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sexta-feira, 13 de junho de 2014

658-SÃO JORGE: A HISTÓRIA VERDADEIRA OU LENDA



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SÃO JORGE: A HISTÓRIA VERDADEIRA
Por: Hermes C. Fernandes
          Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade.
         Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens.
          Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nEle confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Porém, este santo homem de DEUS jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor ao SENHOR Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do DEUS Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele temer e adorar.
          Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o própósito de tudo o que lhe ocorria: “... vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21.12:13 – Grifo nosso). A fé deste servo de DEUS era tamanha que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessa-lo como SENHOR por intermédio da pregação do jovem soldado romano. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo Jesus e na obra redentora da cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, ao entregar sua vida ao SENHOR. Seu testemunho de fidelidade e amor a DEUS arrebatou uma geração de incrédulos e idólatras romanos.

          Por fim, Diocleciano mandou degolar o jovem e fiel discípulo de Jesus, em 23 de abril de 303. Logo a devoção a “São” Jorge tornou-se popular. Celebrações e petições a imagens que o representavam se espalharam pelo Oriente e, depois das Cruzadas, tiveram grande entrada no Ocidente. Além disso, muitas lendas foram se somando a sua história, inclusive aquela que diz que ele enfrentou e amansou um dragão que atormentava uma cidade...
          Em 494, a idolatria era tamanha que a Igreja Católica o canonizou, estabelecendo cultos e rituais a serem prestados em homenagem a sua memória. Assim, confirmou-se a adoração a Jorge, até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se feriado municipal na data comemorativa de sua morte.
          Jorge é cultuado através de imagens produzidas em esculturas, medalhas e cartazes, onde se vê um homem vestindo uma capa vermelha, montado sobre um cavalo branco, atacando um dragão com uma lança. E ironicamente, o que motivou o martírio deste homem foi justamente sua batalha contra a adoração a ídolos...
          Apesar dos engano e da cegueria espiritual das gerações seguintes, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e ganhou muitas almas para o SENHOR. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra:
 “ ...Cristo será, tanto agora como sempre,
engrandecido no meu corpo,
seja pela vida, seja pela morte”
(Filipenses 1.20).
         Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do SENHOR e atraiu homens e mulheres para Cristo, estendendo a salvação a muitos perdidos.
          Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome.
O culto a São Jorge se espalhou de forma relativamente rápida, pois quase dois séculos após a sua morte, já haviam igrejas em sua homenagem. Porém, um dos fatores que contribuiu para a disseminação do culto a São Jorge, foi sua ligação ao exército e posteriormente na transformação do mesmo como uma figura que representava o idílico cavaleiro cristão que levava a palavra do Senhor aos pagãos e combatia o mal.

Devido a essa associação bélica, missionária e espiritual, alguns reis da Europa passaram a se tornar devotos de São Jorge, ou a fundarem ordens militares como a Ordem Militar de São Jorge em Gênova na Itália, criada pelo rei Frederico III da Alemanha ou a Ordem da Jarrateira, criada em1330 pelo rei Eduardo III da Inglaterra. São Jorge também é o padroeiro da Inglaterra, de Portugal, da Catalunha, da Lituânia, da cidade de Moscou, além de outras cidades na França, Itália, Grécia e na América Latina.
Fotografia de 1920 da Igreja de São Jorge na Lida em Israel. Os restos mortais do santo se encontram sepultados aqui.
Esse reconhecimento feito pela realeza ao culto do santo contribuiu para difundir e popularizar seu culto entre o povo. Tal fato levou até mesmo a criação de dias litúrgicos para cada país ou a utilização de símbolos associados ao santo como a Cruz de São Jorge, que se tornou uma medalha militar usada na Inglaterra, ou que passou a estampar bandeiras como a dos ingleses e dos gregos e até mesmo foi usada como símbolo pela Ordem dos Templários durante as Cruzadas

Além de ser utilizada na bandeira da Inglaterra, a cruz de São Jorge também estampa a bandeira da Escócia e do Reino Unido. 

Embora, São Jorge da Capadócia seja um santo reconhecido pelas Igrejas Católica, Ortodoxa e Anglicana, com a colonização portuguesa na costa ocidental da África e posteriormente no Brasil, o culto de S. Jorge assim como de outros santos católicos foi associado as religiões de matriz-africana, como a Umbanda e o Candomblé, onde o mesmo é associado ao orixá Ogum, o qual personifica a masculinidade, os ofícios de ferreiro, caçador, agricultor e guerreiro. 

O orixá Ogum é associado a São Jorge.
A lenda da luta contra o dragão

Entretanto a história do dragão, é algo que veio surgir em algum período obscuro da Idade Média. Não se tem certeza hoje em que época tal história se originou. Entretanto, nesse artigo não irei buscar sua origem ou narrá-la, mas, sim elaborar uma análise desta lenda, referente ao contexto cristão da época. O que dizia o simbolismo, a metáfora do dragão para os cristãos medievais?


A história começa com S. Jorge viajando para o

Oriente em missão de converter os pagãos e os infiéis (termo usado para se referir aos muçulmanos), e em sua viagem ele ficou sabendo da história de uma cidade que estava sendo assolada por uma terrível fera, um dragão. Esta cidade teria oferecido a sua princesa como sacrifício a terrível besta para por um fim aos seus ataques. Então São Jorge sendo um nobre servidor da Igreja e de Deus, partiu para salvar a princesa e a cidade, e derrotar a temível fera. Tendo pondo um fim ao monstro, Jorge salvou a princesa, a cidade, e livrou o mundo do mal, e garantiu que aquele povo se convertesse ao Cristianismo. Em meio a este enredo de contos de fadas, do nobre cavaleiro, do terrível dragão e da donzela em perigo, esta história esconde um simbolismo profundo e impregnado de fé e soberania. Já que eu já falei de São Jorge, irei tratar da questão da imagem do dragão. O que o dragão representa nesta história, e a semelhança desta história com outras lendas e mitos de diferentes povos. Na qual a essência é a mesma: a vitória do Bem contra o Mal.

Não se sabe ao certo se no passado houve dragões, ou eles não passaram da descrição fantasiosa de répteis reais (a zoocriptologia estuda a plausibilidade da existência de supostos monstros). Entretanto é de fato que em diferente épocas da História, em diferentes lugares e culturas, se fala de histórias sobre dragões. Mas, nessas histórias essa criatura é vista de formas diferentes.

Em geral, um dragão é representando como uma criatura grande, horrenda, coberta de escamas mais duras que pedra ou metal; que cospe fogo, que possui asas de morcego, que possui várias cabeças ou não; e seu instinto é a crueldade pura. Porém, a seguir será apresentado algumas histórias que se falam de dragões, e seus atributos simbólicos.

Dentro da história da Canção dos Nibelungos, um poema medieval escrito em língua alemã, narra-se a história de um guerreiro chamado Siegfried ouSigurd. Tendo este valente guerreiro confrontado o terrível dragão Fafnir. Não me prendendo muito ao mito, Siegfried de posse de sua espada mágica, derrota a fera e lhe rouba os tesouros que guardava. Em muitas outras histórias os dragões são representados como guardiões de tesouros. Para alguns mitólogos, esse fato, serve como uma metáfora para retratar a ganância do homem. Se o dragão é um ser ligado ao mal, a ganância como sendo algo ruim, é simbolizada por este. Sendo assim, o fato do dragão guardar um tesouro e não deixar que ninguém o pegue, perfaz esta condição. Tal história também é vista no poema épico Beowulf, no qual o herói enfrenta um terrível dragão no final da história, sendo este dragão guardião de um tesouro.

No livro O Hobbit de J. R. R. Tolkien, o autor fala de um grande e poderoso dragão chamado Smaug, o qual guardava um grande tesouro na Montanha Solitária, local para onde Bilbo Bolseiro, Gandalf, 13 anões e dentre outros vão em busca de tais riquezas. Nesses três casos citados acima, a imagem do dragão se faz negativa, e representa a avareza dos sentimentos humanos. Porém nem todos os dragões eram vistos como criaturas totalmente cruéis. 

No Oriente, como no caso da China, Japão e Coreia, os dragões são vistos não somente como feras, mas, como manifestações da natureza, já que para eles estes controlavam elementos da natureza, como o vento, chuva, neve, seca, terremotos, etc. Sendo assim, o dragão era um ser sagrado, sábio e poderoso. Ainda hoje se fazem rituais para honrar tais criaturas, como por exemplo a Dança do Dragão.
O dragão Shenlong. Senhor dos ventos e das chuvas.
Shenlong é o dragão que controla os ventos e as chuvas. Sendo feito em sua homenagem oferendas por boas chuvas para ajudar na colheita. Quando ficava furioso, ele gerava tempestades de seus rugidos.

Quando o cristianismo aportou no Oriente por volta do século XVI, trazido principalmente pelos jesuítas portugueses, aos impérios Chinês e Japonês, locais onde havia o culto ao dragão, tais rituais e festividades foram condenadas como heréticas, e de adoração ao Diabo. Entretanto, o cristianismo não conseguiu abolir as religiões Taoísta (China) e Xintoísta(Japão), diferente do que ocorreu na Europa e nas Américas, onde ele prevaleceu sobre as religiões ditas pagãs.

Já que vimos a simbologia do dragão em alguns aspectos, como ser cruel e como ser divino, irei passar para a visão do dragão na Bíblia. Para o cristianismo a imagem do dragão fora ligado diretamente a serpente do Éden, que simboliza o Pecado Original, e ao próprio Diabo. Em alguns momentos da Bíblia, haverá referências a essas criaturas, principalmente no livro do Apocalipse.

Na história de São Jorge, como tanta outras já vistas, a luta contra o dragão perfaz a luta do Bem contra o Mal. O santo representando o poder de Deus, da Luz, da salvação, e o dragão, o Mal, as Trevas, a perdição. Mas, por outro lado, a importância desta história possui mais dois fatos interessantes a serem comentados. Primeiro, fora algo comum a absorção de lendas e cultos pagãos pela Igreja Católica como forma de atrair seguidores. Como maior exemplo temos a data de 25 de dezembro, a qual marca o "nascimento" deJesus Cristo. Embora que na realidade Jesus não nasceu em dezembro, pois ainda hoje é questionável em que mês e em que ano ele realmente nasceu. 

Mas, a data 25 de dezembro é uma data na qual muitos povos antigos cultuavam o solstício de inverno um momento importante para o calendário das colheitas, da natureza e da astronomia e astrologia, pois era o indicativo do final do ano e que com este a primavera estava por vir. Nesse ponto a segunda questão que tenho a assina-lá é que esta história representa a vitória do cristianismo sobre o paganismo, o qual é representado pelo dragão. E no fim, isso leva a conversão de novos fiéis, e a aumentar a devoção dos cristãos pelos santos e pelo poder da Igreja e de Deus. Tal história era uma forma de difundir entre os cristãos a dádiva que seus santos realizavam sobre o mundo.


"Como os heróis pagãos, os santos cristãos tinham um desempenho ambíguo, ora virtuoso ora vingativo". (FRANCO JR, 1996, p. 64).

"Aí o papel dos santos era, pelo exemplo do martírio e das virtudes, conquistar novos adeptos para a causa de Deus". (FRANCO JR, 1996, p. 222).

NOTA: A história de Siegfried é também contada na Saga dos Voslungos, noEdda em verso e em outros poemas.
NOTA 2: O compositor Richard Wagner compôs uma ópera intituladaSiegfried (1871). Além desta ópera, Siegfried é uma personagem recorrente em outras óperas que compõem o Anel do Nibelungo.
NOTA 3: São Jorge é considerado o santo padroeiro do time de futebol brasileiro Corinthians e do time espanhol do Barcelona.
NOTA 4: Na cultura popular atual, é comum se ouvir muitas músicas nacionais e até mesmo internacionais sobre São Jorge, além da venda de camisas e medalhas com sua imagem. Devido a sua associação como guerreiro e ao mesmo tempo protetor.
NOTA 5: Em muitos países cristãos católicos romanos, São Jorge é padroeiro da cavalaria dos exércitos, o que inclui o Brasil.  

Referências Bibliográficas:
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Eva Barbada: Ensaios de Mitologia Medieval, São Paulo, Editora USP, 1996.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo, Nova Cultural, 1998.
LINKS:
Libreto original de Siegfried com tradução em português (ópera)
http://www.muitamusica.com.br/992-zeca-pagodinho/65407-lua-de-ogum/letra/ 
http://letras.terra.com.br/jorge-ben-jor/75518/ 
http://www.dancadodragao.com.br/

Fonte:
http://me-explique-a-biblia.blogspot.com.br/2012/10/sao-jorge-historia-verdadeira.html
http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2010/06/sao-jorge-e-o-dragao.html


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