernismo teológico, no ra-cionalismo e no humanismo, no liberalismo teológico.
1. Os livros, escolas e cursos podem ser bons, mas jamais serão substitutos da Bíblia mesma.
4. Devemos, sim, examinar livros, mas não para sermos um mero eco ou reflexo deles. Há divergência entre autores de livros, mas na Bíblia, jamais!
Não devemos levar mais tempo com os livros, do que com a própria Bíblia!
V. DIFICULDADES DA BÍBLIA
• Referências a considerar, ao se estudar este assunto (Dt 29.29; SI 145.3; Ez 14.23; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe 3.16).
• Há, é certo, dificuldades na Bíblia, mas não contradições.
Não há nela contradições históricas, nem científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da Bíblia são todas do lado humano, como: tradução mal feita, estudo superficial, má compreensão, incapacidade humana, idéias preconcebidas, falsa aplicação do texto, falhas de editoração, interpretação forçada.
• Os inimigos da Bíblia, ou aqueles que a encaram apenas como literatura comum, sustentam haver erros nela, mas é claro que um espírito ceticista, farisaico, precon-ceituoso e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, porque dela se aproxima querendo "importar" suas falsas idéias, quando a atitude correta, devia ser "exportar" as idéias dela.
• Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano.
Portanto, ao encontrarmos na Bíblia um trecho discre-pante, não pensemos logo que é erro! Saibamos refletir como Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve haver erro do copista, ou tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo entender!" Passemos agora a considerar as dificuldades da Bíblia
1. DIFICULDADES LINGÜÍSTICAS
a. Línguas originais antigas
Línguas essas que evoluíram tremendamente. As duas principais línguas originais são o hebraico e o grego.
Uma dessas línguas é semítica: o hebraico; outra é helênica: o grego.
b. Linguagem figurada em abundância Isto é um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros literários
Isto, por serem muitos os escritores, como por exemplo:
Epístola Biografia Poesia História Drama Tragédia
d. Má tradução das línguas originais Isto constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do falante
(Alguns exemplos na Bíblia, de dificuldades lingüísticas. 1) Gênesis 10.25
"E a Éber nasceram dois filhos: o nome dum foi Pele-que, porquanto em seus dias se repartiu a terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de fissura, separação, divisão.
Há muitos verbos hebraicos que significam dividir, repartir, havendo pequena diferença entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente: "cha-lak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é "palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto a ser dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra sendo dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida em continentes. Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme afirma e comprova a ciência.
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Ju-dá e de Jerusalém".
Esse "Assuero" é o mesmo "Xerxes" da História secular.
"Assuero" é vocábulo hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro." Ciro, chamado por Deus de "meu ungido", sendo ele um homem não-crente.
O termo "ungido", em hebraico é "messias". Este termo não se refere apenas a Jesus. Nalgumas passagens, refere-se a reis, profetas, e sacerdotes de Israel. No caso de Ciro, refere-se à sua designação por Deus, para uma missão especial. O termo, nesse caso, nada tem a ver com a santificação ou caráter de Ciro.
4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas coisas". "Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no sentido de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má tradução. No grego é "ketos", peixe. No hebraico é "daggadol", peixe grande. Ora, todos sabem que baleia não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada corresponde ao grego Baraquias. 2. DIFICULDADES GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em lugares de três continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expressões, imagens mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um nome cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas, mares, etc).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas geográficas
1) Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia de Filipo, no Norte da Galiléia, cidade inte-riorana.
Cesaréia, porto marítimo, capital política da Palestina, nos dias de Jesus, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40). Antioquia da Síria (At 13.1) Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à moderna Assuam, no
Egito.
3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade bíblica é basicamente antropológica.
b. Incapacidade de compreensão da revelação divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais dos tempos bíblicos, totalmente diferentes das nossas ocidentais atuais. São usos e costumes que já não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do estudante, por incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica textual científica (Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma mesma pessoa.
1. Exemplário de dificuldades antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados no NT. É preciso determinar qual deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1)
• Reuel (Êx 2.18)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11)
(Não confundir com Hobabe, filho do próprio Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá, aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)
4) Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será santíssimo: tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o que tocar o altar deverá santifi-car-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado nos céus. Os modismos do grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20: "a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade" significa nossa cidadania. O leitor precisa conhecer o sentido especial de "cidade" entre os romanos, naquela parte do mundo, e conhecer a história de Filipos, para entender de fato esses versículos.
4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS
a. A Bíblia, quando menciona datas, fá-lo com base em eventos importantes, mas particulares. Os escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas, como os temos no mundo ocidental. Daí, toda cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais entraram em uso há pouco tempo, em comparação com a extensão da história bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C. (data da primeira Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da fundação de Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de Meca); a Era Cristã vem de 5 a.C. (data do nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras choca o leitor comum ou leigo, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há, especialmente no período dos juizes de Israel, no período do reino dividido, e no dos profetas, muitos períodos coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia política, frações de anos tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e arredondamento de números.
d. O erro do nosso calendário. O nosso próprio calendário (chamado Calendário Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro de cálculo de Dioní-sio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em 1582 d.C, o Papa Gre-gório XIII alterou o calendário cristão, aumentando-lhe 10 dias, para corrigir uma diferença de minutos que se vinha acumulando desde o ano 46 a.C, quando César reformou o calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos ia de uma meia-noite a outra. O evangelista João emprega o calendário romano, de modo que parece haver choque de horário nos eventos da paixão de Cristo, entre ele e os demais evangelistas, mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando desencontro entre ele e as estações agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham, cada três anos, um ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período de 16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de dificuldades cronológicas da Bíblia 1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a peregrinação de Israel seria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas 3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de arredondamento de números, porque o somatório dos dados fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz 430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o nascimento de Isa-que, quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de Isaque (Gn 21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó (Gn 25.26), à sua morte (Gn 47.28)... 147 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22) ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo 12.17)............................................... 144 anos
1. Gênesis 2.2,3 - .......................................430 anos
Os seis dias da criação adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado, e isenção de preconceitos.
5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm do nosso modo humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa situação, queremos interpretar a revelação divina, a. Exemplos de dificuldades imaginárias e preconceituo-sas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram".
Um estudo acurado dos textos bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos homens" eram as descendentes da linhagem ímpia cai-nita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus 22.30.) Os "filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos decaídos, porque estando eles decaídos, jamais poderiam ser chamados "filhos de Deus". Por outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos na manhã da ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há aqui qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras de Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram registradas. Com inúmeros milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de Deus, porque Deus vê fé, e não obras, para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, porque o homem vê obras, mudança de vida, e não fé.
6. APARENTES CONTRADIÇÕES São aparentes contradições, apenas. Exemplos:
a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos os descendentes de Ja-có que foram ao Egito, somaram 70 pessoas.
Atos 7.14 afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A esse número precisamos somar 5 netos de José (que já estavam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses: Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim: Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram daquela praga - 24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no sentido de inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia adverte: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de "mundo" como um sistema de vida, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do "mundo" no sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus deu a Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus permitiu que os captores de Israel, durante o cativeiro baixassem leis para Israel que não eram boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel avaliaram".
Ocorre que a profecia acima, encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou, e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.
7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma dificuldade bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A leitura em grego leva para a forma interrogativa. Tsso pode ajudar a resolver a dificuldade.
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o elemento inibidor, repressor, quanto à manifestação aberta do Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19, concluiremos que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo.
Os anjos executores do juízo sobre as cidades da campina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não saiu de Sodoma.
De igual modo, o juízo do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O mesmo acontece agora, enquanto a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo, permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é "kerusso", proclamar, anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.
8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual de ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos científicos, fá-lo não na linguagem técnica, especializada da ciência, mas na linguagem do povo comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22)
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não "morada"permanente (Jó 38.19).
h. A terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn 1.1,24) 1. O vento vem do Sul (Ec 1.6)
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos e os antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1 Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (Deus "arrepender-se").
10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das coisas celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos seres viventes).
É também o caso das visões de João, o apóstolo, descritas no livro de Apocalipse, quando João procura comparar as coisas celestiais com as terrenas, para poder expressar-se sobre o que viu no Céu.
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL Tanto o Antigo, como o Novo Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto constitui uma dificuldade.
A vida, com seus usos, leis e costumes, difere de povo para povo, isso modernamente. Imagine-se como não estão distantes os costumes antigos orientais tão citados na Bíblia! Esses fatos, quando não compreendidos hoje, são tidos como aberrações. A Bíblia cita inúmeras leis, preceitos, coisas e costumes do modo de viver oriental, que se o estudante desconhecer suas causas, razões, e modo de ser, não compreenderá muita coisa da revelação divina, já que tais fatos estão entretecidos no corpo do relato bíblico. Quem quer que se ocupe da leitura e estudo do Santo Livro estará sempre se deparando com essa dificuldade.
Vamos destacar alguns casos dos acima mencionados, e estudá-los resumidamente, já que um elementar curso de Introdução Bíblica não comporta o exame demorado da matéria em questão.
1. Gênesis 24.2; 47.29-31
O juramento com a mão sob a coxa. Significava então submissão, obediência irrestrita. Por isso Deus tocou a coxa de Jacó! (Gn 32.24-32). Realmente, dali para a frente Jacó tornou-se um homem de Deus. Até seu nome foi mudado!
2. Gênesis 37.34 - Rasgar as vestes
Era demonstração de luto, lamento, tristeza. Há 28 casos na Bíblia. Os sacerdotes não podiam fazer isso (Lv 10.6), mas, o de Mateus 26.5 o fez, sem razão. Esse ato de rasgar as vestes obedecia a uma série de regras.
3. Juizes 5.10 - O cavalgar sobre jumentas brancas Era então costume exclusivo dos reis, juizes e fidalgos. Isso explica a passagem em apreço.
4. Juizes 9.45 - Semeadura de sal
Esse ato significava desolação perpétua sobre o local. Castigo perene.
1. Rute 3.9 - Pôr a aba da capa sobre alguém Significa a proteção.
Aqui tratava-se da lei do levirato, conforme Deuteronômio 25.5-10, portanto nenhuma indecência havia aqui, como muitos o querem.
6. Salmo 119.83 - Um odre na fumaça
Odres são vasilhas feitas de peles para o transporte de líquidos. Eram postas sobre a fumaça para ficarem endurecidas pelo calor e fumaça. Isso também fazia aumentar de resistência a espessura do couro, através do encolhimento. Fala do estado de alma de Davi.
7. Mateus 1.18 - Maria desposada com José
Na linguagem do Antigo Testamento, o termo significa noivos, conforme vemos em Deuteronômio 20.7; 22.23,24. Naqueles tempos, em Israel, o noivado era ato seriíssimo. E de fato o é. Os noivos tinham responsabilidade como se fossem casados! Em suma: Em Israel, o noivado era o primeiro ato do casamento. Nessa ocasião, o noivo entregava à noiva o contrato de casamento, ou uma moeda inscrita: "Consagrada a mim."
8. Mateus 25.1-13 - Um casamento oriental
As núpcias duravam 7 ou mais dias. A união definitiva do casal somente tinha lugar no último dia. Nesse dia, o noivo dirigia-se à casa da noiva, à noite, e a conduzia para sua casa. Às vezes, o ato ocorria também de dia. A lua-de-mel durava um ano! (Dt 24.C).
9. Mateus 27.48 - O vinho oferecido a Jesus na cruz Tal praxe era usada então para tornar as vítimas insensíveis antes da morte. Jesus recusou. Sofreu a morte em estado de plena consciência.
10. Lucas 5.19- ü teto (eirado) da casa, aberto com tanta facilidade
As casas da Palestina não tinham telhado, e sim eirado. Isto é, uma espécie de lage, feita de vigas de madeira, recobertas de pedra e barro. O eirado recebia tratamento especial, a fim de recolher águas pluviais, dada a carência de água potável na citada região. Num teto assim, era fácil preparar uma abertura.
1. Lc 10.4 - A ordem de Jesus: "A ninguém saudeis pelo caminho"
Não se tratava de indelicadeza. O tempo que restava para Jesus era pouco, muito pouco, e as saudações orientais tomavam muito tempo, não somente devido à troca de expressões formais, mas também por causa das poses que o corpo assumia. Se os enviados por Jesus cumprimentassem o povo segundo a maneira daquela época, Ele não cumpriria sua missão redentora no devido tempo. Ele sempre se referia ao "meu tem-po".
12. Atos 1.12 - O caminho de um sábado
Isto é, o caminho permitido no dia de sábado. Era a distância que ia da extremidade do arraial das tribos, ao tabernáculo, quando no deserto. Essa distância era de 2.000 cúbitos, equivalente a 1.200 metros (Js 3.4).
13. Romanos 12.20 - Brasas sobre a cabeça do inimigo (Pv 25.21,22)
O fato refere-se às leis levíticas de Levítico 16.12, quando o sumo sacerdote fazia expiação pelo povo, incluindo o incensário cheio de brasas. A expiação satisfazia à justiça de Deus, promovendo a reconciliação do homem com Ele.
Os poucos casos aqui citados servem para dar uma idéia do valor que há na compreensão da vida, das leis, e dos usos e costumes antigos, orientais, conforme vemos na Bíblia. Há inúmeros casos. Citamos aqui apenas alguns como exemplo. Eles estão na revelação divina, elucidando muitos de seus aspectos.
Dificuldades da Bíblia
I. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1. As dificuldades da Bíblia situam-se no campo da Hermenêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é o estudo das leis e princípios de interpretação das Sagradas Escrituras, para se chegar ao sentido do texto bíblico.
3. O termo "hermenêutica" significa literalmente "interpretar" e deriva do vocábulo grego "Hermes", um dos chamados deuses da antiga mitologia grega, porta-voz dos deuses e protetor dos viajantes. Era o deus do comércio e dos comerciantes.
4. O termo grego "Hermes", corresponde ao latino "Mercúrio", palavra esta derivada de "merx", mercado, comércio, e aparece em Atos 14.12, ligado ao evento ocorrido em Listra, na Ásia Menor, quando os habitantes dessa cidade, vendo um milagre operado por meio de Paulo, julgaram-no um deus, chamando-o de Mercúrio.
5. No paganismo romano, Mercúrio era filho de Júpiter, também mencionado em Atos 14.12. Júpiter era chefe dos deuses no Panteão Romano. (Júpiter, corresponde ao falso deus grego, Zeus).
6. Passagens históricas da Bíblia, como Atos 14.12, precisam ser encaradas no contexto histórico da sua época.
7. A Bíblia foi tecida no tear da História, e não pode ser realmente compreendida se o leitor ignorar os acontecimentos e as circunstâncias que a cercam, como por exemplo, a igreja primitiva e seu lugar no mundo gre-co-romano.
II. REQUISITOS PARA O PROGRESSO NO CONHECIMENTO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Antes de abordarmos o campo das dificuldades bíblicas, vejamos alguns assuntos prioritários que devem preceder à abordagem de dificuldades bíblicas. Um deles é o dos requisitos para o progresso no conhecimento das Sagradas Escrituras.
O plano de Deus para o cristão é que uma vez salvo prossiga até o pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4 ARA). A tragédia é que milhões de cristãos estacionam após o primeiro passo na vida cristã, o que infalivelmente resulta no seu nanismo espiritual. Alguns requisitos ou fatores de progresso no conhecimento da Palavra de Deus, são os que passamos a considerar. 1.^4 espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É o cultivo da vida espiritual profunda. Essa espiritualidade fundamenta-se num profundo amor à Palavra de Deus (Dt 6.6b). Considerar, aí, o termo afetivo "coração".
2. A operação do Espírito Santo no cristão (Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante do cristão (Tg 1.5)
4. O ministério de ensino de mestres cristãos (Ef 4.11) Deus tem na sua Igreja pessoas com o dom e o ministério de ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados (2 Tm 4.13) Livros de cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua materna
- Como poderá o leitor entender o sentido bíblico do texto, se não entender antes, o que diz o texto na su? língua materna?
7. Conhecimento das línguas originais da Bíblia.
8. Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.
III. REGRAS PARA ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES BÍBLICAS
Este é outro assunto prioritário em relação a dificuldades da Bíblia. Seguem-se algumas regras simples, postas em prática pelo autor, no estudo da Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples, mas contínua da Bíblia toda
A leitura seguida e completa de toda a Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um assunto que se quer conhecer.
- Por que é preciso ler toda a Bíblia, nesse caso? - Porque a revelação divina através da Bíblia é progressiva. Isto é, nada é dito de uma vez, nem uma vez por todas. Um assunto inicia em Gênesis e termina no Apocalipse, por exemplo.
2. 0 contexto bíblico. Deve-se considerar sempre o contexto do que se estiver lendo. Destacar textos bíblicos, isolar idéias, enquadrar num tema geral ensinos de uma só parte da Bíblia, é cair em grave erro.
1) 0 contexto geral da Bíblia. Isto é, a analogia geral da Bíblia é um fato. Noutras palavras: nela não há contradições.
2) 0 contexto imediato da Bíblia. Este pode ser anterior ou posterior ao texto que se lê ou estuda.
3) 0 contexto remoto da Bíblia é o que fica a longa distância do texto em consideração, mas que com ele faz liame.
3. Comparar Escritura com Escritura (2 Pe 1.20)
Aqui o estudante precisa ter um prévio e geral conhecimento geral da Bíblia e dispor, pelo menos, de uma concordância bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4. Qualificações intelectuais do estudante
5. Qualificações espirituais do estudante Especialmente humildade e piedade.
6. Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra de Deus deve ter sempre em mente durante o estudo, os dois grandes sentidos do texto bíblico:
• O sentido literal do texto.
• O sentido figurado do texto.
IV. O PERIGO DO INTELECTUALISMO
1. O nosso século é caracterizado pela busca incessante do saber por parte de todos, e também pela oferta do saber, considerada a multiplicação e a modernização dos meios de comunicação de massa e instituições de ensino. Essa busca e oferta podem ser do saber legítimo ou do falso (1 Tm 6.20).
2. Na área da Bíblia há uma tendência atual do estudante de depender primeiramente do seu intelecto, de cursos, de saber acumulado, de livros de consulta, sem depender primeiramente dos meios divinos, caindo, assim, infalivelmente, no modernismo teológico, no ra-cionalismo e no humanismo, no liberalismo teológico.
1. Os livros, escolas e cursos podem ser bons, mas jamais serão substitutos da Bíblia mesma.
4. Devemos, sim, examinar livros, mas não para sermos um mero eco ou reflexo deles. Há divergência entre autores de livros, mas na Bíblia, jamais!
Não devemos levar mais tempo com os livros, do que com a própria Bíblia!
V. DIFICULDADES DA BÍBLIA
• Referências a considerar, ao se estudar este assunto (Dt 29.29; SI 145.3; Ez 14.23; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe 3.16).
• Há, é certo, dificuldades na Bíblia, mas não contradições.
Não há nela contradições históricas, nem científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da Bíblia são todas do lado humano, como: tradução mal feita, estudo superficial, má compreensão, incapacidade humana, idéias preconcebidas, falsa aplicação do texto, falhas de editoração, interpretação forçada.
• Os inimigos da Bíblia, ou aqueles que a encaram apenas como literatura comum, sustentam haver erros nela, mas é claro que um espírito ceticista, farisaico, precon-ceituoso e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, porque dela se aproxima querendo "importar" suas falsas idéias, quando a atitude correta, devia ser "exportar" as idéias dela.
• Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano.
Portanto, ao encontrarmos na Bíblia um trecho discre-pante, não pensemos logo que é erro! Saibamos refletir como Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve haver erro do copista, ou tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo entender!" Passemos agora a considerar as dificuldades da Bíblia
1. DIFICULDADES LINGÜÍSTICAS
a. Línguas originais antigas
Línguas essas que evoluíram tremendamente. As duas principais línguas originais são o hebraico e o grego.
Uma dessas línguas é semítica: o hebraico; outra é helênica: o grego.
b. Linguagem figurada em abundância Isto é um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros literários
Isto, por serem muitos os escritores, como por exemplo:
Epístola Biografia Poesia História Drama Tragédia
d. Má tradução das línguas originais Isto constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do falante
(Alguns exemplos na Bíblia, de dificuldades lingüísticas. 1) Gênesis 10.25
"E a Éber nasceram dois filhos: o nome dum foi Pele-que, porquanto em seus dias se repartiu a terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de fissura, separação, divisão.
Há muitos verbos hebraicos que significam dividir, repartir, havendo pequena diferença entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente: "cha-lak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é "palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto a ser dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra sendo dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida em continentes. Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme afirma e comprova a ciência.
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Ju-dá e de Jerusalém".
Esse "Assuero" é o mesmo "Xerxes" da História secular.
"Assuero" é vocábulo hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro." Ciro, chamado por Deus de "meu ungido", sendo ele um homem não-crente.
O termo "ungido", em hebraico é "messias". Este termo não se refere apenas a Jesus. Nalgumas passagens, refere-se a reis, profetas, e sacerdotes de Israel. No caso de Ciro, refere-se à sua designação por Deus, para uma missão especial. O termo, nesse caso, nada tem a ver com a santificação ou caráter de Ciro.
4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas coisas". "Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no sentido de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má tradução. No grego é "ketos", peixe. No hebraico é "daggadol", peixe grande. Ora, todos sabem que baleia não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada corresponde ao grego Baraquias. 2. DIFICULDADES GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em lugares de três continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expressões, imagens mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um nome cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas, mares, etc).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas geográficas
1) Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia de Filipo, no Norte da Galiléia, cidade inte-riorana.
Cesaréia, porto marítimo, capital política da Palestina, nos dias de Jesus, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40). Antioquia da Síria (At 13.1) Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à moderna Assuam, no
Egito.
3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade bíblica é basicamente antropológica.
b. Incapacidade de compreensão da revelação divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais dos tempos bíblicos, totalmente diferentes das nossas ocidentais atuais. São usos e costumes que já não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do estudante, por incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica textual científica (Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma mesma pessoa.
1. Exemplário de dificuldades antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados no NT. É preciso determinar qual deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1)
• Reuel (Êx 2.18)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11)
(Não confundir com Hobabe, filho do próprio Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá, aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)
4) Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será santíssimo: tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o que tocar o altar deverá santifi-car-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado nos céus. Os modismos do grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20: "a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade" significa nossa cidadania. O leitor precisa conhecer o sentido especial de "cidade" entre os romanos, naquela parte do mundo, e conhecer a história de Filipos, para entender de fato esses versículos.
4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS
a. A Bíblia, quando menciona datas, fá-lo com base em eventos importantes, mas particulares. Os escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas, como os temos no mundo ocidental. Daí, toda cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais entraram em uso há pouco tempo, em comparação com a extensão da história bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C. (data da primeira Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da fundação de Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de Meca); a Era Cristã vem de 5 a.C. (data do nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras choca o leitor comum ou leigo, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há, especialmente no período dos juizes de Israel, no período do reino dividido, e no dos profetas, muitos períodos coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia política, frações de anos tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e arredondamento de números.
d. O erro do nosso calendário. O nosso próprio calendário (chamado Calendário Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro de cálculo de Dioní-sio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em 1582 d.C, o Papa Gre-gório XIII alterou o calendário cristão, aumentando-lhe 10 dias, para corrigir uma diferença de minutos que se vinha acumulando desde o ano 46 a.C, quando César reformou o calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos ia de uma meia-noite a outra. O evangelista João emprega o calendário romano, de modo que parece haver choque de horário nos eventos da paixão de Cristo, entre ele e os demais evangelistas, mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando desencontro entre ele e as estações agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham, cada três anos, um ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período de 16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de dificuldades cronológicas da Bíblia 1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a peregrinação de Israel seria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas 3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de arredondamento de números, porque o somatório dos dados fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz 430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o nascimento de Isa-que, quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de Isaque (Gn 21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó (Gn 25.26), à sua morte (Gn 47.28)... 147 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22) ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo 12.17)............................................... 144 anos
1. Gênesis 2.2,3 - .......................................430 anos
Os seis dias da criação adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado, e isenção de preconceitos.
5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm do nosso modo humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa situação, queremos interpretar a revelação divina, a. Exemplos de dificuldades imaginárias e preconceituo-sas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram".
Um estudo acurado dos textos bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos homens" eram as descendentes da linhagem ímpia cai-nita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus 22.30.) Os "filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos decaídos, porque estando eles decaídos, jamais poderiam ser chamados "filhos de Deus". Por outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos na manhã da ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há aqui qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras de Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram registradas. Com inúmeros milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de Deus, porque Deus vê fé, e não obras, para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, porque o homem vê obras, mudança de vida, e não fé.
6. APARENTES CONTRADIÇÕES São aparentes contradições, apenas. Exemplos:
a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos os descendentes de Ja-có que foram ao Egito, somaram 70 pessoas.
Atos 7.14 afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A esse número precisamos somar 5 netos de José (que já estavam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses: Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim: Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram daquela praga - 24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no sentido de inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia adverte: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de "mundo" como um sistema de vida, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do "mundo" no sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus deu a Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus permitiu que os captores de Israel, durante o cativeiro baixassem leis para Israel que não eram boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel avaliaram".
Ocorre que a profecia acima, encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou, e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.
7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma dificuldade bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A leitura em grego leva para a forma interrogativa. Tsso pode ajudar a resolver a dificuldade.
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o elemento inibidor, repressor, quanto à manifestação aberta do Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19, concluiremos que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo.
Os anjos executores do juízo sobre as cidades da campina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não saiu de Sodoma.
De igual modo, o juízo do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O mesmo acontece agora, enquanto a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo, permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é "kerusso", proclamar, anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.
8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual de ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos científicos, fá-lo não na linguagem técnica, especializada da ciência, mas na linguagem do povo comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22)
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não "morada"permanente (Jó 38.19).
h. A terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn 1.1,24) 1. O vento vem do Sul (Ec 1.6)
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos e os antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1 Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (Deus "arrepender-se").
10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das coisas celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos seres viventes).
É também o caso das visões de João, o apóstolo, descritas no livro de Apocalipse, quando João procura comparar as coisas celestiais com as terrenas, para poder expressar-se sobre o que viu no Céu.
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL Tanto o Antigo, como o Novo Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto constitui uma dificuldade.
ALGUNS EXEMPLOS DE DIFICULDADES
DA BÍBLIA
ALGUNS EXEMPLOS DE DIFICULDADES DA BÍBLIA
1) Gênesis 10.25 "E a Éber nasceram dois
filhos: o nome dum foi Pele-que, porquanto em seus dias se repartiu a
terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de fissura, separação,
divisão.
Há muitos verbos hebraicos que
significamdividir, repartir, havendo
pequena diferença entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente:
"cha-lak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é
"palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto a ser
dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra
sendo dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra
formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida em
continentes. Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme afirma
e comprova a ciência.
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero,
no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de
Ju-dá e de Jerusalém".
Esse "Assuero" é o
mesmo "Xerxes" da História secular.
"Assuero" é vocábulo
hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu
ungido, a Ciro." Ciro, chamado por Deus de "meu ungido", sendo
ele um homem não-crente.
O termo "ungido", em
hebraico é "messias". Este termo não se refere apenas a Jesus.
Nalgumas passagens, refere-se a reis, profetas, e sacerdotes de Israel. No caso
de Ciro, refere-se à sua designação por Deus, para uma missão especial. O
termo, nesse caso, nada tem a ver com a santificação ou caráter de Ciro.
4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as
trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas coisas".
"Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no sentido
de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve
três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem
três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má
tradução. No grego é "ketos", peixe. No hebraico é
"daggadol", peixe
grande. Ora, todos sabem que
baleia não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem
morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que
o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada corresponde ao gregoBaraquias.
2. DIFICULDADES GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em
lugares de três continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expressões,
imagens mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares
com mais de um nome cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo
nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de
lugares que há muito trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas,
mares, etc).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas
geográficas
1) Diferentes lugares com
um mesmo nome:Cesaréia de
Filipo, no Norte da Galiléia, cidade inte-riorana.
Cesaréia, porto
marítimo, capital política da Palestina, nos dias de Jesus, na província da
Judéia (Mt 16.13; At 8.40). Antioquia da Síria (At 13.1)Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com
mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram
de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à
moderna Assuam, no
Egito.
3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade bíblica é
basicamente antropológica.
b. Incapacidade de
compreensão da revelação divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que
esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do
texto bíblico.
g. Culturas orientais dos
tempos bíblicos, totalmente diferentes das nossas ocidentais atuais. São usos
e costumes que já não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do
estudante, por incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica
textual científica (Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o
mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma
mesma pessoa.
1. Exemplário de dificuldades
antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como
diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados no NT. É
preciso determinar qual deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para
uma pessoa:
Jetro, o
sogro de Moisés aparece na Bíblia com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx
3.1)
• Reuel (Êx
2.18)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz
4.11)
(Não confundir com Hobabe,
filho do próprio Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá,
aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2
Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1
Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)
4) Dificuldades de
compreensão.
Êxodo 29.37 -
"...e o altar será santíssimo: tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o que
tocar o altar deverá santifi-car-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na
terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na
terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado nos céus. Os modismos do
grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro
caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil
precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20:
"a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade"
significa nossa cidadania. Oleitor
precisa conhecer o sentido especial de "cidade" entre os romanos,
naquela parte do mundo, e conhecer a história de Filipos, para entender de
fato esses versículos.
4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS
a. A Bíblia, quando
menciona datas, fá-lo com base em eventos importantes, mas particulares. Os
escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas, como os temos no
mundo ocidental. Daí, toda cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais entraram em uso há
pouco tempo, em comparação com a extensão da história bíblica. A Era Grega vem
de 776 a.C. (data da primeira Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da
fundação de Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de
Meca); a Era Cristã vem de 5 a.C. (data do nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras choca
o leitor comum ou leigo, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há, especialmente no período dos
juizes de Israel, no período do reino dividido, e no dos profetas, muitos
períodos coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia
política, frações de anos tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e
arredondamento de números.
d. O erro do nosso calendário. O nosso próprio calendário
(chamado Calendário Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro
de cálculo de Dioní-sio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em
1582 d.C, o Papa Gre-gório XIII alterou o calendário cristão, aumentando-lhe 10
dias, para corrigir uma diferença de minutos que se vinha acumulando desde o
ano 46 a.C, quando César reformou o calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era contado de um
pôr-do-sol a outro. Entre os romanos ia de uma meia-noite a outra. O
evangelista João emprega o calendário romano, de modo que parece haver choque
de horário nos eventos da paixão de Cristo, entre ele e os demais evangelistas,
mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando
desencontro entre ele e as estações agrícolas. Para corrigir isto, os judeus
tinham, cada três anos, um ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a
adotarem o ano do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita
num extenso período de 16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade
cronológica.
h. Exemplos de dificuldades
cronológicas da Bíblia 1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a
peregrinação de Israel seria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e
Gálatas 3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de
arredondamento de números, porque o somatório dos dados fornecidos pelo livro
de Gênesis perfaz 430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o
nascimento de Isa-que, quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de Isaque (Gn
21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó (Gn
25.26), à sua morte (Gn
47.28)...
147 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à
morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22)
ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo
12.17)............................................... 144 anos
2) Gênesis 2.2,3 -
.......................................430 anos
Os seis dias da criação
adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É
somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado, e
isenção de preconceitos.
5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E
PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm do
nosso modo humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa situação,
queremos interpretar a revelação divina, a. Exemplos
de dificuldades imaginárias e preconceituo-sas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de Deus
que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as
que escolheram".
Um estudo acurado dos textos
bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os
descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos homens"
eram as descendentes da linhagem ímpia cai-nita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus
22.30.) Os "filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos decaídos,
porque estando eles decaídos, jamais poderiam ser chamados "filhos de
Deus". Por outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera
de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos
na manhã da ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há aqui
qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras de
Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade
aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram registradas. Com inúmeros
milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas
obras ao mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de Deus, porque Deus vê fé, e não
obras, para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, porque o homem vê
obras, mudança de vida, e não fé.
6. APARENTES CONTRADIÇÕES São aparentes contradições,
apenas. Exemplos:
a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos
os descendentes de Ja-có que foram ao Egito, somaram 70 pessoas. Atos 7.14
afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A esse
número precisamos somar 5 netos de José (que já estavam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses:
Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim:
Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo
divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que
morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram daquela praga -
24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O
Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que
"Deus é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no
sentido de inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no
sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr
"kosmos") Aqui a Bíblia adverte: "Não ameis o mundo nem o que no
mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr "kosmos") Aqui a
Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de
"mundo" como um sistema de vida, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do
"mundo" no sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus deu a
Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus permitiu
que os captores de Israel, durante o cativeiro baixassem leis para Israel que
não eram boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a vemos na
Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então
se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de
prata, preço do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel
avaliaram".
Ocorre que a profecia acima,
encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou,
e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.
7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA
ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma dificuldade
bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A leitura em grego leva
para a forma interrogativa. Tsso pode ajudar a resolver a dificuldade.
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o
elemento inibidor, repressor, quanto à manifestação aberta do Anticristo aqui
no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19,
concluiremos que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito
Santo.
Os anjos executores do juízo
sobre as cidades da campina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não saiu
de Sodoma.
De
igual modo, o juízo do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O
mesmo acontece agora, enquanto a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito
Santo, permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é
"kerusso", proclamar,
anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está
ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.
8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual de
ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos
científicos, fá-lo não na linguagem técnica, especializada da ciência, mas na
linguagem do povo comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da
Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22)
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não
"morada"permanente (Jó
38.19).
h. A terra suspensa no
espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos
físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn 1.1,24) 1. O vento vem do Sul (Ec 1.6)
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS,
EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos e os
antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1
Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (Deus "arrepender-se").
10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA,
SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das coisas
celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos
seres viventes).
É também o caso das visões de
João, o apóstolo, descritas no livro de Apocalipse, quando João procura comparar
as coisas celestiais com as terrenas, para poder expressar-se sobre o que viu
no Céu.
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO
MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL Tanto o Antigo, como o Novo
Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA
BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto constitui
uma dificuldade.
Fonte:
http://richard-sander.blogspot.com.br
ibcbicas.blogspot.com.br
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