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terça-feira, 11 de setembro de 2012

15-HERESIAS PRIMITIVAS


                                                                                                                        

                                                                                               


             Heresias primitivas



“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos antes de nós” (Ec 1.10)

Você sabia que o batismo pelos mortos foi uma heresia apregoada cerca de 1600 anos antes da “revelação” atribuída pelos mórmons a Joseph Smith Jr.? Esse é apenas um dos muitos desvios doutrinários que atravessaram séculos e foram incorporados pelas seitas pseudocristãs.

A “revelação”, baseada na necessidade de restaurar a igreja, e a rejeição ao Antigo Testamento surgiram na mesma época e fluíram dos ensinamentos de Márcion. Montano pregou que o fim do mundo ocorreria em sua geração e atribuiu a si o fato de iniciar e findar o ministério do Espírito Santo. Sabélio, com seu modalismo, foi outra fonte de distorções bíblicas que até hoje é disseminada entre os evangélicos. Ainda fazem parte desse grupo Mani, com sua doutrina reencarnacionista; Ário, que deturpou a natureza de Jesus ao apresentá-lo como um ser criado (gravíssimo engano sustentado pelas testemunhas de Jeová); Apolinário, que, ao contrário do antecedente, negou a humanidade de Cristo; Nestório, que ensinava a existência de duas pessoas distintas em Cristo; Pelágio, que, como os islâmicos e outros grupos religiosos, negava a doutrina do pecado original; e Eutíquio, que afirmava que a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela divina.

Como podemos inferir, as heresias combatidas pela igreja contemporânea foram enfrentadas pela igreja primitiva que, com muito esforço e com a ajuda de concílios e credos, conseguiu defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. Continuemos a defendê-la!

     
Márcion (95 - 165)

Informações indicam que Márcion nasceu em Sinope, no Ponto, Ásia Menor. Foi proprietário de navios, portanto, muito próspero. Aplicou sua vida à fé religiosa, primeiramente como cristão e, finalmente, ao desenvolvimento de congregações marcionitas.

Influente líder cristão, suas idéias o conduziram à exclusão, em 144 d.C. Então, formou uma escola gnóstica. Tendo uma mente prolífera, desenvolveu muitas idéias, as quais foram lançadas em uma obra apologética alvo de combate de apologistas, especialmente Tertuliano e Epifânio.

Procurou ter uma perspectiva paulina, contudo, incluiu muitas idéias próprias e conjecturas sem respaldo bíblico. Era convicto de uma missão pessoal: restaurar o puro evangelho. Antes, rejeitou o Antigo Testamento por achá-lo inútil e ultrapassado, além de afirmar que foi produzido por um deus inferior ao Deus do evangelho. Para Márcion, o cristianismo era totalmente independente do judaísmo; era uma nova revelação. Segundo ele, Cristo pegou o deus do Antigo Testamento de surpresa e este teve de entregar as chaves do inferno Àquele. Além disso, Cristo não era Deus, apenas uma emanação do filho de Deus. O único apóstolo fiel ao evangelho, segundo Márcion, fora Paulo, em detrimento dos demais apóstolos e evangelistas. Conseqüentemente, a Igreja primitiva havia desviado e, por isso, necessitava de uma restauração. Ainda segundo ele, o homem devia levar uma vida asceta, o casamento, embora legal, era aviltador.

Entre seus muitos ensinos, encontramos o batismo pelos mortos.

O cânon de Márcion restringia-se as dez epístolas de Paulo e a uma versão modificada do Evangelho de Lucas.

Gnosticismo

Nome derivado do termo grego gnosis, que significa “conhecimento”. Os gnósticos se transformaram em uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos. Segundo eles, esses conhecimentos tornavam-nos superiores aos cristãos comuns, que não tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias pagãs anteriores ao cristianismo que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia (Macedônia). Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influência na igreja.

A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual “bom”. A partir dele, surgiram sucessivos seres finitos (éons) até que um deles, Sofia, deu à luz a Demiurgo (Deus criador), que criou o mundo material “mau”, juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem.

Cristãos gnósticos, como Márcion e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material mais elevado. Cristo, embora parecesse ser homem, nunca assumiu um corpo; portanto, não foi sujeito às fraquezas e às emoções humanas.

Algumas evidências sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo surgiu na era apostólica e foi o tema de várias epístolas do Novo Testamento (1João, uma das epístolas pastorais). A maior polêmica contra os gnósticos apareceu, entretanto, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu, Tertuliano e Hipólito. O gnosticismo foi considerado um movimento herético pelos cristãos ortodoxos. Atualmente, é submetido a muitas pesquisas, devido às descobertas dos textos de Nag Hammadi, em 1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma influência do antigo gnosticismo (“Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, pp 175-6).

         Montano (120 - 180)

Por volta do ano 150 d.C., surgiu na Frígia um profeta chamado Montano que, junto com Prisca e Maximilia, se anunciou portador de uma nova revelação. Inicialmente, esse novo movimento reagiu contra o gnosticismo, contudo, ele mesmo se caracterizou por tendências inovadoras. As profecias e revelações de Montano giravam em torno da segunda vinda e incentivavam o ascetismo.

Salientavam fortemente que o fim do mundo estava próximo, e esperavam esse acontecimento para a sua própria geração. Insistiam sobre estritas exigências morais, como, por exemplo, o celibato, o jejum e uma rígida disciplina moral. Exaltavam o martírio e proibiam que seus seguidores fugissem das perseguições. Alguns pecados eram imperdoáveis, independente do arrependimento demonstrado.

Finalmente Montano afirmou ser o Paracleto, pois nele iniciaria e findaria o ministério do Espírito Santo. Prisca e Maximilia abandonaram seus respectivos maridos para se dedicarem à obra profética de Montano. Algumas vezes, Montano procurava esclarecer que ele era um agente do Espírito Santo, mas sempre retornava à sua primeira posição e afirmava ser o Consolador prometido. Sua palavra deveria ser observada acima das Escrituras, porque era a palavra para aquele tempo do fim.

Esse movimento desvaneceu-se no terceiro século no Ocidente e no sexto, no Oriente.

Ascetismo

Autonegação, visão de que a matéria e o espírito estão em oposição um ao outro. O corpo físico, com suas necessidades e desejos inerentes, é incompatível com o espírito e sua natureza divina. O ascetismo defende a idéia de que uma pessoa só alcança uma condição espiritual mais elevada se renunciar à carne e ao mundo.

O ascetismo foi amplamente aceito nas religiões antigas e ainda hoje é uma filosofia proeminente, sobretudo nas seitas e religiões orientais. Platão idealizou-o. As seitas judaicas, como os essênios, praticavam-no fervorosamente e o cristianismo institucionalizou-o, com o desenvolvimento de várias ordens monásticas. O gnosticismo foi o maior defensor dessa filosofia (“Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, p. 23).
             Sabélio (180 – 250)

Nasceu na Líbia, África do Norte, no terceiro século depois de Cristo. Depois, mudou-se para a Itália, passando a viver em Roma. Ao conhecer o evangelho, logo se tornou um pensador respeitado em suas considerações teológicas. Recebeu influência do Modalismo que já estava sendo divulgado na África.

O Modalismo ocorreu, no início, como um movimento asiático, com Noeto de Esmirna. Os principais expoentes do movimento: Noeto, Epógono, Cleômenes e Calixto. Na África, foi ensinado por Práxeas e na Líbia, defendido por Sabélio. Hoje, o Modalismo é muito conhecido pelo nome sabelianismo, devido à influência intelectual fornecida por Sabélio. O objetivo de Sabélio era preservar o monoteísmo a qualquer custo. Tinha um objetivo em vista que, pensava, justificava os meios.

Ensinava que havia uma única essência na divindade, contudo, rejeitava o conceito de três Pessoas em uma só essência. Afirmava que isso designaria um culto triteísta, isto é, de três deuses. A questão poderia ser resolvida, afirmava, pelo conceito de que Deus se apresentaria com diversas faces ou manifestações. Primeiramente, Deus se apresentou como Deus Pai, gerando, criando e administrando. Em seguida, como Deus Filho, mediando, redimindo, executando a justiça. E finalmente e sucessivamente, como Deus Espírito Santo, fazendo a manutenção das obras anteriores, sustentando e guardando. Uma só Pessoa e três manifestações temporárias e sucessivas.
            Mani (216 - 277)

Nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia. Foi considerado por alguns como o último dos gnósticos. Diferente dos demais hereges, desenvolveu-se fora do cristianismo. Todavia, era um rival do evangelho.

Seus ensinos buscavam respaldo no cristianismo. Afirmava, por exemplo, ser o Paracleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a purificação pelos rituais. Em 243 d.C., o profeta Mani teve seus ensinamentos reconhecidos por Ardashir, rei sassânida (Índia). Então, a nova fé teve o seu “pentecostes”, analogia traçada pelos maniqueístas.

Durante 34 anos, Mani e seus discípulos intensificaram seu trabalho missidevo aponário pelo leste da Ásia, Sul e Oeste da África do Norte e Europa.

A base do maniqueísmo engloba um Deus teísta que se revela ao homem. Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, Mani. Deveriam seus discípulos praticar o ascetismo e evitar a participação em alguma morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento, antes, abraçarem o celibato. O universo é dualista, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas.

A remissão ocorre pela gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos há duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos não podiam nem mesmo matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes, que podiam matar plantas, mas nunca animais ou até mesmo comê-los. Os eleitos subiriam, após a morte, para a glória, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de purificação. Quanto aos ímpios, continuariam reencarnando na terra. Recebeu grande influência de Márcion.

           Ário (256-336)

Presbítero de Alexandria entre o fim do terceiro século e o início do quarto depois de Cristo. Foi excluído em 313, quando diácono, por apoiar, com suas atitudes, o cisma da Igreja no Egito. Após a morte do patriarca da Igreja em Alexandria, foi recebido novamente como diácono. Depois, nomeado presbítero, quando então começou a ensinar que Jesus Cristo era um ser criado, sem nenhum dos atributos incomunicáveis de Deus, por exemplo, eternidade, onisciência, onipotência etc, pelo que foi censurado, em 318, e excluído, em 321. Mas, infelizmente, sua influência já havia sido propagada e diversos bispos da Igreja no Oriente aceitaram o novo ensino.

Em 325, ocorreu o concílio de Nicéia e Ário, apesar de excluído, pôde recorrer de sua exclusão, sendo banido. Ário preparou uma resposta ao Credo Niceno, o que impressionou muito o imperador Constantino. Atanásio resistiu à ordem de Constantino de receber Ário em comunhão. Então Ário foi deposto e exilado em Gália, falecendo no dia em que entraria em comunhão em Constantinopla.

A base de seu ensino era estabelecer a razão natural como meios de entender a relação entre Deus e Cristo. Haveria uma só Pessoa na divindade. O logos não foi apenas gerado, mas literalmente criado. Seria tão-somente um intermediário entre Deus e os homens e, devido à sua elevada posição, receberia adoração e glória.

           
Apolinário (310-390)

Foi bispo de Laodicéia da Síria no final do quarto século. Cooperou na reprodução das Escrituras. Fez oposição à afirmação de Ário quanto à criação e à mutabilidade de Cristo.

Por outro lado, se opôs ao conceito da completa união entre as naturezas divina e humana em Jesus. Afirmava que Jesus não tinha um espírito humano. Segundo ele, o espírito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posição inicial era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinião, seria mais fácil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o logos fosse conceituado apenas como substituto do mais elevado princípio racional do homem. Contrapondo-se a Ário, ele advogava a autêntica divindade de Cristo, e tentava proteger sua impecabilidade substituindo o pneuma (espírito) humano pelo logos, pois julgava aquele sede do pecado.

Conseqüentemente, Apolinário negava a própria e autêntica humanidade de Jesus Cristo.

Em 381, o sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário.

Apolinário formou um grupo de discípulos que manteve seus ensinos. Mas não demorou muito e o movimento se desfez.

Nestório (375-451)
Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto século depois de Cristo. Seu objetivo de expurgar as heresias na região de seu controle encontrou problemas quando expressou sua cristologia. Encontrava-se em seu tempo idéias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns, aparentemente, negavam a existência de duas naturezas em Cristo, postulando uma única natureza. Outros, como Teodoro de Mopsuéstia, afirmavam que o entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo. Teodoro negava a residência essencial do logos em Cristo, concedendo somente a residência moral. Essa posição realmente substituía a encarnação pela residência moral do logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das implicações de seu ensino que, inevitavelmente, levaria à dupla personalidade em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma união moral. Nestório foi fortemente influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia.

O nestorianismo é deficiente, não em relação à doutrina das duas naturezas de Cristo, mas, sim, quanto à Pessoa de cada uma delas. Concorda com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade, mas não são elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constituírem uma única pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invés de mesclar as duas naturezas em uma única autoconsciência, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união moral e simpática entre elas. Jesus seria um hospedeiro de Cristo.

Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, e condenado pelo Terceiro Concílio de Éfeso, em 431.

O movimento nestoriano sobreviveu até o século quatorze. Adotaram o nome de cristãos caldeus. A Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana. Atingiu expressão culminante no décimo terceiro século, quando dispunha de vinte e cinco arcebispos e cerca de duzentos bispos. Nos séculos doze e treze, formou-se a Igreja Nestoriana Unida e, atualmente, seus membros são conhecidos como Caldeus Uniatos. Na Índia, são conhecidos como cristãos de São Tomé. Hoje, esse movimento está em declínio.

       
Pelágio (360-420)

Teólogo britânico. Teve uma vida piedosa e exemplar. Baseado exatamente nessa questão, desenvolveu conceitos sobre a hamartiologia (doutrina que estuda o pecado). Sofreu resistência e, finalmente, foi excluído por diversos sínodos (Mileve e Catargo), sendo, ainda, condenado no Concílio de Éfeso, em 431 d.C.

Seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Que o homem fora criado a imagem de Deus e, apesar da queda, essa imagem é real e viva. Do contrário, o homem não seria aquele homem criado por Deus. No pelagianismo a morte é uma companheira do homem, querendo dizer que, pecando ou não, Adão finalmente morreria, ainda que não pecasse. O ideal do homem é viver obedecendo.

O pecado original é uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma ação voluntária do pecador. Afirma ainda que, por uma vida digna, os homens podem atingir o céu, mesmo desconhecendo o evangelho. Todos serão julgados segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbítrio era enfatizado em todas as suas afirmações, excluindo a eleição. Um século depois, desenvolveu-se o semipelagianismo, que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelágio.
           Eutíquio (410-470)

Viveu em um mosteiro fora de Constantinopla durante a primeira metade do quinto século. Discípulo de Cirilo de Alexandria, teve grande influência e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente do nestorianismo, afirmava que, por ocasião da encarnação, a natureza humana de Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.

Era de opinião de que os atributos humanos em Cristo haviam sido assimilados pelo divino, pelo que seu corpo não seria consubstancial como o nosso, que Cristo não seria humano no sentido restrito da palavra.

Esse extremo doutrinário contou com o apoio temporário do chamado Sínodo dos Ladrões (em 449 d.C.). Essa decisão foi anulada mais tarde pelo Concílio de Calcedônia, em 451 depois de Cristo.

O Sínodo dos Ladrões recebeu esse nome porque seus participantes roubavam características da doutrina cristocêntrica. Por esse motivo, Eutíquio foi afastado de suas atividades eclesiásticas. Mas a Igreja egípcia continuou apoiando a doutrina de Eutíquio e manteve seus ensinos por algum tempo. Então, o eutiquianismo surge novamente no movimento monofisista.

                          Heresias primitivas

“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos antes de nós” (Ec 1.10)

Você sabia que o batismo pelos mortos foi uma heresia apregoada cerca de 1600 anos antes da “revelação” atribuída pelos mórmons a Joseph Smith Jr.? Esse é apenas um dos muitos desvios doutrinários que atravessaram séculos e foram incorporados pelas seitas pseudocristãs.

A “revelação”, baseada na necessidade de restaurar a igreja, e a rejeição ao Antigo Testamento surgiram na mesma época e fluíram dos ensinamentos de Márcion. Montano pregou que o fim do mundo ocorreria em sua geração e atribuiu a si o fato de iniciar e findar o ministério do Espírito Santo. Sabélio, com seu modalismo, foi outra fonte de distorções bíblicas que até hoje é disseminada entre os evangélicos. Ainda fazem parte desse grupo Mani, com sua doutrina reencarnacionista; Ário, que deturpou a natureza de Jesus ao apresentá-lo como um ser criado (gravíssimo engano sustentado pelas testemunhas de Jeová); Apolinário, que, ao contrário do antecedente, negou a humanidade de Cristo; Nestório, que ensinava a existência de duas pessoas distintas em Cristo; Pelágio, que, como os islâmicos e outros grupos religiosos, negava a doutrina do pecado original; e Eutíquio, que afirmava que a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela divina.

Como podemos inferir, as heresias combatidas pela igreja contemporânea foram enfrentadas pela igreja primitiva que, com muito esforço e com a ajuda de concílios e credos, conseguiu defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. Continuemos a defendê-la!

Márcion (95 - 165)
Informações indicam que Márcion nasceu em Sinope, no Ponto, Ásia Menor. Foi proprietário de navios, portanto, muito próspero. Aplicou sua vida à fé religiosa, primeiramente como cristão e, finalmente, ao desenvolvimento de congregações marcionitas.

Influente líder cristão, suas idéias o conduziram à exclusão, em 144 d.C. Então, formou uma escola gnóstica. Tendo uma mente prolífera, desenvolveu muitas idéias, as quais foram lançadas em uma obra apologética alvo de combate de apologistas, especialmente Tertuliano e Epifânio.

Procurou ter uma perspectiva paulina, contudo, incluiu muitas idéias próprias e conjecturas sem respaldo bíblico. Era convicto de uma missão pessoal: restaurar o puro evangelho. Antes, rejeitou o Antigo Testamento por achá-lo inútil e ultrapassado, além de afirmar que foi produzido por um deus inferior ao Deus do evangelho. Para Márcion, o cristianismo era totalmente independente do judaísmo; era uma nova revelação. Segundo ele, Cristo pegou o deus do Antigo Testamento de surpresa e este teve de entregar as chaves do inferno Àquele. Além disso, Cristo não era Deus, apenas uma emanação do filho de Deus. O único apóstolo fiel ao evangelho, segundo Márcion, fora Paulo, em detrimento dos demais apóstolos e evangelistas. Conseqüentemente, a Igreja primitiva havia desviado e, por isso, necessitava de uma restauração. Ainda segundo ele, o homem devia levar uma vida asceta, o casamento, embora legal, era aviltador.

Entre seus muitos ensinos, encontramos o batismo pelos mortos.

O cânon de Márcion restringia-se as dez epístolas de Paulo e a uma versão modificada do Evangelho de Lucas.

Gnosticismo

Nome derivado do termo grego gnosis, que significa “conhecimento”. Os gnósticos se transformaram em uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos. Segundo eles, esses conhecimentos tornavam-nos superiores aos cristãos comuns, que não tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias pagãs anteriores ao cristianismo que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia (Macedônia). Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influência na igreja.

A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual “bom”. A partir dele, surgiram sucessivos seres finitos (éons) até que um deles, Sofia, deu à luz a Demiurgo (Deus criador), que criou o mundo material “mau”, juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem.

Cristãos gnósticos, como Márcion e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material mais elevado. Cristo, embora parecesse ser homem, nunca assumiu um corpo; portanto, não foi sujeito às fraquezas e às emoções humanas.

Algumas evidências sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo surgiu na era apostólica e foi o tema de várias epístolas do Novo Testamento (1João, uma das epístolas pastorais). A maior polêmica contra os gnósticos apareceu, entretanto, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu, Tertuliano e Hipólito. O gnosticismo foi considerado um movimento herético pelos cristãos ortodoxos. Atualmente, é submetido a muitas pesquisas, devido às descobertas dos textos de Nag Hammadi, em 1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma influência do antigo gnosticismo (“Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, pp 175-6).

Montano (120 - 180)
Por volta do ano 150 d.C., surgiu na Frígia um profeta chamado Montano que, junto com Prisca e Maximilia, se anunciou portador de uma nova revelação. Inicialmente, esse novo movimento reagiu contra o gnosticismo, contudo, ele mesmo se caracterizou por tendências inovadoras. As profecias e revelações de Montano giravam em torno da segunda vinda e incentivavam o ascetismo.

Salientavam fortemente que o fim do mundo estava próximo, e esperavam esse acontecimento para a sua própria geração. Insistiam sobre estritas exigências morais, como, por exemplo, o celibato, o jejum e uma rígida disciplina moral. Exaltavam o martírio e proibiam que seus seguidores fugissem das perseguições. Alguns pecados eram imperdoáveis, independente do arrependimento demonstrado.

Finalmente Montano afirmou ser o Paracleto, pois nele iniciaria e findaria o ministério do Espírito Santo. Prisca e Maximilia abandonaram seus respectivos maridos para se dedicarem à obra profética de Montano. Algumas vezes, Montano procurava esclarecer que ele era um agente do Espírito Santo, mas sempre retornava à sua primeira posição e afirmava ser o Consolador prometido. Sua palavra deveria ser observada acima das Escrituras, porque era a palavra para aquele tempo do fim.

Esse movimento desvaneceu-se no terceiro século no Ocidente e no sexto, no Oriente.

Ascetismo

Autonegação, visão de que a matéria e o espírito estão em oposição um ao outro. O corpo físico, com suas necessidades e desejos inerentes, é incompatível com o espírito e sua natureza divina. O ascetismo defende a idéia de que uma pessoa só alcança uma condição espiritual mais elevada se renunciar à carne e ao mundo.

O ascetismo foi amplamente aceito nas religiões antigas e ainda hoje é uma filosofia proeminente, sobretudo nas seitas e religiões orientais. Platão idealizou-o. As seitas judaicas, como os essênios, praticavam-no fervorosamente e o cristianismo institucionalizou-o, com o desenvolvimento de várias ordens monásticas. O gnosticismo foi o maior defensor dessa filosofia (“Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, p. 23).

Sabélio (180 – 250)
Nasceu na Líbia, África do Norte, no terceiro século depois de Cristo. Depois, mudou-se para a Itália, passando a viver em Roma. Ao conhecer o evangelho, logo se tornou um pensador respeitado em suas considerações teológicas. Recebeu influência do Modalismo que já estava sendo divulgado na África.

O Modalismo ocorreu, no início, como um movimento asiático, com Noeto de Esmirna. Os principais expoentes do movimento: Noeto, Epógono, Cleômenes e Calixto. Na África, foi ensinado por Práxeas e na Líbia, defendido por Sabélio. Hoje, o Modalismo é muito conhecido pelo nome sabelianismo, devido à influência intelectual fornecida por Sabélio. O objetivo de Sabélio era preservar o monoteísmo a qualquer custo. Tinha um objetivo em vista que, pensava, justificava os meios.

Ensinava que havia uma única essência na divindade, contudo, rejeitava o conceito de três Pessoas em uma só essência. Afirmava que isso designaria um culto triteísta, isto é, de três deuses. A questão poderia ser resolvida, afirmava, pelo conceito de que Deus se apresentaria com diversas faces ou manifestações. Primeiramente, Deus se apresentou como Deus Pai, gerando, criando e administrando. Em seguida, como Deus Filho, mediando, redimindo, executando a justiça. E finalmente e sucessivamente, como Deus Espírito Santo, fazendo a manutenção das obras anteriores, sustentando e guardando. Uma só Pessoa e três manifestações temporárias e sucessivas.

Mani (216 - 277)
Nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia. Foi considerado por alguns como o último dos gnósticos. Diferente dos demais hereges, desenvolveu-se fora do cristianismo. Todavia, era um rival do evangelho.

Seus ensinos buscavam respaldo no cristianismo. Afirmava, por exemplo, ser o Paracleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a purificação pelos rituais. Em 243 d.C., o profeta Mani teve seus ensinamentos reconhecidos por Ardashir, rei sassânida (Índia). Então, a nova fé teve o seu “pentecostes”, analogia traçada pelos maniqueístas.

Durante 34 anos, Mani e seus discípulos intensificaram seu trabalho missidevo aponário pelo leste da Ásia, Sul e Oeste da África do Norte e Europa.

A base do maniqueísmo engloba um Deus teísta que se revela ao homem. Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, Mani. Deveriam seus discípulos praticar o ascetismo e evitar a participação em alguma morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento, antes, abraçarem o celibato. O universo é dualista, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas.

A remissão ocorre pela gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos há duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos não podiam nem mesmo matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes, que podiam matar plantas, mas nunca animais ou até mesmo comê-los. Os eleitos subiriam, após a morte, para a glória, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de purificação. Quanto aos ímpios, continuariam reencarnando na terra. Recebeu grande influência de Márcion.

Ário (256-336)
Presbítero de Alexandria entre o fim do terceiro século e o início do quarto depois de Cristo. Foi excluído em 313, quando diácono, por apoiar, com suas atitudes, o cisma da Igreja no Egito. Após a morte do patriarca da Igreja em Alexandria, foi recebido novamente como diácono. Depois, nomeado presbítero, quando então começou a ensinar que Jesus Cristo era um ser criado, sem nenhum dos atributos incomunicáveis de Deus, por exemplo, eternidade, onisciência, onipotência etc, pelo que foi censurado, em 318, e excluído, em 321. Mas, infelizmente, sua influência já havia sido propagada e diversos bispos da Igreja no Oriente aceitaram o novo ensino.

Em 325, ocorreu o concílio de Nicéia e Ário, apesar de excluído, pôde recorrer de sua exclusão, sendo banido. Ário preparou uma resposta ao Credo Niceno, o que impressionou muito o imperador Constantino. Atanásio resistiu à ordem de Constantino de receber Ário em comunhão. Então Ário foi deposto e exilado em Gália, falecendo no dia em que entraria em comunhão em Constantinopla.

A base de seu ensino era estabelecer a razão natural como meios de entender a relação entre Deus e Cristo. Haveria uma só Pessoa na divindade. O logos não foi apenas gerado, mas literalmente criado. Seria tão-somente um intermediário entre Deus e os homens e, devido à sua elevada posição, receberia adoração e glória.

Apolinário (310-390)
Foi bispo de Laodicéia da Síria no final do quarto século. Cooperou na reprodução das Escrituras. Fez oposição à afirmação de Ário quanto à criação e à mutabilidade de Cristo.

Por outro lado, se opôs ao conceito da completa união entre as naturezas divina e humana em Jesus. Afirmava que Jesus não tinha um espírito humano. Segundo ele, o espírito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posição inicial era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinião, seria mais fácil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o logos fosse conceituado apenas como substituto do mais elevado princípio racional do homem. Contrapondo-se a Ário, ele advogava a autêntica divindade de Cristo, e tentava proteger sua impecabilidade substituindo o pneuma (espírito) humano pelo logos, pois julgava aquele sede do pecado.

Conseqüentemente, Apolinário negava a própria e autêntica humanidade de Jesus Cristo.

Em 381, o sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário.

Apolinário formou um grupo de discípulos que manteve seus ensinos. Mas não demorou muito e o movimento se desfez.

Nestório (375-451)
Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto século depois de Cristo. Seu objetivo de expurgar as heresias na região de seu controle encontrou problemas quando expressou sua cristologia. Encontrava-se em seu tempo idéias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns, aparentemente, negavam a existência de duas naturezas em Cristo, postulando uma única natureza. Outros, como Teodoro de Mopsuéstia, afirmavam que o entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo. Teodoro negava a residência essencial do logos em Cristo, concedendo somente a residência moral. Essa posição realmente substituía a encarnação pela residência moral do logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das implicações de seu ensino que, inevitavelmente, levaria à dupla personalidade em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma união moral. Nestório foi fortemente influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia.

O nestorianismo é deficiente, não em relação à doutrina das duas naturezas de Cristo, mas, sim, quanto à Pessoa de cada uma delas. Concorda com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade, mas não são elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constituírem uma única pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invés de mesclar as duas naturezas em uma única autoconsciência, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união moral e simpática entre elas. Jesus seria um hospedeiro de Cristo.

Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, e condenado pelo Terceiro Concílio de Éfeso, em 431.

O movimento nestoriano sobreviveu até o século quatorze. Adotaram o nome de cristãos caldeus. A Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana. Atingiu expressão culminante no décimo terceiro século, quando dispunha de vinte e cinco arcebispos e cerca de duzentos bispos. Nos séculos doze e treze, formou-se a Igreja Nestoriana Unida e, atualmente, seus membros são conhecidos como Caldeus Uniatos. Na Índia, são conhecidos como cristãos de São Tomé. Hoje, esse movimento está em declínio.

Pelágio (360-420)
Teólogo britânico. Teve uma vida piedosa e exemplar. Baseado exatamente nessa questão, desenvolveu conceitos sobre a hamartiologia (doutrina que estuda o pecado). Sofreu resistência e, finalmente, foi excluído por diversos sínodos (Mileve e Catargo), sendo, ainda, condenado no Concílio de Éfeso, em 431 d.C.

Seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Que o homem fora criado a imagem de Deus e, apesar da queda, essa imagem é real e viva. Do contrário, o homem não seria aquele homem criado por Deus. No pelagianismo a morte é uma companheira do homem, querendo dizer que, pecando ou não, Adão finalmente morreria, ainda que não pecasse. O ideal do homem é viver obedecendo.

O pecado original é uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma ação voluntária do pecador. Afirma ainda que, por uma vida digna, os homens podem atingir o céu, mesmo desconhecendo o evangelho. Todos serão julgados segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbítrio era enfatizado em todas as suas afirmações, excluindo a eleição. Um século depois, desenvolveu-se o semipelagianismo, que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelágio.

Eutíquio (410-470)
Viveu em um mosteiro fora de Constantinopla durante a primeira metade do quinto século. Discípulo de Cirilo de Alexandria, teve grande influência e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente do nestorianismo, afirmava que, por ocasião da encarnação, a natureza humana de Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.

Era de opinião de que os atributos humanos em Cristo haviam sido assimilados pelo divino, pelo que seu corpo não seria consubstancial como o nosso, que Cristo não seria humano no sentido restrito da palavra.

Esse extremo doutrinário contou com o apoio temporário do chamado Sínodo dos Ladrões (em 449 d.C.). Essa decisão foi anulada mais tarde pelo Concílio de Calcedônia, em 451 depois de Cristo.

O Sínodo dos Ladrões recebeu esse nome porque seus participantes roubavam características da doutrina cristocêntrica. Por esse motivo, Eutíquio foi afastado de suas atividades eclesiásticas. Mas a Igreja egípcia continuou apoiando a doutrina de Eutíquio e manteve seus ensinos por algum tempo. Então, o eutiquianismo surge novamente no movimento monofisista.

Durante os anos que vão de 70 a 140, ou seja, I e II século d.C., foram de expansão e crise interna, para o judeu-cristianismo (pensamento cristão sem vínculo com a comunidade judaica), se expressava através de equemas do judaísmo. Os judeus-cristãos foram superados pelos gentios-cristãos. Desse judaísmo cheio de idéias cristãs e não-cristãs, trazidas por pagãos que se convertiam, que iria surgir as mais antigas heresias, conhecidas como heresias judaicas.


Ebionismo:

Os ebionitas (pobres), judeus-cristaos que seguiam a lei de Moisés, mas acreditavam que Jesus Cristo era o Messias, porém achavam que Ele não era o Filho de Deus (apenas um profeta anunciado por Moisés), Os ebionitas subsistiram até o século V, nesse período, dividiu-se em numerosas seitas. O apóstolo João escreveu seu evangelho, refutando essas heresias.


Elcasaísmo:

Fundador Elxai, recebeu revelação por meio de um livro dado por um anjo, lembrando Maomé (Alcorão) e Joseph Smith (Livro de Mórmon). Aceitavam apenas partes do A.T.


Nicolaísmo:

Fundador Nicolau (Balaão), era diácono da igreja, seita gnostico-libertina que apareceu em Éfeso e Pérgamo (Ásia Menor), condenava o Deus da criação.


Cerintianismo:

Fundador Cerinto, acreditava que Cristo não nasceu Deus, mas tornou-se Deus no batismo, quando morreu Deus o abandonou, para recebê-lo na sua 2ª vinda, no final dos tempos.


Gnosticismo:

Heresia complexa, de elementos filosófico-religiosos orientais e cristãos. O Gnosticismo era composto por vários movimentos sincréticos de tradições religiosas da sua época: o helenismo, o dualismo, cultos de mistério, judaísmo e o cristianismo; enquanto as heresias judaicas estavam apegadas às tradições mosaicas, os gnósticos, pagãos que aceitaram a fé cristã, tentavam introduzir nela, concepções pessoais e teorias filosóficas.

Sempre em contínua evolução, mas com um ponto em comum, de que entre Deus e a matéria há uma série de seres que intermediam um contato do homem com a divindade.

Gnose (grego) significa “conhecimento ou ciência”, pretensiosamente se denominava como ciência de Deus, revelando assim seus mistérios a seus adeptos, herdeiros da ciência mística, base de todas as religiões, assim sendo, a gnose dá o segredo do universo e o segredo da evolução.

Seus ensinos são uma verdadeira rebelião contra Javé, o Deus de Israel, sua criação e a sua lei; diziam que Javé era um demiurgo (pequeno deus) inferior, que criou um mundo fracassado. Gnose revelação do Deus autêntico, possibilitando um retorno através de um rompimento com o mundo e a lei divina.

Os pontos fundamentais da heresia:

a)- Deus, uno e separado (longe), da matéria (seres);

b)- A matéria eterna é o princípio do mal;

c)- Eões, seres entre Deus e a matéria, juntos formavam o pleroma, afastados de Deus se tornavam imperfeitos. Um deles foi excluído do pleroma : Demiurgo, que criou o mundo e o homem da matéria já existente, produzindo também eões inimigos de Deus.

d)- O mal provém da união das almas, mas o homem não é totalmente mal, porque o Demiurgo tirou do mundo espiritual uma centelha divina e colocou-a na matéria, assim sendo, os homens se dividem em três classes: espirituais (espírito-superior-matéria); gnósticos (psíquicos-espírito=matéria); os cristãos (materiais/hílicos-matéria, superior, espírito) – os pagãos.

e)- Cristo como espírito emanado, ensina aos espíritos como se libertarem dos seus corpos; uns deixam os seus corpos fazerem o que quiser e outros o mortificam através de penitências. A redenção realiza-se no interior de cada alma, numa identificação com Deus, ou seja, o conhecimento e compreensão do próprio eu. Os relacionamentos Deus-cosmos se dão por antíteses : luz-treva, vida-morte, alma-psiquismo, “divindade como negação do mundo”.

Nos anos de 105 a 170 da nossa era, a Igreja reuniu vários concílios em combate ao gnosticismo, em nossos dias, as idéias gnósticas ressurgem entre a teosofia e o espiritismo.

Primeiras ações gnósticas, surgem na Palestina e na Síria, com o judeu-cristão Cerinto, materialista, que considerava Jesus Cristo um simples homem nascido de José e Maria. Simão Samaritano, o Mago, e Menandro são considerados os fundadores do gnosticismo.

Simão, taumaturgo do tempo de Nero, hábil na magia, originou várias lendas; em Atos 8:5-52, ele propôs a Pedro a compra do poder de fazer milagres, desafiou os apóstolos numa demonstração de poder, voando em torno de uma torre, ensinava que o mundo não foi criado por Deus e sim por anjos, para os samaritanos ele era o primeiro Demiurgo.

Menandro, discípulo de Simão, era mágico (comum nos gnósticos de Samaria), dizia que os que o seguissem jamais morreriam, se julgava o Salvador.

Saturnino, viveu entre 100 e 130 d.C., grande figura do gnosticismo, conferiu a forma definitiva a esta doutrina, achava que o homem foi criado por sete arcanjos.

Os barbelognósticos (do siríaco barbá eló, que significa “Deus em quatro”, ou seja, contém em si próprio : pensamento, pré-conhecimento, incorruptibilidade e vida eterna) e os sethianos-ofitas.

A heresia passou para o Egito (Alexandria), Valentiano e Carpócrates foram seus maiores defensores (tudo que se realiza na matéria é insignificante, do ponto de vista da alma).

Basílides organizou a doutrina de Simão o Mago, sintetizando-a (os anjos criadores do mundo, que dividem o domínio do mesmo), um deles é Javé, o deus dos judeus, que submete a si os demais.

Os ofitas cultuavam a serpente do paraíso: a serpente que se revelou contra o Demiurgo, e propôs a libertação através do conhecimento (gnóse) e da “ciência do bem e do mal”.

O marcionismo, do líder cristão Marcião, nascido em 85 d.C., em Sínope, costa do Mar Negro, criou uma nova forma de cristianismo (oposição entre a lei e o evangelho, entre a justiça e o amor), obra : Antítese (perdida), opunha o A.T. ao N.T., (como Lutero iria fazer mais tarde), suas igrejas eram poderosas na mesopotâmia, seu principal opositor, o teólogo Tertuliano, que escreveu o tratado Adversus Marcionem.
Principais obras gnósticas, achadas em Nag Hammadi, alto Egito, em 1945, originais em copta, copiadas em grego no século IV, entre os 51 livros achados estão: o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Felipe, o Evangelho da verdade, o Apocalipse de Adão, o Livro do Grande Seth e o Apócrifo de João, onde no Gênesis, o Criador (Deus), se apresenta como ignorante e malévolo. Além, é claro, do polêmico Evangelho de Judas. O Bispo Irineu refutou essas heresias, em sua obra “Contra as Heresias”.


O Montanismo:

Apareceu na Frígia (Ásia Menor), de 150 a 157, movimento intelectualista, organizou-se em comunidades; na Ásia Menor, em Roma e na África do Norte, fundador Montano (sacerdote de Cibele), converteu-se ao cristianismo, julgava-se o instrumento do Espírito Santo prometido por Cristo e precursor de uma nova era, Prisca e Maximila suas profetizas. Chamavam a si mesmos de pneumáticos (inspirados pelo sopro do Espírito). Esta seita, anti-romana, se constituía numa ameaça para a paz entre a cristandade e o estado, foi excomungada pela Igreja, mas subsistiu no Oriente até o século VIII.


Os Antitrinitários:

Teófilo de Antioquia, escritor cristão, em 180 a.C., começa aparecer em seus escritos a palavra “tríade” ou “trindade” (um só Deus em três pessoas), que serviu para explicar o dogma cristão da Santíssima Trindade.

Logo surgem os opositores, como o adocionismo, de Teodoto de Bizâncio (rejeitava a Trindade, negava a divindade de Cristo e a encarnação do Verbo), foi condenado pelo papa Vítor I (189-199); em 190 d.C. surgiu outra heresia, iniciada por Noet, que Praxéias e Sabélio, desenvolveram, recebendo o nome de sabelianismo ou monarquismo ou modalistas (para eles o Pai, o Filho e o Espírito Santo, eram apenas três títulos diferentes e não pessoas); assim sendo, o Pai se encarnou na virgem, nascido tomou o nome de Filho, sem deixar de ser o Pai, logo foi o Pai quem morreu na cruz.


O Maniqueísmo:

Tipo de gnosticismo que começou na Pérsia, na 1ª metade do século III, fundador; Manés (Manion Maniqueu – 215/276), da Babilônia, morreu esfolado porque não curou um filho do rei Behram.

Para Manés, que seguia os ensinos de Zoroastro (Zaratustra), há dois reinos eternos : o da luz, em que domina Deus (Ormuzde ou Ahura Mazda), e o das trevas, domínio de Satã (Ahrimã ou Anrô Mainiu). O homem preso por Satã, luta para se libertar das trevas e ir para a luz, liberdade que se alcança por meio de uma vida austera, compreendendo três selos, (mortificações) : o selo da boca (jejum), o selo da mão (abstenção do trabalho) e o selo do ventre (castidade).

Existia duas classes : os eleitos (monges) e os ouvintes ou auditores (fiéis); com uma hierarquia de doutores, administradores, presbíteros, diáconos e missionários, rejeitaram o A.T. e expurgaram do N.T. as interpolações judaicas, para adaptar a Escritura aos fins de sua seita.

Santo Agostinho, foi conquistado por essa seita, um famoso discípulo de Manés foi Madek (século VI d.C.), que acreditava que o mal do mundo tinha sua causa no desejo de posse da fortuna e das mulheres.

Combatida pela Igreja e pelo estado, estendeu-se da África do Norte à China, até a idade média (século XII), surgindo então como doutrina albigense (catarismo).


O Donatismo:

No ocidente, a partir de 312 d.C., houve um cisma na Igreja, quando surgiu os donatistas. Lucília mulher repreendida por Ceciliano arcebispo de Cartago, porque tinha o costume de beijar um osso (relíquia de algum santo) antes de comungar; por vingança, com sua riqueza e prestígio, organizou um grupo que era contra a eleição de Ceciliano, esse grupo dizia que o bispo Félix de Aptonge, era um traidor da Igreja, sendo um traidor não poderia consagrar Ceciliano.

Chefe do grupo, era o bispo Donato, com seu principal, teólogo, outro Donato, daí o nome donatistas, tiveram até tropas de choque (os soldados de Cristo), chamadas pelos católicos de “vagabundos” (circumcelliones).

Doutrina donatista: quem peca não pertence mais a Igreja, fora da Igreja não há sacramento, queriam expulsar bispos e padres pecadores, bem como seus fiéis. Condenada nos concílios de Latrão, em 313, e de Arle, em 314, os donatistas tiveram nos imperadores, seus maiores inimigos, no século V, o grande adversário foi Santo Agostinho, bispo de Hipona.

Através do Concílio de Cartago (411) estabeleceu-se que “não se sai da Igreja pelo pecado mas somente pela apostasia da fé”.
O Priscilianismo:

Na Espanha, Prisciliano, bispo de Ávila, divulga os ensinos gnósticos e maniqueus, introduzidos pelo monge egípcio Marcos. Em 380, Prisciliano e os seus, foram expulsos e executados pelo imperador Máximo. Porém somente no Concílio de Braga, em 565, é que essa heresia foi condenada.


O Pelagianismo:

Em reação aos gnósticos e maniqueus, surge o pelagianismo que se tornou uma grave heresia, divulgador Pelágio nasceu em 354 na Inglaterra, moralista e intransigente, dizia que não se precisava da graça para salvação, bastando somente a vontade individual, não existia o pecado original, era contra o batismo, contra a remissão dos pecados, acreditava que se não há pecado original, não há necessidade de redenção, logo Jesus Cristo é inútil.

Santo Agostinho, dizia : todos os homens pecaram em Adão, nascem com o pecado original e estão enfraquecidos por ele, mas conservam o livre-arbítrio, portanto é necessário o batismo para reaver a graça.

Concílio de Cartago, em 411, condenou o pelagianismo, no Oriente foi declarado ortodoxo, nos concílios de Jerusalém e de Diospolis em 415. Em 431, no Concílio Ecumênico de Éfeso, foi condenado.

As questões do pelagianismo são graves do ponto de vista teológico, dando origem a grandes controvérsias que talvez nunca tenham fim.



Elaborado por ANTÔNIO ROBERTO BRITO


Aluno da FATAC em SJ Rio Preto - SP


Fonte do trabalho: Pequena História das Heresias; João Ribeiro Jr.; Ed. Papirus.

HERESIAS

É surpreendente notar a similitude entre as praticas e doutrinas dos grupos heréticos dos primeiros três séculos e as doutrinas das diferentes igrejas atuais.

I. OS GNOSTICOS

1. Introdução
2. Princípios básicos do gnosticismo
1.2. Os nicolaítas
1.3. Cerinto
1.4. Os cainitas
2. Século II
2.1. Basílides
2.2. Carpócrates
2.3. Saturnino
2.4. Valentinianos
2.5. Marção
3.2. Os encratitas
3.3. Marco o herege
4. Século III.
4.1. Montano, montanismo
4.2. Manes, maniqueísmo
4.3. Monarquismo
4.1. MONTANO, MONTANISMO


I. Os GNOSTICOS (Voltar Aporta)

1. Introdução

A primeira heresia que a igreja primitiva enfrentou foi o gnosticismo, a qual contava com numerosos maestros e seitas, que sustentavam uma diversidade de ensinos. No entanto, teve alguns ensinos básicos que todas as seitas gnósticas tinham em comum. Entre estas se acha o ensino de que os homens e o mundo não foram criados pelo Pai de Jesus. Ao invés, foi o Demiurgo: um anjo malvado ou uma deidade inferior, quem os criou. E, devido às imperfeições do Demiurgo, todas as coisas materiais (incluindo a carne do homem) são inerentemente imperfeitas e incapazes de salvação. Os Gnosticos ensinavam que o Deus do Antigo Testamento era severo e cruel; e este era o Demiurgo. Alguns deles o chamaram o “Deus justo,” em contraste ao Pai de Jesus que era o “Deus bom.”
Compadecendo-se da humanidade, o Deus perfeito que é o Pai de Jesus, enviou a seu Filho para mostrar aos homens o caminho à salvação. E já que a carne é corrupta por natureza, o Filho em realidade nunca chegou a ser homem. Certos Gnosticos chamados docetistas, ensinaram que o Filho só tinha tomado a carne em aparência ou ilusão. Outros maestros Gnosticos, afirmavam que teve um homem real chamado Jesus, cujo corpo foi possuído e usado pelo Filho de Deus, que abandonou a Jesus na morte na cruz.
A maioria deles recusaram os sacramentos físicos, tais como o batismo e a comunhão, considerando-os ineficazes. Também recusaram a doutrina da ressurreição do corpo e o estado intermédio dos mortos. Os maestros Gnosticos com freqüência afirmavam que os Apostolos tinham revelado secretamente seus ensinos a uns poucos seguidores íntimos. Sem este conhecimento revelado (gnose), os homens não podem ser salvos.
Alguns grupos Gnosticos ensinaram a existência de numerosas divindades inferiores e a maioria deles acreditavam em a existência de deidades de sexo masculino e feminino. Certas seitas gnósticas praticavam um ascetismo estrito, como os encratitas; em mudança, outras, eram evidentemente libertinas, como os nicolaítas, os cainitas e os seguidores de Marco. Outras regiam suas vidas em conformidade à lei dos judeus, como os ebionitas.
Entre os principais maestros Gnosticos do segundo século estão: Cerinto, Basílides, Carpócrates e Valentín. Outro herege líder do segundo século foi Marção, que também sustentava alguns dos princípios básicos do gnosticismo.

2. Princípios básicos do gnosticismo

Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs e profanas e as oposições da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja convosco. 1 Timóteo 6:20-21.
Que se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição é já passada, e assim pervertem a fé a alguns. 2 Timóteo 2.18
E todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo. 1 João 4:3.
Os incrédulos dizem que Ele sofreu só em aparência. Ignácio (105 d.C.)
De que maneira pode alguém ajudar-me com elogios, se blasfema de meu Senhor, não confessando que Ele tinha um corpo? Ignácio (105 d.C.)
(Os Gnosticos) abstêm-se da eucaristia e da oração, porque eles não aceitam que a eucaristia seja a carne de nosso Salvador Jesus Cristo… Aqueles, por tanto, que falam contra este dom de Deus, perigam de morte. Ignácio (105 d.C.)
(Os Gnosticos) livremente blasfemam do Deus de Abraham… e afirmam que não há ressurreição de mortos e, que as almas ao morrer são levadas ao céu. A estes, não os admitam como cristãos. Justino (160 d.C.)
Mas (os hereges), e a meu Juizo com toda razão, não querem ensinar abertamente a todos, senão só a quem podem pagar bem por tais mistérios. Pois estas coisas não se parecem àquelas das que disse o Senhor: “Dêem grátis o que grátis receberam.” Irineu (180 d.C)
Os homens desta classe (os Gnosticos) foram instigados poro diabo a negar o batismo, o qual é a regeneração de Deus. Irineu (180 d.C.)
(Segundo os hereges) o batismo não é necessário, pois basta a fé. Tertuliano (197 d.C.)
(Entre os hereges, as mulheres) atrevem-se a ensinar, disputar, jogar fora demônios, realizar previdências, e talvez ainda batizar. Tertuliano (197 d.C.)
Estes são seus argumentos, que sempre andam roendo como ossos: “Se Deus é bom, e sabe o que tem de suceder, e tem poder para evitar o mau, por que tolerou que o homem, imagem e semelhança sua e ainda de sua mesma substância no que ao alma se refere, fosse enganado peloo diabo até o ponto de que caísse na morte por não obedecer a lei? Porque se Deus é bom, não podia desejar que isto sucedesse; se conhece o futuro, sabia que isto tinha que suceder; se tinha poder para isso, devia tê-lo evitado. Desta sorte, dadas estas três propriedades da majestade divina, nunca devesse ter sucedido o que era incompatível com elas. Pelo contrário, se realmente sucedeu assim, é evidente que não podemos crer que Deus seja bom, nem conhecedor do futuro nem todo-poderoso.”… (Tertuliano responde:) O homem foi feito por Deus como ser livre, capaz de arbítrio e decisão própria: precisamente é em isto onde mais em particular se manifesta do que o homem está fato a imagem e semelhança de Deus. Tertuliano (197 d.C.)
Não é (a doutrina dos Gnosticos), desde o princípio e em todo lugar, um ataque contra a carne? Sua doutrina vai contra a origem de (a carne), sua natureza, suas debilidades e contra o fim inalterável que lhe espera. Segundo eles, (a carne) é impura desde sua primeira formação das partes mais baixas da terra… é indigna, débil; está coberta de culpa, carregada de miséria e cheia de moléstias. Tertuliano (210 d.C.) Contra Simón, Carpócrates e todos aqueles que presumem de fazer milagres: não o fazem pelo poder de Deus, nem em verdade, nem atuam assim para fazer o bem aos demais, senão para daná-los induzindo-os a erro, por meio de uma magia ilusória e uma completa fraude, de maneira que, em lugar de fazer o bem a quem acreditam em suas seduções, prejudicam-nos. Irineu (180 d.C.)
Segundo eles, inclusive a ressurreição dos mortos não é senão o conhecimento do que eles chamam a verdade. Irineu (180 d.C.)
Certos homens (os hereges) que sustentam idéias contrárias, interpretam mau estas passagens. Eles destroem o Livre arbitrio por introduzir (a idéia) de uma natureza pecaminosa e incapaz de salvação, enquanto sustentam que outros podem ser salvos, de tal forma que não podem perder a salvação. Orígenes (248 d.C.)
O Apostolo deu um golpe similar contra aqueles que afirmam que “a ressurreição já se efetuou.” Tal opinião é declarada pelos valentinianos. Tertuliano (197 d.C.)
Um Deus superior foi descoberto por Marção (um mestre herege): ¡Um que nunca se ofende nem se enoja, que nunca inflige castigos nem preparou um fogo no Gehena, e que não requer o crepitação de dentes nas trevas de afora! Este Deus é singelamente ‘bom.’ Proíbe toda maledicência, mas só em palavra. Ele estará em ti, se estás disposto a render-lhe homenagem… Porque este Deus não quer teu temor. Tertuliano (207 d.C.)
(Para ser um deles) tu terias que crer que Sofía tem os apelidos de Terra e Mãe, ‘Mãe Terra’… e inclusive de Espírito Santo. Deste modo, eles conferiram toda a honra a essa mulher. Tertuliano (200 d.C.)
Eles alegam que os primeiros quatro elementos foram criados pela Mãe. Dizem que estes quatro elementos são: fogo, água, terra e ar. Hipólito (225 d.C.)
Agora examinamos a passagem: “Assim que não depende do que quer, nem do que corre, senão de Deus que tem misericórdia.” A gente que nos criticam dizem… que a salvação não depende de nós, senão da disposição feita pelo que nos formou bem como somos… Se eles (os Gnosticos) dizem que é uma virtude desejar os que é bom e correr depois disso, temos que lhes fazer a pergunta: Como pode uma natureza pecaminosa desejar coisas melhores? Seria como a árvore má que dá fruto bom, já que é um ato virtuoso desejar coisas melhores. Orígenes (225 d.C.)


II. DOUTRINAS E PRATICAS DOS PRINCIPAIS MAESTROS E GRUPOS HERÉTICOS (Voltar Aporta)

1. SÉCULO I

1.1. SIMÓN O MAGO

Ver Atos 8:9-24.
Simón o samaritano, era o mago do que Lucas, seguidor e discípulo dos Apostolos diz (no livro dos Atos). Irineu (180 d.C.)
Desde então creu ainda menos em Deus e, decidindo competir por ambição com os Apostolos, a fim de parecer ele mesmo cheio de glória, pôs-se a estudar ainda mais a magia, a tal ponto que enchia de admiração a muitas pessoas. O viveu em tempos do César Claudio, o qual, segundo se diz, honrou-o com uma estátua por motivo de suas artes mágicas. Muitos o glorificaram como a um Deus, pois ele lhes ensinava que ele era quem tinha aparecido entre os judeus como o Filho… do que se originaram todas as heresias, teve a teoria seguinte: sempre levava como colega em suas viagens a uma prostituta chamada Elena, que tinha recolhido em Tiro de Fenícia, dizendo que ela era o primeiro pensamento da Mente. Irineu (180 d.C.)
Também disse Simón que os anjos construtores do mundo teriam inspirado aos profetas as profecias. Por isso, quem acreditavam em Simón e Elena não deviam preocupar-se muito deles nem pôr neles sua esperança; senão, como homens livres, podiam fazer o que quisessem; porque o que salva aos homens seria a graça que ele lhes concedia, e não as obras boas. Também ensinava que não tinha obras boas por natureza. Irineu (180 d.C.)
Seus místicos sacerdotes vivem imprudentes , fazem atos de magia, cada um deles como pode. Usam de encantos e exorcismos. Também se exercitam fervorosamente fazendo filtros, conjuros, interpretação dos sonhos e todo tipo de praticas semelhantes. Assim mesmo conservam as estátuas, que se fabricaram para adorá-las, a de Simon, à que deram a figura de Júpiter, e a de Elena como a imagem de Minerva. A si mesmos se denominam simonitas, tomando o nome do pai de tão ímpia doutrina. Deles sacou sua origem a falsamente chamada gnose, como é fácil conhecer de suas mesmas afirmações. Irineu (180 d.C.)
Nós sabemos que Simón o mago se deu a si mesmo o título de poder de Deus. Orígenes (228 d.C.)

1.2. Os NICOLAÍTAS

O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia. Atos 6:5.
Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. Apocalipse 2:6.
Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos. Apocalipse 2:20.
Os nicolaítas têm como maestro a um verdadeiro Nicolás, um dos primeiros sete Diaconos ordenados pelos Apostolos. Estes vivem ma maldade. O Apocalipse de João expõe amplamente quem são. Ensinam que não há dificuldade alguma em fornicar e no comer as carnes oferecidas aos deuses. Por isso diz deles a Palavra: “Tens a teu favor ter odiado as ações dos nicolaítas que eu também ódio.” Irineu (180 d.C.)
João, o discípulo do Senhor, pregou a mesma fé, pois com seu evangelho quis erradicar o erro semeado entre muitas pessoas por Cerinto, e muito antes que ele, pelos chamados nicolaítas (os quais são uma versão da falsamente chamada gnose), a fim de confundir os e demonstrar-lhes que há um só Deus que criou tudo por meio de seu Verbo. Irineu (180 d.C.)
No entanto, João no Apocalipse exorta à castidade àquelas pessoas que ‘comem carne sacrificada aos deuses e cometem fornicação.’ Agora, inclusive há outro tipo de nicolaítas. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

1.3. CERINTO

Cerinto foi um maestro gnóstico primitivo, cuja doutrina floresceu ao redor do ano 100 d.C.
Um Cerinto, em Ásia, ensinou que o mundo não foi feito pelo primeiro Deus, senão por uma Potestade muito separada e distante do primeiro Ser que está sobretudo, e que não conhecia ao Deus que está sobre todas as coisas. Também formulou uma hipótese, afirmando que Jesus não tinha nascido de uma virgem (pois lhe parecia impossível), senão que foi filho de José e Maria de modo semelhante a todos os demais homens, e era superior a todos em justiça, poder e sabedoria. Irineu (180 d.C.)
A doutrina ensinada por Cerinto é esta: Terá um reino do mundo de Cristo. E já que Cerinto era um homem consagrado aos prazeres do corpo e completamente carnal em suas inclinações, este imaginou que o reino (de Cristo) consistiria naquelas recompensas sobre as quais estava fixo seu coração. Dionisio de Alexandria (262 d.C.)

1.4. Os CAINITAS

Os cainitas foram uma seita gnóstica primitiva, a qual ensinava que Caim, Judas e outras pessoas ímpias foram em verdade procuradores espirituais que resistiram ao Criador malvado.
Outros dizem que Caim nasceu de uma potestade superior, e professam ser irmãos de Esaú, de Coré, dos sodomitas e de todos seus semelhantes. Por isso o criador os atacou, mas a nenhum deles pôde fazer-lhes mau… E dizem que Judas o traidor foi o único que conheceu exatamente todas estas coisas, porque só ele entre todos conheceu a verdade para levar a cabo o mistério da traição, pela qual ficaram destruídos todos os seres terrenos e celestiais. Para isso, mostram um livro de sua invenção que chamam o ‘Evangelho de Judas’. Irineu (180 d.C.)
E ninguém pode salvar-sé se não experimenta todas as coisas, bem como ensinou Carpócrates. E que um anjo está ajudando aos seres humanos quando cometem qualquer ato torpe e pecaminoso, o qual faz levar a cabo toda ação atrevida e impura, de maneira que este anjo é o responsável de todas estas obras, como eles o invocam: «Oh tu, anjo, eu cumpro tua ação; oh tu, potestade, eu levo a cabo tua obra». E dizem que em isto consiste a gnose perfeita: entregar-se sem vergonha alguma a tais ações, cujo nome nem sequer é lícito pronunciar. Irineu (180 d.C.)
Uma víbora da heresia cainita… emocionou a uma grande quantidade de pessoas com sua doutrina venenosa. O primeiro que causou seu veneno foi a destruição do batismo. Tertuliano (199 d.C.)


2. SÉCULO II (Voltar Aporta)

2.1. BASÍLIDES

Basílides, um dos maestros Gnosticos mais antigos, viveu em Alexandria durante a primeira metade do segundo século.
Basílides, com o fim de parecer que tinha achado coisas mais verdadeiras e profundas, estendeu sua doutrina ao infinito. Segundo ele, o Pai teria engendrado em primeiro lugar à Mente; da Mente ao Verbo; do Verbo, a Prudência; da Prudência, a Sabedoria e a Potência; da Sabedoria e a Potência, as Potestades, os Principados e os Anjos, aos quais chama «os primeiros», e estes fizeram o primeiro céu. Irineu (180 d.C.)
Seu chefe é o Anjo que é o Deus dos judeus. E como este quis submeter às demais nações a seu povo, isto é aos judeus, os demais Principados se levantaram contra ele e o atacaram. Por isso também as demais nações se rebelaram contra a sua. O Pai e inefável, vendo como se perdiam, enviou à Mente, seu Primogênito, chamado Cristo, para liberar aos que acreditavam em ele, do domínio daqueles que fizeram o mundo. Apareceu na terra entre os seres humanos e fez milagres. Por isso, segundo dizem, não foi ele quem padeceu, senão um verdadeiro Simón de Cirene, quem foi obrigado a carregar a cruz por ele. A este teriam crucificado por erro e ignorância, pois (o Pai) tinha-lhe mudado sua aparência para que se parecesse a Jesus. Por sua vez, Jesus mudou seus rasgos pelos de Simón para rir-se deles. Irineu (180 d.C.)
Por isso não devemos acreditar em o que foi crucificado, senão naquele que veio viver entre os seres humanos sob forma de homem, ao que imaginaram ter crucificado; isto é, em Jesus, o enviado do Pai para que por meio deste plano destruísse as obras dos que tinham feito o mundo. Se alguém professa sua fé no crucificado, ainda é escravo e se mantém sob o poder dos que criaram os corpos. Em mudança, quem o nega (ao crucificado), fica liberado destes (Anjos) porque conhece o plano do Pai . Irineu (180 d.C.)
Só as almas podem salvar-se, porque os corpos são por natureza corruptíveis. Diz que as profecias mesmas são feitos dos Principados criadores do mundo; mas a lei prove do chefe de todos eles, quem sacou ao povo da terra de Egito. Têm-se de menosprezar as carnes esmoladas aos ídolos e tê-las por sem valor, e por isso podem comê-las sem preocupar-se; bem como podem gozar fazendo indiferentemente todo tipo de ações, inclusive deleitar-se com todo tipo de prazeres. Irineu (180 d.C.)
A hipótese de Basílides sustenta que o alma, que pecou anteriormente em outra vida, sofre agora castigos nesta vida. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

2.2. CARPÓCRATES

Carpócrates, um maestro gnóstico do segundo século, viveu em Alexandria.
Carpócrates e seus seguidores dizem que o mundo e quanto contém foi feito por anjos muito inferiores ao Pai ingênito. Jesus nasceu de José, e em tudo era semelhante ao resto dos homens. SUPERAVA-OS só porque sua alma, sendo reta e pura, recordava todas as coisas que tinha visto, no meio do Deus ingênito; por tal motivo este lhe tinha infundido um poder para que pudesse escapar dos criadores do mundo e para que, passando através de todos eles, uma vez liberada voltasse a ascender até ele. Irineu (180 d.C.)
O alma que, a semelhança de Jesus, pode desprezar as potestades deste mundo, também receberá o poder para realizar as mesmas ações. Por isso (estes hereges) alçaram-se com tão grande soberba, que alguns presumiram ser Jesus; outros, em certos aspectos inclusive mais poderosos; ou se sentem superiores a seus discípulos: Pedro, Paulo e os demais Apostolos… E se algum despreza as coisas deste mundo mais do que Jesus (dizem eles), poderá chegar a ser superior a Ele. Irineu (180 d.C.)
Em seus escritos e assim o pregam, dizendo que Jesus ensinou a seus discípulos costures secretas, e lhes pediu que se as transmitissem só aos que fossem dignos e estivessem abertos a acolhê-las. Porque somos salvos só pela fé e a graça; todo o resto é indiferente, pois que umas coisas sejam boas e outras se chamem más, é assunto da opinião humana, já que nada é mau por natureza. Irineu (180 d.C.)
Outros, em mudança, saíram dos grupos de Basílides e Carpócrates. Pregam o amor livre e a poligamia, sentem-se livres para comer o sacrificado aos ídolos, porque dizem que Deus não se preocupa de tais coisas. Irineu (180 d.C.)
E caíram em tão grande loucura, que presumem ter a licença de cometer todas as ações ímpias e irreverentes. Porque as coisas boas e más não são, dizem eles, senão opiniões humanas. Irineu (180 d.C.)
Carpócrates declara que o mundo e as coisas que há nele, foram criados pelos anjos, muito inferiores ao Pai ingênito. Ele diz que Jesus foi engendrado por José e, ainda que tendo nascido similarmente ao resto dos homens, Ele foi mais justo do que qualquer deles. Também afirma que o alma de Jesus, já que foi feita mais vigorosa e pura, recordou as coisas que viu em suas conversas com o Deus ingênito. Hipólito (225 d.C.)

2.3. SATURNINO

Destes saíram Saturnino, original de Antioquia cerca de Dafnes, e Basílides. Um em Síria e outro em Alexandria, ambos ensinaram doutrinas diversas. Saturnino, seguindo a Menandro (um discípulo de Simón o mago), ensinou que há um só Pai, desconhecido por todos. Este fez aos anjos, arcanjos, poderes e potestades. Sete dos anjos criaram o mundo e tudo quanto há nele. O homem seria feito dos anjos, (mas com ajuda do Pai) que… enviou uma chispa de vida, que fez ao homem endereçar-se, pôr-se em pé e viver. Esta mesma chispa de vida, uma vez morto o homem, regressa àquela que é de sua mesma natureza, enquanto o resto se dissolve nos elementos dos que foi sacado. Irineu (180 d.C.)
(Saturnino) ensinou que o Salvador não foi engendrado, nem tem corpo nem figura, e que se deixou ver pelos seres humanos só em aparência. O Deus dos judeus seria um dos anjos. E como o Pai quis aniquilar a todos os principados, Cristo veio destruir ao Deus dos judeus, para salvar aos que acreditavam em ele: estes são os que têm uma chispa de sua vida. Disse que os anjos tinham formado duas raças de seres humanos, uma malvada e outra boa. E como os Demonios prestavam seu auxílio aos perversos, o Salvador veio para acabar com os homens malvados e os demônios, e a salvar aos bons. Irineu (180 d.C.)
Adiciona que se casar e oferecer a vida (como os Martires) seriam obras inventadas poro diabo. Muitos de seus seguidores se abstêm de comer carne de animais, e enganam a muitos homens com sua má abstinência dissimulada. Os anjos que fizeram o mundo seriam os autores de umas profecias eo diabo o seria de outras.o diabo seria também um anjo, mas inimigo dos que criaram o mundo, e sobretudo do Deus dos judeus. Irineu (180 d.C.)

2.4. VALENTINIANOS

Valentín, natural de Egito, foi um dos principais maestros Gnosticos nos primeiros anos do segundo século. Este construiu uma elaborada cosmologia de eones de ambos os sexos que pretensamente governam o universo.
Valentín foi o primeiro em tomar os princípios antigos da seita chamada ‘gnóstica’ para aplicá-los às características de sua própria doutrina. Irineu (180 d.C.)
Ao mesmo tempo, os valentinianos negam que Jesus tomou algo material (em sua natureza), devido a que a matéria é incapaz de salvação. Mais bem sustentam do que a consumação de todas as coisas tomará lugar quando tudo o espiritual tenha sido formado e aperfeiçoado por meio do gnose (conhecimento). E com isto, eles se referem ao homem espiritual que atingiu o conhecimento perfeito de Deus e que foi iniciado dentro destes mistérios por Achamot. E eles se consideram ser este tipo de homens… Por outro lado, afirmam que os homens carnais são instruídos em coisas carnais. Tais “homens carnais” são reconhecidos por suas obras e sua fé simples; porque eles não têm o conhecimento perfeito (gnose). Os valentinianos afirmam que nós que pertencemos à igreja somos pessoas carnais. E é por esta razão, eles afirmam, que as boas obras são necessárias para nós. Pois de outro modo seria impossível para ser salvos. Mas sustentam com segurança que serão salvos, não por meio de suas obras, senão porque eles são espirituais por natureza. Irineu (180 d.C.)
Valentín a definiu desta maneira: tinha uma coisa sem nome , um de seus elementos se chamava Inefável e o outro Silêncio. Esta dualidade emitiu uma segunda dualidade, a um de cujos elementos chama Pai, e ao outro Verdade. Esta produziu como frutos ao Verbo, à vida, ao homem e à igreja. Este foi o primeiro conjunto de oito. O Verbo e a vida emitiram as dez Potestades como acima expusemos. Do homem e a igreja nasceram outras doze, uma das quais apostatou (do pléroma) e queda na decadência criou as demais coisas. Põe depois dois limites: um entre o abismo e o pléroma, que separa aos eones que nasceram do Pai ingênito; a outra põe a separação entre a Mãe deles e o pléroma. Irineu (180 d.C.)
O Cristo não teria sido emitido pelos Eones do Pléroma; senão que a Mãe, uma vez que se achou fora do Pléroma, engendrou-o de acordo com as memórias que conservava das realidades superiores, e por isso o deu a luz numa verdadeira sombra. Leste, como nasceu masculino, livrou-se da sombra e voltou ao Pléroma. Então a Mãe, abandonada na sombra e privada da substância espiritual, emitiu outro filho. Leste é o Demiurgo, a quem (Valentín) chama o Soberano universal de todos os seres que lhe estão submetidos. Irineu (180 d.C.)
Valentín esperava chegar a ser um bispo, já que era um homem inteligente e eloqüente. No entanto, enojado ao ver a outro que obteve a dignidade (de ser bispo)… se separou da igreja e da fé verdadeira. Bem como os espíritos que (acordados pela ambição) inflamam-se com um desejo de vingança, entregou-se com toda sua força a exterminar a verdade. Tertuliano (197 d.C.)
É por esta razão que eles não observam as obras como necessárias para eles, nem lhe dão importância aos deveres. E inclusive evitam a necessidade do martírio sobre qualquer pretensão que satisfaça suas fantasias. Tertuliano (197 d.C.)
O Apostolo deu um golpe similar contra aqueles que afirmam que “a ressurreição já se efetuou.” Tal opinião é declarada pelos valentinianos. Tertuliano (197 d.C.)
Os valentinianos são sem dúvida um grande corpo de hereges. Tertuliano (200 d.C.)
Se tu fazes perguntas sinceras e honestas aos valentinianos, eles te responderão com uma mirada severa e franzindo a sobrancelha, dirão: O tema é profundo… Por esta razão, nós somos considerados por eles como ‘simples.’ Tertuliano (200 d.C.)
Nós conhecemos muito bem sobre sua verdadeira origem e sabemos por que se chamam valentinianos, ainda que eles pretendam negar seu nome. É verdadeiro que se separaram de seu fundador. Não obstante, sua origem ainda está ali. Tertuliano (200 d.C.)
No presente, Axionicus de Antioquia é o único homem que honra a memória de Valentín, seguindo suas regras de maneira completa. Pois, dita heresia tomou diversas formas, bem como uma prostituta que muda e ajusta seu vestido todos os dias. Tertuliano (200 d.C.)
A heresia de Valentín está sem dúvida vinculada com as teorias pitagórica e Platônicas. Hipólito (225 d.C.)
Valentín afirma que todos os profetas e a lei falaram por meio do Demiurgo: um Deus néscio. E eles eram néscios também. Ele diz que foi por esta razão que o Salvador declarou: “Todos os que vieram antes de mim, são ladrões e assaltantes.” Hipólito (225 d.C.)

2.5. MARÇÃO

Marção, o qual fundou sua própria igreja, foi um dos principais mestres hereges do segundo século. Seus ensinos incorporam muitos elementos Gnosticos, incluindo a crença de que o Deus do Antigo Testamento foi um Deus diferente ao Pai de Jesus. Marção aceitou só o evangelho de Lucas e os escritos de Paulo para o cânon de seu Novo Testamento, e alterou ditos escritos para ajustá-los a suas próprias doutrinas.
E certo Marção, natural do Ponto, que ainda vive e ensina a seus discípulos, afirma que conhece a um Deus maior do que o Criador do mundo. Este conseguiu tanto, com a ajuda dos demônios, que muitos homens de todas as linhagens proferiram blasfêmias, negando que Deus, Pai de Cristo, seja o Criador de todas as coisas e afirmando outro Deus superior, ao que atribui obras maiores do que àquele. Justino Mártir (160 d.C.)
Marção do Ponto ampliou sua doutrina blasfemando de modo desavergonhado que aquele que anunciou a lei e os profetas era o Deus criador dos males, que se comprazia em guerras; era inconstante em suas opiniões e também se contradizia a si mesmo. Disse que Jesus tinha vindo a Judea de parte daquele Pai que está acima do Deus criador do mundo… e que se manifestou em forma humana aos judeus de então, para destruir a lei e os profetas e todas aquelas obras do Deus que fez o mundo. Irineu (180 d.C.)
Ademais recortou o evangelho segundo Lucas tirando-lhe todas as coisas escritas sobre a geração do Senhor, e arrancando da doutrina que o Senhor pregou… Igualmente recortou das cartas do Apostolo Paulo, tudo aquilo no qual o Apostolo fala concernente ao Deus que fez o mundo como o mesmo Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... Marção diz que terá salvação só para as almas que tenham aprendido sua doutrina; mas ao corpo, como foi tomado da terra, é-lhe impossível participar da salvação. Irineu (180 d.C.)
Temos também as igrejas que se alimentaram de João: porque, ainda que (Marção) recusa seu Apocalipse, se percorremos a sucessão dos bispos até sua origem, terminaremos em João, seu autor. Tertuliano (197 d.C.)
Um Deus superior foi descoberto por Marção: ¡Um que nunca se ofende nem se enoja, que nunca inflige castigos nem preparou um fogo no Gehena, e que não requer o crepitação de dentes nas trevas de afora! Este Deus é singelamente ‘bom.’ Proíbe toda maledicência, mas só em palavra. Ele estará em ti, se estás disposto a render-lhe homenagem… Porque este Deus não quer teu temor. E os marcionistas se satisfazem com tal engano, pois não tem temor de seu Deus para nada. Eles dizem que só um homem mau é temido e, em mudança, o bom, é amado. Tertuliano (207 d.C.)
“Não se enganem; Deus não pode ser burlado.” Mas o Deus de Marção sim pode sê-lo; já que não sabe como enojar-se nem como tomar vingança. (Tertuliano 207 d.C.)
De acordo a Marção, a carne não deveria ser imersa no água do sacramento a não ser que se ache em virgindade, viuvez ou celibato, ou se adquiriu por meio do Divorcio um título para batizar-se… Agora, uma disposição como esta, sem dúvida, envolve a proibição do casal. Tertuliano (207 d.C.) O método recente que foi adotado por Marção. Ele lê a seguinte passagem: “nos quais, o deus deste século” (2 Coríntios 4:4) como se descrevesse ao Criador como “o deus deste século.” Ele faz isto para que (por meio de tais palavras) possa deduzir que há outro Deus para o outro mundo. Tertuliano (207 d.C.) Marção não une laços das núpcias. E quando contraem casal, não o permite. Ele não batiza a ninguém, senão ao que vive em celibato ou é eunuco (ou viúva). Para os demais, reserva-lhes o batismo até a morte ou até que se divorciem. Tertuliano (207 d.C.)
Enfrentemos agora o tema do casal que Marção proíbe… Agora, quando Marção proíbe absolutamente toda relação sexual aos fiéis, e quando prescreve o repúdio de todos os compromissos antes do casal, que ensino está seguindo; a de Moisés ou a de Cristo? (Tertuliano 207 d.C.)
Marção recusa as duas epístolas a Timóteo e a epístola a Tito: tudo o relacionado à disciplina da igreja. (Tertuliano 207 d.C.)
O Apostolo João chama anticristos aos que negam que Cristo veio em carne. Estes são os marcionistas. (Tertuliano 207 d.C.)
Marção, de nenhum modo, admite a ressurreição da carne. Ao invés, é só a salvação do alma a que ele promete. (Tertuliano 207 d.C.)

3. OUTROS GRUPOS HERÉTICOS DO SÉCULO II (Voltar Aporta)

3.1. Os EBIONITAS

Os ebionitas foram uma seita herética que acreditava em Jesus como o Messias judeu. Não obstante, não aceitavam sua divindade e continuaram guardando a lei de Moisés.
Os que se chamam ebionitas confessam que o mundo foi feito por Deus; mas com respeito ao Senhor, ensinam os mesmos mitos que Cerinto e Carpócrates. Usam só o evangelho segundo Mateus, e recusam ao Apostolo Paulo pois o chamam apóstata da lei. Expõem com detalhe as profecias; e se circuncidam e perseveram nos costumes segundo a lei e no modo de viver judeu, de maneira que adoram a Jerusalém como se fosse a casa de Deus. Irineu (180 d.C.)
Os ebionitas… conforme aos costumes dos judeus, alegam que eles são justificados pela lei. Afirmam que Jesus foi justificado por cumprir a lei; e devido a sua fidelidade a ela foi chamado Jesus e Cristo de Deus, pois ninguém como Ele tinha observado a lei de maneira completa… Em resumo, eles sustentam que nosso Senhor mesmo foi um homem em todo sentido como qualquer de nós. Hipólito (225 d.C.)
Eu não entendo esta expressão como a entendem os ebionitas, os quais são pobres em entendimento. Eles crêem que o Salvador veio especialmente aos israelitas. Orígenes (225 d.C.)
Os judeus físicos e os ebionitas (os quais diferem pouco dos primeiros) reprocham-nos por transgredir os mandamentos referentes às carnes limpas e imundas. Orígenes (225 d.C.)
Alguns deles se consideram cristãos, porque aceitam a Jesus. No entanto, regulam suas vidas conforme à lei judia igual que a multidão de judeus. Existem duas seitas entre os ebionitas. Uma destas, reconhece que Jesus nasceu de uma virgem. A outra o recusa, e sustenta que Ele foi engendrado como qualquer ser humano. Orígenes (248 d.C.)
Existem certas seitas heréticas, as quais não aceitam as epístolas de Paulo. Tales são as duas seitas ebionitas, como também os chamados encratitas. Orígenes (248 d.C.)

3.2. Os ENCRATITAS

Os encratitas eram uma seita herética conhecida por suas praticas ascéticas.
Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada, proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade. 1 Timóteo 4:1-3.
A partir de Saturnino e Marção nasceram os encratitas, os quais pregam a abstinência do casal, destruindo o plano de Deus… ao que de modo indireto acusam de ter feito homem e mulher para engendrar seres humanos. Introduziram a abstinência de tudo o que eles chamam animal, fazendo-se desta maneira ingratos a Deus que fez todas as coisas… e bem como o faziam Saturnino e Marção, denunciam o casal como fornicação e corrupção. Irineu (180 d.C.)
Outros se chamaram assim mesmos encratitas. Estes entendem algumas coisas concernentes a Deus e A Cristo do mesmo modo que a igreja. No entanto, em seu estilo de vida, passam seus dias enchidos de orgulho. Imaginam que se fazem a si mesmos superiores por meio dos alimentos. Por esta razão, abstêm-se de toda comida animal e bebem só água. Proíbem casar-se às pessoas. E pelo resto de suas vidas se entregam a praticas ascéticas.
A pessoas com estas qualidades se as deveria considerar ‘cínicas’ e não cristãs. Pois eles não põem atendimento às palavras de Paulo dirigidas contra eles, porque ele predisse sobre as novas mudanças que mais tarde seriam introduzidos por alguns, dizendo: “O Espírito fala expressamente que nos últimos tempos, alguns se apartassem do são ensino, prestando atendimento a espíritos sedutores e a doutrinas de demônios… proibirão casar-se e abster-se de carnes que Deus criou para participar delas com ação de graças.” Hipólito (225 d.C.)
Existem certas seitas heréticas, as quais não aceitam as epístolas de Paulo. Tales são as duas seitas ebionitas, como também os chamados encratitas. Orígenes (248 d.C.)

3.3. MARCO O HEREGE

Outro deles presume de ter corrigido ao Maestro. Seu nome é Marco. É muito experiente nas artes de magia, mediante as quais seduz a muitos varões e a não poucas mulheres para que se convertam a ele como ao maior e mais perfeito gnóstico, porque possui a Potência mais elevada, que prove de lugares invisíveis e indescritíveis. É um verdadeiro precursor do Anticristo. Ele se introduz nas festas de Anasilao com os enganos dos chamados magos; e por isso, muitos que não discernem e perderam a cabeça, pensam que tem em suas mãos o poder de fazer prodígios. Irineu (180 d.C.)
Outros (seguidores de Marcos) pensam que não faz sentido levar ao batizado ao água. Preferem misturar óleo com água, e pronunciando palavras semelhantes às que dissemos acima, lhes ungem a cabeça para, segundo dizem, consagrá-los para a redenção. Os ungem com o mesmo óleo perfumado… Este engano o difundiuo diabo, que procura apartar do batismo para a nova vida em Deus, e destruir a fé. Irineu (180 d.C.)
Marco prepara filtros enervantes não para todas as mulheres, senão para aquelas que, excitadas, permitem-lhe desonrar seu corpo. Muitas destas, quando se convertem à igreja de Deus, com freqüência confessam que elas lhe permitiram manchar seu corpo, porque se tinham sentido inflamadas por um amor violento para ele. Irineu (180 d.C.)
Alguns de seus discípulos, cometendo os mesmos erros, seduziram a muitas mulheres para corrompê-las. A si mesmos se chamam os perfeitos, pois imaginam que ninguém pode igualar a grandeza de sua gnose, assim fossem Paulo ou Pedro ou qualquer dos outros Apostolos; porque sabem mais do que qualquer, pois unicamente eles beberam a grandeza da gnose da Potência inefável. Dizem estar em lugar mais elevado do que qualquer potência; por isso podem livremente fazer o que lhes gosta, sem temer nada nem a ninguém. Irineu (180 d.C.)
Segundo dizem, o Demiurgo levou a cabo a criação a imagem dos seres invisíveis, sem que ele se desse conta, por arte da Mãe. Irineu (180 d.C.)
(Marcos) pareceria ter por cúmplice a um demônio, por cuja obra causa a impressão de profetizar, e também faz profetizar àquelas mulheres a quem julga dignas de participar de sua graça. Porque sobretudo anda por trás de mulheres, sobretudo às mais nobres, melhor vestidas e ricas, às quais trata de seduzir com discursos orgulhosos, (insistindo-lhes a profetizar)… Em seguida a mulher responde: «Nunca profetizei nem sei profetizar». Ele então pronuncia novas invocações para encher de admiração à pobre enganada, dizendo-lhe: «Abre tua boca e fala qualquer coisa, e profetizarás». Ela então, esvanecida pelo que se lhe disse, sente esquentar-se sua alma com o sonho de que está por profetizar; seu coração se põe a palpitar fortemente, atreve-se a falar coisas delirantes e qualquer coisa que lhe vem, sem sentido mas com ousadia, pois sente arder nela o espírito… Ela então se sente profetisa, agradece a Marco porque lhe comunicou sua graça; e em agradecimento não só lhe dá uma grande parte de suas riquezas, de onde ele amontoa uma boa quantidade de dinheiro; senão que também lhe entrega seu corpo desejando estar unida intimamente com ele, para junto com ele descer ao Um. Irineu (180 d.C.)
Outros os levam a onde há água e ao batizá-los proclamam: «No nome do Pai universal e da Verdade, mãe de todas as coisas, que desceu sobre Jesus, para a união, redenção e comunhão com todas as Potências». Outros pronunciam palavras em hebreu, de maneira que enchem de estupor e ainda de medo aos batizados. Irineu (180 d.C.)
Outros (seguidores de Marcos) celebram o rito da redenção sobre os que acabam de morrer, derramando óleo e água sobre sua cabeça, ou o óleo perfumado que dissemos acima junto com água, enquanto pronunciam as mesmas invocações, a fim de que (os defuntos) façam-se invisíveis para os Principados e Potestades, a fim de que seu homem interior possa subir além dos lugares invisíveis. Irineu (180 d.C.)
(Marco) engana a muitos que chegam a ser seus discípulos. Ele lhes ensina que eles estão propensos ao pecado, mas sem perigo, porque pertencem ao poder perfeito. Depois do batismo, estes hereges, prometem outro nascimento que chamam redenção. Com isto enganam malvadamente aos que permanecem com eles esperando a redenção, como se as pessoas uma vez batizadas pudessem obter outra remessa. Hipólito (205 d.C.)


4. Século III. (Voltar Aporta)

4.1. Montano, montanismo

O montanismo foi um movimento espiritual que começou na última parte do segundo século. Iniciou-se com um homem chamado Montano que vivia em Frigia. Depois dele, o movimento foi dirigido por dois profetizas: Priscila e Maximilia. Os montanistas se referem a seu movimento como a Nova Profecia. A igreja normalmente os chamava frigianos, catafrigianos ou montanistas. Que a gente acima mencionada não nos chame “homens naturais” a modo de reproche. Também não permitam aos frigianos, porque estas pessoas usam o termo “homem natural” para referir-se àqueles que não pertencem à Nova Profecia. Clemente de Alexandria (195 d.C.) Há outros que inclusive são mais hereges em natureza e são frigianos por natureza. Estes foram vítimas do erro devido a ser previamente cativados por aquelas mulheres miseráveis telefonemas Priscila e Maximilia, as quais, eles supõem, são profetizas. E anterior a elas, os frigianos, da mesma maneira, consideram como profeta a Montano… Eles alegam que aprenderam mais através de seus livros que da lei, dos profetas e dos evangelhos. De fato, eles pressintam a estas azaradas mulheres acima dos Apostolos e de todo dom de graça. Ademais, alguns deles presumem que há algo neles superior a Cristo. Hipólito (225 d.C.) Aqueles que são chamados catafrigianos se esforçam em reclamar para eles mesmos novas profecias. Estes não podem ter nem ao Pai nem ao Filho. Pois se lhes perguntamos a que Cristo pregam, eles responderão dizendo que pregam (ao Cristo) que enviou ao Espírito que fala por meio de Montano ou Priscila. No entanto, quando observamos que o Espírito para valer não esteve em tais pessoas, senão um espírito de erro, sabemos que os que sustentam suas falsas profecias contra a fé de Cristo, não podem ter a Cristo. Farmiliano (256 d.C.)

4.2. MANES, MANIQUEÍSMO

Manes (216-276 d.C.), também conhecido como Mani ou Maniqueo, fundou uma seita religiosa em Persia que incorporou muitos elementos Gnosticos, particularmente o dualismo. Difundiu-se pelo Oriente como uma religião diferente, mas emergiu no Ocidente principalmente como uma heresia cristã. Mani foi um persa… Ele estabeleceu dois princípios: Deus e a Matéria. Ele chamou Deus ao bem e Matéria ao mau… Deus pensou em como vingar-se da Matéria… Por tanto, Ele enviou o poder que chamamos alma à Matéria para impregná-lo completamente… Eles se abstêm daquelas coisas que têm vida (animal). Portanto, alimentam-se de vegetais e de tudo que careça de sensibilidade. Também se abstêm do casal, dos ritos de Venus e da procriação de filhos… Estas coisas são as principais crenças que eles afirmam e crêem. E particularmente honram ao sol e à lua, não como deuses, senão do modo por meio do qual é possível atingir a Deus. Alejandro de Licópolis (300 d.C.) (Manes) adora a duas deidades: ambas sem origem, auto existentes e opostas uma contra a outra. Ele ensina que uma é boa e a outra má. A primeira deidade é telefonema Luz e a outra Escuridão. Também ensina que o alma do homem é uma porção da luz, mas o corpo… é parte da escuridão… O (bom Pai) enviou a seu querido Filho para a salvação do alma. Discussão entre Arquelao e Manes. (320 d.C.) Arquelao perguntou: Não és tu da opinião de que Jesus nasceu da virgem Maria? Manes replicou: “Deus me proibiu admitir que nosso Senhor Jesus Cristo veio a nós por meio do ventre natural de uma mulher.” Discussão entre Arquelao e Manes. (320 d.C.) (Arquelao:) Se tua afirmação é verdade que o Filho não nasceu, então indubitavelmente Ele não sofreu. Porque não é possível que alguém sofra sem ter nascido. No entanto, se Ele não sofreu, então o nome da cruz é eliminado. E se a cruz não foi sofrida, então Jesus não se levantou dos mortos. E se Jesus não se levantou dos mortos, então também não ressuscitará nenhuma pessoa. E se ninguém tem de ressuscitar, então não terá um Juizo. Discussão entre Arquelao e Manes. (320 d.C.)

4.3. MONARQUISMO

O termo “monarquismo” se refere à crença de que os três: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são modalidades ou revelações diferentes de uma mesma pessoa. Dita crença é também conhecida nos círculos teológicos como modalismo, patripasianismo ou sabelianismo. No uso popular, esta crença se refere geralmente à teologia “Só Jesus”. Dois dos maestros primitivos do monarquismo foram Noeto e Praxeas. (Os monarquistas) procuram exibir o fundamento para seu dogma, citando a palavra na lei: “Eu sou o Deus de teus pais; não terás outros deuses adiante de mim.” E outra vez em outra passagem, Ele diz: “Eu sou o primeiro e o último. E aparte de mim, não há outro.” Deste modo, eles dizem que provam que Deus é um. Por tanto, respondem da seguinte maneira: “Se eu reconheço que Cristo é Deus, Ele deve ser o mesmo Pai, se deveras Ele é Deus. Agora, Cristo, sendo Deus mesmo, sofreu. Portanto, o Pai sofreu, já que Ele (Cristo) era o mesmo Pai.” Hipólito (205 d.C.) Agora, Calixto (bispo de Roma) apresentou-se a Severino (sucessor bispo de Roma) e o induziu a declarar publicamente: “Eu sei que há um só Deus: Jesus Cristo.”… E nós, conscientes de seus sentimentos, não lhe demos lugar, senão que o reprovamos e resistimos por causa da verdade. E ele precipitadamente… nos chamou adoradores de dois Deuses. Hipólito (205 d.C.) Oo diabo rivalizou e resistido a verdade de diferentes maneiras… Praxeas sustenta que há um só Senhor, o Criador do mundo. Ele diz isto a fim de que a partir de dita unidade possa criar uma heresia. Ele diz que o Pai mesmo desceu à virgem, nasceu dela e sofreu; e que Ele mesmo foi Jesus Cristo. Tertuliano (213 d.C.) Os monarquistas constantemente nos criticam por ser predicadores de dois Deuses e três Deuses, enquanto eles tomam um preeminente crédito por ser “adoradores de um só Deus”… Nós dizemos que eles sustentam a “monarquia.” Tertuliano (213 d.C.) Jesus lhes ordenou a batizar no Pai, o Filho e o Espírito Santo; não num Deus individual. Tertuliano (213 d.C.)


III. COMO OS HEREGES INTERPRETAN MAU As ESCRITURAS (Voltar Aporta)

Nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição. 2 Pedro 3:15-16.
Além destes, eles(os mestres hereges) adicionaram uma multidão de escritos apocrifose bastardos, que causam admiração aos néscios, que desconhecem as verdadeiras Escrituras. Irineu (180 d.C.)
Estes homens não aceitam nem as Escrituras nem a tradição. Tais homens são os adversários a quem temos que nos enfrentar. Irineu (180 d.C.)
Em realidade, eles citam das Escrituras e, ao mesmo tempo, baseiam (suas crenças) fosse das Escrituras. ¡Por suposto que o fazem! De que fonte poderiam eles derivar argumentos concernentes à fé? Tertuliano (197 d.C.)
Ali, onde há diversidade de doutrinas, se torce as Escrituras e as interpretações delas. Tertuliano (197 d.C.)
Um homem perverte as Escrituras com suas mãos. Outro, perverte seu significado por meio de explicações. Pois, ainda que Valentín parecesse usar todas as Escrituras, tem as mãos violentas postas sobre a verdade, só que a usa com mais astúcia e habilidade do que Marção. Marção abertamente usou a faca mais do que a tinta; pois este cortou partes das Escrituras para encaixá-las a seu próprio ensino. Tertuliano (197 d.C.)
O método recente que foi adotado por Marção. Ele lê a seguinte passagem: “nos quais, o deus deste século” (2 Coríntios 4:4) como se descrevesse ao Criador como “o deus deste século.” Ele faz isto para que (por meio de tais palavras) possa deduzir que há outro Deus para o outro mundo. Tertuliano (207 d.C.) Tirem aos hereges a sabedoria que eles compartilham com os pagãos e permitam-lhes sustentar suas doutrinas baseados só nas Escrituras, e verão que serão incapazes de sustentar-se em pé. Tertuliano (210 d.C.) Ele cita estas palavras sem entender o que as precede. Porque em qualquer parte que eles queiram tentar qualquer coisa, mutilam as Escrituras. Em lugar disso, ¡que cite as passagens completas! Hipólito (205 d.C.) (Os monarquistas) procuram exibir o fundamento para seu dogma, citando a palavra na lei: “Eu sou o Deus de teus pais; não terás outros deuses adiante de mim.” E outra vez em outra passagem, Ele diz: “Eu sou o primeiro e o último. E aparte de mim, não há outro.” Deste modo, eles dizem que provam que Deus é um. Por tanto, respondem da seguinte maneira: “Se eu reconheço que Cristo é Deus, Ele deve ser o mesmo Pai, se deveras Ele é Deus. Agora, Cristo, sendo Deus mesmo, sofreu. Portanto, o Pai sofreu, já que Ele (Cristo) era o mesmo Pai.” Hipólito (205 d.C.) Aqueles que pertencem às seitas heréticas lêem (estas passagens da Escritura)… “Eu sou um Deus zeloso que visita a maldade dos pais até os filhos,”… e “Um espírito malvado de parte do Senhor atormentava a Saul” e outras passagens similares… (Ditos hereges) crêem que estas palavras pertencem ao Demiurgo, o Deus adorado pelos judeus. E já que o Demiurgo é um Deus imperfeito e sem amor, eles crêem que o Salvador veio para anunciar a uma Deidade mais perfeita. Orígenes (225 d.C.)
Certos homens (os hereges) que sustentam idéias contrárias, interpretam mau estas passagens. Eles destroem o Livre arbitrio ao introduzir (a idéia) de uma natureza pecaminosa e incapaz de salvação; enquanto sustentam que outros podem ser salvos, de tal forma que não podem perder a salvação. Orígenes (248 d.C.)
Aqueles que procuram estabelecer um novo dogma, têm o hábito de perverter com facilidade, em conformidade a suas próprias noções, qualquer prova que lhes interesse (tomar) das Escrituras… Em conseqüência, além do que uma vez se nos foi entregado pelos Apostolos, um discípulo de Cristo não deve receber nada novo como doutrina. Discussão entre Arquelao e Manes. (320 d.C.)

IV. Os HEREGES E A RESPOSTA DA IGREJA (Voltar Aporta)

Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as embriaguezes, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. Gálatas 5:19-21.
Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertas heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. 2 Pedro 2:1.
Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este Juizo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. Judas 4.
Todos esses mandatos não contradizem nem anulam os antigos, como andam vociferando os marcionitas; senão que os ampliam e aperfeiçoam, como ele disse: “Se sua justiça não fosse melhor do que a dos escrevas e fariseus, não entrarão no reino dos céus” Que significava melhor? Em primeiro lugar, não crer só no Pai, senão também no Filho que já se tinha manifestado: pois este é o que conduz ao ser humano à comunhão e unidade com Deus. Em segundo lugar, não só dizer, senão atuar, pois eles diziam e não faziam, e não só abster-se de fazer mau, senão também de desejá-lo. Irineu (180 d.C.)
Mas se não se fez carne senão aparência de carne, então não era verdadeira sua obra. ¡Não! O que parecia, isso era: o Deus do homem recapitulava em si sua antiga criação, para matar por verdadeiro o pecado, deixar vazia a morte e dar vida ao homem. Por isso “suas obras são verdadeiras.” Irineu (180 d.C.)
Quando nós atacamos (aos hereges) com a tradição que a igreja registrada a partir dos Apostolos pela sucessão dos presbíteros, eles se dispõem contra a tradição… E terminam por não estar de acordo nem com a tradição nem com as Escrituras. Irineu (180 d.C.)
Para todos aqueles que queiram ver a verdade, a tradição dos Apostolos foi manifestada ao mundo em toda a igreja, e podemos enumerar àqueles que na igreja foram constituídos bispos e sucessores dos Apostolos até nós, os quais nem ensinaram nem conheceram as coisas que (os grupos heréticos) deliram. Irineu (180 d.C.)
A respeito da teoria de quem opinam coisas contrárias ao Pai nada diz a Escritura, nem em forma aberta, nem com suas palavras, nem em forma notória. Os mesmos hereges dão depoimento disso, quando afirmam que o Salvador as ensinou em segredo, não a todos senão a alguns discípulos capazes de entendê-lo, e de interpretar seu significado por meio de argumentos, enigmas e parábolas. Chegam inclusive a dizer que um é o Deus do que se prega, e outro o Pai ao que se referem as parábolas e enigmas. Irineu (180 d.C.)
Os hereges nos apresentam a questão de se Adão foi criado perfeito ou imperfeito. Porque se o foi imperfeito, como pode ser imperfeita a obra de um Deus perfeito, e mais ainda tratando-se do homem? Mas se era perfeito, como traspassou o mandato? Nossa resposta é que não foi criado perfeito em sua constituição, mas se disposto para receber a perfeição. Há certa diferença entre ter capacidade para a virtude e possuí-la. Deus quer que nos salvemos por nós mesmos, pois esta é a natureza do alma, a de poder mover-se por si mesma… todos, como disse, estão Atos para atingir a virtude. O que sucede é que uns se entregam mais, e outros menos à aprendizagem e à prática da mesma. Clemente de Alexandria (195 d.C.)
Está claro que estas heresias nasceram mais tarde e são inovações e desfigurações da antiga e verdadeira igreja, bem como as que surgiram em tempos ainda posteriores a elas. E creio que resulta evidente depois do dito, que a verdadeira igreja é uma, a realmente primitiva. Clemente de Alexandria (195 d.C.)
Voltemos a nossa discussão a respeito do princípio de que o mais originário é o verdadeiro, e o posterior é o falso. Tertuliano (197 d.C.)
Eu digo que o evangelho meu é o correto. Marção [um maestro gnóstico principal] diz que o seu é o correto. Eu digo que o evangelho de Marção se adulterou. O diz que o meu se adulterou. Bueno, como podemos resolver esta disputa, exceto pelo fundamento de tempo? Segundo este fundamento, a autoridade a tem o que tem a posição mais antiga. Isto se baseia na verdade elementar que a adulteração está com aquele cuja doutrina se originou mais recentemente. Já que o erro é a falsificação da verdade, a verdade tinha que existir antes que o erro. Tertuliano (197 d.C.)
Nenhum ensino poderá ser recebido como apostólica, exceto as que são proclamadas nas igrejas fundadas pelos Apostolos. Tertuliano (197 d.C.)
Se são hereges, não podem ser cristãos, já que não receberam de Cristo o que eles se escolheram por própria eleição ao admitir o nome de hereges. Não sendo cristãos, não têm direito algum sobre os escritos cristãos. Com razão se lhes tem de dizer: Quem são? Quando chegaram, e de onde? Que fazem em meu terreno, não sendo dos meus? Com que direito, Marção curtas lenha em meu bosque? Com que permissão, Valentín, desvias o água de minhas fontes? Com que poderes, Apeles, moves meus marcos?... Esta posse é minha; posse antiga e anterior a vocês. Tenho umas Orígenes firmes, desde os mesmos fundadores da doutrina. Tertuliano (197 d.C.)
Nós refutamos àqueles que pensam que o Pai de nosso senhor Jesus Cristo é um Deus diferente àquele que entregou a lei a Moisés e enviou aos profetas. Orígenes (225 d.C.)
O Filho se vestiu de carne para dominar os desejos da carne, ensinando-nos que o pecado não foi resultado da necessidade, senão do propósito e da vontade do homem. Lactâncio (304 d.C.)


V. ATITUDE DA IGREJA PRIMITIVA PARA Os HEREGES (Voltar Aporta)

Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Romanos 16:17.
Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro. 1 Timóteo 6:3-5.
Agora bem, Onésimo, de sua própria iniciativa lhes reconhece em grande maneira por sua conduta ordenada em Deus, porque todos vivem em conformidade com a verdade, e não há heresia alguma que ache albergue entre vocês; é mais, nem ainda escutam a ninguém se fala de outras coisas exceto o que se refere a Jesus Cristo em verdade. Porque alguns são propensos a engano malicioso sobre o nome do Senhor, e o propagam e fazem certas coisas indignas de Deus. A estes têm que os evitar como se fossem ferozes; porque são cachorros raivosos, que mordem a escondidas; contra os quais deveriam estar em guarda, porque são difíceis de sanar. Ignácio (105 d.C.)
Abstenham-se das plantas daninhas, que não são cultivadas por Jesus Cristo, porque não são plantadas pelo Pai. Porque todos os que são de Deus e de Jesus Cristo estão com os bispos… Não se deixem enganar, irmãos meus. Se algum segue a outro que cause um cisma, não herdará o reino de Deus. Se algum anda em doutrina estranha, não tem comunhão com a paixão. Ignácio (105 d.C.)
Mas os que entregaram (varas) verdes e sem murchar, estes estão também cerca deles; porque eram hipócritas, e trouxeram doutrinas estranhas, e perverteram aos servos de Deus, especialmente aos que não tinham pecado, não lhes permitindo que se arrependessem, senão persuadindo-lhes com suas doutrinas insensatas. Estes, pois, têm esperança de arrepender-se. Hermas (150 d.C.)
E do mesmo Policarpo se diz que uma vez se encontrou com Marção, e este lhe disse: “Me conheces?” O lhe respondeu: “Te conheço, primogênito deo diabo.” É que os Apostolos e seus discípulos tinham tal reverência, que não queriam dirigir nem sequer uma mínima palavra àqueles que adulteram a verdade, como diz São Paulo: “Depois de uma ou duas advertências, evita ao herege, vendo que ele mesmo se condena e peca sustentando uma má doutrina.” Irineu (180 d.C.)
A igreja foi plantada como o Paraiso no mundo. “De todo árvore, pois, do Paraiso, poderão comer”, diz o Espírito de Deus, isto é, comam de toda a Escritura do Senhor, mas não comam com espírito orgulhoso nem toquem nada da divisão herética. Irineu (180 d.C.)
Se alguém se atrevesse a pregar-lhes o que os hereges inventaram, falando-lhes em sua própria língua, eles (os cristãos) de imediato fechariam os ouvidos e fugiriam muito longe, pois nem sequer se atreveriam a ouvir a predicação blasfema. Irineu (180 d.C.)
(Uma descrição dos hereges) Por tanto, quem não participam dele, nem nutrem sua vida com o leite de sua mãe (a igreja), também não recebem a pura fonte que procede do corpo de Cristo. “Cavam para si mesmos cisternas ajeitadas,” se enchem de poços terrenos e bebem água corrompida pelo lodo; porque fogem da fé da igreja para que não se lhes convença de erro, e recusam o Espírito para não ser instruídos. Alienando-se da verdade, de erro em erro, andam flutuando, opinando de um modo ou de outro, segundo as ocasiões, e nunca chegam a afirmar-se numa doutrina estável. Irineu (180 d.C.)
Em mudança aos outros, que se apartam da sucessão original e se reúnem em qualquer parte, terá que os ter por suspeitos, como hereges que têm idéias perversas, ou como hereges cheios de orgulho e egoísmo, ou como hipócritas que não procuram em sua conduta senão o interesse e a vangloria. Irineu (180 d.C.)
VER TAMBÉM BATISMO; HERMENÊUTICA; HOMEM, DOUTRINA DO; SALVAÇÃO

Heresias primitivas: "Os Ismos"


Olá leitores e amigos, hoje vamos combater nossa fé cristã e abordar maus um assunto de seitas e heresias. O penúltimo livro da Bíblia, que é uma das menores cartas do Novo testamento, escrita por Judas, oferece-nos suficientes subsídios que bem explica a necessidade e urgência da Apologia Cristã. Tal epístola veio refutar o erro que sutilmente levava as igrejas gentílicas a tolerarem falsos ensinamentos a cerca da graça de Deus. A linguagem enérgica, exortou o povo a batalhar pela fé (v3) - não somente por argumentos, mas também em demonstração de uma vida reta e pura.

Diante ao exposto reuni aqui as escolas de pensamento filosófico mais conhecidas, e as suas falsas filosofias, no intuito de mostrar ao leitor uma síntese do esforço inútil do homem através dos séculos no propósito de adquirir a sua própria salvação ou redenção. O mais importante é que essas escolas de pensamento fornecem às falsas religiões e seitas o material necessário à sua pregação.

A palavra
seita provém do latim secta (de sequi, que significa seguir), uma ideologia ou modo de vida segmentado e comportamental ou filosófico de um grupo. Em seguida algumas heresias primitivas que deram início a muitas seitas:

Agnosticismo - O vocábulo ing. agnosticism foi forjado em 1869 por Thomas H. Huxley, calcado, por oposição ao gnosticismo, no adjetivo gr. ágnõstos, "ignorante, incogniscível". Filosofia naturalista e afeita às coisas e relações da ciência experimental. "É o sistema que ensina que não sabemos, nem podemos saber se Deus existe ou não. Dizem: a mente finita não pode alcançar o infinito. Ora, não podemos abarcar a terra, mas podemos tocá-la! (I João 1.1). A frase predileta do Agnosticismo é: "Não podemos crer". Um resumo de seu ensino é o seguinte: o ateísmo é absurdo, porque ninguém pode provar que Deus não existe. O teísmo não é menos absurdo, porque ninguém pode provar que Deus existe. Não podemos crer sem provas evidentes. Mentores do Agnostícismo: Huxley, Spencer e outros. Estão todos puramente enganados, porque Deus é facilmente compreensível pela alma sequiosa, honesta e constante. Ler Romanos 1 .2O". (Introdução à Heresiologia)

Animismo - Uma das características do pensamento primitivo, que consiste em atribuir a todos os seres da natureza uma ou várias almas. Segundo Edward Burnett Tylor (1832-1917) é também toda a doutrina de índole espiritualista, em oposição ao materialismo. Essa teoria considera a alma como a causa primária de todos os fatos.

Ascetismo - Teoria e prática da abstinência e da mortificação dos sentidos. Tem como objetivo assegurar a perfeição espiritual, submetendo o corpo à alma. Há ainda o ascetismo natural (busca da perfeição por motivos independentes das relações do homem com Deus) que foi praticado pela escola pitagórica. É muito praticado pelas religiões e seitas orientais.

Ateísmo - Teoria que nega a existência de um Deus pessoal. Desde a Renascença, o termo passou a indicar a atitude de quem não admite a existência de uma divindade. Chamam-se ateus os que não admitem a existência de um ser Absoluto, dotado de individualidade e personalidade reais, livre e inteligente.

Ceticismo - Se caracteriza por uma atitude antidogmática de indagação, que torne evidente a inconsistência de qualquer posição, definindo como única posição justa a abstenção de aceitá-las. Foi fundada por Pirro, filósofo grego em 360 a.C. Ensina que visto que só as sensações, instáveis ou ilusórias, podem ser a base dos nossos juízos sobre a realidade, deve-se praticar o repouso mental em que há insensibilidade e em que nada se afirma ou se nega, de modo a atingir a felicidade pelo equilíbrio e a tranqüilidade. Tais pessoas não vivem, vegetam...

Deísmo - O deísmo distingue-se radicalmente do teísmo. Para o teísmo, Deus é o autor do mundo, entidade pessoal revelada aos homem, dramaticamente, na história. Para o deísmo, Deus é o princípio ou causa do mundo, infuso ou difuso na natureza, como o arquiteto do universo. Elaborado dentro do contexto da chamada religião natural, cujos dogmas são demonstrados pela razão, o conceito deísta de Deus pode confundir-se com o conceito de uma lei, no sentido racional-natural do termo. Trata-se do Deus de todas as religiões e seu conceito não está associado às idéias de pecado e redenção, providência, perdão ou graça, considerados "irracionais". É antes um Deus da natureza do que um Deus da humanidade e, como um eterno geômetra, mantém o universo em funcionamento, como se fosse um relógio de precisão. O deísmo surgiu dentro do contexto dos primórdios do racionalismo sob a influência de Locke e Newton. Voltaire, um dos maiores contestadores da Bíblia dos últimos tempos, era deísta.

Dualismo - Em sentido técnico rigoroso, dualismo significa a doutrina ou o sistema filosófico que admite a existência de duas substâncias, de dois princípios ou de duas realidades como explicação possível do mundo e da vida, mas irredutíveis entre si, inconciliáveis, incapazes de síntese final ou de subordinação de um ao outro. No sentido religioso são também dualistas as religiões ou doutrinas que admitem duas divindades sendo uma positiva, princípio do bem, e outra, sua oposta, destruidora, negativa, princípio do mal operando na natureza e no homem. Descartes (1596-1650) é quem estabelece essa doutrina no campo da filosofia moderna.

Ecletismo - Sistema filosófico que procura conciliar teses de sistemas diversos conforme critérios de verdade determinados. Procura aproveitar o que há de melhor de todos os sistemas. No século XIX o ecletismo espiritualista, que se preocupava com o uso do método introspectivo, deu origem ao chamado espiritualismo contemporâneo.

Empirismo - Posição filosófica segundo a qual todo o conhecimento humano resultaria da experiência (sensações exteriores ou interiores) e não da razão ou do intelecto. Afirma que o único critério de verdade consistiria na experiência. É essa a teoria do "ver para crer".

Epicurismo - Nome que recebe a escola filosófica grega fundada por Epícuro (341-270 a.C.). Afirma o princípio do prazer como valor supremo e finalidade do homem, e prescreve: 1) aceitar todo prazer que não produza dor; 2) evitar toda dor que não produza prazer; 3) evitar o prazer que impeça um prazer ainda maior, ou que produza uma dor maior do que este prazer; 4) suportar a dor que afaste uma dor ainda maior ou assegure um prazer maior ainda. Por prazer entende a satisfação do espírito, proveniente de corpo e alma sãos, e nunca de Deus. Buscar prazer e satisfação apenas na saúde ou no intelecto é não ter desejo de encontrar a verdadeira fonte da felicidade.

Esoterismo - Sistema filosófico religioso oculto. Doutrina secreta só comunicada aos iniciados. O esoterismo é ocultista e caracteriza-se pelo estudo sistemático dos símbolos. Há simbologia em tudo o que existe e no estudo dessa simbologia o homem poderá compreender as razões fundamentais de sua existência. Vem a ser uma ramificação do Espiritismo.

Espiritualismo - Denominação genérica de doutrinas filosóficas segundo as quais o espírito é o centro de todas as atividades humanas, seja este entendido por substância psíquica, pensamento puro, consciência universal, ou vontade absoluta. O espírito é a realidade primordial, o bem supremo. O Espiritualismo é dualista, pluralista, teísta, panteísta e agnóstico. E o espiritismo com um nome mais sofisticado. E doutrina de demônios. Aceita a reencarnação e a evolução do espírito.

Estoicismo — Escola filosófica grega fundada por Zenão de Cítio (334-262 a.C.), sua doutrina e a de seus seguidores. O nome deriva do gr. stoa (portada) porque Zenão ensinava no pórtico de Pecilo em Atenas. O estoicismo afirma que a sabedoria e a felicidade derivam da virtude. Essa consiste em viver conforme a razão, submetendo-se às leis do universo, a fim de obter-se a imperturbabilidade de espírito (ataraxia). E uma forma de panteísmo empirista que pretende tornar o homem insensível aos males físicos pela obediência irrestrita às leis do universo.

Evolucionismo - O Evolucionismo é uma filosofia científica que ensina que o cosmos desenvolveu-se por si mesmo, do nada, bem como o homem e os animais que existem por desenvolvimento do imperfeito até chegar ao presente estado avançado. Tudo por meio de suas próprias forças. É preciso mais fé para crer nas hipóteses da Evolução do que para crer nos ensinos da Bíblia, isto é, que foi Deus que criou todas as coisas. Gênesis 1.1; 1.21,24, 25 (Introdução a Heresiologia).

Gnosticismo - Do verbo gr. gnõstikós "capaz de conhecer, conhecedor". Significa, em tese, o conhecimento místico dos segredos divinos por via de uma revelação. Esse conhecimento compreende uma sabedoria sobrenatural capaz de levar os indivíduos a um entendimento completo e verdadeiro do universo e, dessa forma, à sua salvação do mundo mau da matéria. Opõe-se radicalmente ao mundo e ensina a mortificação do corpo e a rejeição de todo prazer físico. É panteísta e, segundo a tradição, (Atos 8.9-24) deve-se a Simão Mago com o qual o apóstolo Pedro travou polêmica em Samaria a sua difusão no meio cristao (Apologia). A maioria dos neopentecostais se enquadram nesta faixa. Haja revelação!

Humanismo - É a filosofia que busca separar o homem e todo o seu relacionamento, da idéia de Deus. O homem, nessa filosofia, é o centro de todas as coisas, o centro do universo e da preocupação filosófica. O seu surto se verificou no fim do século XIV. Marx é o fundador do humanismo comunista.

Liberalismo - É liberdade mental sem reservas. Esse sistema afirma que o homem em si mesmo é bom, puro e justo. Não há um inferno literal. O nosso futuro é incerto, a Bíblia é falível e Deus é um Pai universal, de todos, logo, por criação somos todos seus filhos, tendo nossa felicidade garantida.

Materialismo - Afirma que a filosofia deve explicar os fenômenos não por meio de mitos religiosos, mas pela observação da própria realidade. Ensina que a matéria, incriada e indestrutível, é a substância de que todas as coisas se compõem e à qual todas se reduzem e que a geração e a corrupção das coisas obedecem a uma necessidade não sobrenatural, mas natural, não ao "destino", mas a leis físicas. Segundo essa filosofia, a alma faz parte da natureza e obedece às mesmas leis que regem seu movimento e o homem é matéria, como todas as demais coisas.

Monismo - Os sistemas monistas são variados e contraditórios, entretanto têm uma nota comum: é a redução de todas as coisas e de todos os princípios à unidade. A substância, as leis lógicas ou físicas e as bases do comportamento se reduzem a um princípio fundamental, único ou unitário, que tudo explica e tudo contém. Esse princípio pode ser chamado de "deus", "natureza", "cosmos", "éter" ou qualquer outro nome.

Panteísmo - Do gr. pas, pan, "tudo, todas as coisas" e théos, "deus". Como o próprio nome sugere, é a doutrina segundo a qual Deus e o mundo formam uma unidade; são a mesma coisa, constituindo-se num todo indivisível. Deus não é transcendente ao mundo, dele não se distingue nem se separa; pelo contrário, lhe é imanente, confunde-se com ele, dissolve-se nele, manifesta-se nele e nele se realiza como uma só realidade total, substancial (Spinoza et le panthéisme religieux).

Pietismo - Teve início no século XVIII através da obra de Philipp Spener e August Francke. E uma teoria do protestantismo liberal que dá ênfase à correção doutrinária sem deixar lugar para a experiência da fé. Interpreta as doutrinas do Cristianismo apenas à luz da experiência sentimental de cada indivíduo.

Pluralismo - Não é bem uma Escola de Pensamento, mas uma doutrina que aceita a existência de vários mundos ou planos habitados, oferecendo um âmbito universal para a evolução do espírito. Naturalmente, para cada "mundo", um tipo de "deus". É a doutrina desposada pelas filosofias espíritas ou espiritualistas.

Politeísmo - Crença em mais de um Deus. As forças e elementos da natureza são deuses. Há deuses para os sentimentos, para as atividades humanas e até mesmo deuses domésticos. Os hindus têm milhões de deuses que associam às suas diversas religiões.

Positivismo - Doutrina filosófica pregada por Auguste Comte, (1798-1857) que foi inspirado a criar uma religião da humanidade. Em 1848 fundou a Sociedade Positivista, da qual se originou a Igreja Positivista. O positivismo religioso ensina que nada há de sobrenatural ou transcendente. Suas crenças são todas baseadas na ciência, com culto, templos e práticas litúrgicas. É o culto às coisas criadas em lugar do Criador (Romanos 1.25).

Racionalismo - A expressão racionalismo deriva do substantivo razão e, como indica o próprio termo, é a filosofia que sustenta a primazia da razão, da capacidade de pensar. Considera a razão como a essência do real, tanto natural quanto histórico. Ensina que não se pode crer naquilo que a razão desconhece ou não pode esquadrinhar.

Unitarismo - Fundado na Itália por Lélio e Fausto Socino. Segue a linha racionalista de Erasmo de Rotterdan. Filosofia religiosa que nega a Divindade de Jesus Cristo, embora o venere. É uma filosofia criada dentro do protestantismo que afirma dentre outras coisas, a salvação de todos. Não crê em toda a Bíblia, no pecado nem na Trindade. Semelhante ao Universalismo.

Universalismo - Pensamento religioso da Idade Média que estendia a salvação ou redenção a todo gênero humano. É, talvez, o precursor do movimento ecumênico moderno. O centro da história é o povo judeu, por sua aliança com Deus e depois, a Igreja cristã. Afirma que a redenção é universalmente imposta a todas as criaturas...
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negação o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade...( 2 Pedro 2.1-3)







Fonte:
http://eldersacalcunha.blogspot.com.br

 

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