Quem
é a mulher vestida do sol, em Apocalipse 12?
Três personagens aparecem em Apocalipse 12: a mulher vestida do sol, o Dragão e o Menino. O catolicismo romano, desconsiderando o simbolismo profético dessa passagem, afirma que a mulher é Maria, mãe de Jesus. Alguns teólogos — ignorando o fato de a Igreja ter saído de Jesus (Mt 16.18), e não o inverso — têm afirmado que a mãe do Menino é a Igreja. Não há dúvida, à luz de um conjunto probatório, de que aquela mulher representa Israel.
Em Apocalipse 12.17 vemos que o Dragão (Satanás) fará guerra “ao resto da sua semente”, numa clara referência ao remanescente israelita que será protegido e absolvido por Deus, no fim da Grande Tribulação (Rm 9.27). A mulher está vestida do sol, que representa a graça e a glória do Senhor (Sl 84.11; Ml 4.2), pelas quais Israel foi envolvido desde a sua origem.
A mulher tem a lua debaixo dos pés, numa referência à supremacia de Israel como nação escolhida (Dt 7.6). E também tem uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. O que isso representa? Os patriarcas que deram origem às doze tribos formadoras do povo de Israel, incluindo José, são chamados de estrelas (Gn 37.9, ARA). Sol e lua, no sonho de José, aludem aos seus pais.
Observe que ela está grávida, com dores de parto, gritando com ânsias de dar à luz. O privilégio de ter sido escolhido como a nação do surgimento do Messias (Jo 1.11,12) trouxe — e trará — a Israel experiências dolorosas (Is 26.17). Quanto ao Dragão, não pode ser outro, a não ser o Diabo (Ap 20.2, ARA).
O Dragão é grande. Isso prova que o Inimigo, como “deus deste século” (2 Co 4.4), possui grande força (Lc 10.19). Ele é vermelho. Numa tradução literal, “avermelhado como fogo”, o que representa a sua atuação violenta e sanguinária no mundo (Ap 6.4; Jo 10.10). Essa cor também está associada ao pecado (Is 1.18).
Ele tem dez chifres, que se referem, à luz da Palavra profética, aos dez reinos que formarão a base do império do Anticristo (Ap 17.12; cf. Dn 7.24). E também possui sete cabeças com sete diademas, que dizem respeito à plena autoridade que exercerá sobre os reinos da Terra. A semelhança do Dragão com a Besta enfatiza que esta virá com o poder de Satanás: “o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (Ap 13.2).
Menciona-se também uma grande cauda. Isso alude à astúcia do Inimigo e ao seu baixo caráter (Is 9.15), ao levar consigo, no princípio, a terça parte dos anjos que não guardaram o seu principado (2 Pe 2.4; Jd v.6). Muitos hoje ficam impressionados com a facilidade que alguns falsos obreiros têm de “arrastar” multidões. Não nos esqueçamos de que o primeiro a fazer isso foi o próprio Diabo.
Em Apocalipse 12.4 está escrito que o Dragão parou diante da mulher, “para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”. Desde o princípio, o Inimigo tem lutado contra Israel, sabendo que por meio dessa nação o Senhor realizaria a redenção da humanidade. Mesmo assim, o Filho de Davi, o Filho de Abraão, o Unigênito do Pai (Mt 1.1; Jo 3.16), nasceu em Belém da Judeia (Mt 2.1), no tempo estabelecido pelo Deus soberano (Gl 4.4,5).
Alguns teólogos afirmam que o Filho da mulher vestida do sol representa a Igreja, ou os mártires, ou os 144.000 judeus selados durante a Grande Tribulação. Todavia, à luz de Salmos 2.9 e Apocalipse 2.27, não há dúvida de que o Menino é Jesus Cristo: “E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (Ap 12.5).
Foram muitas as tentativas do Dragão (Satanás), ao longo da História, de destruir a mulher vestida do sol (Israel), para que não desse à luz. Caim matou Abel, mas Sete deu continuidade à linhagem santa e piedosa, da qual sugiram os primeiros hebreus (Gn 4-12). Nos dias de Moisés, quando Faraó mandou matar os meninos israelitas, Deus preservou a muitos deles com vida, inclusive o próprio Moisés, que se tornou o libertador do povo de Israel (Êx 1).
O rei Saul tentou matar a Davi, pois o Diabo sabia que o Messias descenderia do trono davídico. Deus mais uma vez frustrou o plano maligno, preservando a vida de seu servo (1 Sm 18.10,11). Mais tarde, o Inimigo usou a rainha Atalia para matar os herdeiros do trono de Davi. Mas o futuro rei Joás foi escondido por sua tia, e, com apenas sete anos, assumiu o reino em Judá (2 Rs 11). Nos tempos do império medo-persa, o cruel Hamã convenceu o rei Assuero a exterminar, de uma vez por todas, “um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as do rei” (Et 3.8). Deus interveio, e o mal se voltou contra aquele “adversário e inimigo” de Israel (7.6-10).
Já no período neotestamentário, Herodes intentou matar Jesus, ainda em sua primeira infância. Mas o Todo-poderoso avisou os magos e José, o qual levou o Menino para o Egito (Mt 2). No deserto, Ele, já adulto, ao ser tentado pelo Inimigo, venceu-o por meio da repetição de uma poderosa declaração: “Está escrito” (4.1-11). Em Nazaré, numa nova tentativa de impedir que o Senhor chegasse à cruz, o Diabo procurou matá-lo. Milagrosamente, Ele escapou, “passando pelo meio deles” (Lc 4.17-30).
O Inimigo também exerceu influência psicológica sobre Pedro, levando-o à tentativa de induzir Jesus a desistir de sua obra redentora. No entanto, a resposta do Senhor a essa tentação foi contundente: “Para trás de mim, Satanás” (Mt 16.22,23). No Gólgota, finalmente — como o Diabo não conseguiu matar Jesus antes da cruz —, tentou, em vão, convencê-lo a descer do madeiro (Mt 27.40-42; Lc 23.39), pois temia o poder do sangue do Cordeiro (1 Pe 1.18,19; Hb 2.14,15). Ali, o Senhor deu o brado da vitória: “Está consumado” (Jo 19.30).
Mesmo depois de Jesus ter sido assunto ao Céu (At 1.9-11), a perseguição contra a mulher (Israel) continuou. E ela se intensificará na segunda metade da Grande Tribulação, quando o Diabo terá maior liberdade — permitida por Deus, evidentemente — para, através do Anticristo, atacar Israel: “Quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher [...] E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente” (Ap 12.13,15).
Na simbologia profética, águas representam reinos (Is 8.7; Ap 17.5). Isso mostra que os exércitos do Anticristo marcharão contra Israel (Ap 16.12,16). Mas o Espírito do Senhor arvorará contra o Inimigo a sua bandeira (Is 59.19). Ele protegerá o remanescente israelita (Ap 12.6). “E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente” (v.14). Essas asas de águia representam a direção de Deus (Êx 19.4), através da qual Israel será levado a um lugar seguro (cf. Sl 27.5; 91:1,4).
A mulher (Israel) também terá ajuda dos povos e nações a ela favoráveis, como vemos em Mateus 25.34-40 (parabolicamente) e em Apocalipse 12.16 (simbolicamente): “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca”. Por fim, o remanescente israelita será absolvido pelo Justo Juiz e estará seguro, enquanto o Inimigo ficará parado sobre a areia do mar sem poder prosseguir com seus intentos (Ap 12.16-18, ARA).
A MULHER VESTIDA DO SOL
E SEUS ADVERSÁRIOS
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara
Texto Áureo: “Edificarei
a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
Verdade Aplicada: Os últimos dias serão marcados por sinais e
prodígios de mentira...
Objetivos da Lição:
· Mostrar
que a igreja está envolta na luz de Deus.
· Insistir
em que a igreja use toda a armadura de Deus: Único meio de resistir no dia mau.
· Lembrar
que Satanás e os homens ímpios são poderosos, mas destinados à derrota.
Textos de Referência: Ap 12.1-5; 13.1,11
Introdução: A mulher de Apocalipse 12, que estudaremos
nesta lição, sempre teve por adversários ardilosos e ferozes, o dragão e a
Besta, mas, quando a sétima trombeta anunciar que “os reinos do mundo vieram a
ser de nosso Senhor e do Seu Cristo”, os inimigos tirarão a máscara e mostrarão
todo o seu furor e malícia contra a mulher. [...].
A lição anterior mostrou o interlúdio entre
a sexta trombeta e a sétima trombeta quando então João viu um “Anjo forte” que
descia do céu trazendo em sua mão um livrinho aberto. Aquele “Anjo forte”
notadamente é o Senhor Jesus Cristo que assevera então seu direito de governo
colocando o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra, sendo que o mar
pode ser visto como uma figura de linguagem para as nações, e a terra pode ser
vista como uma figura de linguagem para a nação de Israel (W. Malgo, 2000, p. 100). O texto de Ap 10 mostra assim, o retorno
de Jesus Cristo à terra quando então Ele reinará sobre todas as nações e
especificamente sobre Israel, a nação eleita de Deus, conforme Deus prometera
aos patriarcas da nação. O toque da sétima trombeta ecoa em Ap 11.15, sendo
então anunciado pelas vozes no céu a vinda do Reino Milenar de Jesus Cristo: “E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve
no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso
Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). O
Reino Milenar de Jesus Cristo, porém só se torna visível na terra a partir de
Ap 19.11, pois o mesmo é ainda precedido pelos três anos e meio finais da Grande
Tribulação, quando então os judeus sofrerão grande perseguição. O soar da
sétima trombeta é acompanhado por um louvor em ação de graças a Deus feito
pelos vinte e quatro anciãos (ver Ap 11.16,17), porém o seu toque desencadeia
também a ira das nações, e diante disto chega-se o tempo para a manifestação da
ira de Deus quando então Ele julgará aqueles que destroem a terra (ver Ap
11.18). Após acontecer o toque da sétima trombeta, João vê quando abre-se no
céu o templo de Deus, sendo então vista no templo a “arca do seu concerto” (ver
Ap 11.19). A visão da arca do concerto de Deus traz em memória a aliança de
Deus feita com o povo de Israel no monte Sinai, fato este que indica que apesar
do intento das nações de, em sua ira, perseguir e destruir a nação eleita de
Deus, seu intento não terá sucesso, pois Deus em sua fidelidade cumprirá todas
as suas promessas feitas aos patriarcas da nação de Israel, e desta forma,
Israel experimentará um futuro glorioso sob o reinado de Jesus Cristo, sendo
exatamente isto que é mostrado em Ap 12.1 no sinal que João vê no céu de “uma mulher vestida do sol, tendo a lua
debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça” (Ap 12.1).
1. A mulher e seu filho –
A identificação da mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés, uma
coroa de doze estrelas na cabeça e grávida de um filho varão, desperta a
imaginação dos leitores do Apocalipse. Confira as três interpretações mais
conhecidas.
No capítulo 12, João descreve um grande sinal no céu, sendo este uma
mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas
sobre a cabeça. Esta mulher simboliza a nação de Israel, para quem nascerá o
sol da justiça (ver Ml 4.2), e daí ela resplandecer vestida de luz (ver Is
60.1). A lua debaixo de seus pés indica que não por sua luz própria, pois a lua
não tem luz própria, ela reflete a luz do sol, mas refletindo a luz dAquele que
reina sobre si, a nação brilhará em meio às trevas que predominarão sobre a
terra no período da Grande Tribulação, e isto através dos judeus que estarão se
convertendo a Jesus e indicando, por conseqüência o caminho da salvação em
Cristo Jesus. A forma como a mulher é apresentada
traz também em memória o sonho de José, quando ele viu o sol, a lua e doze
estrelas que se prostravam diante dele (ver Gn 37.9,10). Esta analogia
contribui também para identificar a mulher como sendo uma simbologia da nação
de Israel, sendo as doze estrelas uma simbologia dos doze filhos de Jacó que
deram origem as doze tribos de Israel. Em Ap 12.2, João fala da mulher como que
estando “grávida e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar a luz”.
Em Ap 12.5, ele traz o relato quanto ao nascimento de seu filho, sendo este “um
varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi
arrebatado para Deus e para o seu trono”. Sem dúvida alguma, o texto de Ap
12.2,5, traz em memória a vinda de Jesus Cristo ao mundo, sendo que esta
aconteceu através da nação de Israel, a nação eleita por Deus para que assim
fosse e diante disto, a mulher vestida de sol, não pode representar nada mais
senão a nação de Israel. O texto traz também em memória a ascensão de Jesus
Cristo “para Deus e para o seu trono”, o qual, conforme diz Pedro em At 3.21 “convém
que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo”. Jesus Cristo,
porém voltará, sendo Ele com certeza, o varão que há de reger todas as nações
com vara de ferro e isto em seu futuro Reino Milenar a ser instalado sobre a
terra, após o período dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação.
Ap 12.16: “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio
que o dragão lançara da sua boca”.
Esta
interpretação não coaduna com o próprio livro de Apocalipse, pois no período da
Grande Tribulação a igreja fiel, a igreja invisível, já terá sido arrebatada;
existirá ainda uma igreja na terra, porém uma igreja apóstata, simbolizada em
Ap 17 pela meretriz Babilônia. Além disto, esta interpretação não coaduna
também com toda a palavra de Deus, pois Jesus não saiu da igreja, a igreja é
quem saiu de Jesus (ver Mt 16.18). Esta interpretação não seria compatível,
portanto com o texto “E deu à luz um
filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu
filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”, pois notadamente o
varão que há de reger todas as nações com vara de ferro é o Senhor Jesus
Cristo, o qual veio ao mundo através da nação de Israel e não através da
igreja, conforme já foi considerado no ponto 1.1.
2. O grande dragão vermelho – Uma das regras de interpretação da Bíblia
é que “a Bíblia interpreta a própria Bíblia”. O texto aponta para um “grande
dragão vermelho” (Ap 12.3). O texto diz que o “grande dragão” é Satanás, a
antiga serpente, chamada o diabo (Ap 12.9). Neste ponto da revelação, o dragão
(Satanás) é lançado fora das esferas celestiais para nunca mais voltar (Ap
12.8). Seu papel de acusador termina (Ap 12.10b). Ao ser destronado, Satanás
compreende que lhe resta pouco tempo e, com grande ira, sua única esperança é
organizar um exército para fazer guerra contra Jesus em sua segunda vinda. Essa
será a batalha do Armagedon (Ap 12.12,17; Ap 19.19). [...]
Em Ap 12.3, João relata a visão de outro sinal no céu, sendo este “um
grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as
cabeças sete diademas”. O dragão é uma referência a Satanás, o “querubim
ungido” que tendo caído do céu em sua rebelião contra Deus (ver Is 14.12; Ez
28.16), arrastou consigo um terço dos anjos, conforme fica subentendido em Ap
12.4a: “E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e
lançou-as sobre a terra”. As sete cabeças,
os dez chifres e os sete diademas com os quais o dragão é apresentado são
símbolos de poder terreno, o que indica a permissão que é dada a Satanás para
que ele exerça seu poder durante algum período de tempo e isto através dos
homens que exercem algum tipo de autoridade sobre a terra. Após relatar a queda
de Satanás em sua rebelião contra Deus e de um terço dos anjos (a terça parte
das estrelas do céu), em Ap 12.4b através do texto “E o dragão parou
diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe
tragasse o filho”, João traz em
memória todas as tentativas de Satanás de impedir a vinda do Redentor da
humanidade, o Messias de Israel. Para isto, Satanás utilizou-se em diversas
ocasiões dos homens a fim de que, por meio de suas más ações, ele tentasse
exterminar a semente santa conforme pode-se ver nos relatos desde a morte de
Abel até o momento do nascimento de Jesus, quando então Satanás usa Herodes
para tentar matar Jesus através da morte de todos os meninos de dois anos para
baixo em Belém e arredores (ver Mt 2.1-18). Todas as tentativas de Satanás,
porém foram em vão, e assim o Messias, “o varão que há de reger todas as
nações com vara de ferro” (Ap 12.5b), por meio da nação de Israel, vem ao
mundo, sendo Ele, depois de sua morte e ressurreição “arrebatado para Deus e
para o seu trono”, uma clara referência a ascensão de Jesus Cristo,
conforme já considerado no ponto 1.1.
Enquanto o texto
de Ap 12.2-5 relata os acontecimentos passados até o momento da ascensão de
Jesus, o texto de Ap 12.6-17 se refere ao período dos três anos e meio finais
da Grande Tribulação, sendo este um total de mil duzentos e sessenta dias
conforme descrito em Ap 12.6. João vê quando a “a mulher foge para o deserto”
linguagem esta que indica o período da Grande Tribulação como sendo
caracterizado por forte perseguição aos judeus, pois assim como as profecias
quanto a primeira vinda do Messias se cumpriram, também as profecias quanto a
sua segunda vinda para reinar em Israel se cumprirão. A tentativa de Satanás
será então de exterminar a nação de Israel, para que desta forma o Reino
Milenar de Jesus Cristo não venha se cumprir na terra. Deus, no entanto, estará
guardando “a mulher” durante todo este período, a fim de que todas as suas
promessas feitas aos patriarcas da nação de Israel venham a ter seu pleno
cumprimento. Em Ap 12.7, João
descreve uma batalha no céu, quando então “Miguel e os seus anjos batalhavam
contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos”. O dragão e seus
anjos não prevalecem nesta batalha, e não se achando mais o seu lugar nos céus,
“o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana
todo o mundo” (Ap 12.9) é precipitado na terra, e os seus anjos lançados
com ele (ver Ap 12.9). O relato de Ap
12.7-9 em conexão à fuga da “mulher” para o deserto permite concluir que será
ainda no período da Grande Tribulação que Satanás e seus anjos serão expulsos
das regiões celestiais onde eles ainda tem acesso (ver Jó 1.6,7; Ef 2.1;
6.11,12), numa batalha espiritual comandada pelo arcanjo Miguel, o anjo
guardião da nação de Israel (ver Dn 12.1). Com a expulsão de Satanás e seus
anjos das regiões celestiais, João ouve uma grande voz no céu aclamando a
chegada do Reino de Deus. Apesar disto, Satanás terá ainda um curto período de
tempo para agir, sendo este o período da Grande Tribulação antes da chegada do
Reino de Jesus Cristo sobre a terra. Em Ap 12.10, João identifica Satanás como
sendo o “acusador de nossos irmãos, [...] o qual diante do nosso Deus os
acusava de dia e de noite”. No versículo 11, João mostra o testemunho que
será dado por aqueles que estarão se convertendo a Jesus no período de Grande
Tribulação, pois apesar das ações malignas de Satanás, os crentes o vencerão
pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho, chegando até mesmo a
entregarem as suas vidas por amor a Jesus Cristo e à sua palavra. A voz ouvida
por João continua a se manifestar, convidando o céu e todos aqueles que nele
habitam a se alegrarem com a expulsão de Satanás das regiões celestiais. Neste
momento um “ai” é proferido (provavelmente o terceiro ai) em relação aos
habitantes na terra e no mar, “porque o diabo desceu a vós e tem grande ira,
sabendo que já tem pouco tempo” (Ap 12.12b).
2.3 As cabeças, os diademas e os chifres da
Besta
Este ponto é desnecessário aqui, pois o
mesmo se refere a Besta e não ao dragão, sendo o texto repetido de forma
idêntica no ponto 3.2.
3. Explicando Apocalipse com Apocalipse – Como entender o
significado de figura tão estranha como aquela que João, no capítulo treze, por
falta de outra palavra chama de a Besta [...]
3.1 O último império de Satanás na Terra, a
Besta que se levanta do mar – Ao ser derrotado por
Miguel (Ap 12.7,8) e lançado sobre a terra (Ap 12.12,17), o diabo se organizará
para vencer o resto da semente da mulher, e tentará manter o que ele pensa que
lhe sobrou: “a posse do Planeta”. No intuito de se estabelecer como Deus e ser
adorado pelos homens, buscará a união entre governantes e líderes mundiais e os
fortalecerá. Deste fortalecimento sobrenatural nascerá o último império do
‘homem valente’ (Mt 12.29). Mas terá pouca duração (Ap 17.12), pois o Cordeiro
o vencerá (Ap 17.14). [...]
3.2 As cabeças, os diademas e os chifres da
Besta – As sete
cabeças e os dez diademas significam a autoridade que o diabo exerceu e ainda
exercerá sobre os reinos da terra. Os dez chifres representam todos os reinos
que se formarão nos tempos finais e, que juntos com a Besta receberão o poder
(Ap 17.12) das mãos do dragão (Ap 13.4). A cabeça ferida de morte, e que
reviveu, é chamada de a Besta [...]
Conforme foi visto no ponto 2.0, será no período da Grande Tribulação
que Satanás e seus anjos serão expulsos das regiões celestiais. Satanás dará
então continuidade a perseguição “a mulher”, ou seja, à nação de Israel no
intuito de eliminá-la da face da terra (ver Ap 12.13). A nação, no entanto será
mantida, sendo que lhe será dada “duas asas de grande águia, para que voasse
para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e
metade de um tempo, fora da vista da serpente” (Ap 12.14). Esta linguagem
indica que pelo poder e direção de Deus, a nação será preservada durante os
três anos e meio finais (tempo, e tempos, e metade de um tempo) da Grande
Tribulação, sendo que o lugar onde a mesma será abrigada, segundo A. Gilberto (2003,
p. 130) será na região da Jordânia, sendo esta referida no Antigo
Testamento como Edom, Moabe e Amom, conforme descrito, por exemplo, em Dn
11.41. O diabo, porém não desistirá de seu intento, e assim ele lança da sua
boca atrás da mulher, “água como um rio, para que pela corrente a fizesse
arrebatar” (Ap 12.15). Segundo escreve W. Kelly (1989, p. 99), tal
figura de linguagem indica a ação de Satanás de, durante o período da Grande
Tribulação, tentar “sublevar aquelas nações que estão em completa
desorganização, para abater os judeus, - mas em vão!”. Em Ap 12.16, João
escreve “E terra ajudou a mulher; e a terra abriu a boca e tragou o rio que
o dragão lançara da sua boca” (Ap 12.16). W. Kelly (1989, p. 99) escreve
que “a terra” neste caso, se refere àquelas nações que neste período se
encontrarão sob um governo estável, ficando, portanto entendido que tais nações
estarão, durante a Grande Tribulação, prestando socorro à nação de Israel. O
fracasso de Satanás quanto a destruição da nação de Israel o leva a irar-se e
diante disto ele parte para fazer guerra ao resto da semente da mulher, neste
caso, aos judeus que estarão se convertendo a Jesus durante o período da Grande
Tribulação, sendo eles descritos em Ap 12.17 como sendo “os que guardam os
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo”.
Depois de trazer o relato quanto a visão da “mulher vestida do sol”,
quanto a tentativa do diabo de exterminar a semente santa, quanto a fuga da
mulher para o deserto e quanto a expulsão de Satanás e seus anjos das regiões
celestiais, João relata a visão que ele tem, quando então estando sobre a areia
do mar, ele vê “subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres,
e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmia”
(Ap 13.1). A Besta que sobe do mar é uma referência ao Anticristo cujo
surgimento foi visto em Ap 6.1, porém é na metade final da Grande Tribulação
que seu poder se intensificará, sendo isto demonstrado na figura de linguagem
“sete cabeças, dez chifres e dez diademas”. Em Ap 13.4, João fala do poder que
será dado ao Anticristo, sendo este proveniente do dragão, ou seja, do próprio
Satanás. No período da Grande Tribulação o Anticristo já estará exercendo forte
influência sobre todos os povos, tribos, línguas e nações de forma que ele será
visto por todos como alguém incomparável (ver Ap 13.4-6). O surgimento do
Anticristo encontra relação com o texto de Ap 12, no fato de que será através
dele que o diabo continuará sua perseguição à nação de Israel no intuito de
exterminar o povo judeu (ver Ap 13.7), para que desta forma, o Reino Milenar de
Jesus Cristo não venha a ser instalado na terra. É através também do Anticristo
que Satanás tentará ainda resistir para manter-se na posição por ele usurpada
desde que aconteceu a queda de Adão, e, além disto, através do Anticristo,
Satanás tentará também ser adorado como Deus (ver Ap 13.4,8). Em Ap 13.2, João
descreve a Besta como sendo semelhante ao leopardo, linguagem esta que lembra a
rapidez do Império Greco-Macedônio, seus pés como os de urso, linguagem esta
que lembra a extensão do Império Medo-Persa e sua boca como de leão, linguagem
esta que lembra a força do Império Babilônico. Esta descrição da Besta indica
que o império do Anticristo trará em si características dos três impérios que
antecederam o Império Romano por ocasião de seu primeiro domínio sobre a terra
(ver Dn 7.4-7), porém o texto de Ap 13.4, onde João fala de “uma de suas
cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra
se maravilhou após a besta”, permite, por inferência, identificar o império
do Anticristo como sendo o Império Romano restaurado, já que segundo explica W.
MacDonald (2008, p. 1009), esta figura de linguagem pode se referir a
forma imperial de governo do Império Romano que deixou de existir, ou seja, a
cabeça foi ferida com ferida mortal, porém a ferida mortal é curada, ou seja, o
império será restaurado sob a liderança do Anticristo, o que levará toda a
terra a maravilhar-se após ele.
Depois de descrever a primeira Besta, João tem outra visão onde ele vê
subir da terra outra Besta, sendo que esta tinha dois chifres semelhantes ao de
um cordeiro, o que indica sua pretensão de se assemelhar a Jesus Cristo; e,
além disto, esta Besta falava como o dragão, o que indica que sua ligação real
é com Satanás e não com Deus (ver Ap 13.11). A terra de onde surge a Besta é
uma simbologia das diversas religiões, onde o homem tenta, por meio de sua
religiosidade se justificar diante de Deus, assim como fez Caim quando então
ele tentou se apresentar diante de Deus através do fruto da terra, ou seja,
através do fruto da sua religiosidade, ou por assim dizer por meio de suas
obras, porém sem reconhecer a sua condição de pecador diante de Deus (cf. Gn
4.3-7). A figura linguagem “a besta que subiu da terra” indica, portanto que
esta segunda Besta será um líder religioso, um falso profeta, que por ocasião
da Grande Tribulação estará aliado ao Anticristo. João descreve o poder
desta segunda Besta como sendo como o da primeira, sendo que ela exercerá
Influência na terra para que seus habitantes adorem a primeira Besta, ou seja,
o Anticristo. A. Gilberto (2003, p.139) escreve acerca disto:
“O falso profeta
será, pois, um superlíder religioso. Pelos versículos 12
a 15 vê-se que ele promoverá uma religião universal em torno
da primeira besta. O movimento religioso do ecumenismo já está hoje bem
configurado por toda parte, visando unir todas as igrejas, aceitando pessoas de
todas as procedências religiosas, bastando que digam que crêem em
Deus. O palco, no momento já está armado, só faltando os atores
para o drama”.
Em Ap 13.13, João mostra que este líder religioso fará grandes sinais,
imitando o poder de Deus, sendo que seus sinais lembrarão aqueles demonstrados
pelo profeta Elias, já que foi através de Elias que fogo desceu do céu à vista
dos homens (cf. 2 Rs 1.10-13). Tais sinais conduzirão os homens ao engano a
ponto dos mesmos serem levados à idolatria em relação à primeira Besta, o que
os levará a fazerem uma imagem do Anticristo. No versículo 15, João vê que a
imagem da Besta será dotada de poder até mesmo para falar, sendo que serão
mortos todos os que não adorarem a imagem da Besta. Como em 2 Ts 2.3,4, Paulo
se refere ao homem do pecado, o filho da perdição “que se assentará, como
Deus, no Templo de Deus, querendo parecer Deus”, é de se supor que esta
imagem será inserida no Templo em Israel para ser adorada, sendo talvez este
fato que caracterizará a abominação da desolação referenciada por Daniel em Dn
11.31 e por Jesus em Mt 24.15, o que foi prefigurado na história por Antíoco
Epifânio quando este proibiu o ministério de sacrifícios judaicos no Templo,
levantou uma imagem ao deus Zeus em seu interior e além disto sacrificou um
porco no altar (N. Lieth, 2005, p. 17). Em Ap
13.16, João mostra a autoridade da segunda Besta, pois esta “faz que a
todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um
sinal na mão direita ou na testa”, ou seja, homens de diversas classes
sociais, todos deverão receber um sinal na mão direita ou na testa. Tal sinal
parece estar relacionado ao nome ou ao número do nome da Besta, sendo que
somente através deste sinal é que os homens poderão comprar ou vender. Em Ap
13.18, João fala do número da Besta, sendo este número de homem, o qual João
define como sendo o número seiscentos e sessenta e seis. Acerca da marca da
Besta, D. H. Stern (2008, p. 901) escreve:
“Alguns sugerem
que essa marca se refere a um sistema de cartão de identificação
computadorizada com um transmissor de identificação implantado na testa ou nas
mãos das pessoas ou algum outro sistema desenvolvido de tecnologia de ponta. A
marca, sem levar em consideração se essas especulações são verdadeiras ou
fantasiosas, aponta para um período de controle totalitário, por intermédio de
elementos religiosos, sobre a vida econômica".
Com relação ao número da Besta, D. H. Stern (2008, p. 902)
escreve:
“Aquele que
compreende deve calcular o número da besta, porque é o número de uma pessoa, e
seu número é 666. Essa frase suscita até mais especulação que a marca da besta.
Quem é a besta? Certas formas do nome do imperador romano Nero tem esse número;
além disso, um culto do século I esperava que ele fosse ressuscitado em 68 da
E.C. Sugeriu-se Napoleão e outros personagens históricos. Ademais, se alguém
usar outras línguas e manipular as correspondências numéricas então, como diz
George E. Ladd: ‘Quase tudo pode ser feito com esses números [...]. Se A = 100,
B = 101, C =
102, etc, o nome de Hitler totalizará 666” .
Por isso a sabedoria é necessária, para que a pessoa permaneça alerta e não
seja ludibriada. O número pode ser totalmente simbólico. O nome do Messias em
grego, Iêsous, soma 888; vê-se o 7 como o número perfeito; e a repetição tripla
simboliza o supremo absoluto (como em Isaías 6.3: ‘Santo, Santo, Santo é o
Senhor dos Exércitos’). Portanto, 888 quer dizer que Yeshua está, absoluta e
totalmente além da perfeição, enquanto 666 representa que, em todos os
aspectos, a besta fica aquém da perfeição e, por isso, é, absoluta e
totalmente, imperfeita e má”.
Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a
Ed., EETAD, Campinas, SP.
D. H. Stern, Comentário Judaico do Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Editora Atos, Belo Horizonte, MG.
Norberth Lieth; O Sermão Profético de Jesus, 2005, Actual Edições, Porto Alegre, RS.
Norberth Lieth; O Sermão Profético de Jesus, 2005, Actual Edições, Porto Alegre, RS.
W. Kelly, Estudos Sobre a Palavra de Deus – O Apocalipse, 1989, Depósito de Literatura Cristã,
Lisboa, Portugal.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular, 2008,
Mundo Cristão, São Paulo, SP.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo –
Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da
Meia Noite, Porto Alegre, RS
Fonte:
http://cirozibordi.blogspot.com.br
http://portadesiao.blogspot.com.br
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