Shalom e seu significado
Esta
palavra é usada como uma saudação e modernamente significa bom dia, boa tarde,
olá, em Israel.
Vejamos
o significado da palavra em sua raiz original: Em hebraico, a palavra shalom
vem da palavra shalem que significa paz, prosperidade, bem, saúde, segurança!
Shalom significa muito mais do que ausência de guerra! Inteireza, integridade,
harmonia e realização são idéias mais próximas do significado da palavra. Em
shalom encontramos implícita a idéia de relacionamentos não abalados com outras
pessoas e de desejo de sucesso às pessoas nas suas empreitadas.
Em
suas ocorrências bíblicas, shalom está ligada ao resultado da aliança divina e
é também o resultado da retidão. Em muitos casos descreve o estado de plenitude
e realização, que é o resultado da presença de Deus!
Jesus,
o Messias, filho de Davi é identificado como o Príncipe da Paz, aquele que traz
prosperidade e retidão à terra! Portanto, saudar com Shalom! é também um desejo
e uma ministração profética à vida daqueles que a recebem. Quando fazemos isto
coincidentemente, é como se estivéssemos pedindo para aqueles a quem saudamos
que venham sobre suas vidas: paz, prosperidade, integridade, retidão!
Um
pouco mais sobre a Paz que vem de Deus.
Observamos,
em primeiro lugar, que Shalom! é um cumprimento, na Bíblia e ainda hoje no
Médio Oriente, na língua hebraica, sendo usado para estabelecer ou exprimir uma
relação. Shalom, a paz, é eminentemente relacional e nunca se pode ter Shalom
sozinho, é impensável ter paz enquanto o outro não a tem.
Verificamos
também que a Bíblia documenta a tentativa humana de seguir a paz (a shalom no
seu significado amplo) e ao mesmo tempo a incapacidade humana de conseguir e
mantê-la. A última garantia para a paz não reside em instituições humanas, como
se pensava e ainda hoje se pensa, mas sim, em Deus. Em Isaías 54:10 encontramos
a promessa ao povo de Israel, que nos indica o caminho:
“As
montanhas podem desaparecer, os montes podem se desfazer, mas o meu amor por
você não acabará nunca, e a minha aliança de paz com você nunca será
quebrada." É isso o que diz o Deus Eterno, que tem amor por você.
Também
constatamos que esta shalom não foi apenas para os tempos antigos, para o povo
de Israel. Ela nos foi estendida, prometida e assegurada.
“Pois
já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o nosso rei. Ele será
chamado de Conselheiro Maravilhoso, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da
Paz.” Isaías 9:6
“Vocês
conhecem a mensagem que Deus mandou ao povo de Israel, anunciando a boa notícia
de paz por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos.” Atos 10:36
“Deixo
com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo
a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo.” João 14:27
“Eu
digo isso para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz. No mundo vocês
vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo.” João 16:33
Estes
textos nos mostram de forma clara que a paz, na sua forma completa - SHALOM,
estabelecida por Deus, é possível, porém só por meio de Jesus Cristo, o Filho
de Deus, o Príncipe da Paz.
RAÍZES RELIGIOSAS DA PALAVRA “PAZ” (Parte 1)
Um olhar a partir das Sagradas Escrituras Judaico-Cristãs
Um olhar a partir das Sagradas Escrituras Judaico-Cristãs
de João Luiz Correia Júnior
Não há dúvida: estamos todos
mergulhados numa profunda crise social. A violência generalizada que aí está é
prova disso. O tema é manchete de jornais e revistas, bem como chamada
alarmante dos programas de TV e de tele-jornais. Nas grandes capitais do
Brasil, e até mesmo em muitas cidades do interior, as famílias, acuadas pelo
medo, mudam de hábito: ficar em casa virou um grande programa para a noite e
finais de semana. Para muitas pessoas, o portão de casa ou do prédio é o limite
do mundo.
Em virtude dessa brutal situação
de violência, observa-se em toda parte um grande clamor social pela paz. Esse
clamor das multidões está nas ruas, por meio de grandes passeatas pela paz, e
está no desejo mais profundo de cada um de nós.
Nesse contexto desafiador, uma
pergunta se faz necessária: o que significa mesmo a palavra “paz”? Qual o seu
real significado para o ser humano?
Numa perspectiva mais profunda,
a paz não é simplesmente uma situação de ausência de violência ou de guerra;
também não se garante pelo equilíbrio das forças contrárias ou pelo aumento de
forças armadas (públicas ou particulares) que garantam “segurança”. A pedra
angular da Paz é a Justiça Social, garantia da vida e da dignidade de todas as
mulheres e homens na sociedade.
Mas, enquanto se luta por um
mundo justo e fraterno por meio de políticas que garantam educação, profissão,
trabalho, remuneração digna, moradia e saúde para a maioria, é fundamental
também ir trabalhando a paz dentro de si, a tão sonhada “paz de espírito”.
Quanto alguém vive em estado de paz, está em sintonia com o Deus da Bíblia, o
Deus de Jesus, o mesmo “Que está aí” (um possível sentido do
nome bíblico de Deus, Iahweh): no mais profundo do “eu” humano, na relação com
o “outro”, na comunidade, enfim, no contexto vital em que estamos inseridos,
profundamente interligado à totalidade do cosmos.
Diante da urgência dessa
reflexão, procuramos neste artigo aprofundar a temática da paz, buscando
compreender suas raízes que tocam a dimensão religiosa; e o faremos a partir da
cultura religiosa em que estamos inseridos, por meio das Sagradas Escrituras
judaico-cristãs.
1. O sentido da palavra “paz” na
cultura religiosa judaica
O termo hebraico shalôm,
traduzido da literatura judaica por “paz”, tem profundo significado. A “paz”
nos Textos Sagrados da cultura judaica não é um pacto que possibilita uma vida
tranqüila, nem o tempo da paz por oposição ao tempo da guerra... Não é mera
pacividade; nada tem de semelhança com a chamada “paz de cemitério”; também não
é simples ausência de crise...
Shalôm deriva
de um radical que, conforme sua maneira de ser empregado, pode significar o
fato de completar ou concluir um trabalho, por exemplo, completar a construção
de uma casa (1Rs 9,25); o ato de restabelecer as coisas em seu antigo estado,
em sua integridade, por exemplo, “apaziguar” um credor ao pagar o débito de uma
transação comercial (Ex 21,34), ou cumprir os votos a Deus (Sl 50,14).
Nessa perspectiva, podemos
afirmar que shalôm é uma palavra que contém a idéia de
perfeição e completude, situação em que tudo é perfeito. Designa o bem-estar da
vida cotidiana, o estado do ser humano em que se vive em harmonia consigo mesmo,
com o outro, com a comunidade, com o ecossistema em que tal comunidade está
inserida e com o Deus Eterno. Quando irromper o novo tempo, o Messias esperado
é chamado pelo Profeta Isaías de Príncipe da Paz: “Um menino nos nasceu, um
filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este
nome: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (Is
9,5s).
Por aí dá para se entender
porque nos Textos Sagrados da cultura religiosa judaica o termo apareça como
saudação e como expressão de bons desejos. Não é só uma mera saudação habitual,
como por exemplo “bom dia”, “até logo”. Shalôm soa como uma
bênção, algo tão maravilhoso que só pode vir diretamente do poder de Deus. O
povo de Deus já entoava em salmos: “Iahweh dá força ao seu povo, Iahweh abençoa
seu povo com paz” (Sl 29,11). De fato, o Deus da Bíblia é concebido como o
“Deus da Paz”. Por exemplo, em Js 6,24, o altar de Gedeão era chamado
“Iahweh-Shalom”, que significa “Iahweh é Paz”. Shalôm é,
portanto, uma saudação impregnada de bênção escatológica, uma vez que contempla
um dos mais profundos desejos humanos: vida com dignidade e bem-estar.
Na literatura profética da
cultura religiosa judaica, já está presente uma intuição profunda: “O fruto da
justiça será a paz, e a obra da justiça consistirá na tranqüilidade e na
segurança para sempre” (Is 32,18). Aos poucos vai se formando a compreensão de
que a paz de Iahweh Shalom é para ser construída por seus fiéis, na sociedade e
no contexto histórico do tempo presente. Por aí se entende porque os profetas
de Israel foram contundentes na crítica a todo comportamento social que se
afasta da vontade desse Deus da Paz.
Na literatura profética, bem
como em toda literatura religiosa judaica, a prática da justiça social é, sem
dúvida, uma das prioridades entre as exigências do Deus de Israel, o Deus da
Paz. O termo “justiça”, em hebraico sedaqah, não corresponde a uma
troca de alguma coisa por outra de igual valor. Na perspectiva na literatura
religiosa judaica, é algo que se estende além das relações humanas, atingindo
ao sentido da própria existência humana: Pela justiça, a harmonia se expande
entre as diversas criaturas de Iahweh; ela é promessa de vida e abundância,
elementos constitutivos da essência deShalôm. A injustiça rompe a
unidade da obra criadora: introduz o caos no mundo e a desordem na sociedade,
induzindo naturalmente à morte.
Vejamos, então, o tema da Paz,
fruto da Justiça Social, em alguns desses profetas de Israel, tais como Amós,
Miquéias e Isaías.
Amós, o
primeiro profeta que temos conhecimento por meio da escrita, que atuou por
volta de 760 a 750 a.C., em Israel (Reino do Norte), foi porta-voz da cólera
divina por quem despreza o direito e escarneia da prática da justiça. Por isso
o profeta denuncia a hipocrisia de um culto a Iahweh-Shalom hipócrita,
desmentido diariamente pela prática daquilo que não corresponde à vontade
divina:
“Ai dos que transformam o
direito em veneno e atiram a justiça por terra... Eu detesto e desprezo as
festas de vocês... tenho horror dessas reuniões litúrgicas... Longe de mim o
barulho de seus cânticos, nem quero ouvir a música de suas liras. Eu quero,
isto sim, é ver brotar o direito como água e correr a justiça como riacho que
não seca” (5,7.21-24).
Desse modo, Amós critica
duramente a quem se ilude pensando satisfazer ao Deus da Paz apenas
participando de cultos religiosos. Louvar a Deus é importante para alimentar a
fé no aspecto pessoal e coletivo, mas essa prática cultual deve estar expressa
no cotidiano pela prática do direito e da justiça, fundamentos da Paz Social.
Miquéias (que
exerceu sua atividade profética em fins do século VIII a.C.) lembra que é
impossível haver paz social enquanto se mantém a exploração econômica,
empobrecendo e marginalizando socialmente grande parte da população. Ele
denuncia o comércio com que se enriquece a classe dominante (“casa do ímpio”,
ou seja, de quem não faz a vontade de Deus); isso terá como conseqüência
profunda instabilidade social e conseqüente ausência de paz:
“Acaso posso tolerar a casa do
ímpio com seus tesouros ganhos injustamente, com sua medidas falsificadas e
detestáveis: Acaso devo desculpar balanças viciadas, sacolas cheias de pesos
adulterados? Os ricos prosperam com a exploração, os seus habitantes só falam mentiras
e têm na boca uma língua mentirosa... Você comerá, mas não matará a fome; e a
fome será a sua companheira. Você guardará, mas não poderá conservar; a sua
reserva, eu a entregarei aos inimigos. Você plantará,mas não colherá; esmagará
azeitonas, mas não se ungirá com azeite; pisará uvas, mas não beberá vinho...” (Mq
6,9-16)
A instabilidade nas relações
sociais, a violência generalizada que amedronta todas as camadas sociais é, de
algum modo, já concebida pelo profeta como conseqüência das relações sociais
corrompidas pela prática da injustiça e da não observância do direito: “A terra
será um lugar abandonado, por causa de seus moradores, como fruto de suas más
ações” (Mq 7,13).
Isaáis, profeta
que viveu no século VIII a.C. e desencadeou uma verdadeira escola inspirada em
seu espírito profético, deixa claro que é possível construir a Paz Social por
meio da urgente mudança de comportamento pessoal, aquilo que numa linguagem
religiosa chamamos de conversão:
“Lavem-se, purifiquem-se, tirem
da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a
fazer o bem; busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão,
defendam a causa da viúva...”(Is 1,16-17).
Para o profeta, uma vida com
fartura e dignidade, em pleno gozo da Paz, é conseqüência da opção de observar
os conselhos de uma vida fundamentada na prática do direito e da justiça. Cabe
ao ser humano, no seu livre arbítrio, seguir ou não ao projeto do Deus da Paz.
Na concepção da escola do
profeta Isaías, a opção em observar a vontade de Deus concretiza uma aliança
indispensável para instaurar um reinado de paz em meio aos grandes desafios da
história:
“Como são belos sobre os montes
os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que apregoa a
vitória, que diz a Sião: ‘Já reina o teu Deus’”(Is
52,7).
Os “pés do mensageiro” cheios de
calos e feridas, sujos da poeira da estrada, são “belos” na poética do profeta.
A razão é que tal mensageiro anuncia uma grande novidade: a reconstrução de um
povo que deseja se por sob o reinado de Deus, em tempos de paz.
Esse reinado do Deus da Paz é
projetado com grande apoteose para o futuro. Em Is 65,17-25 é o próprio Deus
quem promete um tempo novo de alegria e paz, em que as pessoas finalmente
poderão viver com dignidade, em todos os estágios da vida, desde a infância à
terceira idade:
“Vejam! Eu vou criar um novo céu
e uma nova terra. As coisas antigas nunca mais serão lembradas, nunca mais
voltarão ao pensamento. Por isso fiquem para sempre alegres e contentes, por
causa do que vou criar. Farei de Jerusalém uma alegria, e de seu povo um
regozijo... E nunca mais se ouvirá choro ou clamor. Aí não haverá mais crianças
que vivam alguns dias apenas, nem velhos que não cheguem a completar seus dias,
pois será ainda jovem quem morrer com cem anos... Construirão casas e nelas
habitarão, plantarão vinhas e comerão seus frutos... Ninguém trabalhará
inutilmente, ninguém gerará filhos que morram antes do tempo... Antes que me
invoquem eu responderei, quando começarem a falar, eu já estarei atendendo... O
lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão comerá capim junto com o boi...”
Desse modo, podemos afirmar que
na literatura profética de Israel já havia a consciência de que a Paz é
conseqüência da prática da Justiça Social: ter uma terra fecunda para plantar e
colher os frutos para ter a mesa farta e comer até se saciar; habitar em
segurança, sem medo de inimigos; dormir sem temor, com as portas abertas; não
ter inimigos; multiplicar-se na face da terra, podendo passar por todas as
etapas da vida, da fase de criança à terceira idade... E tudo isso porque o
Deus da Paz está reinando no meio do seu povo (Lv 26,1-13).
Longe de ser simples ausência de
guerra, Shalom é vida em plenitude, na presença de Deus. De
fato, como são belos os pés do mensageiro que anuncia esse novo tempo de paz...
Nessa perspectiva poética e profética, podemos afirmar com Isaías: Como são
belos os pés de quem anuncia a Boa Notícia do Reinado do Deus da Paz...
RAÍZES RELIGIOSAS DA PALAVRA “PAZ” (Parte 2)
Um olhar a partir das Sagradas Escrituras Judaico-Cristãs
Um olhar a partir das Sagradas Escrituras Judaico-Cristãs
de João Luiz Correia Júnior
O sentido da palavra “paz” nos
textos fundadores da religião cristã
Nos Textos Sagrados do Cristianismo (Segundo Testamento da Bíblia), o termo que
traduzimos por “Paz” é a palavra grega Irene.
O termo não tem nada a ver com o sentido da palavra romana “Pax”. Procura
guardar o sentido do termo hebraico Shalôm,
usado nas Sagradas Escrituras Judaicas.[1] Assim, vejamos...
No Evangelho de Paulo
Nas Cartas Paulinas, Irene guarda o sentido judaico de Shalôm. Não se trata da
propalada “Pax et Securitas” romana, propaganda ideológica de que onde o
Império domina há paz e segurança.
Já em 63 a.C., Pompeu invadiu a
Judéia sob a bandeira da “paz e segurança”... Mas essa ideologia foi,
sobretudo, uma realização do Imperador Augusto.
Augusto (Venerável) é um título
conferido pelo Senado Romano, em 27 a.C., ao Imperador, cujo nome de origem era
Caio Otávio. Ele era sobrinho de Caio Júlio César. Quando César o adotou como
seu herdeiro, tomou o nome de Caio Júlio César Otaviano. Nas guerras civis que
se seguiram ao assassinato de César em 44 a.C., Otaviano triunfou finalmente em
31 a.C., e governou Roma até sua morte, em 14 d.C. Ele recusou o título
de rei, mas governou mediante o controle do Senado e mantendo em suas mãos as
funções de tribuno e procônsul das províncias onde as legiões estavam
estabelecidas... Todos os imperadores posteriores conservaram o título de
Augusto.[2]
Com poder concentrado em suas mãos,
o Imperador realiza uma série de reformas, adequando Roma à sua nova condição
de Estado mundial. Começa um grande processo de urbanização por todo o Império,
forma mais adequada à instalação das estruturas de dominação. Roma instaura a
ideologia de que, com a dominação romana, surge uma idade áurea de paz e
segurança.
Desse modo, o imperador celebrava
uma paz assegurada pela vitória, uma vez que a “Pax” romana era em geral
imposta aos povos mediante a guerra. Augusto “pacificou” a Gália, Espanha,
Alemanha, Etiópia, Arábia e Egito pela força das armas. Em toda parte que o
Império fincava suas garras, fixava-se uma cláusula de paz e segurança para
justificar a perda de autonomia do desgraçado povo conquistado, e compensar os
terrores iniciais da dominação... Por meio dessa ideologia, o poder romano
garantia o grau elevado de exploração que se dispunha manter...[3]
Paulo repudia duramente essa mensagem de “paz e segurança”, propaganda
ideológica do Império, situando-a do lado das trevas, símbolo do mal e da
morte... É o que lemos numa das últimas advertências da Carta aos
Tessalonicenses:
“Quando as pessoas disserem:
‘Estamos em paz e segurança’, então de repente a ruína cairá sobre elas, como
dores do parto para a mulher grávida, e não poderão escapar. Mas vocês, irmãos,
não vivem em trevas, de tal modo que esse dia possa surpreendê-los como um
ladrão. Porque todos vocês são filhos da luz e filhos do dia. Não somos da
noite nem das trevas. Portanto, não fiquemos dormindo como os outros. Estejamos
acordados e sóbrios” (1Ts 5,3-6).
Essa advertência à comunidade cristã
é pedagogicamente voltada para a desalienação contra a ideologia dominante.
Para Paulo, os discípulos e discípulas de Jesus não podem compactuar com a
ideologia das trevas, pois são filhos e filhas da “luz”. Como tal, têm de estar
“acordados e sóbrios”, isto é, com consciência clara para discernir sobre o que
está acontecendo no cenário político e social do contexto presente, e optarem
pela fidelidade ao compromisso com a causa da vida[D1].
A motivação para resistir à falsa
paz do império, segundo Paulo, não poderia ser outra, senão o próprio Jesus,
“nosso Kyrios”, isto é,
“Senhor” dos que, tal como o Apóstolo, seguem Jesus, o único que nos dá paz e
segurança, estejamos “acordados ou dormindo”. Temos aqui uma contraposição ao
Kyrios do mundo: Augusto. Vejamos o texto:
“Pois Deus não nos destinou à sua
ira, e sim para a salvação através de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual morreu
por nós a fim de que, acordados ou dormindo, fiquemos unidos a ele. Portanto,
consolem-se mutuamente e ajudem-se uns aos outros a crescer, como aliás vocês
já estão fazendo” (1Ts 5,9-11).
Além da fé unicamente no Senhor
Jesus, contrapondo a fé no Senhor da terra, Paulo sugere a vida comunitária
como uma excelente forma de resistência ao poder do Império: “consolem-se
mutuamente e ajudem-se uns aos outros”.
Segundo Paulo, as orientações
práticas para a vida comunitária, orientam na direção dos fundamentos para a
construção da verdadeira Paz. Tais fundamentos espelham-se na prática de Jesus.
Exemplo disso está no belo canto
cristológico, provavelmente usado nas celebrações das primeiras comunidades
cristãs e recuperado por Paulo na Carta aos Filipenses. Lemos, como introdução,
a seguinte proposta: “Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus
Cristo” (Fl 2,5), isto é, os mesmos sentimentos que motivaram Jesus ao
“esvaziamento de si mesmo”, abrindo mão de todos os seus privilégios.
Para quem vive no contexto do
Império, como os cristãos da comunidade de Filipos, esse “esvaziar-se” de si
significa abrir mão dos privilégios de pertencer ao politeuma judaico (3,4-11)
e também renunciar aos privilégios da cidadania romana. “Num tempo em que Roma
reconhecia oficialmente o direito dos judeus, único no império, de honrar a
César com preces ao seu próprio Deus solitário em seu favor, Paulo urge
firmemente aos filipenses (e a outras comunidades) a resistirem àqueles –
provavelmente gentios convertidos ao cristianismo – que advogavam a camuflagem
protetora de um modo judaizante de vida”[4].
Rompendo com a ideologia do Império,
cujo grande sonho das pessoas consiste em dominar os outros como senhor de
muitos servos, e cujo fundamento está sintetizado na práxis da violência
disfarçada de paz, a proposta de Paulo consiste numa contra-ideologia
dominante, que consiste concretamente no esvaziar-se de si mesmo, assumindo a
condição do serviço solidário, segundo o paradigma Jesus, que “assumiu a
condição de servo” (Fl 2,7).
Por meio do serviço solidário, em
que todos são iguais no serviço, seja qual for o tipo de serviço, as
comunidades cristãs são chamadas a dar excelente exemplo. Nessa linha de
reflexão, por meio da metáfora do corpo aplicado à vida comunitária, Paulo
sugere que é possível manter a unidade, isto é, a Paz entre as pessoas, desde
que cada qual se disponha a servir, na diversidade dos serviços prestados para
o bem comum. Nisso está o alicerce da verdadeira Paz Social, única capaz de
construir a Justiça Social tão sonhada pelos profetas de Israel. A Paz
comunitária, segundo o paradigma cristão tem, portanto, seus fundamentos na
solidariedade por meio do serviço (1Cor 12,12-31).
Nessa perspectiva, podemos
compreender porque Paulo, logo em seguida, coloca o tão conhecido hino ao Amor
(1Cor 13,4-7), como que para dizer que o Amor é o cimento que dá consistência
ao alicerce do serviço solidário, sem o qual não pode haver Paz:
“O amor é paciente, o amor é
prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz
de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda
rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”
Nos Evangelhos, Jesus é apresentado
como alguém que promove a Paz pelo serviço solidário em prol da promoção da
vida. E o faz não só por meio de suas sábias palavras de orientação mas,
sobretudo, por suas ações solidárias. Não é paz de aparências, fundamentada no
medo do poder bélico militar dos que detêm o poder, ou em sua propaganda de que
em toda parte temossegurança...
Em sintonia com a literatura
religiosa judaica, que apresenta o Deus de Israel como aquele que liberta de
toda situação de opressão, miséria e escravidão (Ex 3,7-8), causadora de
sofrimento e promotora da violência generalizada em todas as camadas sociais,
os Evangelhos Sinóticos apresentam Jesus como aquele que vem restaurar o
reinado desse Deus na história, promovendo bem estar social e paz não só para o
povo de Israel, mas para todos os povos. Assim, vejamos...
O Evangelho de Marcos.
O contexto em que
surgiu o texto de Marcos não promovia a paz social e, conseqüentemente, também
não era promotora de paz pessoal, justamente porque produzia muita gente
socialmente desenraizada, prestes a deixar seu domicílio e a vida regular. As
condições sócio-econômicas do contexto de Marcos estavam ainda mais deterioradas,
do que aquelas do tempo de Jesus. Especialmente na década anterior aos levantes
da guerra romano-judaica (período que mais ou menos corresponde ao da redação
do Evangelho), a deterioração econômica e política deixou em extrema pobreza
partes significativas da população palestinense, principalmente nas áreas
rurais. E, como parte inseparável do ciclo de pobreza, a doença e a
incapacidade física se fizeram sentir mais fortemente. Para o trabalhador
diarista, a conseqüência disso era imediata: desemprego e empobrecimento ainda
maior. Com isso, só fazia aumentar o número daquelas pessoas que engrossavam as
“fileiras” das multidões, verdadeiro “exército” de excluídos(as) sociais.[5]
Em muitas narrativas
do Evangelho de Marcos Jesus age em prol da Paz, na medida em que resgata vidas
humanas excluídas, desse contexto violento, promotor de miséria e morte. E o
faz de forma corajosa: em pleno contexto de dominação dos aliados do Império Romano,
promotor da “Pax” romana:
“Depois que João
Batista foi preso[6],
Jesus voltou para a Galiléia, pregando a Boa Notícia de Deus. O tempo já se
cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa
Notícia” (Mc 1,14-15).
“...Levavam a Jesus
todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio.A cidade inteira se
reuniu na frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de vários tipos de
doença... (Mc 1,32-34).
De fato, em Marcos, os
relatos de milagres são muitos. Salientam a necessidade de se promover a Paz
por meio de ações concretas que, primeiro, resgatem as pessoas da goela da
morte. Inaugura-se, desse modo, o tão esperado tempo messiânico (como vimos
anteriormente quando refletimos sobre os textos do Profeta Isaías). Tais
relatos aparecem como uma forma de promover a paz, por meio do compromisso real
com o projeto do Deus da Vida. Sem dúvida, Jesus promove a “Paz” ao restaurar
vidas. Por isso, costumava dizer às pessoas curadas: “Vai em PAZ e permanece curada de
tua doença” (Mc 5,34).
O Evangelho de Mateus
Para o evangelista Mateus, que dialoga o
tempo todo com a cultura judaica, Jesus é apresentado como o presente do povo
de Israel para todos os povos. Um menino, criança, símbolo por excelência do
ser humano sem poder, é apresentado às nações pelo cosmos (representado pela
estrela guia) como aquele que merece realmente ser adorado, Jesus, o Rei dos
Judeus, o promotor da Paz verdadeira, numa possível referência que contrapõe ao
Senhor de Todos os povos, o Imperador Romano, promotor da paz de aparências.
Nessa perspectiva, a presença dos magos (cf. Mt 2,1-23) simboliza a
participação de todos os povos, incluídos na Boa Nova do amor de Deus
manifestado em Jesus.
Jesus lembra que as
pessoas comprometidas com a paz serão consideradas filhas e filhos do Deus da
Paz, numa profunda coerência com o Primeiro Testamento da Bíblia. É o que está
contemplado no Sermão da Montanha, mais especificamente no trecho das
Bem-Aventuranças (Mt 5,9): “Felizes os que promovem a paz: eles serão chamados
de filhos de Deus (Mt 5,9).
O Evangelho de Lucas
No Evangelho de Lucas, quando uma multidão do exército
celeste (símbolo do poder de Deus) aparece a humildes pastores da Galiléia
(símbolo da humanidade vitimada pela exclusão social promovida pelo poderio
bélico militar do Império Romano), proclama num coro grandioso “Glória a Deus
no alto, e na terra paz às pessoas que ele ama!”. O motivo é o nascimento de
Jesus de Nazaré. O dom da “Paz” será finalmente oferecido às pessoas que Deus
ama (as vítimas da violência, as pessoas impossibilitadas de viver em paz por estarem
em situação de exclusão social).
O nascimento de Jesus
é, nessa perspectiva, a presença viva da “Paz”, uma vez que Jesus encarna, por
meio de suas palavras, comportamentos e atitudes, o Deus da Paz. Em sua missão
no norte da Palestina, região de muitos latifúndios e, conseqüentemente, de
muita exclusão social de famílias e comunidades inteiras que simplesmente
sobram no sistema econômico vigente, condenadas a não ser.
Não é sem razão que os
discípulos e discípulas de Jesus costumavam, influenciados por Jesus, saudar
com a Paz. A saudação, nesse contexto, é uma palavra de poder, que comunica
algo do dinamismo das palavras de Jesus: quando houver recusa em aceitar a paz,
a paz transmitida retorna a quem pronuncia a saudação (Lc 10,5).
No Evangelho
de João
Os capítulos 13 a 17
do Evangelho de João formam uma unidade, dentro do contexto da Páscoa, em que
Jesus faz a última ceia com seu discipulado, antes de ser entregue. A Páscoa
judaica e a Páscoa nova de Jesus são a moldura ideal dessa unidade, na qual
temos uma espécie de testamento espiritual do Mestre, num discurso de
despedida.
No meio desse
discurso, Jesus deixa a sua Paz para as pessoas que o acompanham em sua missão:
“Eu vos deixo para
vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz
que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo”. (Jo 14,27).
Essa “Paz” que Jesus
transmite ao seu discipulado é como que uma síntese de tudo o que realizou,
satisfazendo a vontade do Pai. Jesus deixa como testamento a sua Paz para quem
se habilita a participar de sua luta vitoriosa sobre as forças deste mundo. Trata-se
de uma Paz que o mundo desconhece, isto é, que nada tem a ver com “Pax” romana,
paz de aparências. A Paz que Jesus dá é algo que brota do mais profundo de uma
vida que soube testemunhar a vontade do Deus da Paz.
Conclusão
Pelo apresentado
exposto, podemos inferir que a cultura religiosa judaico-cristã, em sua origem,
inspirou uma mística que, ao longo dos séculos, tem ajudado mulheres e homens a
encontrarem sentido na vida ao se empenharem na promoção da Paz.
Ser uma pessoa mística
não significa tão somente desenvolver as faculdades espirituais da
sensibilidade, da inteligência, da vontade e do coração. Trata-se de entender,
orientar e alimentar a vida a partir do Espírito de Deus, Espírito de Amor que
tudo anima com seu toque vital, o mesmo que animou Jesus de Nazaré daquela
intencionalidade, vigor, exuberância, atitudes, práticas, que caracterizaram a
sua vida, paixão, morte e ressurreição.
O sentido da palavra
“mística” está bem apresentado no “Dicionário de Conceitos Fundamentais de
Teologia”, da Paulus[7]:
Etimologicamente, mística provém do
grego myô. Este verbo
significa o procedimento de fechar os olhos e olhar para o interior. Daí se
deriva, sobretudo, o tipo de mística do mergulho no divino. Constata-se,
ademais, historicamente, uma associação lingüística e uma conexão objetiva com
os cultos mistéricos: myéô significa iniciar-se nos mistérios.Mystês,
era, portanto, o iniciado nos mistérios.
A Mística nasce da necessidade
humana de sentido para a vida ou como busca de respostas às questões
primordiais da existência. Mística é, então, maneira de fazer com que este
sentido tome forma como experiência ou que a pessoa se aproxime do sentido de maneira
perceptível. Dois elementos fundamentais caracterizam a Mística:
a) a expressão objetiva dessa
experiência no pensamento e no sentimento, na vivência e no estilo de vida
(comportamento);
b) a experiência subjetiva, pessoal,
intransferível, por meio de visões, êxtase e profecias, contemplação, como
também asceses especiais altamente exigente ou estilo de vida extraordinário.
Na Mística, o centro de todos os
fenômenos ordinários e extraordinários é a visão extática: o ser humano é
arrebatado acima de si e “percebe” (do latim experiri)
que com ele está presente mais do que ele próprio.
Na Mística Cristã, essa experiência
leva ao Cristo encarnado, isto é, à pessoa de Jesus de Nazaré. O Crucificado
(mística da paixão) e o Ressuscitado (mística da luz) são parte dela. Mística
Cristã é, pois, a experiência de Jesus Cristo.
A mística cristã não é esotérica (ou
o é apenas em sentido relativo); se ela está presente aí no sentido da visão
extática, não o evidenciam a intensidade da percepção ou sentimento nem outras
formas de fenômeno extraordinário, mas a mudança da vida prática (metanóia, conversão). Sem conversão prática
não há mística cristã.
A mística que promove
a paz, “mística da paz”, é um modo de vida, um jeito de viver a Espiritualidade
Judaico-Cristã, tão bem expressa nas Sagradas Escrituras dessas duas Religiões.
Por meio dela, muitas pessoas testemunharam, ao longo dos séculos, de que é
possível assumir o desafio do tempo presente, buscando inspiração no Espírito
de Amor que é a essência do Deus da Paz. Tal mística procura dinamizar a
potência divina que cada ser humano carrega em si mesmo, com o intuito de
interferir positivamente / amorosamente em prol da vida, como co-responsável
pela Criação de Deus. Essa é a vocação primeira de todos nós[8].
É urgente, portanto,
cultivarmos o trigo precioso da mística da paz que, como vimos, estava tão
presente nas raízes da cultura religiosa judaico-cristã. Pena que, ao longo dos
séculos, o joio da cultura da violência tenha crescido tanto. Mas, não desanimemos.
Ainda há tempo de promover a paz...
Bibliografia
BEOZZO, José Oscar.
Apresentação. In: Dom Helder Câmara: obras completas: v. 1, Vaticano II –
Correspondência conciliar – Circulares à família do São Joaquim, 1962-1964.
Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2004.
BOFF, Leonardo. A vida segundo o espírito.
Petrópolis: Vozes, 1982.
CONIC – Conselho Nacional das
Igrejas Cristãs no Brasil. Solidariedade e Paz: texto-base CF-2005 Ecumênica.
São Paulo: Salesiana, 2005.
CORREIA Jr., João Luiz. O poder de
Deus em Jesus: um estudo de duas narrativas de milagres em Mc 5,21-43. São
Paulo: Paulinas, 2000.
ELLIOTT, Neil. Libertando Paulo: a
justiça de Deus e a política do apóstolo. São Paulo: Paulus, 1998.
LECLERC, Eloi. Francisco de Assis: o
retorno ao evangelho. Petrópolis: Vozes, 1983.
LÉON-DUFOUR, Xavier. Vocabulário de
Teologia Bíblica. Petrópolis: Vozes, 1972, verbete “Paz”.
MACKENZIE, John L. Dicionário
Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1984.
MARQUES, Luiz Carlos
Luz (Org.).. Introdução geral às circulares conciliares. In: Dom Helder
Câmara: obras completas: v. 1, Vaticano II – Correspondência conciliar –
Circulares à família do São Joaquim, 1962-1964. Recife: Ed. Universitária da
UFPE, 2004.
MIETH, Dietmar. Verbete “Mística”. In: Dicionário
de Conceitos Fundamentais de Teologia. São Paulo: Paulus, 1999.
[1] Há algumas exceções, como o dito de
Jesus segundo o qual ele “não veio para trazer a paz, mas a espada” (Mt
10,34; Lc 12,51).
[2] MACKENZIE, John L. Dicionário Bíblico.
São Paulo: Paulinas, 1984, p. 97, Verbete “Augusto”.
[3] ELLIOTT, Neil. Libertando Paulo: a
justiça de Deus e a política do apóstolo. São Paulo: Paulus, 1998, pp. 243-244.
[4] ELLIOTT; op.cit. p. 258.
[5] CORREIA Jr., João Luiz. O poder de
Deus em Jesus: um estudo de duas narrativas de milagres em Mc 5,21-43. São
Paulo: Paulinas, 2000, pp. 96-97.
[6] O profeta João foi preso por Herodes
Antipas, o Grande, vassalo romano na Palestina. Como Herodes fora seguidor de
Antônio, o Imperador Augusto o confirmou como rei dos judeus. Governou de 37 a
4 aC.
[7] MIETH, Dietmar. Verbete “Mística”. In:
Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia. São Paulo: Paulus, 1999, pp.
564 –569.
[8] Gên 1:26
Paz, todos querem, poucos a buscam, alguns a encontram e milhares
desprezam...
Definição da palavra PAZ: Tranqüilidade, serenidade, situação de um país
que não está em guerra, sossego, descanso, silêncio.
Porém, PAZ em Hebraico é Shalom, denota muito mais que a ausência de
guerra e conflito.
O significado básico de Shalom é harmonia, plenitude, firmeza,
bem-estar e êxito em todas as áreas da vida como também paz entre os homens.
Paz em grego é Eirene que é tranqüilidade de coração e
mente baseada na convicção que esta tudo bem entre a alma do homem e o seu
criador.
Deus nos manda buscar Shalom que é a paz entre os homens.
(Romanos 12:18) – “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os
homens.”
(Hebreus 12:14) - “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém
verá o Senhor;”
(I Pedro 3:11) – “Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a.”
Todas estas passagens no original é Shalom, paz
entre os homens.
Deus criou o homem em plena paz e assim que o pecado entrou no mundo
essa paz foi interrompida. Adão e Eva tinham diariamente no Jardim do Éden, Shalom que é paz entre os homens e Eirene que é paz entre Deus e o homem, entre
o criador e a criatura.
Logo depois que Adão e Eva pecaram eles perderam a paz com Deus, Eirene, a ponto de se esconderem da
presença de Deus.
(Gênesis 3:9-10) – “E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele
disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.”
E uma vez que falta na vida do homem Eirene, paz
entre a alma do homem e o seu Criador, logo vai faltar Shalom, paz entre homem e homem. Observe
que Adão já acusou sua mulher, Eva, dizendo que a culpa não era dele. Temos aí,
o primeiro desentendimento conjugal, por falta de Shalom.
(Gênesis 3:12) – “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me
deu da árvore, e comi.”
A família de Adão não tinha Eirene, ou
seja, paz de Deus, a certeza de que tudo estava bem entre o homem e seu
Criador. Por falta desta paz faltou também Shalom e veja só, Caim, o filho mais velho de Adão, matou Abel seu irmão.
(Gênesis 4:8) – “E falou Caim com o seu
irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu
irmão Abel, e o matou.”
Mas Deus por amar muito o ser humano ele vai restaurar Shalom e Eirene através de Jesus Cristo.
(Isaías 9:6) – “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o
principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
(João 14:27) – “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o
mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”
(Romanos 5:1) – “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus,
por nosso Senhor Jesus Cristo;”
Chegamos à conclusão que todos que receberam a Jesus com seu Único,
Suficiente, Exclusivo e Eterno Salvador, terão na sua vida Eirene, paz com Deus, e Shalom, paz com todos os homens. Venha
ainda hoje na Paz e Vida e receba a Jesus, o PRÍNCIPE DA PAZ, como teu Salvador e toda a tua vida terá paz.
Shalom!
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